dear Olívia
No outro dia, Sophie acordou com os olhos inchados por ter perdido o sono algumas vezes durante a noite e ter derramado algumas lágrimas.
Se levantou e foi se arrumar para ir ao trabalho. Shy estava na casa de Peigge desde a última noite, então ela só o pegaria quando chegasse, mais tarde.
E assim foi, durante uns dias. A jovem ia para o trabalho e voltava para casa, não ligava ou mandava mensagem para Ryan uma vez sequer. A garota queria esquecer o rapaz, porém não era uma tarefa fácil.
Mais um dia nasce, a garota tomou café, pouco, e foi à biblioteca.
Ao chegar lá, Sophie foi direto para sua sala, fechou a porta, sem chave, apenas para o ambiente ficar em silêncio. Suas lembranças e flashes da conversa que tivera com Ryan ainda a perturbava, tinha a mesa com alguns documentos e papéis da biblioteca para ver, porém não conseguia se concentrar.
Tempo depois a jovem escuta batidas na porta.
— entra.
— com licença — Olívia diz colocando a cabeça para dentro da sala e logo passando com o corpo inteiro
— Oi Olívia. — Sophie diz arrumando a postura na cadeira
— tudo bem? Você chegou um pouco séria, mais uma vez, não falou com ninguém lá fora, aconteceu algo? As crianças já estão percebendo. Preciso que me diga, sabe que pode contar comigo. — a mulher perguntou
— não é nada. — ela respondeu tentando disfarçar
Sophie ainda não havia dito nada sobre sua conversa com Ryan à Olívia.
— Sophie, querida, eu conheço você há muito tempo, sei quando algo está te incomodando. Você é como uma neta ou uma filha pra mim, sabe que pode contar comigo, não sabe? — os olhos de Olívia brilhavam a cada palavra, além de passar segurança
Sophie pensou bem antes de abrir a boca e contar o que estava acontecendo, mas sabia que uma hora ou outra ela teria que conversar com alguém, e ninguém melhor do que Olívia, já que ela conhecia o rapaz desde pequeno.
— é que... — Sophie começou — o Ryan voltou.
— sério? — a mulher perguntou, feliz.
— sim.
— e aí? Conversaram?
— sim.
— e...? — Olívia esperava ansiosa uma resposta
— não estamos bem, nos vimos na terça à noite, a conversa não foi legal. — a garota disse, abaixando a cabeça
— oh, Sophie. Sobre o que conversaram?
— sobre o trabalho dele.
— e...? — Olívia estava curiosa para saber
— e... que eu não sei se devo acreditar na desculpa que ele me deu sobre ter escondido o trabalho de mim.
— e por que não acreditaria? — Olívia perguntou
— porque isso não está me convencendo. Ele disse que escondeu de mim porque tinha medo que eu não quisesse mais continuar com ele, mas é claro que eu teria ficado com ele mesmo assim, Olívia. — a jovem diz — pelo menos eu acho que não. Mas eu também não teria virado as costas pra ele.
— e você acha que ele sabia disso? Acha que ele sabia que se contasse isso pra você, você ficaria com ele do mesmo jeito? Ele não sabia, Sophie. Se soubesse ele teria te falado, eu conheço ele, Ryan é inseguro sobre muitas coisas da vida. — Olívia disse observando a atenção que a garota tinha nela — e nós duas sabemos o porquê de você estar insegura com isso também, mas isso tem que passar, meu amor. — ela diz com um olhar que transmitia conforto.
Sophie não falava nada, apenas processava o que ouvia.
— você está fazendo totalmente o contrário do que acabou de dizer. Está virando as costas pra ele e disse que não iria. — a senhora falou
— em primeiro lugar, essa insegurança não tem nada a ver com aquilo, não mesmo. E em segundo, ele escondeu de mim. Ele deveria ter falado — a jovem disse em sua defesa
— mas agora você sabe e está fazendo tudo errado. Deveria passar para ele a confiança que ele precisa, deveria passar pra ele a certeza que o trabalho dele não vai afetar a relação de vocês. Mas está fazendo tudo errado.
Sophie absorvia tudo o que Olívia estava lhe dizendo, chegando a conclusão de que as palavras dela faziam sentido.
— tudo bem, não queria fazer, mas....fique aqui, eu já volto — a senhora disse, se levantando e saindo da sala
Sophie não entendeu, mas fez o que a mulher pedia.
Minutos depois, Olívia voltou com um livro grosso nas mãos, colocou em cima da mesa da garota e tirou o excesso de poeira que tinha sobre ele, o que fez as duas tossirem.
— meu Deus, onde estava esse livro? Dentro de um sótão há 10 anos? — Sophie perguntou, rindo da quantidade de pó que o livro tinha
— quase isso, estava guardado na minha sala, dentro de um buraco na parede por trás do meu armário. Pra muitas pessoas eu queimei esse livro, mas eu inventei essa história para que nenhuma criança me pedisse pra ler ele, então o escondi. Você é a única que sabe que ele ainda está aqui. — Olívia disse, voltando a se sentar
— e por que você pegou esse livro agora? — Sophie perguntou curiosa
— pra você, você vai levá-lo pra sua casa e vai ler ele. — diz Olívia em tom de autoridade
— eu? Pra que?
— você vai fazer o que eu estou pedindo, depois você entenderá.
Sophie puxa o livro para mais perto de si, com um pouco mais de força pois o mesmo é pesado.
— "Guerra, Exército e Salvação"? — Sophie diz ao ler o título do livro — sério? — perguntou irônica, entendendo a amiga.
— sim, já que você terá três dias de folga a partir de amanhã, terá muito tempo para ler. Agora tenho que voltar ao trabalho.
— mas Olívia, como eu vou levá-lo pra casa? É muito grande e pesado...— a menina pergunta, mas a senhora já havia sumido de sua vista.
Sophie permaneceu olhando o grande livro por alguns minutos.
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Seu turno havia acabado, ela guardou suas coisas e pegou a bolsa. Com dificuldade, pegou o livro e saiu de sua sala, trancou e foi até a recepção.
— você pode pelo menos chamar um táxi pra mim? — a jovem perguntou à amiga
— é pra já! — Olívia disse
Assim que a senhora solicitou o carro, Sophie intrigada a perguntou...
— por que não quis que ninguém mais lesse esse livro?
— conheci um menino que amava ler esse livro — Olívia começou — eu o lia com ele todas as vezes que vinha pra cá. Tempos depois, recebi a notícia de que ele havia entrado pro exercito americano, isso me deixou com o coração na mão. Ele lia esse livro e tudo o que pensava era em se tornar um deles, e conseguiu. Ele passou por muita coisa e ainda passa, enfrenta problemas e nunca esquece um minuto sequer dos horrores que já viveu. — a senhora terminou
Sophie fazia ideia de quem poderia ser esse soldado, mas não quis falar nada. Assim que o táxi chegou, a garota se despediu da amiga e foi para casa.
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Shy pulou em cima do sofá para se deitar ao lado da dona, Sophie havia pego ele na casa da vizinha. A garota já mantinha o livro aberto em meio as suas pernas, tinha uma tigela de brigadeiro do seu lado esquerdo e um copo d'água no criado mudo.
A garota já havia começado a ler os capítulos, queria parar para dormir, mas era tudo realmente interessante. Cada página e capítulo tinha algo que clamava para o próximo.
Sophie não aguentou, às 3:30 da madrugada a jovem pegou no sono.
Até o próximo!...!😍
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