06 - THE CHALLENGE
CAPÍTULO SEIS
❛o desafio❜
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𝙿𝙾́𝙻𝙸𝚂
Lyra não se lembra muito bem de como se sentiu quando o pai morreu. Ela tinha 6 anos quando o homem foi executado por esconder duas filhas natblidas, ela era nova demais pra entender o que realmente estava acontecendo alí. Lexa não a deixou olhar na direção do pai, e Cygnus Kom Trikru não gritou enquanto o cortavam até a morte por traição. Quando tudo acabou, ela pôde ver o sangue do pai por todo o chão, mas não teve o movimento de olhar para o corpo, os soldados apenas colocaram ela e a irmã em um cavalo e partiram para Pólis, de onde elas não saíram por muito tempo.
Quando Costia morreu, as coisas foram completamente diferentes, ela tinha 16 e, depois de meses de tortura, ela foi obrigada a assistir enquanto a mulher tinha a cabeça cortada. Seus braços ficaram roxos com a força que Roan a segurava, e ela se lembra de gritar, muito, até perder a voz. Lyra se lembrava exatamente da sensação de fracasso e vazio que assolou seu peito quando tudo acabou. Era como se ela tivesse perdido o rumo, uma parte de si.
Tanto Cygnus quanto Costia eram assuntos proibidos em Pólis. Seus nomes não eram mencionados em hipótese nenhuma, principalmente para Lexa. Nos últimos anos, a mulher falava muito sobre sua morte, sobre o que aconteceria quando sua hora chegasse, mas Lyra nunca tinha pensado de fato em como seria perder a irmã.
Era uma possibilidade assombrosa.
Quando ela entrou na sala para conversar com a comandante, depois de ver Clarke cruzando os corredores furiosa, viu Lexa sentada em seu trono, com uma plenitude estonteante. Ela iria entrar num duelo que podia custar sua vida e não parecia nem um pouco preocupada.
— Você não pode fazer isso. — A mais nova declarou sem rodeios. — É uma armadilha, e você vai caminhar direto pra ela.
Lexa suspirou, recostando-se no trono.
— O duelo é necessário. Faz parte do que sou. Do que nós somos. Eu não posso simplesmente recusar.
— Não se trata de honra, Lexa, se trata de sobrevivência! — Lyra exclamou, sua voz carregada de desespero. — Ela quer sua cabeça, quer te tirar do caminho. Você sabe disso.
— Não estou planejando morrer, Lyra. — Lexa respondeu calmamente. Seu tom era sereno, mas com a firmeza de quem já aceitou seu destino, qualquer que fosse.
— Você sempre fala como se tivesse feito as pazes com isso, como se fosse inevitável, mas não é! — Lyra começou a caminhar de um lado para o outro, as mãos trêmulas. — Você é a comandante, qualquer um poderia ser seu campeão, eu poderia ser sua campeã se você permitisse. Não precisa aceitar o desafio! Não precisa...
— Sim, preciso. — Lexa a interrompeu suavemente, mas sua voz carregava um peso imensurável. — A comandante deve responder aos desafios. É assim que nossa gente sobrevive, com força e honra. Se eu recuar agora, tudo o que construímos ruirá.
— Tudo o que você construiu? — Lyra parou abruptamente, encarando Lexa com olhos flamejantes. — E o que vai restar disso se você morrer?
— Não tenho escolha, Lyra.
— Tem sim! — Lyra exclamou, parando a poucos passos de distância. — Não se trata de tradição! Trata-se de você viver, Lexa. Você é a Heda. A única pessoa que pode manter as coisas em equilíbrio. Se você morrer, tudo desmorona. Não percebe?
— Eu percebo tudo. — respondeu Lexa, sua voz baixa e controlada, mas havia uma rigidez nas palavras. — É exatamente por isso que eu tenho que lutar. A liderança exige sacrifícios. Sempre exigiu.
— E quando é demais? — Lyra retrucou, a voz embargada pela frustração. — Já não sacrificou o suficiente? Já não perdeu o suficiente? Quando isso acaba, Lexa?
Lexa permaneceu em silêncio por um momento, olhando para o chão. Era raro vê-la hesitar, mas Lyra podia sentir que suas palavras tinham atingido algo profundo. Mesmo assim, Lexa logo recuperou sua compostura e se colocou de pé.
— Nunca acaba. Não para nós. — Lexa ergueu o queixo, a expressão resoluta, embora seus olhos revelassem algo mais, uma sombra de tristeza. — O que fazemos não é sobre nós. É sobre o futuro de nosso povo. Sobre garantir que eles tenham uma chance de viver, mesmo que isso signifique que nós não possamos.
— Não vai acabar. — A mais nova ainda tentou. — Você vivendo ou morrendo, não vai acabar. A Nia não vai parar até te destruir e você sabe disso.
— Justamente por saber disso que não posso recuar, Lyra. — A comandante permaneceu firme. — Não posso demonstrar fraqueza perante ela, nunca. É assim que mantemos a paz.
— Não existirá paz enquanto aquela mulher estiver viva. — Lyra limpou uma lágrima solitária que caiu por suas bochechas.
Lexa suspirou, sabendo muito bem que não era sobre seu povo, era sobre Nia, o que ela fez e o que ela ainda faria. A rainha da Nação do Gelo era o grande problema alí, sempre foi. Desde Costia, ela tinha sido como uma assombração atormentava as duas irmãs, um lembrete constante do que elas perderam.
— Minha decisão já está tomada. — Lexa disse séria, mais comandante do que irmã de Lyra agora. — Agora deixe-me, preciso me preparar.
Tentando manter a compostura, Lyra suspirou, sem despedidas, apenas dando as costas e saindo da sala abruptamente, passando por guardas e servos sem olhar para ninguém.
Lexa pode morrer. Essas três palavras rodavam em looping na sua cabeça. Lyra não podia mentir e dizer que não tinha pensado em como seria como Lexa morresse, mas ela nunca deixava aquilo durar, ou a consumiria. Mas agora era inevitável, a possibilidade estava mais perto do que nunca.
Nada tirava da cabeça dela que Nia tinha uma carta na manga, um plano perfeitamente calculado, aquela mulher era ardilosa, sabia exatamente o que estava fazendo. O ataque a Mount Weather obviamente foi só um pretexto para o golpe bem articulado, talvez ela não contasse com Skaikru oficialmente sendo parte da coalizão, mas ela tinha outro plano, Lyra tinha certeza disso.
Seus pensamentos foram brutalmente interrompidos quando sentiu alguém puxa-la pelo braço, seus reflexos agiram antes que pudesse pensar, ela sacou a adaga em sua cintura de imediato, pressionado-a sobre o pescoço de quem quer que fosse. Quando reconheceu o homem, bufou em irritação.
— Não se aborda as pessoas assim, fleinkepa. — Lyra zombou, colocando a adaga novamente em seu cinto, o homem permaneceu segurando seu braço.
— Você precisa impedí-la. — A declaração fez os músculos da garota enrijecerem. Ela o empurrou com força, arrancando o braço de sua mão.
— Você acha que eu não tentei? — Seu tom era amargo. — Ela tomou a decisão dela, não vai me ouvir.
— Tentar não é suficiente. — A frieza na voz dele a cortava como gelo. — Lexa é a comandante, não é só a vida dela que está em jogo, mas o destino de todo nosso povo.
— E o que você sugere que eu faça, Titus? — A voz de Lyra saiu afiada. — Intervir? Arrancar ela a força do campo de batalha?
O ar parecia pesado, como se cada respiração fosse um esforço deliberado. As palavras de Titus enroscavam-se na mente de Lyra, cada sílaba afiada e venenosa. Ela sabia que ele fazia de propósito, mas isso não impedia o efeito das palavras dele.
— Lexa está acima de você, acima de todos nós. Ela carrega o peso de mil vidas, de mil histórias. Como Costia, ela foi apenas uma delas. — Lyra prendeu a respiração quando o nome foi citado. As palavras soavam frias, distantes, como se Costia fosse apenas um detalhe irrelevante na grande teia que Titus acreditava controlar. Ele usava o nome dela com tanta facilidade, com tanto desprezo, que Lyra sentiu o estômago revirar. Costia foi mais do que uma história.
O peito de Lyra queimava, mas ela não podia mostrar fraqueza. Não na frente dele. A mão instintivamente foi para a adaga em sua cintura, o gesto automático de quem precisa sentir algo tangível, real, em meio à confusão de pensamentos. Mas ela não sacou a lâmina. Não daria esse prazer a ele. Não mostraria que ele estava mexendo com ela.
— Eu sei que você a amava, Lyra, assim como Lexa. Mas o que você precisa entender, e o que Lexa já compreendeu, é que o amor, os laços que nos fazem hesitar... são um perigo. Costia foi a prova disso. — As palavras eram como facas, afundando mais fundo do que ela queria admitir. Titus sabia exatamente como e onde apertar. Era um mestre nisso. Ele conhecia as fraquezas de Lyra, assim como conhecia as de Lexa.
Ela mordeu o lábio para conter a raiva. A cada palavra, era como se Titus estivesse reescrevendo o que ela acreditava. Ele transformava o que ela sabia ser verdadeiro em uma sombra distorcida, como se suas memórias, seus sentimentos, fossem fraquezas a serem erradicadas, exatamente como fazia quando ela era uma garotinha.
Mas aquela garotinha fugiu de um conclave aos 9 anos, aquela garotinha foi enganada, torturada, presa em uma jaula e quase morreu diversas vezes, tirou mais vidas do que podia contar. Ela não era mais uma criança, Roan a manipulou uma vez e Titus não faria isso de novo nunca mais.
— Cuidado com suas palavras, Titus — Ela rosnou friamente. — Sei o que estou fazendo.
— Será? — Ele a desafiou, o tom de voz cheio de uma frieza que a fazia se sentir pequena, menor a cada segundo. — Você acha que Lexa a escuta? Acha que, de alguma forma, suas palavras fazem diferença para ela? Ela pode ouvi-la, sim, mas não confunda isso com influência, bushblida. — Ele usou o apelido como se fosse uma piada, como se a posição dela ao lado de Lexa fosse nada além de uma formalidade. Uma criança jogando um jogo de adultos.
A mandíbula de Lyra travou. Cada palavra dele era calculada, medindo cada fração da confiança que ela ainda tinha. E o pior era que, no fundo, ela sabia que ele tocava em uma verdade que ela temia. Desde a morte de Costia, Lexa tinha mudado. Tornou-se mais dura, mais distante. Às vezes, Lyra se perguntava se realmente a conhecia mais, ou se Lexa havia se tornado alguém que ela não conseguia mais alcançar.
Não. Não vou deixar você fazer isso comigo, ela pensou, mas a dúvida já estava lá, se enraizando, corroendo.
— O que você quer de mim, Titus? — Sua voz saiu mais fraca do que pretendia, mas não havia como esconder a exaustão. Ela estava cansada de lutar contra ele, cansada de lutar contra tudo.
O sorriso dele, quase imperceptível, foi a confirmação de que ele sabia que havia conseguido o que queria. Ele sempre conseguia.
— Quero que faça o que precisa ser feito. Não por amor, não por memórias do que um dia Lexa foi. Mas pelo povo. — Suas palavras tinham uma frieza quase cínica. Como se ele realmente acreditasse que estava sendo razoável.
Lyra sabia exatamente do que ele estava falando, Titus não acreditava que Azgeda era o problema, nem Nia ou Roan, para ele, o único problema era Skaikru. O fleinkepa tem tentado convencer a Heda a matar todos eles desde que eles chegaram a terra. Pra ele era fácil e corriqueiro, criar uma guerra e eliminar um povo inteiro como se não fossem nada.
Porém, não era assim que as coisas funcionavam e felizmente, Lexa entendia isso. Para o infinito desgosto do homem, a comandante bateu o pé sobre dar ao povo do céu ao menos o benefício da dúvida.
Acontece que Titus estava errado, esse duelo não era sobre Lexa defendendo Skaikru, era sobre a Heda defendendo sua posição, impondo o respeito que a deviam, exigindo isso, destacando o fato de que ela era a comandante e que ninguém estava acima dela.
— Lexa, minha comandante, já tomou sua decisão. — Ela foi curta e direta, não esperando resposta antes de passar por ele e atravessar o corredor o mais rápido possível, para qualquer lugar, ela só precisava sair dali.
[•••]
— E no fim, eu estava certa. — Lyra fechou a porta da sala, encarando Lexa. — Vocês deviam me escutar mais vezes, sabia?
Nia tinha de fato uma carta na manga, uma Natblida que ela criou e manteve escondida para que futuramente a garota tomasse o lugar de comandante. Não era difícil saber o que ela queria: ela teria o controle da garota, logo, teria o controle de toda a coalizão.
— O que está fazendo aqui? — Lexa revirou os olhos.
— Sua pintura de guerra. — A mais nova balançou levemente o pote de tinta em sua mão.
— Posso fazer sozinha. — Lexa disse, mas não fez nenhum movimento enquanto Lyra se aproximava dela, deixando o pote de lado e molhando os dedos de tinta.
— Fica mais bonito quando eu faço. — Ela disse, sem deixar espaço para discussão, começando a passar a tinta no rosto da irmã.
Isso a lembrou da infância, quando elas ainda eram garotinha deslumbradas pela ilusão de serem guerreiras, elas se juntavam a Luna e roubavam frutas para fazer tinta, pintando os rostos uma da outra, inventando novas pinturas de guerra a cada dia. Lyra sentia falta da ignorância, de fingir que não tinham noção de que apenas uma delas sairia viva no final do conclave.
Bem, as três saíram, mas as coisas não deram necessariamente certo pra nenhuma delas.
Lyra demorou para se acostumar com a nova pintura no rosto da irmã. Antes ela era apenas um preto denso e borrado emoldurando suas pálpebras, muito parecida com a de Anya. A garota ainda se lembra da visão que teve quando saiu de Azgeda, um exército esperando, a irmã pronta pra batalha, uma faixa negra se estendendo por todo o rosto, envolvendo seus olhos como uma sombra ameaçadora, quase como se a noite tivesse decidido se alojar ali, entre seu olhar penetrante. Essa faixa era bruta, selvagem, como uma máscara esculpida pela própria escuridão, com linhas verticais que escorriam de seus olhos, como lágrimas negras.
Ela quase não a reconheceu, a raiva borbulhante em seus olhos esverdeados que Lyra nunca tinha visto antes, misturado com o vazio, essa imagem a assombrava as vezes.
— Posso ouvir você pensando. — A voz de Lexa interrompeu seus pensamentos, num tom suave que Lyra não estava acostumada a ouvir da mais velha.
— Perdão. — Balançou a cabeça, afastando as lembranças que se alojaram alí sem permissão. As duas continuaram em silêncio por mais alguns segundos, antes de Lexa quebrá-lo.
— Se eu morrer hoje, — Ela começou, e Lyra sentiu o estômago embrulhar — Haverá um conclave, Nia mandará sua Natblida, e você não pode deixar que ela vença.
E alí estava, o maior pesadelo de Lyra, as malditas palavras que não tinham sido propriamente ditas, mas estavam claras alí: você precisa vencer o conclave.
Elas já tinham tido essa conversa algumas vezes, Lyra sabia que os outros Natblidas eram fortes, principalmente Aden, que Lyra tinha certeza que seria o escolhido de Lexa. Mas querendo ou não, Lyra era a mais forte deles, ela tinha sido treinada por uma guerreira Trikru e uma espiã de Azgeda. Era evidente pelas suas marcas da morte que ela tinha mais experiência e, mesmo que não tivesse muita força, tinha mais resistência e mais mente estratégica. Dentre todas aquelas crianças, Lyra era a única que podia vencer uma guerreira de Azgeda.
Tinha que ter outro jeito.
— Clarke disse que tentou negociar para fazer Roan se tornar o rei, certo? — Ela perguntou como quem não queria nada, mas Lexa conhecia muito bem a irmã. Aquilo era uma sugestão.
— Achei que não confiava nele.
— E eu não confio. — Lyra deu de ombros. — Eu posso odiá-lo, mas não dá pra negar que ele honra os próprios princípios. Ele honraria a coalizão por gratidão à você por poupar a vida dele.
Era uma verdade que Lyra não podia negar mesmo que todo o seu orgulho se inflamasse de raiva, Roan honrava aqueles que o ajudaram em algum momento. A rainha sempre o tratou como um soldado descartável, então ele não tinha lealdade alguma a ela, pelo menos não depois que ela o baniu. Ele seria um problema menor do que Nia, de qualquer maneira.
Quando a pintura já estava terminada, Lyra limpou as mãos com um pano, pegando a pequena peça metálica e colocando sobre a testa da comandante.
As irmãs se encararam por um longo tempo, a ficha finalmente caindo para ambas. Aquela podia ser a última vez que elas veriam uma a outra, a última vez que elas se falavam. Lyra tinha tanta coisa pra dizer, mas as palavras travaram em sua garganta, ela tinha que dizer algo, antes que perdesse a oportunidade.
Você vai ter outra oportunidade. Ela disse pra si mesma. Fosse otimismo, esperança ou negação, Lyra se convenceu disso.
Antes que perdesse a coragem, ela se aproximou da irmã, tocando as testas juntas e fechando os olhos. Ambos não eram acostumadas com esse tipo de contato, mas precisavam disso, o mínimo de afeto pra terem certeza de que eram humanas, sentiam e estavam vivas.
— Yu wamplei no don. Nodon jus souda, ai karyon noch drikon yu bakta geda. — Lyra sussurrou a bênção lentamente. Lexa estremeceu um pouco, provavelmente se lembrando exatamente onde essa frase tinha sido dita anteriormente, mas ela não ia fraquejar, Lyra nem esperava por isso.
Enquanto a comandante se afastava, cercada de guardas, em direção a arena, Lyra respirou fundo, repetindo a frase várias e várias vezes na própria mente como uma tentativa de conforto.
Sua luta não acabou. Mesmo que haja sangue no chão, minha alma ainda irá te guiar de volta pra casa.
[•••]
Lyra nunca havia estado na área de duelos depois de sua conclave. Honestamente, não era um lugar que trazia boas lembranças a ela. Estava muito movimentado, havia pessoas de toda Pólis alí para assistir, Lexa e Roan estavam na frente do palco próprio para os embaixadores, onde ficavam respectivamente sentados em seus tronos, lá também estavam a Rainha Nia e haviam dois assentos vazios, uma para Titus, que estava de pé discursando, e outro para Clarke, que Lyra não conseguiu ver em lugar algum.
Ela nunca esteve nessa posição, assistindo duelos, não importava o quanto explicassem, ela nunca entenderia a excitação das pessoas para assistir aquilo, era perturbador. Suas mãos tremiam, seu estômago parecia congelado e seu peito doía, ela não sabia se era sobre a luta em si ou pelo fato de que era sua irmã quem estava lutando.
— Não precisa ficar nervosa. — Lyra encarou a figura loira ao seu lado. — Lexa é forte, vai vencer isso.
Lyra não sabia se Aden estava tentando convencer a si mesmo ou ela, mas ela deu um sorriso amarelo de qualquer forma, voltando a olhar para a arena. Titus já havia terminado seu discurso e havia se sentado no trono.
Ela procurou pela irmã com os olhos, a encontrando conversando com Clarke que estava na multidão. Lexa puxou sua espada da bainha com um floreio e olhou para Clarke. Mas Roan avançou em Lexa por trás, que rapidamente se virou e pegou sua espada com a dela, então o cortou ao longo de suas costas enquanto ele passava. Lexa atacou três vezes e Roan pegou cada um deles até que suas espadas se encontraram com as de Roan, que pressionava a dela ao chão enquanto Lexa a empurrava para cima de baixo. A força do homem à forçou a ficar de joelhos.
Lyra sente o mundo girando, apertando o ombro de Aden mais forte, precisando sentir algo tangível. Lexa estendeu a mão esquerda e agarrou a lâmina, derramando gotas de seu sangue escuro no chão, antes de forçá-la para cima, pegando Roan no queixo com o punho de sua espada. O ex-príncipe ataca e Lexa o enfrenta, ela desviou do segundo golpe, mas ele a pegou e lhe deu uma joelhada nas costas, jogando-a no chão. Ela o ataca de quatro, mas ele arranca a espada de sua mão e a chuta para longe.
A comandante bate os punhos em seu joelho, derrubando-o, e então rapidamente se levanta para dar uma joelhada em seu queixo e arranca sua espada. Ela corre, agarrando a outra, e as gira como o Lextra que ele é. Roan olha ao redor, em pânico, antes de socar um guarda parado por perto e pegar sua lança.
Ele gira a lança também e tudo que Lyra consegue pensar é que ele é um exibido, mas seus pensamentos congelam novamente quando eles avançam um sobre o outro e Roan balança a espada em sua cabeça, mas Lexa a desvia. Ela balança, girando e atacando com ambas as espadas e consegue apoiá-lo, ele pega cada golpe com a lança. De repente, ele pega sua lança entre as duas lâminas dela e ela puxa uma de sua mão. Lexa vai balançar a outra, mas ele a derruba de sua mão também.
Roan a chuta bem no peito e ela voa antes de cair de costas. Lyra se encontra congelada no lugar, com os olhos arregalados. Roan avança enquanto Lexa se deita de costas. Roan coloca a lança em seu pescoço antes de se afastar e golpear a garganta da Heda, mas ela rola para fora do caminho e a lança atinge o concreto. Lexa balança as pernas e o pega no joelho, virando-o de costas. Ambos se levantam, Lexa completa com uma pequena cambalhota, e Roan balança em Lexa enquanto ela se abaixa.
O azgeda apunhala para frente e Lexa a pega por baixo do braço, dando um tapa no braço dele para que ele solte. Ela vira a lança para ele e o pega na perna com a lâmina, fazendo-o cair de joelhos, e então acerta seu rosto com a coronha da lança. Ela o acerta sob o queixo, jogando-o de costas. A Heda avança e segura a lança em seu pescoço.
Ela vai vencer! Lyra se contém para não dar pulinhos de excitação. Quando Nia se coloca de pé.
— Ge op! — A rainha grita para o filho, calando a multidão — Taim yu wanop, yu nom wanop kom hainofa, yu wanop kom bushhada.
Lyra nunca se permitiu sentir nenhum tipo de empatia por Roan desde o que aconteceu, porém, como ela descobriu em Mount Weather, ela ainda era humana. Mesmo com todo o seu ódio pelo ex-príncipe, não conseguiu evitar a pena que sentiu dele ao ouvir as palavras sendo gritadas com tanto desprezo.
Se você morrer, não morre como um príncipe, morre como um covarde. Devia doer escutar isso da própria mãe, Lyra sabia que ela não devia ter sido uma mãe muito boa, mas a maneira que ela o tratava, como se não fosse o filho dela, apenas um servo qualquer, era triste.
Os olhos de Lexa deixaram Roan e encontraram com os de Lyra em meio à multidão, ambas sabiam que estavam pensando a mesma coisa, a conversa anterior ainda fresca na mente de ambas. O plano de Clarke que talvez não fosse tão inviável. O ressentimento profundo que ambas guardavam há três anos fervendo em seus corações. Roan podia ter contribuído pra isso, mas no fim do dia, não tinha sido ele que torturou Lyra e assassinou Costia, foi Nia.
E sangue se paga com sangue.
Sem esperar mais, Lexa arremessou a lança em direção a Rainha, acertando diretamente em seu coração, a prendendo no trono. Houve um túmulo instantâneo e Lyra observou com satisfação a vida se esvair dos olhos da mulher. Já vai tarde, vadia.
— A rainha está morta. — Lexa gritou, chamando a atenção de todos, e então encarou Roan no chão. — Vida longa ao rei!
A multidão aplaude e Lyra não consegue esconder o enorme sorriso em seu rosto, alguém puxa um coro e ela se junta, logo toda a multidão está gritando "Heda! Heda! Heda! Heda!" E Lyra finalmente pode respirar aliviada.
Acabou. Nia está morta, Lexa está viva, acabou!
Ela mal imaginava que aquela era a "calmaria" antes da tempestade.
3968 palavras.
Amo a Lyra achando que acabou, mals sabe a querida que ainda nem começou a desgraça.
Vou ser honesta com vocês, esse capítulo demorou porque eu tava morrendo de PREGUIÇA porque odeio escrever cenas de luta, mas espero que vocês tenham gostado.
Bom, não tem mais o que falar. Não se esqueçam de votar e comentar o que acharam, beijinhos.
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