𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑜𝑖𝑠
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O dia seguinte já havia chegado, mas os pensamentos de Arabella continuavam os mesmos: a briga com sua mãe, o término recente com JJ, e agora uma boa parte de seus pensamentos também estavam concentrados na rápida conversa que teve com Rafe, no jantar do dia anterior.
A ruiva não poderia imaginar que aquele jantar que tinha sido planejado de última hora fosse render um momento que mexeria tanto com ela. A lembrança do olhar intenso de Rafe e do tom provocativo em sua voz, ainda pairava em sua mente, fazendo-a se perguntar se aquele encontro inesperado significava algo mais do que um simples acaso.
O cheiro de café recém-passado se espalhava pela casa quando Arabella desceu as escadas, ainda meio sonolenta. Usava um moletom largo e meias coloridas, o cabelo bagunçado denunciando que tinha acabado de sair da cama. Na cozinha, Theo estava sentado no balcão, mexendo no celular enquanto tomava café direto da caneca favorita dele.
— Você parece péssima — ele comentou sem tirar os olhos da tela.
— Bom dia para você também, irmão querido. — Arabella revirou os olhos, abrindo o armário para pegar uma caneca.
— Só estou sendo sincero. Mas, olha, acho que você está se superando hoje — ele continuou, apontando para o moletom enorme que ela usava. — Isso aí é seu ou você roubou do JJ antes do término?
Ela pegou a primeira coisa ao alcance e jogou nele, um pacote de torradas, que bateu em seu ombro sem nenhuma força real.
— Se quiser saber, é meu. E para de ser irritante antes que eu decida te envenenar no café da manhã. — Arabella respondeu prontamente.
— Se um dia eu for envenenado, já sei de quem suspeitar. — Theo riu, finalmente largando o celular para encará-la.
Arabella serviu café para si mesma, se escorando no balcão ao lado dele. Por um momento, ficaram em silêncio, apenas ouvindo os sons da manhã lá fora. Então, Theo inclinou a cabeça para o lado, observando-a.
— Falando sério agora, dormiu bem? — o mais novo perguntou, mudando o tom da conversa.
Ela deu um gole no café antes de responder.
— Mais ou menos. Muita coisa na cabeça. — Arabella forçou um sorriso.
Theo assentiu, sem pressioná-la para falar mais. Ele sabia que, quando quisesse, ela falaria. Em vez disso, pegou um pão do pacote que ela jogara nele e o colocou na torradeira.
— Relaxa, então. Hoje à noite vai passar um filme ruim qualquer, você vai reclamar que eu tenho gosto péssimo, mas no fim das contas vai assistir comigo. Como sempre. — Theo contou seus planos para aquele dia mais tarde.
Arabella fingiu pensar por um instante.
— Só se eu puder escolher o próximo filme que vamos assistir. — Arabella propôs a condição.
— Nem pensar. Você sempre escolhe filmes de romance. — Theo negou com a cabeça.
— Aí que tá a graça. — Ela sorriu pela primeira vez naquela manhã.
Theo riu e balançou a cabeça. Eles se implicavam o tempo todo, mas no fim, sempre acabavam ali, dividindo uma pipoca exageradamente temperada e reclamando das escolhas de filmes um do outro.
Arabella terminou seu café com calma, aproveitando o silêncio raro da casa. Theo já tinha saído da cozinha, provavelmente voltado para o quarto ou para o quintal, onde costumava passar o tempo. Depois de colocar a caneca na pia, subiu as escadas e entrou em seu quarto, fechando a porta atrás de si.
Parou por um instante diante do espelho, analisando a própria expressão. Apesar do tom leve da conversa com Theo, ainda sentia um certo peso no peito, uma inquietação que não conseguia ignorar. Ela precisava sair, espairecer, ver algo além das paredes daquela casa.
Vestiu um short jeans e uma regata branca, deixando o cabelo solto de qualquer jeito. Passou apenas um pouco de rímel e pegou sua bolsa antes de sair, descendo as escadas rapidamente. Avisou ao pai que sairia por algumas horas e, sem esperar resposta, pegou as chaves e deixou a casa.
O sol estava forte, mas uma brisa leve tornava o calor suportável. Arabella caminhou sem destino certo, apenas apreciando a movimentação tranquila das ruas de Outer Banks. O barulho das ondas ao longe, as vozes misturadas de moradores e turistas... havia algo reconfortante naquilo.
Ela não sabia exatamente quanto tempo passou andando, mas de repente, ao virar uma esquina, avistou uma silhueta conhecida do outro lado da rua. JJ.
O tempo pareceu desacelerar por um instante. Ele estava encostado na bicicleta, falando com alguém, mas quando seus olhos encontraram os dela, o sorriso que carregava desapareceu no mesmo segundo. Arabella sentiu o estômago revirar. Ela pensou em seguir em frente, fingir que não tinha visto, mas já era tarde demais. JJ já estava atravessando a rua em sua direção.
— Você anda fugindo de mim ou é só impressão minha? — ele perguntou, a voz carregada de ressentimento.
— Não estou fugindo de ninguém, JJ. Só não achei que tivéssemos algo para conversar. — Arabella suspirou, cruzando os braços.
— Sério? Porque eu acho que a gente tem muito o que conversar. Tipo, sei lá... você me dizer de verdade por que terminou comigo? — Ele soltou uma risada irônica, passando a mão pelos cabelos loiros bagunçados.
— Eu já te expliquei. — Arabella desviou o olhar por um segundo, sentindo a tensão crescer entre eles.
— Não, você me deu uma desculpa — JJ rebateu, a expressão mais séria do que o normal. — E eu ainda não entendi.
O peso no peito dela ficou ainda maior. Ela sabia que JJ não aceitaria facilmente o fim do relacionamento, mas encará-lo assim, magoado e confuso, era pior do que imaginava.
Arabella sentiu a garganta apertar. Não queria ter essa conversa ali, no meio da rua, mas JJ não parecia disposto a deixá-la escapar dessa vez.
— JJ… — ela começou, tentando manter a calma.
— Só me diz a verdade, Bella — ele interrompeu, dando um passo mais perto. — Porque nada disso faz sentido pra mim. A gente tava bem, e do nada você terminou. Eu fiz alguma coisa?
Ela fechou os olhos por um instante antes de encará-lo novamente.
— Não foi do nada — disse, a voz mais baixa, mas firme. — Você só não percebeu os sinais.
— Então me faz perceber agora. — JJ franziu a testa, claramente irritado.
— Eu me sentia sufocada, JJ. Era como se… como se tudo entre a gente estivesse girando em torno dos seus problemas, das suas brigas, das suas loucuras. Eu sempre tava lá por você, mas quando eu precisava de espaço, de um respiro, parecia que não tinha esse direito. — Arabella respirou fundo.
JJ abriu a boca para responder, mas parou. Pela primeira vez, algo na expressão dele mudou, como se estivesse começando a entender.
— Eu nunca quis te sufocar… — ele disse, agora num tom mais contido.
— Eu sei — Arabella respondeu. — E essa é a pior parte. Você não percebe quando faz isso.
O silêncio entre eles ficou pesado. JJ desviou o olhar, e deu alguns passos para trás. E ela então entendeu aquela tentativa de se afastar dele.
— Eu acho que já vou indo. — JJ anunciou e se quer deu tempo para ela responder, voltando rapidamente para onde sua moto estava estacionada.
Arabella não sabia mais o que dizer. JJ ainda estava parado ali, a mandíbula travada, como se quisesse rebater, mas não encontrasse as palavras certas. O silêncio entre eles ficou pesado demais, sufocante.
Arabella virou-se e começou a caminhar de volta para casa, sentindo um nó na garganta.
Ela seguiu pelo caminho mais longo, tentando esfriar a cabeça, mas sua mente ainda pesava com a conversa. Tudo o que queria era chegar em casa, deitar na cama e esquecer aquele encontro.
O ronco de uma moto interrompeu seus pensamentos. Arabella olhou para o lado e viu Rafe desacelerando ao seu lado, um sorriso debochado já desenhado no rosto.
— Que cena triste, ruivinha. — ele provocou. — Fugindo de um ex-namorado de coração partido?
— Não enche, Cameron. — Arabella revirou os olhos, sem paciência.
— Quer que eu te leve? Tá com uma cara péssima, parece que tá a um passo de desmaiar no meio da rua. — Ele riu, mas manteve o ritmo da moto acompanhando os passos dela.
— Primeiro: eu não estou com cara péssima. Segundo: eu não confio em você o suficiente para subir nessa moto. — Ela cruzou os braços, parando de andar.
— Ah, qual é, Bella. Eu sou um ótimo piloto. E, convenhamos, seu dia já tá uma droga, pior não pode ficar. — Rafe arqueou uma sobrancelha, como se achasse graça na resposta.
Arabella hesitou por um momento, analisando-o. Era loucura aceitar uma carona de Rafe Cameron. Mas, no fundo, talvez fosse exatamente disso que ela precisasse: um pouco de loucura para esquecer o caos que estava na própria cabeça.
— Se eu morrer, a culpa vai ser sua — ela resmungou antes de subir na moto, sentindo Rafe rir baixo.
— Relaxa, ruivinha. Se segura bem, hein. — Ele deu uma última olhada na direção dela, que terminava de se ajeitar em cima da moto.
Ele acelerou, e Arabella segurou firme na lateral da moto, recusando-se a colocar as mãos na cintura dele. Sentiu o vento bagunçar seus cabelos enquanto cruzavam as ruas de Outer Banks, o motor roncando alto contra o silêncio do entardecer.
Arabella desceu da moto com rapidez, ajeitando os cabelos bagunçados pelo vento. Ainda sentia a adrenalina da carona, mas se recusava a admitir que tinha gostado da sensação.
Rafe, ainda sentado na moto, observava-a com um sorriso satisfeito.
— Então, sobreviveu — ele provocou, apoiando os braços no guidão.
— Milagre, considerando que foi você quem dirigiu. — Arabella revirou os olhos.
— Agora você me ofendeu, ruivinha. Sou um piloto excelente. Se quiser, te levo pra dar mais umas voltas e te provo isso. — Rafe ergueu uma sobrancelha, fingindo indignação.
— Prefiro andar descalça no asfalto quente — ela respondeu de imediato, cruzando os braços.
— Você fala como se não tivesse gostado. Mas, pelo jeito que segurou a lateral da moto com tanta força, aposto que tava adorando a adrenalina. — Ele soltou uma risada baixa, claramente se divertindo.
— Eu segurei porque confio na minha sobrevivência, não em você. — Arabella bufou.
Rafe inclinou a cabeça levemente, estudando-a com aquele olhar afiado que sempre parecia enxergar além do que ela queria demonstrar.
— Sei… Então por que aceitou a carona? — Ele questionou.
Ela abriu a boca para responder, mas hesitou. A verdade era que não sabia exatamente por que tinha aceitado. Talvez tivesse sido impulsividade. Ou talvez porque, depois da conversa tensa com JJ, a presença de Rafe fosse uma distração bem-vinda.
— Porque queria chegar em casa logo — disse, por fim, tentando soar indiferente.
Rafe soltou um som descrente.
— Sei… — O Cameron respondeu ainda sem acreditar nas palavras dela.
— Obrigada pela carona. Agora pode ir antes que alguém da minha família apareça e ache que estou fazendo algo idiota. — Arabella bufou e começou a se afastar em direção à casa.
— Ué, e não tá? Aceitar uma carona minha não soa muito inteligente. — Ele inclinou um pouco a cabeça, ainda a observando.
— E por que você acha que eu confiei em você dessa vez? — Ela se virou para ele com um olhar desafiador.
Rafe ficou em silêncio por um momento, como se ponderasse a resposta. Então, um sorriso lento surgiu em seus lábios.
— Talvez porque, no fundo, você goste mais de mim do que quer admitir. — Ele provocou mais uma vez.
Rafe gostava mais do que tudo de vê-lá irritada. Era quase que uma diversão para ele.
— Se isso te ajuda a dormir à noite, Cameron, continue acreditando. — Arabella soltou uma risada irônica.
Rafe apenas sorriu de lado, assistindo-a subir os degraus da varanda. Antes de entrar, Arabella lançou um último olhar para ele, como se quisesse dizer algo, mas desistiu e apenas girou a maçaneta, desaparecendo para dentro da casa.
Rafe ficou parado por um instante, ainda com um sorriso discreto no rosto. Mas então, algo no gramado da entrada chamou sua atenção. Ele franziu a testa e desceu da moto, caminhando até o objeto brilhante que reluzia contra a grama.
Quando se abaixou para pegá-lo, percebeu que era um colar. A corrente dourada estava um pouco embaraçada, e no pingente estava gravada a inicial “A”.
Ele girou o colar entre os dedos, um brilho de interesse surgindo em seus olhos.
— Olha só… parece que o destino tá do meu lado — murmurou para si mesmo, antes de guardá-lo no bolso.
Agora ele tinha uma desculpa perfeita para vê-la de novo.
NOTAS.
Ai eu tô ficando cada dia mais apaixonada nessa história, e nesse casal que ainda não é um casal😭
Espero que tenham gostado e não se esqueçam de votar e comentar. Isso é sempre MUITO importante!!
Até o próximo...
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