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Capitulo 9

Any Gabrielly 🦋

  Noah e eu terminamos o trabalho no domingo, mas por mensagem, o que eu acho que foi muito melhor do que pessoalmente; foi rápido e prático. Eu anotei tudo no meu caderno bem bonito, apesar de ainda estar muito seco e sem conteúdo. Não sei se ele que é muito chato, ou se só não quiser detalhar melhor suas respostas.

  Enfim, na segunda-feira de manhã, quando chego na escola, a primeira coisa que eu faço é ir atrás do Noah para pegar a parte dele do trabalho. Eu geralmente não vou atrás dele na escola – a quem eu quero enganar? Eu nunca vou atrás do Noah na escola –, então tento não ficar muito nervosa enquanto vou ate ele pelos corredores.

  Cutuco suas costas, mantendo uma distância segura entre nós, e o moreno para de revirar seu armário. Quando vê que sou eu, ele abre um sorriso charmoso e passa a mão no cabelo.

  — Rolim. A que devo a honra? — Ele diz
  — Seu trabalho. Preciso da sua parte. — Estico a mão, esperando ele me entregar a folha.
  — Tipo agora? É que eu meio que ainda ia passar para o papel.

  Abaixo o braço e faço bico.

  — Você teve um dia inteiro pra fazer isso, e ainda não fez? Qual o problema com você?
  — Calma aí, estressadinha! — Ele dá risada e me segura pelos ombros, puxando-me para um pouco mais perto dele. — Cada um tem o seu tempo, certo?
  — É, mas eu não tenho paciência com o tempo das outra pessoas, principalmente quando é você.

  Ele ri outra vez, e eu reviro os olhos, me soltando de suas mãos.

  Ele ri outra vez, e eu reviro os olhos, me soltando de suas mãos.

  — Eu quero o trabalho antes da aula de biologia, entendeu?

  Me afasto antes que Noah me dê a resposta, crente de que ele entendeu.

🦋

  Mas ele não entendeu.

  O idiota não me entregou a parte dele do trabalho, e já estamos entrando na aula de biologia, dessa vez com a Srta. Paxten sentada na mesa do professor. Nada de dupla com Noah Urrea, nada de estresse e nada dos apitos do treinador. A paz volta a reinar nessa escola.

  Me sento no meu antigo lugar, e sorrio para Josh, que sorri de volta enquanto se ajeita.

  — Nossa, como senti falta da minha mesa. — Passo a mão no mármore, que é exatamente igual ao da mesa onde me sentei com Noah semana passada.
  — Foi tão ruim assim fazer dupla com o Urrea? — Pergunta Josh
  — Foi terrível. — Resmungo — Ele sabe como tirar uma garota do sério.

  O loiro apenas ri, mas não diz nada a respeito.

  Olho para a mesa ao lado, onde Noah está sentado junto com Bailey, quieto enquanto o amigo fala sobre alguma coisa. Ele parece tão despreocupado em não ter entregue o trabalho…

  A Srta. Paxten começa a falar, se desculpando por ter sumido durante uma semana, e pede para que deixemos os trabalhos em cima de sua mesa, que ele os entregará para o treinador Philips. Eu me levanto, olhando com o canto dos olhos para Noah, que apenas balança a cabeça e sorri. Na mesa, só na mesa, nós juntamos nossos trabalhos e deixamos junto com os outros. E eu nem li o que ele escreveu sobre mim naquela folha…

🦋

  — Por que o treinador está chamando a gente na sala dele? — Questiono a Noah, um pouco mais tarde, enquanto caminhamos lado a lado pelos corredores vazios da escola.
  — E você acha que eu sei?

  Reviro os olhos, ficando quieta até chegarmos na respectiva sala do treinador. É uma sala pequena, mas que ele soube deixar aconchegante…bom, pra ele mesmo, já que eu e Noah tivemos que ficar de pé. E bem apertados também, por que, por mais que eu tente me afastar, continuo esbarrando em seu braço – eu esbarraria em seu ombro, caso ele não fosse tão alto.

  — Vocês devem estar se perguntando por que  eu chamei vocês aqui. — Diz o treinador, pousando as mãos em cima da mesa.
  — Na verdade, não. — Digo, e com sinceridade.
  — É, ela tem razão, eu só quero ir embora.

  Noah afirma com a cabeça e o treinador Philips suspira, esfregando a careca com uma mão antes de continuar falando.

  — O trabalho de vocês está muito…vazio.

Que?

  — Sem conteúdo, muito simples. — Ele gesticula com as mãos enquanto fala. — Principalmente o seu, Gabrielly.

  Quando ele aponta para mim, eu me controlo o máximo para não revirar os olhos. Se minha parte do trabalho está muito ruim, a culpa é toda do Noah, que me dava respostas rasas e sem fundamentos.

  — Você pegou o básico do Noah Urrea. Ok. É, eu sei que é chato, mas podia ter ido mais fundo. — Noah olha pra mim, sorri e ergue uma sobrancelha ao mesmo tempo. Tento ignora-lo. — Quero respostas mais fundamentais pra amanhã. Tente se importar mais com ele…

  O treinador Philips me entrega minha folha de trabalho, agora toda amassada, e eu resmungo baixinho. Eu passo uma semana e um fim de semana sendo a pessoa que mais se importava com esse trabalho, e agora eu vou ter que refazer? Isso só pode ser uma pegadinha do universo.

  — Estão liberados. — Ele assopra o apito e nem isso me incomoda agora, como sempre, porque já estou irritada demais.

  Olhando para Noah, eu amasso o papel entre os dedos e saio da sala do treinador, batendo duro com os pés no chão. Em poucos segundos o garoto já está caminhando ao meu lado, e eu tento apertar o passo para me afastar dele o mais rápido possível.

  — Dá pra parar de tentar fugir de mim? — Noah revira os olhos e agarra meu pulso, puxando-me contra ele. Quer dizer, na direção dele, porque praticamente "freio" meus pés no chão antes de chegar a encostar em seu peito. — Está irritada só por que vai precisar refazer esse trabalho idiota? Por que não esquece isso?
  — Por que pra você é fácil falar, né? — Puxo meu pulso de seu toque quente, mantendo três passos de distância dele. — Eu não quero e nem posso deixar esse trabalho de lado, porque vale metade da nota de biologia. Além disso, eu não estaria irritada agora se você tivesse se empenhado um pouco mais em me ajudar, ao invés de sempre sumir e de não me responder direito.

  Noah suspira e trava o maxilar, virando a cabeça para o outro lado.

  — Eu respondi todas as perguntas, exatamente como você fez.
  — O que você colocou no seu trabalho, Noah? — Cruzo os braços — Eu quero ver.
  — Não, você não vai ver. — Ele nega com a cabeça, e penso vê-lo corar um pouco, mas acho que é só impressão minha. — Já entreguei; já era. Mas, agora, você precisa refazer seu trabalho. E é pra amanhã.

  Minha cabeça dói só de imaginar ter que passar mais tempo com Noah pra isso…

  — Me manda as respostas completas e "menos vazias". — Reviro os olhos, já me virando para ir embora. Mas isso só até Noah agarrar meu pulso outra vez. — O que foi?
  — Nada de mensagem. Você tem que me fazer as perguntas pessoalmente. — Ele afirma — Só assim vai dar certo, Rolim.
  — Eu tentei fazer isso antes, mas você é um péssimo parceiro de trabalho.
  — Posso compensar refazendo o trabalho com você? — Ele ergue uma sobrancelha e abre um sorrisinho bonito. — Na minha casa, agora.

  Encaro seus olhos esverdeados com certa desconfiança, me perguntando o motivo dele estar tentando ser "legal" – nos padrões do Noah Urrea, é claro. Não é que ele seja um babaca um tempo inteiro, até porque tem seus momentos legais, mas o lance é que Noah é o tipo de cara que só falava comigo na escola quando precisava pedir algum material emprestado, ou para perguntar sobre Sofya. Nem mesmo quando ia até a casa dele, tínhamos o costume de "conversar". E agora, assim tão de repente, ele passou a pegar no meu pé o tempo inteiro.

  Eu diria que isso até pertuba a ordem cósmica dos grupos sociais tão honrados do ensino médio.

  — Hum…tá. — Afirmo — Mas na cozinha. E você não vai tocar em mim.

  Noah ri, e sua risada ecoa por meus ouvidos como algo intimidante. Em seguida, ele se inclina na minha direção, me fazendo engolir em seco e fechar bem a boca caso gente me beijar. Mas, ao invés disso, ele apenas encosta bem de leve a boca na minha orelha. Por que eu achei que ele ia me beijar? Que porra é essa, Any Gabrielly?

  — Ok…eu não vou tocar você. — Noah sussurra e ri baixinho, enviando ondas de vibração por minha espinha. — Só se pedir.

  Ele afasta um cacho que cai sobre meu rosto e depois volta a sua posição inicial, mas agora com um sorriso cheio de malícia nos lábios carnudos.

  Meu coração bate tanto e tão forte, que posso ouvi-lo soar no meu ouvido, zumbindo junto ao meu sangue fervendo de calor. Todo esse calor sobe direto para o meu rosto e meu colo, causando uma estranha sensação de que estou excitada. E eu sei disso porque não sou de ferro; fico excitada bem fácil. Ainda mais quando é por causa do Noah…

  O quê?

  Arregalo meus olhos para meus próprios pensamentos, voltando a realidade.

  — Hum…é…p-podemos ir logo? — Minha garganta faz um som estranho e eu me viro, andando o mais rápido possível.

  É bem baixinho, mas posso ouvir Noah rir de mim enquanto me segue.

all for us

hm hm hm....essa tensão sexual que existe entre esses dois, me deixa louca.

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