𝑻𝒘𝒆𝒏𝒕𝒚 𝑺𝒊𝒙
Passava da meia-noite, mas Manjiro não sentia um pingo de sonolência ou cansaço enquanto encarava o teto pintado em azul Royal da sala de visitas de Mitsuya, pelo contrário, a euforia ainda estava presente em cada grama de seu ser.
Nenhuma palavra seria o suficiente para descrever o que sentiu ao ver [Nome] parada no salão, visto que a chamar de deslumbrante seria um eufemismo.
Aquele vestido vermelho tirava sua pouca concentração, o atraindo a cada movimento dos quadris, quando bebia vinho e seus lábios se transformavam em um sorriso tentador.
Manjiro teve que se segurar para não agarrá-la ali mesmo quando a sentiu tão perto, sua pele quente em contato com seu pescoço não ajudou em nada, e no mesmo momento que os lindos olhos dela brilhando em planejamentos encontraram os seus logo após analisar sua tatuagem, ele soube que estava terrivelmente fodido.
[Nome] poderia ter perguntado o que quisesse e ele iria simplesmente responder, porque havia passado muito tempo desde que ela se dera o trabalho de lhe mostrar o mínimo interesse, e o mero pensamento de ter uma proximidade se construindo entre os dois era intenso demais para que se contivesse.
Intenso o suficiente para ter sua própria pele queimando por baixo das camadas infernais de seu terno, se sentindo desconfortável enquanto a necessidade tomava sua mente e o fazia querer mais.
Seu lado ganancioso e ansioso quis assumir seus sentidos assim que a viu sentada em seu carro, arrumando aquele vestido e ele só pensou em tirá-lo de seu corpo imediatamente, mas correndo o risco de seguir seus instintos e levar um tapa - ou pior, considerando a mulher em questão - Manjiro se absteve de qualquer investida estúpida.
Porque [Nome] não era estúpida, e agir de tal forma só quebraria o fino laço se formando entre eles.
Claro, aquele fiapo de raciocínio evaporou quando se deparou com a oportunidade perfeita para beijar os lábios dela, o gosto de vinho em sua língua queimou o desejo de Manjiro em um incêndio quando a puxou em seu colo, não tendo nada mais do que pensamentos lascivos enquanto beijava seu pescoço, querendo apenas marcá-la até seus seios.
O Sano a presentearia com cada uma dessas coisas na próxima vez. Porque haveria uma próxima, ele se certificaria de quebrar aquela atitude mesquinha dela de desdenhar dele toda vez em que tentava tocar no assunto da primeira vez que se viram.
Não importava sua fechada indiferente ou o quanto o aborrecesse, aquela noite reacendeu toda a ousadia de Manjiro, e ele a colocaria contra a parede na primeira oportunidade que tivesse.
Talvez fosse um tanto negligente da parte dele como chefe da gangue Manji pensar nela em um momento tão tenso quanto o que se encontrava, mas seu egoísmo estava extrapolando os limites, e ele não se importava em fingir que não.
Se nem mesmo o pedido por uma breve conversa de Takeda Kobayashi conseguiu tirar sua recém obtida tranquilidade, não seria o olhar mortal de Draken e sua carranca mau humorada a fazê-la e, se fosse ser sincero, não saberia dizer o motivo de todo aquele nervosismo.
Metade das pendências se resolveram com apenas uma ligação - Baji estava há duas horas interceptando os carros da polícia e os corpos dos homens que conseguiram encontrar na avenida, Smiley e Angry sumiram com qualquer vestígio de suas presenças em Osaka, trazendo consigo o único homem que Manjiro mandou deixar em bom estado.
Não tinha nenhuma bomba relógio prestes a explodir, como Ken estava fazendo parecer.
- Então Kojirou estava tentando roubar nossos armamentos?
Aquela pergunta de Ran não foi a primeira feita no meio da explicação de Sanzu, o qual estava usando os efeitos milagrosos do whisky para manter a calma.
Era compreensível a antecipação por informações nos olhos do Haitani, porque muita coisa havia acontecido durante todo o tempo em que passara longe de Tokyo com o irmão, usando seus dons em diplomacia e manipulação em favor da Gangue, estabelecendo conexões e futuras colaborações em todo o sudeste asiático.
Entretanto, levando em consideração a natureza sádica dos Haitani, não deveria ser muito interessante ficar em salas fechando contratos sobre tráfico de drogas e propina política, não, eles gostavam de estar integrados na ação - organizar emboscadas para torturas e extrações de informações eram suas favoritas.
- Sim, é certeza que ele que estava desviando verba para Hanma se manter - Haruchiyo maneou com a mão de forma entediada, apoiando a cabeça contra o apoio do sofá.
- Ele deve ter tido ajuda, não tem como Kojirou ter sustentado isso durante todo esse tempo, é impossível - Rindou, qual ficou quieto durante todo o tempo em que estavam ali, falou em uma voz tranquila.
Era um pensamento plausível, um que atormentava boa parte das conversas entre os membros superiores da Toman, todos jogando probabilidades sobre quem poderia estar limpando o caminho de Hanma para que ele continuasse firme por anos.
Seu chefe ainda era um enigma desde sua era da Valhalla, mas a proporção de suas ações aumentou juntamente com o poder do Sano, não se deixando ficar para trás de forma alguma. O que significava que Shuji tinha livre acesso a grandes recursos, recebendo ajuda de pessoas com poder o suficiente para ajudá-lo e, ainda assim, ficar fora do radar de Manjiro.
As opções sobre quem estava acolhendo Hanma eram fortes, apontando qualquer possibilidade para as quatro famílias que um dia haviam composto a grande máfia japonesa sob a mão firme de Murakami, o último líder da potência criminosa Asiática.
Poderia ser apenas uma delas, mas não era dispensável a ideia de serem duas trabalhando juntas para destronar Manjiro, em uma hipótese caótica, seriam três, e nos dias mais estressantes e imaginativos de Draken - quando ele explorava todas as alternativas e escolhia a pior - todas as quatro.
Kobayashi. Fukushima. Nakamura. Shinkai.
Todos tinham uma alta porcentagem de vender sua lealdade por qualquer promessa que Shuji tenha feito a eles sobre devolver a dignidade que Manjiro tinha lindamente pisado.
Não que os culpasse por isso, já que enquanto esses quatro clãs lutavam entre si para tomar o lugar vago de Murakami e favorecer a si mesmos, nenhum deles imaginaria que um delinquente com uma gangue a seu dispor e uma mente ambiciosa iria colocá-los no bolso.
Foi uma situação humilhante para eles quando se viram diante do inevitável, tendo que escolher entre serem oficialmente inimigos da gangue Manji ou descerem de seus pedestais e aceitarem que iriam continuar sendo capachos de alguém.
Para a gratificação de Manjiro, eles escolheram sabiamente a segunda opção depois de se verem sem saída, mesmo que, agora, estivessem brincando com a morte ao se aliarem secretamente com Hanma.
- Estamos de olho nos Shinkai e nos Fukushima, já que são os únicos que deixam sua insatisfação à mostra - a explicação calma veio de Draken depois de um de seus longos suspiros.
- Exato, e isso nos trás outro assunto muito importante no momento - o tom de Sanzu balançou entre provocação zombeteira e uma diversão quase irritante - [Nome].
- Hã? - pura confusão atingiu o rosto de Ken, o suficiente para ele manter a atenção em Sanzu e não ver o olhar aguçado que tomou os olhos do Sano - do que você está falando?
- Não vamos fingir que Manjiro não faltou à reunião para ir atrás da garotinha especial quando ela foi vista com Jin Fukushima e Hirashi Shinkai - as mãos dele ficaram cruzadas sobre o colo enquanto falava.
- Não tinha sido só o Jin? - as palavras de Draken soaram quase acusatórias, mas não era surpresa, desde que os Shinkai eram muito reservados em relação a família, e seu filho mais novo era um tesouro guardado em um baú.
- Por Ryoichi não deixar Hirashi participar das reuniões, nem Inui ou Kokonoi conhecem ele - Manjiro resolveu falar, evitando se preocupar com a nova densidade no ar - ele foi a primeira pessoa que eu vi quando cheguei no leilão, acompanhando Jin em sua noite de rebeldia.
- E você ignorou os dois - a presunção de Sanzu não foi bem vinda, entretanto, não negaria os fatos.
- Eu não estava com muito tempo para gastar com nenhum deles.
- Então espero que tenha gastado o que sobrou tentando descobrir o que [Nome] e dois dos filhos de nossos possíveis inimigos têm em comum.
Aquela estava sendo uma óbvia tentativa de Haruchiyo arrancar uma confissão sobre uma obsessão inexistente, porque estava claro que ele achava que Manjiro tivesse simplesmente esquecido de perguntar sobre aquilo quando estava com ela.
Uma meia verdade, mas não iria admitir.
- [Nome] Miyazaki é a mulher que entrou na quinta divisão, não é? - indagou Ran, não escondendo seu interesse.
- Também é a mulher que estava com o Mikey hoje - Sanzu respondeu, bebendo o restante do whisky em um único gole.
- Ah, era ela? Que bom que tocamos no assunto, estou curioso desde que ouvi sobre isso.
- Não fique curioso, Ran - Manjiro interveio com uma sobrancelha arqueada, achando quase insuportável o sorriso pretensioso e entusiasmado no rosto dele, mas Ran não retrucou enquanto balançava sutilmente a cabeça - E sim, Sanzu, ela me disse que tinha estudado na mesma escola que Jin.
- E seu relacionamento com Hirashi? - a pergunta veio de Draken, o qual parecia mais sério do estressado.
- [Nome] estudava em uma escola de elite antes de viajar, e se os Fukushima fizeram sua graduação lá, os Shinkai também poderiam.
- Ótimo, ela era colega de lancheira de duas pessoas que estão com os dias contados.
Depois do revirar de olhos de Sanzu, a sala caiu em um silêncio que poderia engolir tudo, o que tornava a situação mais tensa, principalmente porque todos ali tinham suas próprias opiniões sobre o assunto e às iriam jogar no colo de Manjiro na primeira oportunidade.
O Sano estava considerando muito seriamente em levantar daquele sofá e deixar o encontro com Kobayashi marcado para o amanhecer, mas o movimento corporal de Sanzu denunciou que algo o incomodava, e quando ergueu o olhar para encará-lo, viu uma expressão cheia de significado, como se quisesse dizer algo importante.
A tentação e curiosidade estavam quase fazendo Manjiro ceder e o chamar para saber o que era, mas a porta havia sido aberta no mesmo instante por Takeda Kobayashi, revelando sua áurea pretensiosa enquanto segurava uma maleta em uma mão, a outra arrumando seu terno enquanto andava em passos leves pela sala.
Pela sua postura, estava contendo sua insatisfação por ter esperado em vão por uma reunião que não aconteceu, mas ela logo foi substituída por surpresa quando viu os irmãos Haitani sentados no sofá, pois a data de sua volta não foi espalhada - para ter uma boa entrada, como disse Ran - mas mudou totalmente ao encarar a postura relaxada de Sanzu.
- Agradeço por ter arrumado tempo em sua agenda apertada para me ver, senhor Sano - Takeda disse, lançando um único acenar de cabeça na direção de Draken antes de se virar diretamente a Manjiro.
- Estou curioso com seu pedido - não era exatamente uma mentira, desde que sabia, por experiência própria, como os Kobayashi poderiam ser orgulhosos, então ter o chefe deles se dignando a sair do conforto de sua casa para ter uma conversa não oficial era algo para se divertir.
- O assunto deve ser óbvio - ele respondeu, não se preocupando em se sentar enquanto olhava o Sano por trás das lentes de seus óculos de armação preta, os olhos castanhos sérios.
- Falar sobre a reunião poderia ter esperado até a manhã, não? - a intromissão de Sanzu rendeu uma sutil ruga nos cantos dos olhos de Takeda.
- Eu não vou dizer que não é do meu gosto ser um emissário entre a Toman e a máfia, desde que mais ninguém poderia levantar as questões além de mim, mas a situação fica complicada quando você aceita uma reunião, Sano, e não comparece.
Mesmo com o óbvio tom descuidado dele, Manjiro sabia que continha verdade em suas palavras, mas não significava que iria dar o braço a torcer por velhos que se recusavam a sair de seus escritórios e irem tirar férias prolongadas em caixões.
- Daichi Fukushima adiou uma viagem importante aos Estados Unidos para conseguir falar com você hoje, Manjiro - aquelas poucas palavras foram o suficiente para dizer que Daichi estava, no mínimo, possesso de raiva.
- Tenho certeza que ele vai aceitar remarcar nosso encontro - o Sano afirmou, usando o restante de seu senso misturado com um profissionalismo diplomático que ainda lhe parecia falso.
- Sim, ele provavelmente vai, mas não esperem uma data próxima.
- Você está falando como se nós estivéssemos pedindo favores, quando claramente vocês que estão tendo problemas - Sanzu retrucou, o encarando com os olhos baixos ameaçadores.
- Não é mentira, nós já vimos dias melhores... Mas temos nome, fama, não só na Ásia, como também em outros países.
Manjiro apoiou o rosto na palma da mão, ouvindo atentamente as palavras de Kobayashi com uma pitada de frustração incomodando seu interior.
Nome era tudo o que eles tinham, e em breve, iriam perder aquilo também.
- Do que adianta terem fama se estão ficando mais acomodados em suas cadeiras a cada dia que passa?
Takeda encarou Sanzu por momentos longos, quase como se pensasse se valia mesmo a pena respondê-lo, mas então ergueu o queixo de forma suave, seus dedos apertando a alça de sua maleta.
- Vocês já ouviram falar da "Estação do terror Russo"?
Foi difícil dizer se aquela mudança de assunto era realmente necessária, mas a repentina expressão de Ran chamou atenção.
- A exterminação da última família que comandou a máfia russa - ele respondeu, tentando parecer sério enquanto Rindou murmurava um "Ah, não", como se estivesse entediado.
- Exatamente - Kobayashi olhou para o Haitani com uma expressão quase orgulhosa.
- Então aconteceu mesmo?
- Claro, apesar de ter sido há uns... vinte anos?
- Oh... eu achei que tivesse sido um boato criado para que temêssemos mais a máfia.
Não estava claro onde aquela conversa iria levar, mas supôs que, se a iniciativa partiu de Takeda, não seria nada simples, principalmente quando o ouviu rir baixo, um som estranho vindo de um homem tão sério.
- Boato? Isso chega a ser um insulto à memória de Murakami.
A menção de Murakami fez o Sano inclinar a cabeça, abaixando a mão no braço do estofado enquanto esperava que Takeda continuasse, porque o nome dele não era muito citado no Japão, o que dificultou a busca de conhecimento quando Manjiro entrou nesse meio.
Os antigos feitos de mortos não o interessavam muito, mas a frustração que fora quando procurou informações sobre ele e obteve o básico havia sido terrível na época, então aquela conversa poderia lhe esclarecer algumas coisas.
- Não me admira vocês não saberem os detalhes, já que não caiu na mídia o que ele fez com essa família - um certo tom desdenhoso passou por Takeda enquanto ele falava - Foram semanas de tortura e morte, ninguém do comando ficou vivo, e não foi divulgado o que aconteceu com o restante... Mas conhecendo o humor de Murakami, foi feio como o inferno.
- E por que isso? O Japão estava chato demais? - a ironia em Sanzu atingiu Kobayashi como um tapa, então ele se endireitou, como se tivesse sido levado pelas lembranças.
- Os russos fizeram a estupidez de matar a mulher dele - as sobrancelhas de Manjiro se franziram levemente, um pouco surpreso por alguém que parecia tão frio ter sido movido por motivos tão sentimentais.
- Ele era um idiota emocional, que lindo - o comentário de Haruchiyo fez um leve Humph sair da garganta de Kobayashi.
- Esse idiota foi praticamente um lorde no submundo do Japão, ele colocava toda a Ásia na coleira com uma palavra, algo com que estão tendo problemas.
A provocação foi direcionada a Sanzu, mas com certeza sua intenção era deixar claro que a situação com Hanma era de conhecimento público, e a estava esfregando na face de Manjiro com uma expressão vitoriosa.
A troca de farpas parou assim que notaram que a falsa simpatia do Sano havia desaparecido completamente, porque se Kobayashi achava que poderia entrar em seu domínio e falar o que quisesse sobre coisas que não eram de sua conta, estava enganado.
- Eu não lembro de ter perguntado sua opinião sobre como eu lidero meu país, então a menos que eu mande, não diga nada além do necessário - ele disse calmo, levantando-se do sofá, seus olhos não mostrando nada além de um comando para que escolhesse bem suas palavras.
- Claro, senhor Sano - Takeda respondeu depois de levar um segundo para lembrar o próprio lugar - tenho certeza que Daichi não irá recusar seus termos.
A expressão de Kobayashi foi se suavizando até que voltasse a ficar solene, fazendo parecer que as palavras de submissão que saíram de sua língua tivessem queimado sua garganta. Foi gratificante.
Sem mais uma palavra restante, ele inclinou levemente a cabeça em sinal de respeito, seus passos outrora leves ficaram firmes ao caminhar até a porta, tentando manter a postura quando claramente estava se sentindo pior que o mais baixo inseto.
- Você sabe que ele ficou abusado assim quando você fodeu com a filha dele, não é, Mikey?
Descrença ameaçou passar pelo rosto do Sano ao ouvir o que havia saído da boca de Sanzu, e enquanto decidia se iria soca-lo ou simplesmente sair dali, Ken foi mais rápido em seus resmungos insatisfeitos, cruzando os braços sobre o peito.
- Não, Takeda já era um filha da puta antes disso.
- Duvido que ele não achou que fosse conseguir vantagem se casasse Yuna com o Mikey.
- Isso de casamento por interesse é ultrapassado - Rindou decidiu dar sua opinião com um leve balançar de ombros indiferente.
- Como se esses velhos não fossem fãs dessas coisas antigas.
Aquela pequena discussão sobre arranjos políticos fez Manjiro se pegar desejando internamente a presença de Mitsuya, sabendo que suas poucas palavras poderiam cortar aquele pensamento cínico para trazer problemas realmente importantes.
Contudo, ele não parecia com humor para sair compartilhando, e foi inteligente o suficiente para aproveitar enquanto o Sano estava flertando com [Nome] e sumir.
O som do celular de Ken tocando pareceu os ter salvado das consequências de sua conversa sem sentido, deixando todos os quatro prestando atenção na voz de Smiley, o qual contava que já estava em um dos esconderijos com o refém.
Ninguém se intrometeu quando Ran se dispôs a ir averiguar pessoalmente com Rindou, mesmo que algumas provocações ainda rolassem entre eles e Sanzu quando pegaram seus paletós sobre o sofá, os vestindo com feições satisfeitas, como se soubessem que ficaram sujas de sangue em poucos minutos.
A lembrança de quando [Nome] tocou sua luva manchada passou por ele, não sabendo o motivo dela ter ficado tão reticente e esquiva ao toque quando não demonstrou nenhum tipo de objeção ao tê-lo abraçando sua cintura.
Sua mudança de comportamento foi um pouco inesperada para Manjiro, e ele estava disposto a investigar mais a fundo, porque aquele flerte sobre sua tatuagem não passaria em vão.
- Agora que estamos sozinhos, podemos retomar ao assunto importante - Sanzu cortou o silêncio, se movendo para encher o copo vazio em mãos com mais do whisky aberto sobre a mesa de centro.
- Qual deles?
- Hoje eu e Mikey pegamos isso no apartamento de Kojirou - a foto saiu do bolso de seu terno, a virando na direção de Ken para que visse bem o rosto jovem de [Nome] gravado ali.
- Por que ele tinha isso? - indagou enquanto pegava a foto na mão, sentando no braço do sofá com um olhar questionador.
- De primeira, eu pensei que ele estivesse investigando o motivo dela estar na nossa gangue, mas depois de saber sobre essa amizade com Jin e Hirashi... Estou em dúvida.
A forma como Haruchiyo falou deixou implícito que havia mais ali, como se apenas aquela escassa explicação fosse o suficiente para revelar seus pensamentos. Mas Manjiro entendeu em segundos sua linha de raciocínio, e sua expressão ficou entre desagrado e raiva.
- Não faça essa cara, de alguma forma, [Nome] já está ligada a um traidor através disso aqui - Sanzu apontou com o copo de whisky na direção da foto que Ken segurava - o que seriam mais dois?
A conversa estava lentamente desgastando qualquer tipo de serenidade e quietude dentro do Sano, porque ter alguém colocando em palavras aquela ridícula situação o deixava em estado de irritação, contudo, a pergunta ainda permanecia e ele pensava se era mesmo possível [Nome] ter alguma relação com Shuji.
- Você está insinuando que ela, que passou quase seis anos longe do Japão, tem algo em comum com Hanma? - Manjiro começou, tentando dizer de forma civilizada o quanto não fazia sentido - Porque já sabemos que a ligação dela com Jin vem do período escolar.
- Se ela teve contato com eles, o que a impediria de também conhecer Hanma?
A vulnerabilidade da falta de conhecimento sobre ela fez a língua de Manjiro queimar, porque seria tolice afirmar que aquilo não poderia acontecer quando tinha chances de ser o contrário.
- Estamos mesmo considerando isso? - Ken indagou, massageando a têmpora.
- Estamos, Draken, porque precisamos saber se for possível.
- Possível o que? Ela ser espiã de Hanma?
- Não estou dizendo isso, mas eu nunca vi Jin, que mal suporta a própria família, demonstrando interesse público sobre antigos colegas da escola, e isso é no mínimo suspeito - Haruchiyo terminou suas suspeitas com um gole de sua bebida, parecendo quase aliviado por ter dito tudo o que queria.
A questão levantada poderia ser descrita como exaustiva, principalmente quando Manjiro não esperava que fizesse algum maldito sentido. Até mesmo Draken estava quieto, não veio nenhum murmúrio ou xingamento de sua boca, o que dificultava a leitura de seus pensamentos.
- Talvez devêssemos oficializar a entrada dela na Toman.
- Como? - o Sano perguntou a Sanzu logo depois, sentando no sofá novamente antes de apoiar os cotovelos nos joelhos.
- Se Jin ou Hanma tem algum interesse nela, só vamos saber se ficarmos de olho... - explicou, um meio sorriso presunçoso nascendo em seu rosto - De perto.
- Mas se tudo não passar de um erro, como vamos tirá-la disso sem que as consequências venham? - Draken ponderou, o encarando fixamente.
- Apesar de ser falso, nossos homens já sabem que ela fez parte da quinta divisão, além de ter sido vista publicamente com o Mikey. As consequências vão vir em pancadas menores se ela estiver realmente com a gente.
- Você não está considerando isso mesmo, não é, Mikey?
A pergunta de Ken veio um pouco longe dos sentidos do Sano, porque Haruchiyo certamente tinha um ponto e o usaria bem. A única complicação seria como iniciar aquele assunto com [Nome], desde que ela já havia deixado claro que não iria mais se envolver com a gangue, e insistir levantaria suspeitas desnecessárias na mesma hora.
Além de Takemichy, que teria uma lista de contras preparadas.
Isso só daria certo se eles entrassem em um acordo genuíno, um que a beneficiaria tanto quanto possível, e julgando o esforço que fez para procurar por Hidetaka, teve uma ideia que seria um tanto inteligente se fosse executada com cuidado.
Ela queria Sato, e Manjiro a ajudaria a ter.
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