
𝐑𝐄𝐆𝐑𝐀 #𝐎𝐎𝟕 ── 𝖲𝖾𝗆𝗉𝗋𝖾 𝗏𝗈𝗅𝗍𝖾 𝗉𝗋𝗈 𝗆𝖺𝗋
Caro leitor, se você está esperando que a cena seguinte ao beijo fosse romântica como em uma comédia desse gênero, sinto informar que as coisas não foram exatamente dessa maneira, Dorelle ficou sim admirando Daemon depois do beijo e ele tinha aquele sorriso de canto, mas o que seguiu não foi tão hollywoodiano assim. O álcool ainda estava no corpo dela, mas o seu bom senso veio a tona com muita força, ela se sentiu exatamente a aproveitadora que sabia que a chamavam em suas costas, constrangida pelo beijo ela disse a Daemon que precisava ir para cabine, ele até quis acompanhá-la, mas ela pediu espaço e ele concordou.
Até aí constrangimentos a parte, mas tudo certo, não? Er ... Não. Ela foi para cabine e achou que pudesse dormir em paz, mas a sua consciência não deixava, o balanço leve do navio foi o suficiente para que Dorelle passasse um bom tempo no banheiro e cochilasse apoiada no vaso, sendo acordada pelo balanço do navio tempos depois, ela tomou um banho, tirou a roupa e se deitou, mas a sua mente ficava jogo uma enxurrada de coisas, então ela demorou a dormir enquanto as pessoas ainda comemoravam o novo ano.
Na manhã seguinte ela acordou com uma baita dor de cabeça, o estômago meio ruim e a ideia de terminar aquela matéria custe o que custar, a cobrança de Cosette ainda ficava na sua mente. Ela pediu pelo serviço de quarto algo para comer, não queria arriscar topar com Daemon ou Laena, ou ninguém do lado de fora, pensou que se ela se isolasse eles só a achariam idiota e largariam dela por completo, podendo se misturar no meio das pessoas desembarcando no dia seguinte em Feastfires.
Daemon percebeu o sumiço dela, foi mais de uma vez a porta do quarto, bateu e nada se ouvia lá de dentro, pelas informações que ele tinha conseguido com a tripulação, usando não só seu charme, mas a influência de seu nome, ela estava lá, só não queria aparecer, estava bem, ele desceu em Lannisporto para uma reunião, ela não deu as caras em nenhum momento.
Naquela ocasião, já no fim da tarde, ele voltava para sua cabine, um pouco cansado da reunião com os Lannister, viu Cosette com o pai, ele só lembrava de Dorelle ao ver a editora chefe da Westeros Daily, o ar desagradável dela só fazia Daemon ter pena da jornalista. Ao retornar para a cabine a porta dela ainda estava fechada, ele bateu 3x, sem sucesso, então se sentou no corredor, de costas para a porta.
── Eu sei que você está aí dentro, sei que está me evitando. ── Ele bateu a cabeça de leve na porta. ── Só não sei o motivo.
O mar de silêncio continuava por parte dela.
── Me desculpe qualquer coisa que eu tenha feito que te irritou ou magoou. ── Ele viu o horário no celular e depois se levantou. ── Espero poder te ver no jantar.
De fato ele esperou, mas como o dia inteiro antes daquela refeição, não havia a presença de Dorelle Tarth, se ela havia ou não comido no quarto, isso era um mistério, Daemon não a viu, às vezes ele olhava para a cadeira vazia enquanto ouvia os outros presentes na mesa conversando sobre coisas banais, a sua cabeça não estava lá neles, estava repassando tantas coisas que havia feito nesses dias e principalmente se culpando por algo que não entendia.
Era um ponto desconhecido da noite quando Dorelle recebeu outras batidas na porta, mas dessa vez a voz do outro lado deixava claro que era alguém da tripulação, trazendo o cronograma de desembarque, ela abriu, agradeceu ao homem e depois fechou a porta, já havia terminado as duas coisas mais importantes para ela naquele instante: arrumar a mala e mandar a matéria para Cosette.
Em meio ao cronograma e os tickets para despachar a mala, havia outro bilhete escrito em meia página, pela cara deixava bem óbvio que havia sido improvisado no papel timbrado do navio, no fim havia apenas duas letras DT, ela sabia de quem era. Era curto, mas profundo, um pedido de desculpas escrito em forma de poema, Dorelle chorou, pois sabia que não deveria se comportar assim, mas que tinha feito, pois era a forma que conseguiria lidar com tudo. No final, perto das iniciais, havia uma última frase: "A sétima e última regra: Sempre volte pro mar!"
Ela arrumou as últimas coisas, deixou a mala fora da cabine e deitou-se para dormir após comer o que o serviço de quarto havia trago pra ela. Dessa vez um sono mais incômodo, mas rápido, ela preferiu assim, apesar da falta de conforto, ela pode descansar, sabia que depois que voltasse para a realidade, para sua vidinha comum e longe dos ricos como eles, aquela sensação que tinha no peito sumiria, ela se conhecia, sabia como superar.
O dia estava bonito em Feastfires quando Dorelle acordou, eles já haviam atracado no porto e ela conferiu o horário do seu voo para Kings Landing, chegaria logo a tarde em casa, era tudo que ela mais queria. Se trocou, colocou óculos e boné e migrou rumo ao desembarque em meio a um mar de pessoas, desviando de alguns rostos conehcidos, ela jurou ter visto Rhaenyra ou ouvido a voz de Aemma, então tomou outro rumo, teria conseguido descer, se alguém não tivesse a segurado pelo braço.
── Aí está você! ── A voz fina de Laena Velaryon chamou a atenção dela. ── Eu fiquei preocupada, não te vi ontem.
── Eu só precisava me dedicar a matéria. ── Dorelle forjou um curto sorriso. ── Foi bom te conhecer.
── Você está bem? ── Laena inclinou a cabeça. ── O Daemon me falou que ...
── Estou ótima. ── Dorelle a cortou de imediato. ── Se precisar de alguma ajuda com a revista e coisas do tipo, pode entrar em contato.
── Não. ── Laena cruzou os braços. ── Você não vai sumir assim da minha vida também, seu número vai, quando eu for a capital e encontrar com você não é para falar sobre coisas da revista, é porque eu gosto de você.
── Laena ...
── Dory, sério ...
── Obrigada. ── Dorelle disse a abraçando. ── Diga a ele que eu peço desculpas.
── É, ele sabe. ── Laena retribuiu ao abraço.
Dorelle passou a Laena seu número e pegou o dela, a Velaryon disse que iria a capital em algumas semanas e que queria vê-la, mas depois disso elas se despediram, Laena perdeu Dorelle de vista rapidamente entre a multidão que saía. Dorelle estava mais preocupada em achar um táxi, mas havia milhares parados a frente do porto, foi fácil, dali para o aeroporto e seu voo na hora do almoço foi bem rápido, com sorte o voo era curto e não dava tempo de pensar demais, antes que as preocupações a atingissem em mais um mar de lamentos, ela estava em sua casa.
Desembarcar em KIngs Landing e em casa significava que Dorelle estava oficialmente de férias, mesmo que a viagem do cruzeiro possa parecer outra coisa, ainda era trabalho, com a matéria já entregue ela pode descansar ou pelo menos achou que iria. Sua cabeça pipocava algumas coisas e ela tinha muitas ideias, Laena acabou entrando em contato mais rápido do que ela achou que iria e elas tinham longas conversas ao telefone, a Velaryon queria ir vê-la na capital, mas coisas de família a prendiam em Driftmark.
Quando as benditas férias acabaram, foi hora de Dorelle voltar para a sede da Westeros Daily, tinha marcado um horário na agenda de Cosette Lannister ainda naquela manhã, era uma coisa urgente, Cosette não costumava ser tão atenciosa com alguém, mas ao seu ver Dorelle merecia, a matéria sobre a viagem de cruzeiro foi um sucesso e capa daquele mês. Quando a loira chegou em sua sala, a morena já estava lá.
── Então ... O que você quer falar comigo? ── Cosette já foi perguntando.
── Trouxe isso. ── Havia uma pasta nas mãos de Dorelle que foi entregue a chefe. ── Leia.
Cosette sem entender pegou a pasta, havia algumas folhas lá dentro, ela não precisou ler tudo para saber do que se tratava, as casas de moradia sustentável para pessoas de baixa renda em Driftmark feitas por Daemon Targaryen em um trabalho social, Cosette conhecia o projeto e sabia que estava em andamento, mas não entendia o que ela tinha a ver com isso.
── Quero que publique isso na revista. ── Dorelle foi categórica.
── Querida, eu adoro os Targaryen, mas ...
── É meu último e único pedido, espero que leve em consideração pelos anos que trabalhei com você. ── Dorelle insistiu.
── Podemos ver sobre isso. ── Cosette fechou a pasta colocando-a sob a mesa. ── Mas preciso conversar com seus superiores.
── Se isso não for publicado aqui, vai ser vendido para outro lugar. ── Dorelle jogou sob ela. ── Tem algo para você na última página.
── O que e... ── Cosette estava confusa, mas quase caiu para trás ao ver o pedido de demissão anexado. ── O QUE? Você está pedindo demissão?
── Sim, acho que minha jornada aqui acabou. ── Dorelle sorria, relaxando os ombros. ── Agradeço todas as oportunidades, mas chegou a hora.
── Você é minha melhor redatora, por favor...
── Desculpa, Cosette. ── Ela se levantou devagar. ── Adoro você, de verdade, mas eu preciso disso.
── Não tem nada que te faça mudar de ideia mesmo? ── A loira insistiu.
── Não. ── A morena completou. ── Se não for querer a matéria me avise.
Dorelle sentia como se seus ombros estivessem mais leves, Mynora já sabia da decisão da amiga e estava com um grande sorriso quando a mesma saiu da sala da ex-chefe. Dorelle sabia que seria difícil sair de um emprego bom como aquele para outra coisa, mas ela tinha planos para seu futuro e aquele lugar não era um deles. Já havia pensado nisso desde quando chegou em casa após a viagem, só precisava de coragem.
A demissão não havia sido algo de rompante, havia um plano reserva, ela estava em conversa com Safira Tyrell, uma mulher rica e influente, vendia as melhores flores de Westeros na região da Campina, onde sua família dominava, ela já havia se afeiçoado com Dorelle e flertado com a possibilidade de tê-la como sua assessora a algum tempo, quando a morena ligou, a Tyrell não hesitou em aceitá-la no novo cargo.
Ser assessora de Safira significava que ela teria que se mudar de Kings Landing para Highgarden, onde Safira vivia e passava a maior parte do tempo, aquilo foi um alívio, era um ambiente bem mais saudável e menos caótico que a capital, ela tinha uma casa bonita que havia sido cedida por Safira, uma vez que os Tyrell também tinham muitos imóveis pela região, era uma vida nova e mais próspera, a calma que Dorelle finalmente tinha para esquecer tudo que tinha passado no navio e como se sentiu.
Talvez a única coisa que permanecia era sua relação com Laena, talvez Laenor também, os Velaryon seguiam como amigos próximos de Dorelle, mas ela não falou mais com os outros ou os viu no ano seguinte, ela achou bom assim, todos voltaram as suas vidas e as mudanças que aconteceram foram ótimas. Quando já se aproximava do fim do ano, um convite de Laena veio para Dorelle, um que ela não esperava muito, mas que não a surpreendeu tanto, um ano novo a bordo de outro navio da frota Velaryon com ela, Dorelle, é claro, recusou, ainda embebida um pouco das lembranças do último, ela estava de folga, mas ainda sim preferia a paz da Campina e não caos a bordo, Laena insistiu, mas era sem sucesso.
Acontece que, claro, imprevistos acontecem, dois dias depois Safira ligou para Dorelle, um evento de última hora, a Tyrell prometeu que seria rápido o trabalho, com sorte a Tarth estava em Highgarden e foi até ela, era apenas de manhã, nada de muito grande, como era de costume estava acompanhando Safira em um coquetél, a mulher não gostava de ir a nenhum evento sem a sua acessora para se resguardar de qualquer coisa, como uma rica com reputação impecável isso era importante. O que Dorelle não imaginava era ver duas figuras conhecidas no evento, sabia que no fundo não era apenas coincidência.
── Queria dizer que estou surpresa em te ver aqui, mas não estou. ── Ela riu abraçando Laena que estava mais perto. ── Você gosta mesmo de flores?
── Claro. ── Laena comentou sorrindo. ── Mas a verdade é que eu não aceitei o seu não, então vim te convencer pessoalmente.
── Precisava trazer artilharia pesada? ── Dorelle comentou o vendo se aproximar.
── Ele quis vir quando soube que eu estava indo pra Campina. ── A Velaryon deu de ombros.
── A gente pode conversar? ── Ele falou as interrompendo.
Dorelle torcia para Laena não deixá-la a sós com Daemon, mas ele chegou e ela saiu, fingindo que Safira tinha a chamado para falar qualquer coisa. Mesmo meses depois não deixava de ser estranho estar perto dele, Daemon emanava uma energia magnética estranha, do jeito que ela não conseguia entender, ela só sentia e ele com certeza era quase puxado em sua direção.
── Só queria agradecer pela matéria. ── Ele sorriu. ── Foi de muita ajuda sua e da Laena.
── Só fiz o que era certo. ── Ela deu de ombros. ── Se eu ia sair da revista, que fosse fazendo algo bom antes e não só futulidades de sempre.
── Falando em futulidades ... ── Ele pegou a mão dela. ── Por favor, vamos ... A Laena pensou em dias incríveis.
── Eu não posso...
── Você está de folga até depois da viagem acabar, a Laena conferiu com a Safira. ── Ele riu.
── Não é sobre isso ... ── Ela ponderou puxando a mão. ── Nós dois e ... E tudo que aconteceu e falaram, eu não quero me sentir assim de novo, não vou ser só a sua diversão de ano novo, mais uma vez.
── Você não é. ── Ele alisava a mão dela. ── Eu não quero olhar para mais nada agora que te vi, eu não quero pensar em mais nada agora que pensei em você, eu tenho dormido há tanto tempo numa noite escura de vinte anos, agora, vejo a luz do dia.
── O poema ... ── Ela falou ao ouvir as palavras dele.
── Você ainda lembra. ── Ele riu. ── Então lembra da última regra.
── Eu ainda tenho ele guardado, Daemon. ── Ela deu de ombros. ── Mas a gente não se conhece, você só se sente assim porque criou uma versão minha na sua cabeça.
── Nós não tivemos tempo nenhum para nos conhecermos e eu não consegui tirar você da cabeça. ── Ele insistiu. ── Me deixa te conhecer mais um pouco e a gente decide, você decide.
── Só uma viagem. ── Ela ergueu o indicador. ── Se algo der errado eu desço no primeiro porto.
── Combinado. ── Ele sorriu. ── Laena!
── Oi! ── A Velaryon brotou como mágica perto dos dois. ── E aí?
── É hora de voltar pro mar ... ── Dorelle sorriu para os dois.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro