06
Severus.
Era uma sensação estranha, essa confusão que me dominava. Como professor de Poções, sempre mantive uma barreira sólida entre mim e os alunos. Mas ela… A maneira como ela olhava para mim, com aquela curiosidade inocente, desafiava todas as minhas convicções.
Eu sempre afirmei que o amor era uma fraqueza, uma vulnerabilidade que poderia ser explorada. Eu sabia com toda a certeza do mundo, que amor era um sentimento que eu não possuía por ela. Contudo, não conseguia evitar a sensação de que havia algo especial naquela aluna. A paixão pela magia que ela demonstrava, a determinação que a levava a lutar por seus objetivos, evocava em mim um eco de um passado que eu preferiria esquecer.
Às vezes, me pegava imaginando como seria se eu deixasse a guarda baixa. O peso dos meus erros, a sombra de minhas escolhas, tornavam-se uma pressão constante. Poderia realmente permitir que um laço se formasse, mesmo que temporário? Isso não seria um convite à dor e à traição, algo que eu experimentei antes?
Eu odiava ter de confessar, mas Granger conseguiu me despertar um lado que eu não imaginava que existia, na verdade, que eu não imaginava que poderia retornar.
Cada interação era um campo de batalha. Eu me via oscilando entre o desejo de tê-la e a necessidade de me afastar, de não me expor à fragilidade que tal conexão exigiria. Como um mero professor, o que eu poderia oferecer? Seria eu capaz de ser um guia, ou apenas um fardo? Certamente um fardo, pelo passado que carregava em minhas costas, e um futuro tão incerto. Esses pensamentos se entrelaçavam, criando uma teia complexa de sentimentos que me deixava em um estado de constante vigilância e desconforto.
Por fim, o que eu realmente temia era que a verdadeira confusão não estivesse apenas em relação a ela, mas dentro de mim. Se permitisse que essa confusão se transformasse em algo mais, estaria abrindo as portas para a possibilidade de mudança. E isso, mais do que qualquer outra coisa, era irritantemente nada convencional para mim.
Me irritava saber que aquela garota conseguia possuir tal efeito em mim. Merlin sabia que meu desejo era de me arrepender por ter a ousadia de tê-la beijando, porém ele sabia que seria impossível ao meu caso, principalmente quando senti aquela aflição de a ter naquele momento, somente para mim.
Aquela grifinória estúpida e inocente! Seria a causa dos meus devaneios e desejos mais profundos, e eu temia que um beijo não fosse o suficiente para poder conseguir deixá-la de lado.
Por mais que a intenção fosse me contentar com um beijo para tentar aliviar meus pensamentos, sentir seu cheiro fresco e frutal trouxe ao meu âmago a necessidade de mais, mas lá estava a maldita ética que me perseguia, e o fato de Dumbledore descobrir que a princesa da grifinória estaria sendo deflorada por um professor sem expectativa de futuro, e ainda comensal da morte.
Merlin que me ajudasse a conseguir me afastar de Granger, e sua inocente sedução que tinha sobre mim.
~~~
Todas as minhas decisões eram sempre tomadas de forma ponderada e firme, mas nunca me arrependi tanto de ter anunciado que me juntaria a três adolescentes para almoçar e jantar.
Potter se mostrou completamente desconfortável com minha presença no almoço, e surpreendentemente, o Weasley pareceu perder sua tão famigerada fome.
O ambiente na cozinha se encontrava completamente desconfortável para os jovens em questão, o que me trazia pura satisfação.
A tensão no ar era palpável. E enquanto Monstro terminava de servir a comida, me permitia cruzar os braços, permitindo que o silêncio se arrastasse, saboreando o desconforto que causava.
— Então, senhores! — disse, com um tom que transparecia ironia. — Espero que estejam colocando o que Dumbledore os ensinou em prática.
Potter trocou olhares com Ron, enquanto Granger se mantinha com os olhos no prato a sua frente, evitando qualquer interação que pudesse ter comigo, enquanto os dois patetas hesitavam, antes de tentarem desviar o foco. — Na verdade, professor. — Potter começou com sua famosa arrogância. — Estávamos pensando em....
— Pensando? Interessante. Tal habilidade não costuma ser uma prioridade entre vocês. — definitivamente não consegui evitar um sorriso irônico ao imaginar o esforço para tal ato. — Talvez um pouco de prática ajudasse a aliviar essa atmosfera pesada.
Confesso que meu ego inflava cada vez mais ao notar o quão desconfortáveis e encolhidos eles se mantinham em minha presença, o que me tirava de qualquer tédio no qual estivesse.
— Se o senhor for mais compreensível.... — Potter continuou.
— O Lorde das Trevas não será compreensível Potter, e isso não tem nada haver comigo. Se ajo desta maneira, é porque acredito que você precise ser mais duro. E não o inconsequente que é.
— E será que não seria muito mais fácil se você nos disser o que temos que fazer? Hermione está fazendo algo decente aqui, e quanto a mim? Devo apenas ficar esperando até Voldemort decidir atacar? Me diga o que fazer!
O garoto era mesmo um jovem impulsivo como o idiota do pai era, e por mais que não houvesse simpatia de minha parte por ele, concordava que Albus deveria ser mais transparente, ao em vez de o deixar desesperado a espera de um ataque.
— Não há o que fazer Potter. Se contente com isso. — mostrei indiferença.
Naquela mesa de almoço, o único ser que realmente me importava, era Granger, que se mantinha quieta e sem olhar para cima.
Meu ego era inflado o bastante para acreditar que eu havia mexido com ela o suficiente para que se sentisse envergonhada por hoje mais cedo. Não havia espaço para arrependimentos e certamente podia sentir nela que ela também compartilhava dos mesmos sentimentos.
Eu a observei de soslaio, notando a forma como suas bochechas coravam levemente ao encontrar meu olhar. Havia uma mistura de desconforto e desafio na sua expressão, como se estivesse se perguntando se eu realmente a havia atingido. O ego, inflado e satisfeito, me dizia que eu havia alcançado meu objetivo.
Havia terminado meu almoço bem a tempo de sair, mesmo que Dumbledore houvesse decretado que não era seguro os membros da ordem visitarem a casa exceto nos dias de reunião, Molly não parecia se importar muito. E cumprimentando a velha mulher, subi para meu quarto, onde pude desfrutar um pouco de um livro que a dias desejava ler.
Na varanda do meu quarto, podia ver nitidamente o movimento no jardim. O dia estava caloroso, obrigando todos irem para lá, tomar um ar fresco e irem conversar, mas algo me irritava nisso tudo, e não era o fato da garota Granger estar em volta de tantos Weasley, mas sim de um em específico, que se sentou ao lado dela na grama, mais próximo do que alguém poderia imaginar.
Do alto, podia vê-la conversando com o amigo de anos. Algo que ele dizia a ela a fazia rir sem parar, me fazendo questionar o porquê aquilo me irritava tanto. Outros Weasley se aproximavam dela, mas não eram como Ronald que a tocava insistentemente.
Ela ainda ria, e o garoto parecia se aproximar mais se possível, mas ao ver um fio de cabelo dela colado na bochecha, não resistiu. Com um gesto gentil, ele afastou o cabelo com os dedos, um sorriso bobo no rosto.
A forma que ela pareceu olhar para ele, sorrindo de forma contida.... Me irritou profundamente, de longe eu podia notar suas bochechas rubras, me fazendo lembrar do hoje mais cedo, quando a beijei e a vi completamente vermelha e ofegante.
~~~
Respirando fundo, e tentando manter a compostura, não pôde evitar a raiva que o invadia. Snape simplesmente decidiu que não ficaria ali, a observando de cima, pensou, enquanto se afastava, ciente de que a imagem deles juntos ficaria gravada em sua mente, muito mais do que ele gostaria de admitir. Por isso, decidiu que se juntaria a todos do lado de fora.
Aparecendo pelas portas do jardim, o lugar ficou completamente silencioso quando notaram sua presença, afinal, não era de seu feitio se misturar com tantas pessoas assim.
— Severus, estava me perguntando se apareceria. — Arthur seguiu em sua direção, com uma xícara de chá gelado. — Molly acha que só chá resolve, mais eu tomei a liberdade de por um pouco de fire whisky. — sorriu piscando para o professor, que ergueu a sobrancelha, sorrindo internamente.
— Agradeço. — foi o que disse antes de procurar um lugar reservado para se sentar, encontrando uma ótima sombra debaixo de uma árvore, que por coincidência era perto o suficiente de onde Hermione e Rony se encontravam.
Um banco confortável e grande foi transfigurado para que ele não precisasse se sentar ao chão, todos ainda pareciam olhar para ele a cada movimento seu, e nem mesmo seu olhar desgostoso os fez evitar de o encarar.
— Algum problema? — resmungou, vendo que Molly se aproximava meio incerta.
— Oh, claro que não querido. — sorriu. — Só, estamos surpresos por decidir nos acompanhar nesta belíssima tarde. E bem, se me permite dizer. Creio que é novidade para todos aqui te verem tão, confortável.
Snape demorou para entender o que a matriarca queria dizer com suas palavras quando às disse, porém sua mente se recordou de quando havia tirado seu sobretudo pela manhã quando se encontrava na sala de poções, desde aquele momento, não se preocupou em trocar de roupa, ou se arrumar.
Por sorte, ele não precisou dizer nada, a ruiva falante havia feito um comentário que logo fez todos perderem o interesse no homem, que continuou sentado, observando o jovem casal ali perto.
— Nós poderíamos tentar. — ele ouvia a voz abafada do ruivo, que tentava cochichar no ouvido de Hermione.
— O que? Não! — ela o olhou seria, e Severus se perguntou o que tanto ele poderia querer. Ninguém parecia prestar atenção nos dois a não ser ele.
— Desta vez prometo ser legal! — o ruivo disse, parecia mais um tom de súplica.
— Já disse que não. — ela bradou. — Não volte mais a me perturbar com isso.
Por uma fração de segundos, ela olhou Snape que estava alí perto, logo desviando o olhar, não imaginando que o homem parecia tão atento à conversa deles.
Obviamente, o mestre em poções ficou curioso com a conversa pela metade, logo, sentiu seu sangue ferver quando percebeu que a entonação da conversa era muito mais do que algo entre amigos. O ruivo estava vermelho, não parecia envergonhado, mas ela pareceu tão desconfortável.
Snape observava a troca entre eles com uma mistura de frustração e ciúmes. Cada risada e olhar furtivo intensificavam sua irritação, revelando um lado vulnerável sob sua fachada de indiferença. Ele não podia ignorar o quão próximo o ruivo estava dela, e a inquietação que sentia o deixava mais afiado e atento, como se estivesse em uma batalha silenciosa.
A sensação de impotência o consumia. Embora quisesse ignorar a cena, a visão dela desconfortável o afetava de maneira profunda. Ele não sabia se desejava intervir ou se manter à distância, mas uma coisa era certa: a conversa deles mexia com ele mais do que deveria.
— Você não gosta de mim? — ele ouviu a voz do garoto a questionar, o deixando aos nervos, tanto por estar sentindo ciúmes de uma pirralha, e tanto pela inconveniência do jovem com ela.
— Rony, eu....
Com um movimento brusco, Snape interrompeu a conversa, sua voz cortante assustando os dois jovens.
— Isso é uma perda de tempo. — afirmou, fixando o olhar nos dois. — Se não estão aqui para discutir algo relevante, sugiro que se dispersem.
A tensão aumentou, e a jovem lançou um olhar nervoso para o ruivo, enquanto Snape se mantinha firme, exigindo que interrompessem qualquer flerte. Ele sabia que a distração poderia trazer consequências indesejadas e não hesitaria em reforçar sua autoridade.
Num momento de distração, onde Rony parecia encarar Snape com o rosto tão vermelho quanto seu cabelo, talvez por raiva, Hermione se levantou, indo até Gina, que havia se separado de Harry a alguns minutos atrás.
Snape fixou seu olhar em Rony com uma expressão de arrogância que transparecia desprezo. Seus olhos, escuros e penetrantes, examinavam cada detalhe do garoto, como se o considerasse uma mera curiosidade em um laboratório.
— Ah, Weasley — disse, a voz carregada de ironia. — Fico impressionado com sua capacidade de transformar conversas triviais em um espetáculo tão... entediante.
O desdém em sua entonação era palpável, e um leve sorriso sardônico se formou em seus lábios, como se estivesse se divertindo à custa do ruivo. Snape se inclinou levemente, insinuando que não apenas sua inteligência, mas também sua presença era superior à de Rony, reforçando a hierarquia que tanto prezava.
Se levantando irritado, Rony se retirou, não vendo o sorriso satisfeito no rosto de Severus, que voltou a tomar seu chá misturado com whisky.
A tarde ficava cada vez mais deliciosa com o clima fresco que surgia conforme a noite chegava, de longe, Snape olhava a garota de cabelos cacheados, que tentava entender o que Harry dizia, algo a ver com quadribol.
Hermione estava examinando as plantas, tentando se distrair enquanto Snape a observava à distância. Quando seus olhares se cruzaram, houve um momento tenso: os olhos de Hermione refletiam determinação, enquanto os de Snape mostravam uma mistura de desconfiança e curiosidade. O silêncio entre eles era carregado de significados, como se palavras não ditas flutuassem no ar, e cada um estava tentando decifrar o que o outro realmente pensava. Era uma troca carregada de tensão, como um jogo de xadrez emocional.
Hermione não conseguia se concentrar em nada. O dia inteiro havia sido um turbilhão de emoções, sua mente presa à lembrança do beijo com Severus. Os lábios dele, firmes e quentes, faziam seu coração disparar sempre que pensava neles.
Ela odiou quando ele se afastou, como se uma parte dela tivesse sido arrancada. Tentava ignorar a confusão que isso lhe causava, mas cada momento sem ele parecia uma eternidade. A tensão entre eles era palpável, e a dúvida a consumia: ele sentia o mesmo? Dificilmente!
Enquanto deixava Harry falar insistentemente o quanto ele estava preparado para derrotar a Sonserina no quadribol quando às aulas voltassem, seus pensamentos oscilavam entre o desejo e a razão, ciente de que se envolver com Severus poderia trazer consequências inesperadas. Mas a lembrança do beijo a deixava ansiosa, como se a conexão que haviam compartilhado fosse mais do que um mero acaso.
Snape olhava Hermione de longe, porém sua atenção mesmo estava em Rony, que novamente aos poucos, se aproximava da garota. Ele rapidamente entendeu às verdadeiras intenções dele quando Harry pareceu piscar para o amigo, sorrindo e deixando o ruivo sozinho com a garota, que como sempre era tão alegre e simpática.
Molly e o resto dos Weasley se despediram assim que sentiram a necessidade de irem embora, já eram quase dez da noite, e todos estavam cansados. Contudo, seguindo até às escadas para subir para seu quarto, Snape voltou para trás assim que ouviu vozes vindo da biblioteca.
Espreitando pela fresta da porta, viu que mais uma vez Ronald Weasley tentava conversar com Hermione, que se mostrava frustrada por não conseguir ler seu livro em mãos.
Rony se aproximou de Hermione com um sorriso bobo, tentando quebrar o clima tenso que ela exalava.
— Ei, você está pensando demais de novo? Que tal a gente ir dar uma volta no jardim? — disse ele, tentando soar casual.
Hermione levantou os olhos, surpresa.
—Rony, não é hora para isso. Acabamos de voltar de lá, além disso estou ocupada. — Severus se contentou com a resposta dela.
— Ah, vem! Você sempre diz que precisa relaxar. E quem sabe, a gente pode... sei lá, conversar sobre outras coisas. — a insistência de Rony era quase engraçada, mas ele realmente parecia interessado, deixando o homem que espionava irritado.
— Rony, você não entende... não é tão simples. — hesitou, lembrando do beijo com Severus.
— Simples ou não, eu só quero passar um tempo com você. Pode ser divertido. — respondeu ele, com um brilho esperançoso nos olhos.
— Rony! — disse suspirando fundo, enquanto deixava seu livro de lado. — Você sabe que isso, nós, não daríamos certo. Já tentamos uma vez. Na teoria é tudo perfeito, mas na prática, péssimo.
Snape sequer conteu o sorriso que esticou por seus lábios quando a ouviu falar aquilo. Uma parte dele se sentiu muito satisfeita, mas seu sorriso logo morreu quando viu que o garoto parecia insistir.
— Eu sei — respondeu Rony, com um tom de resignação. — Mas não posso evitar. Às vezes, é como se... fosse impossível não pensar em nós.
Snape, observando a cena, percebeu o contraste entre a frustração de Hermione e o brilho no olhar de Rony. A tensão no ar era palpável, uma mistura de lembranças e anseios não resolvidos.
— Cabeça de cenoura! — o homem murmurou irritado.
— A verdade é que a teoria pode ser enganosa — Hermione continuou, tentando manter a razão. — O que sentimos nem sempre se traduz em algo viável. — Rony respirou fundo, hesitando.
— Então, o que fazemos agora? — Hermione desviou o olhar, lutando com seus próprios sentimentos.
— Precisamos seguir em frente. Ambos sabemos que é o melhor. — naquele momento, ela já havia se levantado.
Snape, observando tudo em silêncio, sabia que aquela conversa poderia ser o fim ou um novo começo, dependendo de como eles decidissem lidar com isso.
Passando por ele, Hermione sentiu que o garoto havia segurado seu braço, a puxando para perto. Snape logo se manteve firme, esperando que ele fizesse algo.
— Rony, me deixe ir. — pediu calma.
— Por favor, me dê mais uma chance?
Snape, observando a cena, não pôde evitar se intrometer. Ele queria se intrometer na verdade, sentiu essa necessidade.
— Sr. Weasley. — disse ele, entrando na sala, sua voz cortante, — Acho que você não está ouvindo. A senhorita já tomou uma decisão. — Rony, surpreso, soltou o braço de Hermione, virando-se para Snape.
— Isso não é da sua conta!
— Na verdade, é! — retrucou Snape, aproximando-se. — Se você não consegue entender que insistir só vai piorar a situação, talvez deva refletir um pouco mais.
Hermione olhou para Snape, um misto de gratidão e frustração em seu olhar.
— Professor, eu…
— Não é o momento de discutir. — interrompeu Snape, voltando-se para Rony. — O que você precisa agora é de espaço para pensar, não mais promessas vazias.
Rony mordeu o lábio, irritado, claramente dividido entre sua vontade de lutar e a realidade da situação.
— Eu só… quero que você veja que pode dar certo.
— Rony, eu já vi. E sei que não é assim que funciona.
A tensão pairava no ar, enquanto Snape mantinha os olhos fixos em Rony, aguardando sua resposta. O garoto desistiu somente por aquele momento, olhando feio para Severus, logo de retirando, mas não sem antes deixar claro que gostaria de conversar com Hermione melhor, e em particular.
Sozinhos na biblioteca, Snape decidiu que também iria para seu quarto, depois de conseguir espantar o garoto, não via mais motivos para ficar ali, pelo menos era o que ele achava.
— Obrigada. — ela disse, o fazendo parar e voltar novamente para ela.
Hermione suspirou fundo quando o viu parado, olhando diretamente para ela. Seu corpo todo pareceu se esquentar, com a lembranças de mais cedo que a dominavam de uma maneira que a deixou sem palavras naquele momento.
Ela odiava ter que ser a primeira a tocar naquele assunto, mais precisava entender os motivos de Snape ter a beijado, pela atitude estranha dele naquela tarde quando Rony a perturbava no jardim, e depois na biblioteca.
Não que ela não gostasse do beijo, pelo contrário, sentiu-se vazia quando ele se afastou, a deixando sozinha na sala de poções de Grimmauld, porém ela queria ter certeza que aquilo não se repetiria, para não criar expectativas.
— Professor.... — disse calmamente. — Sobre hoje mais cedo.....
— Não houve nada mais cedo. — resmungou, desviando o olhar. O clima tenso da sala deixava claro que havia muito a ser discutido.
— Não minta para mim.— ela insistiu, a calma da sua voz contrastando com a tempestade de emoções que sentia. — Você sabe o que aconteceu.
Ele passou a mão pelos cabelos, visivelmente irritado.
— O que aconteceu foi um erro, algo que não deveria ter acontecido. — ela franziu a testa, a frustração crescendo.
— Um erro? — disse decepcionada. — Um erro que você cometeu, visto que você me beijou primeiro.
— Não seja tola, não aja como se não tivesse nenhuma culpa.
— E não tenho. — gritou.
Snape não queria que aquela discussão se tornasse pública, então com um florear de varinha, fechou a porta da sala e a silenciou para que ninguém os ouvisse.
— Você não entende as consequências. Um professor não pode se envolver com um aluno. Isso está errado em tantos níveis.
— E se eu não me importar? — ela desafiou, cruzando os braços. — Eu sou adulta o suficiente para tomar minhas próprias decisões.
Ele balançou a cabeça, desanimado.
— Isso não é apenas sobre você. É sobre a sua reputação, a minha, o que isso significaria para o que estamos fazendo aqui.
— Desde quando você se importa? — ela disse.
— Não que seja da sua conta, mas eu não me importo e é isso que estou tentando deixar claro. Foi uma fraqueza Granger, eu jamais me importaria com isso, porque não é real, eu jamais ficaria com alguém como você.
— Se você realmente não se importasse, não teria precisado dizer isso.
— O que eu digo ou deixo de dizer não é da sua conta. Sua insistência é irritante, Granger.
— E você acha que me ofender vai me fazer desistir? Você pode se esconder atrás dessa fachada, mas eu vejo através dela.
— O que você vê é irrelevante. A verdade é que não tenho tempo para suas ilusões juvenis.
— Ilusões? Você realmente acha que é mais forte por se recusar a se abrir?
— Força não é sobre expor vulnerabilidades, é sobre controle. E você, Granger, está se deixando levar por algo que não entende. Nós nem deveríamos ter essa conversa para começar. — bradou mais do que irritado.
Merlin, era tão difícil assim confessar que havia adorado beijá-la? Que se pudesse, o faria várias outras vezes?
— E você acha que controlando tudo ao seu redor vai conseguir se proteger de algo? Isso só mostra que você não sabe lidar com as pessoas. — ele não acreditava que poderia controlar tudo, talvez uma parte das coisas, mas não tudo. — Você não é invulnerável. Todos nós precisamos de alguém em quem confiar, até mesmo você.
— Não me faça repetir: não sou alguém que busca conforto nos outros. E definitivamente não vou encontrar isso em você.
— Não foi o que percebi quando me beijou. — sorriu irônica.
— Vejo que você está focada demais nisso, não é? — e de repente Snape mudou completamente, de tal forma que deixou Hermione arrepiada. — Eu me recuso a ceder a qualquer enquanto seu. — disse se aproximando lentamente dela. — Mas você, insiste em lembrar desse meu maldito erro não é? Por que? — a encarou.
— Para deixar às coisas claras entre nós. — sussurrou lambendo os lábios por o ver tão próximo.
— Isso, ou o fato de você querer mais. É isso Granger? Essa conversa toda, essa discussão desnecessária apenas para tentar descobrir se eu a beijaria novamente?
— O que? Isso não tem nada haver. Como você disse, foi um erro.
— Um erro, ou apenas algo que você gostaria de repetir, mas não se atreve a admitir? — sorriu convencido.
— Não sei do que você está falando, professor. — disse nervosa.
— Vamos ser sinceros, Granger. O desejo é uma força poderosa. Você sente isso tanto quanto eu.
— Agora você decidiu confessar o que sente? — disse incerta.
Os olhos de Hermione brilharam, ele havia confessado o que ela tanto queria desde o começo daquela discussão, e não achou que seria tão fácil, e realmente não foi, principalmente porque ele havia confessado no calor da conversa e não ao contrário.
— Eu… pode ser que tenha sentido algo. Mas isso é complicado. Complicado, talvez. Mas o que é simples raramente vale a pena, não acha? O que aconteceu entre nós foi eletrizante.
— Você realmente acredita que eu gostaria de beijá-lo novamente? — com um sorriso completamente convencido e malicioso, Snape acabou com a pouca distância que havia entre os dois, baixando seu rosto lentamente para ficar próximo de Hermione que olhou diretamente em seus olhos quando ele colocou os dedos em seu queixo para a fazer olhar para ele.
— Eu não apenas acredito, Granger. Eu vejo a dúvida em seus olhos, o anseio em sua voz. Você deseja isso tanto quanto eu. — seus lábios falavam próximos aos dela. — Me negue com palavras que não deseja meus lábios nos seus e me afastarei.
Hermione lambeu os lábios, estava numa mistura de desejo e ansiedade, não sabendo o que responder ou fazer.
— Você mesmo disse que foi um erro. — sussurrou.
— E é! A ética moral, e minha própria consciência pesam em minhas costas quando ouso em imaginar tal coisa. Mas nesses momentos seus lábios nos meus parecem tão certos que é difícil evitar Granger.
Hermione.
Ele estava tão próximo de mim, que era impossível não ceder a vontade de poder sentí-lo. Desejava tanto que aqueles lábios tocassem os meus novamente, que não contive o impulso de querer acabar com essa vontade.
O cheiro dele era tão convidativo quanto seus olhos me faziam cair nas profundezas dos pretos intensos. Ele queria tanto quanto eu aquela situação, e sinceramente, eu não me importava com mais nada.
Ele parecia tão diferente ali, confessando sua vontade e sua fraqueza em tentar se manter longe..... Eu poderia dizer o mesmo, mas depois do beijo de mais cedo, era inevitável que eu quisesse mais.
Levei minhas mãos até a camisa que ele usava, as segurei com tanta força, afinal, parte de mim tinha medo que ele tentasse fugir. Eu adorava o fato dele ser maior que eu, o que era curioso, pois nunca me vi adorando algo em Severus Snape.
— Granger, você está certa do que pretende fazer? — sua voz grossa e intensa me deixou arrepios, o que me fez ter segurança do que queria fazer.
Apenas concordei, mas como sempre, naquele momento ele não me deixou ter escolha, me puxando pela cintura e me beijando, com tanta intensidade que senti minhas pernas amolecerem.
Seu aperto era forte, e sua língua travava uma batalha com a minha. Eu não sabia dizer em que momento andamos, e em qual momento fui parar sentado em cima da mesa que havia alí, só que era maravilhoso ter os lábios de Snape aos meus, suas mãos tocando minha cintura deixando apertos e massageando com tanta vontade.
~~~
Por um momento, afim de recuperar o ar, Snape se afastou. Seus olhos percorrendo Hermione por um todo, sentindo seu corpo arrepiar por vê-la tão ofegante, com os lábios e rosto vermelho.
Por Merlin, ele precisava tê-la, de todas as maneiras possíveis, ela estava tão entregue, que não tinha dúvidas que se tentasse, a faria alí mesmo.
Sua decência havia ido por água abaixo, já não existia mais sensatez ou qualquer outra coisa que lhe pesasse a consciência, ele até pensou que, em poucos meses ele poderia estar morto mesmo, não importa quem ganhasse aquela guerra, então porque não aproveitar os leves raios de luz que começavam a invadir sua vida?
— Eu odeio ter que dizer isso Granger, mas..... — respirou fundo, ainda sério. — Para minha insanidade, precisamos parar.
— O que? Você não ... — tentou dizer, mas ele foi mais rápido, levando o dedos aos lábios dela para silenciá-la.
— Não ache que deixarei isso por terminado. — disse sério. — Haverá momentos, porém não será hoje.
E como sempre, ele se retirou, a deixando sozinha, mas desta vez com um sorriso e uma leve ansiedade para o que veria a seguir.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro