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05 - DIFFERENT THINGS

CAPÍTULO CINCO
❛coisas diferentes❜

── ⋆⋅l⋅⋆ ──

June era naturalmente escandalosa.

Evie nunca entendeu por que a irmã mais velha parecia querer que o mundo inteiro soubesse tudo o que fazia, pensava ou sentia. E ela fazia questão de anunciar tudo em um volume altíssimo. E que se fodessem quem não quisesse ouvir.

Pessoas extrovertidas eram esquisitas.

Na verdade, ela não sabia se todos os extrovertidos eram assim, ou se isso era uma coisa exclusiva da irmã, mas era difícil imaginar alguém sendo mais exagerado que June. Era como se ela tivesse nascido para ser o centro do universo. Mesmo quando Evie tentava ignorar, era quase impossível.

Mas uma coisa que Evie tinha reparado era que June não era tão solta perto do pai delas. Não era esquisito, era muito difícil se abrir perto de Benício, ele sempre tinha um olhar julgador no rosto, e as meninas preferiam evitar confusão que viria quando ele achasse algo pra desaprovar.

June em hipótese alguma gritava com o pai.

Bom, mas pra tudo tem uma primeira vez.

— Você só pode 'tá de sacanagem! — Os gritos reverberam pelo cômodo.

— Olha o tom de voz, menina. — Seu pai repreendeu, usando aquele tom sério de sempre.

— Você não pode estar falando sério! Não pode mesmo!

Eles estavam na sala, o que fazia com que seus gritos ecoassem por todos os cantos da casa. Evie estava em seu quarto, como sempre fazia, trocando mensagens com JJ quando ouviu a confusão, agora ela estava no topo das escadas, tentando ouvir a discussão.

— Isso não é um pedido, Juniper, é uma decisão. — A voz de Benício carregava aquele tom definitivo que Evie conhecia bem. Era inútil argumentar com ele quando usava aquele tom.

— Decisão? Você acha que pode decidir tudo na minha vida? — June rebateu, a voz trêmula de indignação. — Eu ralei pra entrar nessa faculdade! E agora você quer jogar tudo fora por quê? Porque você acha que é o dono do mundo?

Evie mordeu o lábio, espiando da beirada da escada. O rosto de June estava vermelho, o queixo erguido como se desafiasse Benício a falar algo pior. Era raro ver a irmã tão vulnerável e furiosa ao mesmo tempo.

— Você precisa aprender a lidar com as consequências das suas escolhas. — Benício respondeu, cruzando os braços. — É simples, Juniper. Eu avisei que aquele estágio era uma perda de tempo, e você preferiu me ignorar. Agora, aprenda a se virar sozinha.

— Você não pode simplesmente parar de pagar a minha faculdade, pai! Isso é ridículo!

— Ridículo? Ridículo é você achar que pode ignorar tudo que eu digo e ainda esperar que eu banque suas escolhas! — Benício rebateu, o tom implacável.

— Escolhas? Você diz como se eu estivesse brincando de fazer faculdade! — June gritou, as mãos tremendo de frustração. — Eu trabalho, eu estudo, eu faço tudo que posso! Só porque não é a porra de Engenharia ou Direito, você acha que não vale nada?

Evie apertou os dedos no corrimão, dividida entre descer e intervir ou voltar para o quarto. Ela já tinha sido alvo daquele mesmo desprezo antes. Sabia como era quando Benício se decidia.

— Cinema não é uma carreira, é um hobby caro! — Benício declarou, cortante. — E eu não vou sustentar capricho de filha mimada.

A respiração de June ficou pesada, como se as palavras dele tivessem tirado todo o ar dos pulmões dela. Evie fechou os olhos, odiando cada segundo daquela conversa. Desejou que Jenna não estivesse trabalhando a essa hora, porque ela com certeza saberia alguma forma de resolver aquilo, mais do que ela própria poderia fazer.

June não respondeu imediatamente. Ela passou a mão pelo rosto, respirando fundo, como se tentasse se controlar antes de dizer algo que pudesse piorar ainda mais a situação. Mas sua voz saiu baixa e firme quando finalmente falou:

— Se eu sou tão mimada, então é porque você me criou assim. — A voz de June tremia, mas não de fraqueza; era de indignação. Ela apontou para Benício, o rosto contorcido de raiva e dor. — E se você acha que a minha vida é um capricho, talvez seja melhor eu me virar sozinha mesmo, porque eu não vou desistir da única coisa que realmente amo só pra agradar você.

Evie prendeu a respiração, o coração disparado. Aquilo não ia acabar bem. Benício ergueu o queixo, os olhos frios como pedra.

— Faça isso, então. Prove que consegue viver sem a minha ajuda. Porque eu não vou sustentar escolhas que eu não aprovei. Você já sabia disso, Juniper. Não é nenhuma surpresa. — June deu uma risada curta e incrédula, balançando a cabeça.

— Claro que não é surpresa! Você sempre faz isso! Sempre acha que pode controlar a gente, que tudo tem que girar ao seu redor, como se fôssemos apenas extensões do seu ego gigantesco!

— Não se atreva a falar comigo desse jeito! — Benício retrucou, a voz mais alta e cheia de autoridade. — Eu sou seu pai, e enquanto você viver sob o meu teto, vai me respeitar!

Respeitar? — June cuspiu a palavra como se fosse veneno. — Isso não é respeito, pai! É medo! É isso que você quer, não é? Que todo mundo ande na linha porque tem medo de te contrariar? Parabéns, porque funcionou! Eu passei anos tentando ser o que você queria, achando que, se eu fosse perfeita o suficiente, você talvez me visse como algo além de uma decepção.

Evie sentiu um frio na espinha. Essa era uma das poucas vezes que via June tão vulnerável e ao mesmo tempo tão decidida, Ela segurou o corrimão com mais força, enquanto Apolo pressionava o focinho contra sua mão. Benício deu um passo à frente, o rosto tenso.

— Não coloque a culpa em mim pelas suas frustrações. Você escolheu esse caminho, Juniper. Você escolheu ignorar os meus conselhos. Agora, lide com as consequências.

June o encarou, os olhos brilhando com lágrimas que ela se recusava a derramar. Evie sabia o que vinha a seguir. Aquela pausa, aquele silêncio carregado que só antecedia uma explosão.

— Sabe de uma coisa? Você tá certo. — A voz dela saiu calma, mas cheia de um rancor cortante. — Eu vou lidar com as consequências. Mas não por sua causa. Por mim. Porque eu não vou me tornar um projeto de pessoa frustrada, que desconta suas inseguranças nos outros, só porque não conseguiu fazer nada além de acumular dinheiro e amargura.

Benício ficou estático, o rosto enrijecido pela fúria silenciosa. Evie prendeu a respiração. June nunca tinha falado com o pai delas daquele jeito, sempre engolindo suas frustrações pra evitar conflitos. Jenna e Evie normalmente eram quem falavam por ela.

June pegou a bolsa que estava jogada no sofá e se virou, correndo escada acima como um jato, sequer percebendo a irmã alí. Ela entrou no próprio quarto e bateu a porta com tanta força que o barulho reverberam por toda a casa. Evie ouviu o pai praguejando enquanto voltava para o escritório, igualmente puto, também batendo a porta.

Evie ficou ali, parada, o coração martelando tão forte que podia sentir no fundo da garganta. O silêncio que se seguiu parecia ainda mais alto que a discussão. Era como se a casa inteira estivesse segurando a respiração.

Apolo rosnou baixinho, talvez sentindo a tensão no ar. Evie passou a mão pela cabeça dele, tentando se acalmar. Sabia que não era sua briga, mas o gosto amargo da impotência era familiar demais. Sempre parecia que ninguém tinha permissão para se expressar naquela casa sem pagar um preço alto por isso.

Pensou por alguns segundos se deveria bater na porta. Ela não era muito boa em confortar as pessoas, mas June era uma assunto delicado. Elas não eram tão próximas desde que a mais velha virou oficialmente adulta e entrou na faculdade, Evie sabia que tinha parte de culpa nisso, pois ela se esforçava para se afastar de tudo e todos a um bom tempo, de qualquer forma, sua irmã precisava de apoio, nem que fosse só um abraço.

Ela deu meia-volta e foi até o quarto da irmã, hesitante. Parou diante da porta fechada, ouvindo um choro abafado do outro lado. Inspirou fundo antes de bater levemente.

— June? — Sua voz saiu baixa, quase um sussurro. — Posso entrar?

Demorou alguns segundos, mas finalmente ouviu um "entra" murmurado. Abriu a porta devagar e encontrou June sentada na cama, com as mãos no rosto. As lágrimas manchavam as bochechas, mas o olhar ainda tinha aquele brilho furioso.

— O que foi isso? — Evie perguntou, sem saber por onde começar.

June deu uma risada curta, amarga, limpando o rosto com a manga da blusa.

— Só mais um dia normal na vida dos Wright.

Evie suspirou, abrindo a porta um pouco mais, permitindo a entrada de Apolo antes de fechá-la. Ela caminhou até a irmã, se sentando ao lado dela, sem saber o que dizer. June olhou para Evie, os olhos vermelhos e cansados, mas ainda carregando aquele fogo teimoso que parecia ser sua marca registrada.

— Você acha que eu sou uma idiota? — perguntou de repente, a voz ainda embargada. Evie franziu o cenho, pegando um travesseiro para abraçar. Não sabia lidar com momentos assim. Nunca soube.

— Não acho. — respondeu de forma simples. — Mas, pra ser sincera, acho que você foi meio corajosa.

June soltou outra risada curta, dessa vez com um pouco menos de amargura.

— Corajosa ou burra? Porque, sinceramente, eu não sei mais a diferença.

Evie deu de ombros, apertando o travesseiro contra o peito. Apolo subiu na cama e deitou a cabeça no colo de June, como se também quisesse oferecer conforto.

— Sei lá. Talvez as duas coisas. Mas pelo menos você disse o que sentia. Quando foi a última vez que você fez isso?

June olhou para a irmã mais nova, surpresa pela honestidade. Por um momento, o choro pareceu dar lugar a um ar pensativo.

— É... acho que alguém precisava dizer. — Ela fez carinho na cabeça de Apolo, olhando para as paredes do quarto como se procurasse algo que pudesse dar respostas. — Só... não sei o que faço agora.

Evie respirou fundo, hesitando antes de responder. Não era exatamente sua especialidade dar conselhos, mas sentia que precisava tentar.

— Você continua, eu acho. Faz o que sempre faz. Se vira. — Ela lançou um olhar para a irmã. — Você é boa nisso, mesmo que não perceba. E você tem razão sobre não desistir. Não importa o que ele diga.

June encarou Evie, os olhos brilhando de um jeito que misturava gratidão e surpresa. Ela nunca esperava que a irmã, tão reservada, fosse capaz de dizer algo que realmente a alcançasse.

— Valeu, Evie. — murmurou, com um sorriso cansado, mas genuíno. — Eu precisava ouvir isso.

Evie desviou o olhar, desconfortável com a vulnerabilidade no ar, mas sentiu um leve sorriso escapando.

— De nada. — respondeu, baixinho. — Mas, pra ser honesta, você devia ter batido menos forte a porta. Acho que rachou a parede.

June soltou uma gargalhada inesperada, surpreendendo as duas. Por um momento, a tensão se dissipou, dando lugar a uma leveza rara na casa dos Wright. A risada da mais velha foi como um alívio no ar pesado que pairava no quarto. Evie observou a irmã se inclinar para trás na cama, passando as mãos pelo rosto com um suspiro. Apolo, sempre atento, aproveitou para deitar completamente ao lado dela, exigindo mais carinho.

— Vou levar a culpa pelo conserto da porta também? — June perguntou, ainda rindo, mas com um toque de sarcasmo. Evie deu de ombros, com um meio sorriso.

— Provavelmente. Mas, se quiser, eu posso dizer que fui eu. Eles já esperam isso mesmo. — Havia um tom de amargura disfarçado de brincadeira em sua voz. June virou a cabeça para olhar Evie, uma expressão de culpa cruzando seu rosto por um instante.

— Não devia ser assim. — murmurou. — Com você. Comigo. Com ninguém.

Evie deu de ombros de novo, desviando o olhar.

— Talvez não. Mas é o que temos, né? — Ela mexeu distraidamente no zíper do travesseiro, tentando não parecer tão desconfortável com a conversa.

June ficou em silêncio por um momento, o olhar perdido no teto do quarto. Evie podia ver que a irmã estava digerindo suas palavras, como se tentasse encontrar alguma forma de responder sem cair em outro desabafo.

— Às vezes, eu queria só... sumir daqui. — confessou June, a voz mais baixa. — Não pra sempre, sabe? Só pra lembrar como é respirar sem sentir que tem alguém segurando as rédeas o tempo todo.

Evie soltou um suspiro. Entendia aquele sentimento mais do que gostaria de admitir.

— É. Sumir parece bom às vezes. — respondeu. — Mas, se você for, leva o Apolo. Ele provavelmente sentiria mais a sua falta do que a minha.

June soltou outra risada curta, olhando para o cachorro esparramado ao seu lado.

— Acho que ele me deixaria levar você junto. Ele é meio obcecado por você, sabia? — comentou, com um sorriso. Evie ergueu uma sobrancelha.

— Quem diria que alguém nessa casa gosta de mim. — brincou, mas havia um toque de sinceridade na sua voz. June percebeu e deu um leve empurrão no braço dela.

— Para com isso. Você sabe que gosto de você. Só sou uma péssima irmã. — disse, a expressão suavizando.

Evie hesitou antes de responder, mordendo o lábio inferior. Não sabia lidar com esses momentos sinceros, mas decidiu ser honesta, ainda que de forma desconfortável.

— Você não é tão péssima assim. — murmurou. — Na verdade, acho que você é a única pessoa aqui que tenta de verdade. Mesmo quando tudo dá errado.

June a encarou por alguns segundos, parecendo processar o que tinha acabado de ouvir. Então, ela estendeu o braço e puxou Evie para um abraço desajeitado, pegando-a completamente de surpresa.

— Valeu, Evie. De verdade. — sussurrou, a voz carregada de emoção. Evie congelou por um momento, mas acabou retribuindo o abraço, ainda que de forma meio hesitante.

— Tá, tá. Não faz disso um hábito. — murmurou, tentando esconder um pequeno sorriso.

June riu de leve e afrouxou o abraço, deixando Evie respirar. As duas ficaram em silêncio por alguns instantes, o ambiente finalmente tranquilo.

— Acha que ele vai mesmo cortar tudo? — June indagou.

— Talvez. Mas sempre tem um jeito, né? — Evie tentou soar otimista. — A gente pode falar com a Jenna, ou com o Adam. Eles com certeza vão ajudar. Ou você pode tentar uma bolsa. Tem umas que cobrem tudo, e você tem notas boas pra isso.

June deu um suspiro longo, passando as mãos pelos cabelos ondulados, que estavam mais desarrumados do que o normal.

— Talvez. Mas vai ser foda, sabe? Ter que depender de mais alguém.

— Não é depender. É pedir ajuda. — Evie corrigiu, cruzando os braços. — E, sério, não tem vergonha nisso. Todo mundo precisa de ajuda às vezes. Até você, Miss Independente.

June olhou para a irmã mais nova com um meio sorriso, sem saber se ria ou revirava os olhos.

— Você fala como se fosse tão sábia. Desde quando você virou a terapeuta da família? — perguntou, com um tom brincalhão, mas grata pela tentativa de apoio.

Evie deu de ombros.

— Desde que ninguém mais nessa casa sabe como lidar com as próprias merdas. — respondeu, com um pequeno sorriso irônico. — Alguém tem que ser sensata, né?

June balançou a cabeça, rindo baixinho, e se levantou da cama, esticando os braços.

— Acho que posso tentar procurar algum outro emprego de manhã, um que pague mais. Talvez algum emprego de verão. Ou qualquer coisa que me tire da dependência do nosso querido patriarca. — comentou, mais para si mesma, antes de olhar para Evie. — Valeu por isso, sério.

— De nada. Mas, se quiser mesmo agradecer, não me arrasta pra esse drama com o papai. Já tenho o suficiente pra lidar. — Evie respondeu, meio séria, meio brincando.

— Justo. — June concordou, pegando o celular e caminhando até a escrivaninha. — Mas, se precisar de mim pra algo, já sabe onde me achar.

Evie assentiu, esboçando um sorriso breve antes de se levantar.

— Certo. E, só pra constar, da próxima vez que quiser quebrar uma porta, me avisa antes. Posso te dar umas dicas de como fazer menos barulho.

— Engraçadinha. — June rebateu, rindo, enquanto Evie saía do quarto com Apolo a seguindo.

Fechando a porta atrás de si, Evie sentiu algo estranho, quase como um peso saindo de seus ombros. Não era a primeira briga que testemunhava naquela casa, e provavelmente não seria a última, mas, pela primeira vez em muito tempo, parecia que alguma coisa tinha mudado.

Talvez não fosse muito, mas, às vezes, pequenas mudanças eram o suficiente para começar algo maior.

[•••]

— Cara, é a décima vez que você olha pro celular em trinta minutos. — John B largou a vara de pesca por alguns segundos e jogou uma garrafa de água em direção ao amigo. — Dá uma folga! Parece um stalker psicopata.

JJ suspirou, deixando o celular de lado e passando a mão pelos cabelos. Eles estavam no deck do castelo, um programa comum, quase rotineiro entre o quarteto, mas o loiro não conseguia tirar os olhos do aparelho. John B estava certo, talvez ele estivesse sendo um pouco psicopata. Mas quem podia culpá-lo? Evie tinha parado de responder do nada, não era do feitio dela.

— Tá bom, tá bom. Eu só... — JJ hesitou, os olhos fixos na garrafa d’água no chão. — Eu tô esperando uma mensagem, beleza?

— Aham, deu pra perceber — Pope comentou, sem tirar os olhos do livro na mão. — Mas parece que essa pessoa tá ocupada vivendo a vida dela enquanto você fica surtando aqui.

— Quem é? — Kiara perguntou deixando o ukulele de lado e cruzando os braços. — Porque, seja quem for, 'tá transformando você num maníaco ansioso.

JJ bufou, mas não respondeu. Sabia que se dissesse o nome de Evie, o interrogatório seria imediato. E ele amava muito os amigos, pra caralho, mas não tava nem um pouco afim de lidar com as merdas deles agora. Havia um motivo pra ele não ter comentado sobre ela, mesmo com o que John B e Pope viram outro dia.

— Aposto que é aquela kook. — John B apontou. — A do violão.

— Kook do violão?

— Ah sim. Ele ficou todo hipnotizado quando a gente ouviu ela cantar no Figure 8. — Pope respondeu Kie, fechando o livro. — Mas cara, ela é um baita problema.

JJ revirou os olhos, claramente incomodado.

— Vocês nem sabem de quem eu tô falando — retrucou, pegando a garrafa do chão e jogando de volta em John B. — E, não, não é ela. Nem sei o nome dessa garota do violão.

— Então quem é? — Kiara insistiu, estreitando os olhos. — Não adianta tentar fugir, a gente vai descobrir de qualquer jeito.

Ele hesitou de novo, sentindo todos os olhares sobre ele. A última coisa que queria era o time inteiro metendo o nariz naquilo, mas também sabia que não ia conseguir segurar a curiosidade deles por muito tempo. Suspirou, dando de ombros.

— É só uma amiga, tá? Não é nada demais. — John B soltou uma risada curta.

— "Só uma amiga"? Desde quando você fica nervoso por causa de uma "amiga"?

— Desde que a amiga tem cabelo desbotado e usa uma tornozeleira eletrônica? — Pope arriscou, levantando uma sobrancelha.

JJ congelou por um segundo, e a expressão nos rostos dos outros três deixou claro que Pope tinha acertado em cheio.

— Pera, é quem eu 'tô pensando? — Kiara ficou meio eufórica de repente. — 'Tá ficando com a Evie Wright?

— Não, eu não 'tô "ficando" com a Evie Wright! — JJ negou de imediato. — Não viaja, Kie.

— Mas você quer ficar — Pope comentou, com um sorriso satisfeito ao ver JJ revirar os olhos. — O que explica por que você tá surtando por causa de uma mensagem dela.

— Eu não tô surtando, beleza? — JJ rebateu, mas seu tom defensivo só serviu pra arrancar risadas dos amigos. — Só achei estranho ela sumir, é isso.

— Sei... — Kiara arqueou a sobrancelha. — E vocês não estão ficando, mas você se importa se ela sumir.

— Porque eu sou uma pessoa decente, Kie! — Maybank retrucou, exasperado. — Só 'tô preocupado, tá bom?

— Preocupado, é? — John B provocou, com um sorriso de canto. — Isso é código pra "tô apaixonado e não sei lidar"?

— Vai se ferrar. — JJ jogou um pacote de salgadinho nele, acertando em cheio.

— Relaxa, cara, ninguém aqui tá julgando. — Pope ergueu as mãos em rendição, ainda rindo. — Só é engraçado ver você desse jeito. Nunca pensei que a Evie fosse o seu tipo.

— E o que é que isso significa? — JJ estreitou os olhos, cruzando os braços.

— Que ela provavelmente vai te destruir emocionalmente. — Pope deu de ombros, divertido.

JJ sentiu muita vontade de dar um soco na cara dele, tipo, muita, era quase visceral. Ele até fechou os punhos, dando tudo de si para não avançar no amigo. É só uma piada, ele não sabe a gravidade da situação, relaxa. Ele também mordeu a língua para não tecer os milhões de xingamentos que estavam em sua mente naquele momento.

Kie pareceu perceber o estado do loiro, pois se colocou de pé, se aproximando dele tranquilamente, colocando a mão em seu ombro.

— Ela te deu algum motivo pra se preocupar?

JJ desviou o olhar, incerto se deveria abrir o jogo. Por mais que confiasse neles, explicar a conexão com Evie era complicado. Ele nunca tinha se aberto sobre a noite no prédio abandonado, primeiro porque eles não entenderiam o jeito que aquilo afetou ele, e segundo porque era pessoal demais. Você não diz simplesmente que uma pessoa que eles não conhecem ameaçou se matar, certo? Evie com certeza não queria a ilha inteira sabendo disso.

— Não... quer dizer, mais ou menos. — Ele se levantou, começando a andar de um lado pro outro. — Vocês não entenderiam.

— Tenta, então. — John B insistiu, agora mais sério, percebendo que a brincadeira já tinha ido longe demais. — 'Tá ligado que a gente pode ajudar, né?

JJ parou de andar, se sentando novamente, mas não respondeu de imediato. Ele estava tentado, os amigos eram seus irmãos, mas tinha algo em relação à Evie que parecia... frágil demais pra expor. Algo que ele não queria que ninguém soubesse, nem mesmo eles.

— Tá bom, olha... Eu conheci ela numa situação meio... pesada. — Ele hesitou, escolhendo as palavras. — E acho que ela não 'tá legal. Tipo, mesmo. Só não sei se ela tá afim de dividir isso comigo

Os outros três se entreolharam. A
seriedade no tom de JJ fez o clima mudar.

— Pesada como? — Pope perguntou, agora sem tom de provocação

JJ balançou a cabeça, como se quisesse espantar a lembrança

— É complicado. Não é algo que eu queira falar por ela, entende? Só... só confiem em mim quando digo que tô preocupado. Se ela tá bem, é isso que importa. — Ele deu de ombros, tentando parecer mais casual, mas era óbvio que ainda estava inquieto.

— Tá bom, tá bom, a gente já entendeu. — John B ergueu as mãos em rendição, mas o sorriso debochado voltou ao seu rosto. — Mas sério, você tem que admitir que isso 'tá meio estranho vindo de você.

— Estranho como? — JJ cruzou os braços, encarando o amigo

— Tipo, você não é exatamente o cara que se importa com mensagens não respondidas. — Pope explicou, voltando a abrir o livro. — A não ser que seja... diferente.

— Diferente como? — JJ rebateu, mas sua voz saiu menos confiante do que gostaria.

— Como "diferente" de todas as outras, cara. — John B respondeu, rindo. — Já percebeu que a última vez que você se preocupou com alguém assim foi... nunca?

JJ balançou a cabeça, tentando manter a pose, mas sentiu o rosto esquentar.

— Vocês tão fazendo muito drama. Ela só... é legal, beleza? — Ele desviou o olhar. — E ela me entende. É isso.

Os amigos se entreolharam, surpresos com a confissão. Kiara foi a primeira a quebrar o silêncio.

— Tá, mas se ela te entende tanto assim, por que você não confia que ela vai responder quando precisa?

— É complicado, Kie. — O loiro suspirou, encarando o mar ao longe. — Ela não é do tipo que aceita ajuda fácil, tá legal? E eu não quero parecer um idiota que fica se metendo onde não foi chamado.

— Já parece. — Pope rebateu de imediato, sendo fuzilado por JJ. — 'Tô
brincando, calma. Mas sério, Maybank, se você 'tá assim, tem alguma coisa aí. Talvez ela só precise que você insista um pouco.

JJ ficou em silêncio por um tempo,
mordendo o canto do lábio. Ele sabia que Pope tinha razão, ao mesmo tempo, ele temia já ter cruzado limites demais, pulando a janela dela e aparecendo de surpresa.

Aquilo era estranho. Ele não tinha o costume de se policiar tanto. Seus amigos brincavam que a palavra "limite" não fazia parte do vocabulário dele. Talvez John B estivesse realmente certo e Evie fosse realmente diferente.

Se ele fosse parar pra pensar, ela realmente era. JJ realmente se preocupava com todos os seus amigos, do jeito dele, mas fazia. Com Evie aquilo ficava um pouco mais intenso, talvez por já ter conhecido ela em uma situação intensa, onde podia ter perdido ela antes mesmo de conhecê-la. Mas agora que ele conhecia, agora que ele se importava, a possibilidade de perdê-la se tornava algo muito mais real e o deixava com muito mais medo.

— Eu não vou aparecer do nada e parecer um maluco. — Ele finalmente respondeu. — Mas... talvez eu dê um jeito de checar se 'tá tudo bem.

— Tradução: ele vai mesmo. —  John B deu uma risada curta, pegando a vara de pesca novamente. — Só não esquece de avisar quando for, porque quero ver essa novela ao vivo.

— Vocês são insuportáveis. — JJ resmungou, mas no fundo não conseguiu segurar um pequeno sorriso enquanto John B, Kie e Pope começaram a rir. Talvez seus amigos fossem idiotas, mas pelo menos estavam do lado dele.

Ele pegou o celular novamente, digitando uma mensagem rápida antes que pudesse se arrepender

"Tá tudo bem? Se precisar de alguma coisa, me avisa, beleza?"

JJ conseguiu se distrair por mais alguns minutos, com conversas e brincadeiras, mas felizmente, para sua sanidade, Evie não demorou muito pra responder.

"Relaxa, eu tô bem. Problema de família. Meu pai é um babaca! Você não vai acreditar no que ele fez agora."

4316 palavras.

Tô de voltaaaaa.

Tive uma amnésia momentânea, mas felizmente lembrei que tenho duas fanfics pra atualizar, que a Evie tem uma irmã e que o JJ tem amigos.

De qualquer forma, foi só uma pausa de fim/início de ano. Já já volto ao normal. (O meu normal pode significar que eu só vou atualizar mês que vem, mas estou otimista quanto a isso).

Bem, feliz ano novo atrasado. Espero que 2025 tenha começado bem pra todos e que seja melhor a cada dia. Beijinhos.

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