
𝐑𝐄𝐆𝐑𝐀 #𝐎𝐎𝟐 ── 𝖭𝖺̃𝗈 𝖿𝗂𝗊𝗎𝖾 𝗌𝗈𝗓𝗂𝗇𝗁𝖺 𝖺 𝗇𝗈𝗂𝗍𝖾
Ela já estava acostumada com locais chiques por causa da revista, mas não estava acostumada com aquele tipo de lugar chique, Dorelle logo percebeu que até as pessoas que estavam em cabines mais simples nos andares abaixo do seu eram pessoas com muito dinheiro, ela via nos detalhes da embarcação que ninguém de média classe conseguiria sequer sonhar em estar ali. Quando emergiu do elevador grande demais para ela, deu de cara com um restaurante cheio, mas de forma organizada, as pessoas bonitas demais para serem reais, rindo e conversando educadamente.
Ao fundo havia uma infinidade de comidas chiques que a Tarth via de longe, ela acabou por pegar uma bandeja e observar aquelas opções para refeição, Dorelle estava confusa com o que comeria, os nomes não diziam muita coisa e a aparência podia ser boa, mas não esclarecedora. Ela colocou pouca coisa no prato, alguma coisa de maçã, algo que ela torcia para ser salgado e um suco de uma fruta que ela nunca tinha ouvido falar.
Ao se virar para o salão, procurando um lugar para sentar, ela notou todas as meses ocupadas, apesar das cadeiras vazias ela não pensou que pudesse só chegar e sentar em alguma sem ser incômoda com os presentes, realmente, ela só queria evaporar dali, se Cosette estivesse lá com certeza já teria reconhecido alguém de seu círculo social, mas Dorelle? Bom, ela sabia vários nomes, escrevendo para a revista ela conhecia famosos, mas não tinha intimidade para sentar com eles.
Seus dedos apertavam a bandeja que segurava, saiu de seu transe torturante quando alguém abriu a porta lateral, que dava para o deck do fundo do navio, foi sua deixa, passando por entre os ricaços e depois porta a fora, foi como um alívio respirar fundo, o ar mais pesado, porém mais aconchegante, percebeu que os ricos não estavam lá, nenhum deles, preferiram ficar todos enfurnados no ar condicionado, isso era bom, ela preferia sua solidão por hora.
Dali ela assistiu o navio sair, sozinha, no fim não tinha escolhido as piores comidas, era o suficiente. Pelo telefone respondeu alguns emails, sabia que não devia, mas fez, aproveitou para conectar na internet do navio, finalmente, péssima, por um panfleto mal diagramado, Mynora com certeza faria críticas, visto sua formação como designer. Quando a noite ameaçava cair no horizonte ela desceu as escadas até o andar debaixo, o seu, na nova busca interminável por sua cabine.
Quando adentra a suntuosa suíte que poderia ser quase maior que seu apartamento minúsculo em Kings Landing, vê sob a cama a programação da noite, Festa de Boas-Vindas, vista-se a caráter, a palavra branco estava bem grifada sob o papel, destacada em vermelho, irônico, ela pensou, tinha trago algo branco o suficiente para a pureza dos super ricos? Ela não sabia. Ao abrir a mala, que já estava no canto do quarto, ela percebeu que deveria ter trago mais roupas, ao puxar um vestido de cetim por entre as outras peças a cara de desgosto foi imediata.
── Ótimo, amarrotado. ── Resmungou o colocando sob a cama e procurando por sapatos. ── Vou parecer ridícula nessa festa.
Ela tentou se arrumar, ficando o melhor que pode, mas Dorelle mesmo sabia, que não chegaria aos pés deles, nunca, eram de um nível astral até, bem diferente do dela, teria de assumir. Quando chegou ao deck superior, onde a festa já estava acontecendo, ela notava olhares sob si, tratou de pegar uma bebida, vendo as escadas para um andar superior e vazio, ela não hesitou em subir e se apoiar no beiral, os vendo lá embaixo. Não havia uma estrela se quer no céu, não sabia bem onde estavam passando agora, mas a imensidão do mar era grande.
Para Dorelle aquilo tudo parecia ridículo, um grande experimento social, ela se sentia estranha ao observar as pessoas lá embaixo, conversando, interagindo em seu mundinho, um do qual ela não pertencia. Ela nem mesmo notou a aproximação de uma mulher, quase deu um salto de susto ao colocar os olhos sob Laena Velaryon, não era tão velha quanto ela, deveria ter seus vinte e poucos, Dorelle a conhecia pelos jornais, não sabia se ela tinha vinte um ou dois, mas sabia que ela era filha do capitão do navio e acionista majoritário da Companhia Velaryon de Cruzeiros.
── Uma festa tão animada lá embaixo e você sozinha aqui? ── Laena fala com meio sorriso. ── Aconteceu algo?
── Eu só me senti meio deslocada. ── Dorelle ponderou. ── Sabe ... Não é meu ambiente, meu pessoal.
── Seu pessoal? ── Laena riu erguendo a sobrancelha.
── É, eu meio que não deveria estar aqui. ── Dorelle pensa que preferia estar em casa.
── É, eu sei quem você é, Dorelle Tarth. ── Laena riu bebendo seu drink. ── Cosette Lannister e a minha mãe, Rhaenys, eram amigas no internato e ainda são amigas, eu sei que ela deveria estar aqui e que mandou uma jornalista no lugar.
── Olha eu ...
── Tudo bem, pelo menos você é a única jornalista a bordo. ── Laena olhou para a festa. ── A única com um breve choque de realidade.
── Tudo isso parece bem real para mim. ── Dorelle aponta para as pessoas lá embaixo.
── Não ... ── Laena pondera. ── Posso te contar uma coisa? E promete que vai manter em off.
── Eu sou jornalista, vai acreditar mesmo em mim?
── Não deveria, mas você parece legal. ── A Velaryon respondeu dando de ombros. ── Promete?
── Claro. ── Dorelle virou o drink que bebia, logo notou que era uma péssima ideia.
Laena era uma pessoa legal, Dorelle conseguia ver isso, ela era divertida enquanto falava de algumas aventuras de seu círculo social, nada muito chocante, mas com certeza algo engraçado, que humanizaria qualquer um deles se fosse parar em uma matéria da revista, Dorelle pensava que talvez fosse aquilo que a mulher queria, dar àquele grupo de super ricos uma imagem mais aceitável, menos etérea. A morena sabia que a outra não era inocente ao falar aquilo para uma jornalista e nem que ela perdendo seu tempo ali em vez de com seus amigos ricos fosse bobagem, tudo neles era extremamente bem-planejado. A conversa delas as entretêm tanto que nem perceberam a aproximação de uma terceira pessoa.
── Achei você! ── O rapaz falou assoprando o ar. ── Te procurei por toda a festa, irmã.
── Oi Laenor. ── Ela sorriu virando-se pra ele. ── Não seja mal-educado, estou conversando com alguém. Dorelle, esse é meu irmão Laenor e irmão, essa é Dorelle Tarth.
── Ah! A Jornalista! ── Ele comentou pressionando os lábios. ── É um prazer.
── Isso, a jornalista. ── Dorelle respondeu pressionando os lábios e apertando a mão dele.
── Já está na hora, os outros já foram pra lá. ── Laenor acena com a cabeça. ── Você vem? Eu perdi a Rhaenyra de vista, mas logo ela e o Harwin aparecem.
── Vou sim. ── Laena concordou com a cabeça. ── Não quer vir conosco?
── Eu? ── Dorelle parecia surpreender-se com o convite. ── Vai querer mesmo uma jornalista por lá? Seja lá onde lá seja.
── Só se não escrever nada que ver. ── Laena riu segurando a mão da outra.
Dorelle pensou, por breve, estava cansada demais, só queria dormir um pouco, mas claro que aquilo faria bem mais pela matéria do que se enfurnar no quarto, parte dela estava curiosa para saber aonde isso iria levá-la, mas outra sussurrava na sua cabeça que não era uma boa coisa. Se Mynora estivesse lá, ela já tinha pulado em Laena e aceitado o convite, só pela diversão, talvez Dorelle devesse fazer o mesmo, pensava, então acabou por aceitar.
A festinha ficava naquele mesmo andar, o 13º, mas não era algo totalmente as vistas, eles tiveram que passar por duas portas com senhas e identificação para entrar numa espécie de lounge com alguns sofás e um bar, havia poucas pessoas lá dentro, conversando mais baixo que a música, alguns dançarinos, um barman, mas Dorelle ainda bebia o mesmo de antes. Ela se ocupou em sentar em um dos sofás entre Laena e Laenor.
Em outro sofá, um pouco mais distante, um par de olhos lilás estavam sob o trio que conversava animadamente, Daemon não deixava de encarar a morena entre os primos jovens, lembrava quando ele, agora com seus 39 anos, era a pessoa que estava sempre se divertindo com eles, em seus 21, às vezes ele sentia que era velho e problemático demais para certas companhias, mas aquela jornalista sentada entre eles era um perigo, para todos ali, não entendia o que Laena queria mostrar a ela.
Junto a dupla Velaryon e a jornalista, um casal se aproximou ocupando um pequeno sofá quase a frente deles, Viserys raramente se metia em festas dos mais jovens ou Aemma, mas quando soube da notícia de que Laena e Laenor tinham trago uma jornalista para lá, imediatamente, eles decidiram averiguar a situação, geralmente era Daemon que fazia aquelas coisas, colocava seus segredos em risco, não os filhos do capitão.
── Vis, Aemma! ── Laena fala animadamente aos vê-los. ── Achei que iria encontrar vocês só nos jantares chatos de família.
── Resolvemos aproveitar um pouco o dia de partida. ── O homem sorriu. ── Quem é esse rosto novo?
── E vocês viram a Rhaenyra? ── Aemma perguntou.
── Não pra você. ── Laenor respondeu para Aemma. ── E essa é nossa amiga jornalista.
── Ela tem um nome. ── Laena vociferou com o irmão. ── Dorelle Tarth, mas acho Dorelle um nome grande, acho que vou chamá-la de Dory. O que acha?
── Dory é um apelido legal. ── A jornalista concordou. ── É um prazer conhecê-los.
── O prazer é nosso, o que tem achado do navio? ── Viserys a questionou, olhando para esposa em seguida.
── Ótimo, mas ... ── Dorelle hesitou, não sabendo se contava ou como faria. ── Teve um idiota na porta da minha cabine quando eu cheguei, obstruindo a passagem e me encarando como se eu não tivesse dinheiro pra estar lá.
── Qual andar você está? ── Aemma quis saber.
── No 12. ── Ela respondeu de pronto, bebendo seu drink rápido demais.
Todos se olharam com pequenos sorrisos, eles já sabiam da história, sabiam que se tratava de Daemon, no brunch mais cedo ele mesmo já tinha falado sobre isso, com Mysaria ao seu lado soltando um comentário bem desagradável a respeito de Dorelle, então eles só riram mais um pouco e mudaram de assunto, Laena até se preocupou em dar uma garrafa de água para Dorelle após ela pedir um novo drink para o garçom que se aproximou deles, jornalista ou não ela não queria ver outra mulher bêbada demais.
Daemon não entendia o fascínio do grupo com uma recém chegada, eles riam com o que Dorelle falava, até mesmo a sua crítica sobrinha Rhaenyra e seu guarda costas-amante, Harwin, eles sempre estavam distantes dos outros em seus segredinhos sujos e agora estavam no sofá perto dos Velaryon e seu irmão. O braço de Mysaria foi tirado do entorno do pescoço dele e passado para seu colo, quando Daemon se levantou, ela pensou em repetir o movimento, mas ele a empurrou pra baixo por um movimento rápido e claro, fique aí.
Ela nã gostou disso, mas não tinha que gostar, apenas observou raivosa um Daemon saindo de onde estava e indo na direção de outra mulher, como sempre fazia, mas ele sempre voltava pra ela, Mysaria sabia. Ele puxou uma cadeira enquanto ia rumo ao grupo, a colocando de costas perto de Laena e se sentando com o peito encostado no encosto da cadeira. Todos olharam pra ele imediatamente.
── Vim me juntar ao grupo risonho. ── Ele disse pressionando os lábios. ── Do que falavam?
── De como você é um idiota. ── Rhaenyra soltou sem pensar duas vezes e recebeu um olhar sério do pai.
── Ta, mas qual a novidade? ── Daemon respondeu olhando em seguida para Dorelle. ── Ah, aí está você, eu ...
── Daemon ... ── A voz de Aemma o cortou e ele a encarou. ── Não.
── Eu só ia pedir desculpas por ser um idiota com ela mais cedo, cunhadinha. ── Ele riu entendendo a mão para Dorelle e pegando a dela. ── Me desculpa?
── Eu ... Er ... ── Ela olha a mão de Daemon e depois puxa a sua. ── É melhor eu ir, acordei cedo e já estou cansada. Laena muito obrigado pelo convite, vocês são ótimos.
── Fica mais. ── A Velaryon insistiu se levantando junto com ela. ── Podemos ir pra outro lugar.
── Quem sabe em outro momento. ── Dorelle se desvencilhou do grupo passando rumo a porta.
Daemon a secou como um prêmio, a olhando de cima abaixo quando passou ao seu lado, o Targaryen riu da forma que a deixou sem graça, se levantando em seguida para seguí-la, mas antes que pudesse continuar ele sentiu alguém lhe segurando, Aemma estava próxima, pensou que fosse a cunhada, mas a frente dela ele notou o braço de Viserys o impedindo de continuar.
── Acho que você sabe que aqui não é lugar ou hora para repetir os erros do passado, não é? ── Ele aconselhou o irmão. ── Você já está velho demais para isso.
── Eu sei o que eu não devo fazer. ── Daemon resmunga puxando o braço.
Dorelle apressou os passos rumo ao elevador, querendo fugir por pouco daquele lugar onde ela se sentia um pouco sufocada, tinha um nó na sua garganta que começou a se desfazer enquanto ela caminhava eufórica para perto do elevador, mas qualquer lapso de segurança sumiu quando ela foi apertar o botão do elevador e outra mão chegou antes.
Ela teria percebido pelo perfume, que a mente ainda lembrava de mais cedo, mas a cabeça já estava um pouco nevoada com o álcool, o que ela se culpava, ao perceber que Daemon Targaryen estava lá, entrando no elevador antes dela e segurando a porta, como se perguntasse se ela iria também. Ela entrou em puro silêncio e desconforto, por sua sorte só desceu um andar, ali Dorelle se culpou por não usar as escadas.
Ao abrir os dois caminharam, ela na frente, rápida, ele atrás, mais lento, mas devido as pernas maiores dele, Daemon não precisava ser rápido. Ela olhou por cima do ombro, vendo o Targaryen indo em sua direção, quando já estava a algumas cabines da sua ela virou, quase esbarrando nele, vacilando um passo com a magnitude da presença de Daemon, não havia sentido isso ainda no alto de seus 29 anos, era estranho.
── Você está me seguindo? ── Ela levou a mão a cintura.
── Segunda regra do mar: Não fique sozinha a noite. ── Ele falou se apoiando na parede.
── Você é algum tipo de predador sexual, não é? ── Ela apontou na cara dele. ── Eu aprendi defesa pessoal. Para de me seguir.
── Minha cabine é literalmente ao lado da sua. ── Ele riu. ── Eu só estava indo pra lá.
Daemon passou por ela, que ainda o olhava desconfiada, Dorelle não acreditava em Daemon e muito menos confiava nele, mas quando o vio tirar o cartão da cabine do casaco e colocá-lo na porta da cabine, a abrindo, ela virou-se pro outro lado, pra ele não ver as bochechas rubras de raiva e indignação, após o clique da porta e ele sair do corredor, ela seguiu para própria cabine, a cabeça doía, lidar com ricos era sempre uma irritação.
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