ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟘𝟙
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✨ 𝕺 𝕭𝖆𝖎𝖑𝖊 ✨
Já estava atrasada por mais que corresse:
- Se apresse, Heloísa! - Seu pai, Alcides, a chama com impaciência, do outro lado da porta.
- Já estou quase finalizando, pai! - Responde ela ainda sentada de frente para o espelho de sua penteadeira, enfeitado com uma bela moldura dourada.
Em seu quarto, tons de rosa claro e dourado alegram o ambiente, junto a móveis grandes, janelas e cortinas altas.
- Seu pai logo desistirá de nos esperar, Srta! - Avisa Irene, a mulher que cuidou dela desde pequena - Está tão bela esta noite, querida! - Se aproxima sorrindo admirada dando mais um último retoque nos cabelos da garota.
Heloísa tem os cabelos castanhos claros, um pouco a baixo dos ombros. Ela usa um pouco dos cabelos presos no alto, com uma fita rosa e o restante lhe cai sobre seus ombros, graciosamente.
- Já basta, não vou esperar mais! - A voz de Alcides sai firme, enquanto mantém os olhos para a porta.
- Estou pronta! - Finalmente ela abre os dois lados da imensa porta de madeira, usando as duas mãos e certa rapidez.
E surpreendentemente seu pai, mesmo atrasado por causa dela, ainda consegue mudar sua feição e deixar um sorriso cheio de orgulho lhe tomar, vendo que sua única filha consegue ficar ainda mais bela com aquele vestido rodado, em tons de verde claro, extremamente apertado na cintura e rico em babados brancos. Suas mãos estão cobertas por luvas brancas. Os brincos que dançam em suas orelhas são pequenos e redondos. Finalizando com um colar de pérolas que dá caimento até seu decote, bem típico de sua época.
Alcides sabe o quanto tudo isso lhe custou caro, mas ele não mede esforços para dar-lhe de tudo, já que é dono das maiores terras de café da região. Com isso, vive em pleno conforto junto a sua família.
Já do lado de fora, Alcides caminha de braços dados com Clara, sua esposa, em direção da carruagem que já aguarda na frente do enorme casarão. Heloísa vem logo atrás junto a Irene, que lhe faz companhia até a carruagem.
- Como está linda hoje, minha filha! E como se parece com sua mãe. - Alcides admira mãe e filha juntas, enquanto a carruagem os sacodem.
- Já tem notícias sobre a nova família que vai cuidar da casinha nas terras das plantações? - pergunta Clara. Seu olhar alto e doce esbanja calma, totalmente oposta a Alcides.
Dona Clara, leva na face, uma aparência jovial e bem cuidada. Pois quando se casaram, ela era ainda muito nova. Diferente de Alcides, que já ganhou algumas rugas de tanta preocupação. Apesar dos cabelos e a barba grisalhos, não o impedirem de mostrar os traços bem parecidos com os de Heloísa.
- Sim, fui informado de que chegaram hoje, entretanto só vou poder resolver isso nos próximos dias. Ando muito atarefado ultimamente. Mas espero que não me dêem problemas, assim como os outros, pois não pensarei duas vezes antes de colocá-los para fora! - Informa o chefe da família, ajeitando suas abotoaduras brilhantes, e um olhar de desdém transborda em sua face.
Assim que chegam, ele é o primeiro a descer, logo em seguida ajudando as mulheres a descerem. O baile anual da cidade é um dos eventos mais importantes. Apesar de todos os moradores serem convidados, os mais ricos tratam de se aparecerem assim que chegam. Mas Heloísa não se importa para isso, pensa em outras coisas agora. Quer ter liberdade, conhecer lugares, pessoas de modos diferentes. "Quer fazer coisas" É curiosa. E por ser inexpêriente, culpa seu pai por prendê-la tanto.
Logo que entram, atraem olhares curiosos em sua direção, por serem uma das famílias importantes da Cidade. E rapidamente são recebidos pelo mestre de cerimônias e são direcionados. O enorme salão é bem espaçoso, pé direito alto, com detalhes dourados, tapetes e candelabros enfeitam o ambiente.
- Sentem-se aqui - Alcides puxa uma cadeira macia e bonita para Clara e uma para sua filha, Heloísa.
- Eu não quero me sentar agora, meu pai, chegamos um pouco tarde e o minueto já vai começar. Permita que eu vá caminhar um pouco lá fora, eu quero conhecer um pouco este lugar. - Pede ela, com olhar interessado ao seu redor.
- Diga-me o que uma Dama solteira, faria lá fora sozinha? - Seu pai olha curioso.
- O senhor sabe que não vou só! - Ela revira os olhos - Irene vai comigo. - Aponta para sua dama de companhia ao seu lado.
A mandado de Alcides, Irene não deixa Heloísa sair sozinha nem por um decreto, isso o deixa mais calmo. O tempo passou e agora que Heloísa cresceu, ela não quer mais obedecer seu pai a ferro e fogo como antes, pelo fato de ele a sufocar demais.
Ela já nem fazia mais questão de ir a estes lugares, pois seu pai tem sempre o péssimo costume de ditar cada passo dela, sem a deixar nem ao menos respirar. Acha que criou uma filha, confiando que terá total controle sobre ela por muito tempo.
- Dê permissão a ela, querido, não vejo com o quê se preocupar já que Irene vai junto - opina Clara, pois não gosta quando ele exagera. - Assim vai ganhar mais cabelos brancos de tanta preocupação!
- Está certo. - Alcides respira fundo e depois de pensar por uns segundos, decide. - Mas voltem antes do minueto começar, aqui está bem cheio. - Ele acomoda-se numa poltrona ao lado de sua esposa.
- Não vamos demorar. - A garota sorri mais animada, então se vira caminhado apressada em direção da saída, de braços dados com Irene.
Já do lado de fora, elas caminham vagarosamente por um lindo jardim enquanto conversam.
- Não sei o que seria de mim sem você, Irene. Meu pai nunca deixaria me afastar um palmo de perto dele, se eu estivesse sozinha.
- A Srta. É uma garota esperta. Com certeza se viraria muito bem sem mim. - A mais velha mantém seu olhar firme, porém vago, ao lhe declarar tais palavras. Como se estivesse realmente apegada a garota, depois de tantos anos. - Você sabe muito bem que agora que é crescida, seu pai me mandaria embora de suas terras, só ainda não o fez, unicamente por me ver como uma vigia sua.
Casais de braços dados passam por elas, exibindo seus trajes impecáveis.
- Observou os chapéu de Madame Lorraine? - Pergunta a garota caminhando devagar.
Seu olhar discreto nunca mostraria qualquer suspeita, sobre seus julgamentos a respeito das vestimentas dos convidados.
Ela já está prestes a sorrir, enquanto o casal passa bem próximo delas.
- Digamos que seja um tanto chamativo - sussurra Irene, colocando a cabeça de lado, sem querer impor sua opinião de verdade.
- Um tanto? Pois para mim um pavão, chamaria menos a atenção! - Ela coloca o leque na frente do rosto escondendo um risada, fazendo Irene não conseguir segurar um sorrisinho também.
- Ah Heloísa. Mesmo já crescida, a Srta. Ainda não mudou esse seu jeitinho travesso. - Irene se diverte.
- Eu acho que nunca vou conseguir. - A garota tenta se conter.
O ambiente é lindo e agradável. Bem no centro do Jardim, tem um grande chafariz, crianças colhem rosas vermelhas próximo a elas. Heloísa se abaixa, e também colhe uma rosa, com suas luvas brancas, levando até seu rosto. Sente a maciez e o perfume das pétalas sobre a pele. Ela está perdida em seus pensamentos, que não percebe quando um rapaz se aproxima:
- "Uma rosa segurando outra rosa!"
Heloísa abre os olhos, virando o rosto rapido, para saber quem é o dono da voz masculina e se depara com um rapaz se aproximando com passos lentos e extremamente graciosos. Ele parece fascinado com a beleza da garota. Isso não acontecia com frequência, já que todos da cidade sabem bem da fama dos Gonçalves. E para algum rapaz se aproximar de Heloísa teriam que ser com o consentimento de Alcides.
Heloísa observa cada detalhe de suas feições enquanto ele ainda se aproxima. Deduz que é Militar, pois percebe assim que passa os olhos pelo seu uniforme. Uma calça branca e um casaco azul, de botões dourados. Ele para de frente a ela, e tira seu chapéu típico o apoiando debaixo de um dos braços. Seus cabelos negros estão em um corte bem curto, devido ao serviço militar, sua pele é clara e aparência encantadora, com lábios fartos e corados. Ele lhe sorri e aquele conjunto de dentes perfeitos, é a coisa mais linda que ela verá nesta noite.
- Ângelo Natucci. - Ele estende sua mão e faz uma reverência.
Heloísa enche os olhos de encanto. Em toda a sua vida nunca havia contemplado um rapaz com tal beleza. Ela lhe estende a mão sem pestanejar, fazendo Irene estranhar seu comportamento.
- Senhorita Heloísa Gonçalves - Ela sorri, mas logo seu coração acelera, assim que ele encosta os lábios macios e quentes, nas dobras de seus dedos.
- Desde que a senhorita chegou, te observo. E agora, aqui fora, a olhando mais de perto, permita-me dizer que és ainda mais encantadora! - Seus olhos negros estão presos nela como um ímã e Heloísa sorri animada.
Ângelo quer ficar mais tempo em sua companhia, mas percebe o olhar frio de Irene sobre seus olhos, a mais velha logo tratou de tirar a mão de Heloísa da dele e induzi-la para dentro.
- Espere! - Heloísa é relutante.
- Precisamos ir, Srta. Já ficamos aqui tempo o suficiente. - Irene sente que os pés da garota parecem ter sido plantados no chão.
- Me deixe ficar mais um pouco?
- A Srta. Sabe muito bem que seu pai não gosta que fale com desconhecidos. - Insiste Irene, se aproximando dela, tentando a convencer.
- Irene... - Heloísa é vencida e já vai sendo levada para dentro, enquanto continua olhando para trás.
Assim que as duas entram, percebem que os músicos se preparam para tocar, a mandado do mestre de cerimônias. Heloísa olha para trás e vê Ângelo entrando também, pendurando seu chapéu na entrada.
- Seu pai disse para voltarmos antes do minueto. - Irene se apressa.
- Um momento, Irene! Veja, o Sr. Ângelo se aproxima novamente, acho que vai me convidar para dançar - Seus olhos grandes firmam nos de Irene, ao mesmo tempo em que sorri eufórica.
- Você não faria isso! - Irene se recusa a acreditar.
-Ah! Faria - Ela olha atenta, enquanto observa o paraz se aproximar caminhando, graciosamente. - Você sabe muito bem que meu pai sempre me faz dançar com os mais velhos e feios! - Resmunga ela. Mas logo sorri ao vê-lo se aproximar mais. - Eu nunca tive esse gostinho e ainda mais com um rapaz com tão boa aparência e jovem. Eu não perderia isso por nada. - Está decidida.
- Por favor senhorita, me conceda a honra desta dança? - Ele se curva com jeito apreensivo, tem medo de ela não aceitar.
- Claro que sim - Heloísa une sua mão a dele, sem pensar duas vezes, sentindo seu coração acelerar com o toque, vendo ele lhe devolver um sorriso satisfeito.
- Prometo não demorar. - O belo rapaz se vira para Irene, a olhando com cuidado.
Ele sabe que ela é sua companhia então, pede permissão. Irene confirma com a cabeça, mas seus olhos estão apreensivos procurando por Alcides.
Se Alcides souber!
Irene sabe que essa é a primeira vez que Heloísa se comporta assim, ao lado de um rapaz que mal conhece.
Eles param juntos no meio do salão, e se posicionam. Heloísa põe uma mão no ombro dele e também sente ele encostar a mão na cintura dela com leveza, ficando bem próximos. Seus olhos estão conectados. Então começam a se movimentar no ritmo da valsa.
- Finalmente, te olhando assim tão perto, Srta. Penso nunca ter visto tanta beleza em uma única pessoa! - Diz ele sorrindo fascinado.
A garota nunca viu olhos tão negros e profundos, então sorri abaixando a cabeça com o elogio, sentindo a pele de suas bochechas esquentarem, ao mesmo tempo que seu coração quase atravessa o peito de tanto que bate.
Heloísa tem consciência que seu pai sempre disse, que quando chegasse o momento de se casar, seria com um que ele conhece. Por serem uma família bem sucedida, seu futuro esposo lhe daria todo o conforto que ela desfruta em sua mansão e disso seu pai não abre mão. Mas até agora nenhum rapaz a agradou, então esse momento mais parece um sonho.
Enquanto a música toca, eles atravessam o salão, trocando sorrisos e olhares tímidos. Heloísa se perde por um momento no meio das pessoas, sem se preocupar com nada agora. Só em olhar fundo naqueles olhos tão negros, descendo agora para seus labios fartos, chegando a uma conclusão;
Eles parecem pedirem para serem beijados. Céus! Eu não deveria estar pensando isso agora. Nem ao menos sei qual a sensação de ter os lábios de um homem sobre os meus. Creio que eu desmaiaria!
Ela abaixa o olhar depressa, com medo dele ter percebido o que se passa em sua mente nesse segundo. Já Ângelo, se perde nos grandes olhos cor de mel de Heloísa, com tanto zelo, depois mede cada centímetro do rosto dela com fascínio, como se quisesse gravar cada delicado detalhe em sua memória.
- Nunca o vi antes nos bailes - comenta Heloísa tentando afastar tais pensamentos.
- Esta é a primeira vez que venho a esse baile, na verdade, acabamos de chegar de viagem. Vamos morar na casa que fica nas terras do Famoso Sr. Alcides Gonçalves. - Comenta ele, orgulhoso, como uma conquista.
- Ora! Então o Sr é filho do casal que chegou hoje para cuidar das terras do meu pa- ...
Ela para de falar bruscamente, e seus olhos se apagam rápido, ficando preocupada em saber este rapaz é de linhagem pobre. Mas tenta não demonstrar isso na frente dele, mesmo sabendo que seu pai nunca deixaria ele nem ao menos se aproximar dela.
- Estou descansando do serviço militar, por enquanto vou ajudar meus pais nas terras dos Gonçalves. - Ele deixa outro sorriso escapar, como se não acreditasse como os últimos dias estão lhe rendendo só coisas boas em sua vida. - E sem dúvida me sinto um afortunado em tê-la conhecido, Srta.
A música termina e eles ainda estão com os olhos um do outro.
- Permita-me convida-la para tomar um refresco? - Antes mesmo de Ângelo ouvir a resposta, já é interrompido.
- Já basta!!... - Alcides, se aproxima do ouvido de Heloísa, discretamente, para não causar alarde.
Heloísa sente sua mão sendo puxada para longe do rapaz, mais rápido do que ela imaginou. Alcides não quer demonstrar sua indignação no meio dos convidados, por isso engole sua raiva, enquanto a garota se vai, olhando para trás. E Ângelo, apenas observa ela sumir por entre as pessoas e infelizmente não pôde fazer nada.
- Meu pai, espere! - Pede preocupada ao mesmo tempo em que vai sendo levada. - Desse jeito o Sr vai acabar com o meu baile! - Seus olhos estão suplicantes.
- Pois lhe asseguro que seu baile já acabou!
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Olá
Espero realmente que gostem dessa nova versão da minha história original.
Estou reescrevendo com toda a minha dedicação pra vcs Beijinhos.
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