
𝐑𝐄𝐆𝐑𝐀 #𝐎𝐎𝟔 ── 𝖮𝗎𝖼̧𝖺
Havia um pinicar nos dedos de Dorelle aquela manhã, quando acordou, lembrando do que tinha aceitado noite passada, Laena passou a viagem de volta até o navio todo falando sobre esse jantar e Laenor também palpitava, mesmo que mais atento ao volante, ali ela percebeu que tinha sido uma ideia ruim, mesmo que fosse mais o seu senso de autossabotagem falando mais alto do que qualquer outra coisa, ela tinha tomado café no quarto, evitando qualquer chance de topar com Daemon antes, aproveitando para escrever parte da sua matéria enquanto pensava, foi nesse momento que Mynora ligou, eufórica após ler as mensagens de Dorelle no celular.
── VOCÊ VAI JANTAR COM DAEMON FUCKIN TARGARYEN??? ── A voz de Mynora ecoou pela cabine e fez Dorelle arregalar os olhos.
── Ta louca? Fala baixo! ── Ela grunhiu. ── A cabine dele é literalmente aqui do lado.
── Já foi lá fazer uma visitinha? ── Mynora perguntou sugestiva.
── Você é ridícula. ── Dorelle deu de ombros. ── Posso desligar?
── Não, calma. ── A ruiva do outro lado ergueu as mãos desesperada. ── Só vou te dar algumas dicas.
── Baseada na sua experiência falha de arrumar um namorado?
── Isso, toca mesmo onde dói. ── Mynora remungou. ── Mas sério, tente não parecer tão interessada ou vai parecer que você está desesperada.
── Ou que eu não quero estar lá com ele. ── Dorelle rebateu. ── Isso não faz sentido.
── Claro que faz, ricos não querem uma pobre desesperada no pé deles. ── A outra insistiu.
── Ricos não saem com pobres. ── Dorelle deu de ombros. ── Eu só vou ser a diversão de umas duas horas para ocupar o tempo dele.
── E daí? ── Mynora riu. ── Aproveita essa chance que a vida te deu, me manda mensagem mais tarde.
── Tchau Mynnie. ── Dorelle riu desligando a ligação.
Havia um nó na garganta de Dorelle no decorrer do dia, ela passou um bom tempo no spa também, com sorte não topou com Laena dessa vez, enquanto fazia uma massagem para relaxar e arrumava o cabelo, queria estar minimamente impecável para encontrar com Daemon, não parecer que se arrumou as pressas, quem ela estava querendo enganar? Só queria parecer mais parte do mundinho dele, parar variar um pouco, mesmo que soubesse que, no fundo, nunca passaria essa imagem. Maldita ansiedade.
A matéria já se encaminhava para seu final, Dorelle pensava em adicionar as festividades de revellion naquilo, mas ainda sentia que faltava algo, ela não escrevia nada muito denso na revista, não havia espaço, mas aquele era seu momento de dar a sua personalidade a coisa e ela não tinha nenhum insight até então, havia um nó na garganta por isso, como se ela fosse vomitar, mas ao se olhar com aquele pelo vestido mid no espelho, decidiu que não se preocuparia com isso, não agora, prestes a jantar com Daemon - fuckin - Targaryen, como bem chamou Mynora.
── Você pode fazer isso, pode ir lá, jantar com ele sem passar vergonha. ── Dorelle se olhava no espelho. ── Só ser interessante e legal, você consegue.
── Será que consegue mesmo? ── O seu reflexo falou, como se sua consciência estivesse refletida. ── Tão básica, ele só quer te usar para limpar a imagem elitista dele.
── Eu também posso usá-lo. ── Ela tentou blefar, se passando como confiante.
── Você não é assim. ── O reflexo riu. ── Boa sorte.
Enquanto ela caminhava pelo corredor, após sair da cabine, ela torcia para não topar com Daemon por lá, mesmo que na sua cabeça ainda fosse pior ser observada pelas pessoas em volta quando chegasse no restaurante, que foi o que aconteceu. Andava pé após pé, logo atrás de um garçom, após dar seu nome e falar quem estava procurando, o nó figurativo na garganta ainda estava lá, por que ela estava nervosa? Só ia jantar com um amigo, ela e Mynora faziam isso sempre, não? Não, elas não faziam daquele jeito.
A melodia suave de um piano envolvia o restaurante, criando uma atmosfera acolhedora enquanto Daemon aguardava Dorelle chegar. No momento em que ela adentrou ele a viu, conversando com o garçom, em seguida o tempo pareceu abrandar, transformando sua chegada em um cenário digno de cinema, ele não achava que fosse se sentir assim quando a visse arrumada.
Seu vestido midi verde-claro destacava-se elegantemente, realçando sua graciosidade enquanto caminhava em câmera lenta. Os feixes de luz acariciavam seus cabelos em movimento, e um sorriso tímido adornava seu rosto. Cada passo dela, meticulosamente lento na mente do Targaryen, era uma dança encantadora, e o homem, imerso na beleza desse instante, sentiu-se cativado por cada detalhe que compunha a cena.
Já para Dorelle ele parecia quase um lorde, talvez fosse, de social, mas sem o blazer e a gravata, se levantou quando ela veio em sua direção, agradeceu o garçom com um aceno de cabeça e ajudou a se sentar, como um cavalheiro, ela pensava onde aquele idiota que ela tinha conhecido dias antes tinha se metido, mas como ela tinha bem dito a sua versão ansiosa refletida no espelho, se ele queria usá-la para algo, ela poderia usá-lo se preciso.
── Você está muito bonita. ── Ela falou, vendo as bochechas dela corarem. ── Pedi vinho para nós dois, só que nem te perguntei, se importa?
── Não, claro que não. ── Ela riu ponderando com a cabeça. ── Uma garrafa não vai nos matar.
── A Laena garantiu que o cardápio era excelente, particularmente não sei o que ela escolheu. ── Ele deu de ombros rindo.
Dorelle sentia o formigas das mãos enquanto o olhava e apertava os dedos por baixo da mesa, vendo o garçom se aproximar e servir duas taças, talvez enquanto bebessem ela esqueceria isso e relaxaria, mas agora só conseguia pensar no que Mynora tinha dito sobre não parecer desesperada, o que era ser desesperada para alguém rico como Daemon Targaryen? Ela não sabia. A sua cabeça pipocava, pensando nos mais diversos assuntos para conversar enquanto estava ali, sua mente logo agarrou uma deixa.
── Vocês são bem próximos, parece. ── Ela comentou pegando a taça e torcendo para não tremer. ── Você a Laena.
── Ela é minha afilhada. ── Ele riu dando de ombros. ── Eu era bem jovem quando ela e o irmão nasceram, naquela época eu era mais próximo da mãe dela que do meu irmão, tinha perdido a minha mãe há alguns meses e fui passar um tempo em Driftmark com a Rhaenys e o Corlys, acabei me afeiçoando por eles, os gêmeos.
── Nunca pensou em ter filhos? ── Dorelle percebeu ao fechar a boca que aquilo talvez fosse um assunto ruim. ── Quer dizer ...
── Não, tudo bem. ── Ele deu de ombros bebendo a própria taça. ── É, talvez, às vezes sim, quando eu estou em um humor mais saudosista, mas ser pai é algo complicado, mesmo com a minha ex-esposa, não era algo que eu queria entre nós, uma criança, parte disso é encontrar alguém com quem queira compartilhar essas coisas. Você nunca ...
── Eu trabalho demais. ── Ela o cortou de imediato. ── Consequência da decisão de sair de casa para conseguir coisa melhor na capital.
── O tipo de sacrifício que pessoas como eu não precisam fazer. ── Ele riu bebericando do vinho.
── Não é isso. ── Dorelle sabia que era. ── Vocês estão em um pedestal alto demais para qualquer mero mortal, você é um fuckin Targaryen, um old money.
── E você está aqui ...
── É, mas ainda não sei porque vocês estão sendo tão legais comigo. ── Ela deu de ombros. ── Você e a Laena.
── A Laena é adorável desse jeito mesmo, ela não se aproxima de ninguém para fazer média, pois ela não precisa. ── Ele olhou pra ela e depois pro garçom trazendo as entradas.
── E você? ── Dorelle o desafiou erguendo a sobrancelha.
── Eu muito menos, se passou pela sua cabeça que eu te chamei só porque é jornalista, pode esquecer. ── Ele olhou além dela um pouco, pensando. ── Aposto que pensou que eu faço tudo friamente calculado, não é? Impressionando uma jornalista do Westeros Daily logo após anunciar entre meus amigos sobre o empreendimento em Dragonstone, talvez para limpar minha ficha.
── É, talvez seja esse seu plano mesmo. ── Ela riu bebendo do vinho, era suave e gostoso.
── Eu só te achei bonita e interessante, achei que era assim que as pessoas faziam ainda. ── Deu de ombros comendo a entrada. ── E também eu preciso respirar um pouco de ar fora desse ambiente tóxico dessa família.
── Você precisaria se afastar deles pra isso. ── Ela falou enchendo a taça, já era a quarta e ela nem percebeu.
── Não é tão fácil assim dar as costas para essa família quando se é parte dela. ── Daemon divagou um pouco.
Eles continuaram conversando e rindo bastante, Dorelle tinha um ótimo senso de humor e ela iria descobrir que ele também tinha, Laena tinha razão quando sugeriu a Daemon que a chamasse pra jantar, que ele precisava de uma companhia que só o fizesse rir, ela sentia que Dorelle era assim, um pouco de liberdade para a prisão de sangue que Daemon Targaryen estava.
── A Mysaria não se importa de ter largado ela para estar aqui comigo? ── Dorelle brincava com a sobremesa enquanto eles já estavam na segunda garrafa, pelas bochechas avermelhadas dela já tinha bebido demais. ── Você não vai pedir ela em casamento, a Laena me contou, mas vocês ainda estavam juntos.
── Podemos não falar dela? ── Daemon pediu com meio sorriso. ── Qual seu plano para o ano novo?
── Olha ... ── Dorelle parou e pensou por breve. ── Não tem muitos lugares para ir, acho que num cruzeiro em alto mar.
── Claro ... ── Ele teve que rir, ela era boa. ── Quer se juntar a gente no deck superior? Eu sei que a Laena vai te chamar, ela adorou você, ficou falando sobre Dorelle esses dias uma meia hora direto enquanto almoçávamos.
── Sou bem impressionável pelo jeito. ── Ela riu, vendo a hora. ── Acho que tenho que dormir.
── Fica mais um pouco, nós nem falamos de Dragonstone, tenho que te convencer a escrever algo. ── Ele riu provocativo. ── E você não me respondeu sobre o ano novo.
── Claro, a Laena ficaria triste se eu não fosse. ── Ela dá de ombros. ── Mas eu preciso mesmo ir, valeu pelo jantar, você paga aí né.
── Sim, a Laena ... ── Ele se levantou junto. ── Claro, pago sim. Só não vou te acompanhar até o quarto porque ...
── Porque sou uma moça solteira e isso não cai bem. ── Ela respondeu parecendo sério.
── Até amanhã então, tem certeza que acha a sua cabine sem mim?
── Ta achando que é quem, Daemon Targaryen? ── As bochechas dela estavam avermelhadas.
Daemon decidiu deixar Dorelle por sua conta, ele sabia que de uma forma ou outra ela iria chegar na cabine, ela era teimosa e não teria o que a tirasse de seu caminho, com toda certeza. Ele ficou mais um pouco, tinha que conversar com o chefe, o banquete de ano novo no deck superior era algo exclusivo para um grupo seleto de pessoas, uma festinha particular, enquanto Laena cuidava de alguns outros assuntos que ela adorava, Daemon disse que ele ficaria responsável pela comida.
Dorelle cambaleou um pouco até a cabine, o mar estava agitado lá fora, ela lembrou de como Mynora tinha dito para era não aprecer desesperada, mas agora, depois de beber duas garrafas de vinho, ela parecia uma completa idiota, era como se sentia, mesmo antes de entrar na cabine, ela não era assim, mas o nervosismo a fez beber mais do que gostaria. Quando entrou no quarto tirou o vestido e os sapatos, depois brincos e se enfiou daquele jeito mesmo debaixo das cobertas, a barriga cheia e o balanço leve do navio já estavam dando a ela sono e nada melhor que vinho para uma noite calma.
Bem que diziam que vinho aos Tarth não machuca ou afeta, antigo dito familiar, no outro dia Dorelle acordou como se tivesse bebido água a noite inteira, estranhamente bem demais, até pra ela, mas seu cabelo e maquiagem estavam uma zona, ela se puniu mentalmente por não ter tirado isso antes. Ela estava tentada a continuar dormindo, apesar de não ter ressaca, ela estava com um bocado de sono, mas então seu celular começa a pipocar de mensagens e dois minutos depois toca frenético, era Cosette.
── Meu Deus, aqui tem sinal pra isso? ── Dorelle resmungou pegando o aparelho. ── Alô?
── Bom dia dorminhoca! ── Cosette praticamente gritou, fazendo Dorelle afastar o telefone da orelha. ── Liguei pra saber como está a matéria, os meus superiores estão me pressionando.
── Está sendo escrita, o grande evento que é o ano novo ainda não passou. ── Dorelle coçou a cabeça deitando na cama. ── Mas já escrevi sobre os aspectos e dia a dia do navio.
── E as paradas não é? ── Cosette riu. ── O financeiro me avisou sobre a fatura do cartão.
── Eu ...
── Tudo bem, é a revista que vai pagar mesmo. ── Ela deu de ombros. ── Mas quero isso na minha mesa no dia seguinte que você chegar.
── Mas eu estou de férias, Cosette. ── Ela lembrou a chefe.
── A revista não para só porque você não está aqui, amorzinho. ── Havia um tom de ironia na voz. ── Tchau.
Não houve nem tempo de Dorelle falar algo, Cosette simplesmente desligou a ligação como se isso não importasse pra ninguém, mas não era como se Dorelle quisesse aturá-la por voz por mais tempo, ela agora só precisava descansar. Não havia pressa no que ela fez durante as horas seguintes, um longo banho, para tirar o cansaço do corpo, até mesmo arrumou a cama, sabia que alguém faria isso por ela, mas quis fazê-lo, era quase terapeutico.
No almoço a maioria das pessoas parecia animada demais para a noite de ano novo, mas Dorelle se encolhia no canto do refeitório chique, comendo algo leve, já que seu corpo parecia pesado, maldito vinho, ela pensava, maldito. Ela não viu nenhuma cara conhecida, pensou que eles estivessem entretidos com os preparativos para a virada do ano, pelo menos Laena se encaixava nessa posição.
O resto da tarde foi dedicada em pensar no que usar, já que ela tinha duas opções de vestidos, decidir a maquiagem e escrever a matéria, sua cabeça estava tão pesada que ela apagou e escreveu várias e várias vezes a mesma parte, até sentir que aquilo estava minimamente aceitável. A noite já caía, visto da grande sacada de sua cabine, quando duas batidas na porta chamam sua atenção, sua garganta pareceu fechar achando que fosse Daemon, sabia que teria que encará-lo uma hora ou outra, mas deixaria isso para a noite, por sorte era só um tripulante deixando com ela uma pulseira para festa vip.
Claro que havia um nervosismo que embrenhava em seu corpo e fazia até seus dentes doerem por aquilo, ela já havia estado com aquelas pessoas várias vezes, mas toda vez que tinha que se juntar a eles em seu mundinho era diferente, ela se olhava achando simplória demais com seu vestido de loja de departamento, enquanto claro eles estariam com roupas que custam mais do que um ano do seu salário na Westeros Daily.
Ela seguiu as instruções que vieram junto com a pulseira para a festa, mas quando chegou lá não viu Laena ou Daemon, apenas Rhaenyra sentada no colo de Harwin em ums sofá distante, ela nunca tinha trocado muitas palavras com a loira, pensou por breve o que Viserys achava da filha por aí assim com seu segurança, ela achava que agora ele nem se importava mais, no fim também não quis ir até ela, não tinha coragem de se meter também.
Mynora com certeza lhe diria que o melhor pra ter um pouco de coragem era beber, normalmente Dorelle não se importava com as loucuras que a amiga falava, mas ela decidiu tomar alguma coisa, ficar mais descontraída para a hora que encontrasse Laena, é claro. O grande problema foi que Dorelle não tomou uma ou duas bebidas, mas várias outras, quando Laena a encontrou ela já estava sorridente e conversando como normalmente não fazia.
A Velaryon, animada e enérgica, arrastou Dorelle para a pista de dança, para curtirem o som alto junto com outras pessoas, mas enquanto elas se divertiam, outras não tiravam os olhos da dupla, mais especialmente outra dupla, mas uma de irmãos. Viserys e Daemon acompanhavam elas andando pra lá e pra cá e dançando a um tempo, o mais novo ainda fissurado na jornalista, o mais velho preocupado com ele.
── Vejo que você arrumou outro brinquedinho depois que a Mysaria te irritou. ── Viserys chamou a atenção dele. ── Só não estrague as coisas como a outra, eu não tenho como arcar com um escândalo seu em ano eleitoral.
── Ela não é um brinquedinho. ── O mais novo encara o irmão. ── Não se preocupe, não vai acontecer nada.
── Você também me prometeu isso com a última. ── Viserys o lembrou.
── Isso é só temporário, depois que desembarcarmos eu nunca mais vou ver ela.
── Que isso, uma matéria na Westeros Daily pode ser ótimo pra nós. ── Viserys brincou batendo o ombro no de Daemon.
── Só pagar a Cosette, se me dá licença. ── Ele comentou sem paciência, levantando de onde estava.
Daemon acabou partindo para outro ponto, longe do olhar de Viserys ou de qualquer um da família, já estava sem paciência para nenhum deles e seu showzinho de sempre. Laena e Dorelle ainda estavam dançando, mas a virada do ano se aproximava e a Velaryon queria garantir que seria perfeito, então elas se separaram, Laena foi pegar as bebidas, Dorelle poderia ir para saída lateral, mas a Tarth quis se sentar um pouco e ocupou um entre os sofás do lounge olhando por onde Laena foi, torcendo pra que voltasse e fossem juntas.
O corpo da morena relaxa, finalmente, ao pegar o celular haviam milhares de mensagens de familiares, amigos e coisas parecidas dando feliz ano novo antes mesmo da virada, ela se entreteve respondendo algumas, ouvindo a música alta do fundo, mas depois de se cansar de dar a mesma resposta ela começou a ouvir a conversa ambiente, mais precisamente de duas mulheres no sofá as costas do seu, que riam alto e pareciam falar de alguém.
── Não deu nem pra se aproximar dele. ── Uma loira falou, meio irritada. ── Achei que até o terceiro dia ele ia se cansar da Mysaria, de novo, então seria tranquilo.
── Mas aí ele arrumou um bichinho novo de estimação. ── A ruiva com ela comentou rindo. ── Talvez seja o brinquedo da temporada.
── Não acho que vá ser. ── A loira deu de ombros. ── Ela não tem onde cair morta, já pesquisei sobre ela, apesar de trabalhar naquela revista famosa.
── Bem que falaram que ele gosta de fazer caridade as vezes. ── A ruiva falou e ambas riram. ── Mas logo vai chutar ela mesmo, ela não tem como frequentar os mesmos luagres que ele para correr atrás do Daemon sem amor próprio como a Mysaria...
Toda coragem e diversão que havia no corpo ou no semblante da morena esvaiu ouvindo as pessoas falarem dela, se as duas mulheres falavam assim tão abertamente, com certeza outras várias falaram, havia um nó na garganta como se ela estivesse fechada, até mesmo uma bruta dificulade de respirar, cansada demais desse tipo de coisa. Dorelle tentava ser fria as situações, mas com aquela quantidade de álcool no corpo e sensibilidade afetada, a única coisa que ela conseguia pensar agora é que precisava sair dali.
Ela tentava controlar o choro ao sair porta a fora, para o outro deck que estava vazio, tremendo e em lágrimas, se sentindo uma idiota, querendo - se possível - se atirar de lá de cima do mar, mas não queria dar esse desgosto aos seus pais ou a fama de seu nome a Cosette e a revista pelo acontecido, então ela só chorava. Lá dentro, Laena desesperada não achava Dorelle para a virada do ano tão próxima, ao ver Daemon saindo do banheiro ela pediu para que ele procurasse por Dorelle, combinaram dele ir ver se ela estava na cabine, mas o Targaryen não precisou andar muito, ao emergir para o deck exterior e mais silencioso ele a viu chorando.
── Dory? ── Ele chamou se aproximando dela. ── Aconteceu alguma coisa? Você está bem?
── Não! ── Ela tremia, mas não era de frio, era de nervoso. ── Vai pra lá, volta para sua festa.
── Não antes de você me falar o que aconteceu. ── Ele parou perto dela.
── Eu ouvi o que todas as pessoas pensam de mim. ── Ela segurava mais o choro, quase impossível.
── Você lê mentes agora? ── Ele perguntou bem humorado.
── Escutei duas mulheres falando que eu sou uma idiota nas minhas costas, que eu sou o seu novo brinquedinho, aposto que pensam algo sobre minha aproximação com a Laena também. ── Ela cuspia as palavras uma após a outra.
── Ei, ei! ── Daemon se aproximou dela, pegou o rosto dela entre suas mãos, para tentar acalmá-la, queria dizer que no círculo social deles isso era o mais comum, falsidade e pessoas falando mal, mas só queria cessar aquilo. ── Se acalme, ok?
Dorelle nunca tinha visto olhos tão bonitos quanto os dos Targaryen, mas os de Daemon eram um lilás vivo e bonito, que pareciam ver dentro da sua alma. Ela ainda tremia, seu lábio inferior não podia ser controlado, como o de uma criança desesperada. Ela não gostava de ser o centro das atenções, mas eventualmente acabou sendo, por causa da sua aproximação com os Targaryen, foi inevitável. O silêncio se extendeu por mais um pouco.
── Sexta regra do mar: Ouça. ── Ele queria acalmá-la com o barulho as águas e para Daemon era como funcionava, era por isso que estava ali, Alyssa - sua mãe - amava o barulho das ondas também. ── Não fala nada, só escuta.
O barulho dos fogos de artifício e seu brilho no fundo eram coisas irrelevantes naquele momento, Dorelle tentou se concentrar no barulho do mar para ficar mais calma, para tentar deixar aquele desconforto passar. As mãos dele eram macias e estavam quentes, diferente do rosto frio dela, também pelas lágrimas, ela só conseguia olhar para aquelas orbes lilás que tinha certeza que nunca esqueceria.
No crepúsculo suave, sob a luz dos fogos que pintava o céu, os dois permaneceram em puro silêncio. Seus olhares se encontraram em um silêncio revelador, e, à medida que ele se aproximava, cada detalhe do rosto dela se tornava um ponto de contemplação para Daemon. Os olhos de Dorelle, refletindo agora mais calma, eram janelas para a alma que ele ansiava explorar, belos olhos castanhos esverdeados. Ele notava cada traço delicado, cada nuance do rosto que o encantava profundamente.
Ele se viu hipnotizado pelos lábios que havia desejado intensamente nos últimos dias, não sabia muito bem o porque, talvez por ela ser tão diferente das pessoas bajuladoras que sempre o cercavam. A proximidade era palpável, o desejo crescente, e, quando finalmente seus lábios se encontraram, o mundo ao redor pareceu desaparecer, os problemas dele, as inseguranças dela, nada importou. Cada toque era uma entrega mútua, uma fusão de emoções contidas, borbulhantes e intensas.
O beijo era a celebração de uma atração inegável, eles pareciam flertar um com o outro toda vez que se viam, o Targaryen desejava isso mais intensamente desde o jantar em Old Town onde não cansava de olhá-la, Dorelle com certeza queria mais dele naquele jantar a sós. Por alguns instantes, enquanto isso acontecia, eles eram só um do outro.
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