𝑻𝒘𝒆𝒏𝒕𝒚 𝑭𝒊𝒗𝒆
A velocidade deixou o vento mais forte que o natural, e ele açoitou o rosto de [Nome] quando ela abaixou a janela o suficiente para olhar para fora, seus olhos arderam e ameaçaram lacrimejar, mas não piscou, não enquanto não distinguia quem estavam atrás deles dos outros carros na estrada.
Levou dois segundos para ter certeza que os quatro veículos mais próximos não estavam interessados em nada amigável.
Ela respirou fundo, fechando a janela assim que Manjiro acelerou, tudo ao redor era uma confusão de cores se movimentando em alta velocidade, misturas de faróis vermelhos que o Sano ultrapassava com apenas uma mão no volante, porque a outra tirava uma M16A1 de um compartimento embaixo do banco do motorista.
O que iria acontecer a atingiu quase como um tapa enquanto o via arrumar a arma nos dedos, entrando tão rápido em uma esquina que [Nome] teve que se apoiar no banco para ter estabilidade.
Sua mente se acendeu quando o carro foi alvejado pelas balas novamente, batendo nos vidros blindados e ricocheteando.
[Nome] não se importava nem um pouco sobre quem estava atacando o Sano e o motivo. Ela estava no carro com ele, e não deixaria que os atingissem tão profundamente a ponto de um acidente, ao inferno que iria deixá-los tentar.
Em um movimento rápido, mas preciso, ela pegou o fuzil das mãos de Manjiro, passando a faixa pelo pescoço enquanto os sons dos pneus raspavam mais alto no asfalto.
— Você não pode fazer os dois — disse assim que viu ele abrir a boca, provavelmente para reclamar ou dizer que poderia, sim, se quisesse, mas eles não tinham tempo para discutir planos no momento atual.
[Nome] ignorou tranquilamente quando Manjiro trincou o maxilar, tendo que desviar de um enorme caminhão na avenida, os cabelos loiros caindo ao redor de seu rosto enquanto fechava a mão no braço dela. Os olhos dela saíram da arma para encará-lo com as pálpebras cerradas.
— Melhor não — disse, a voz carregada de repreensão e seriedade, mais tiros cantando contra a BMW.
— Melhor você focar no trânsito e não capotar o carro, deixa a parte boa comigo — ela não pôde evitar o sorriso que saiu de seus lábios quando o Sano a olhou, mesmo que a situação a deixasse tensa de uma forma desconfortável.
E ela odiou aquela sensação.
— É automática — disse depois de segundos que pareceram horas, acenando a direção da arma enquanto apertava um botão no painel tecnológico do carro, o teto solar se abrindo acima da cabeça dela, o vento que entrou repentinamente movendo seus cabelos.
Ela tomou uma respiração curta e profunda, acalmando a respiração enquanto se posicionava, segurando o fuzil firmemente na mão enquanto ia subindo através da passagem, vendo um olhar hesitante no rosto de Manjiro antes de focar totalmente no que acontecia do lado de fora.
Quatro carros em formação atrás deles, correndo pela avenida como raios.
O oxigênio entrou como pequenas farpas nos pulmões dela, esfriando seu rosto e acariciando seu pescoço, a adrenalina lutando contra o frio para deixar seu corpo quente.
As mãos dela foram rápidas em arrumar o fuzil, sua mente acelerando tanto quanto Manjiro elevava a rapidez do veículo, a mira da arma apontando perfeitamente para o carro que estava à direita, todos eram pretos, do modelo Toyota Corolla, mas aquele estava arranhado.
Provavelmente já tinha visto dias melhores, e sua situação não iria melhorar agora.
A unha dela raspou do gatilho quando fechou um olho e afundou o dedo, não dando tempo para o homem que estava no banco do motorista recarregar a arma que estava em seu colo.
A sensação de perigo encheu os ossos dela quando as balas começaram a sair em uma sequência avassaladora, o barulho estalando em seus ouvidos sensíveis pela pressão do vento.
Manjiro pressionou o pé no acelerador no mesmo instante que o vidro frontal do Toyota estourou em mil pedaços brilhantes de vidro, o carro começando a ziguezaguear sem direção pela avenida.
Ela se deu um segundo para apreciar seu trabalho antes de sentir a mão do Sano segurar sua perna, fixando os dedos com certa força em sua pele, a satisfação quase indo embora quando notou que ele não estava totalmente focado no trânsito, qual ficava cada vez mais estreito a cada novo quilômetro rodado.
E ali estava ele, dirigindo somente com uma mão enquanto tinham três carros os perseguindo, com homens segurando armas de grande porte.
Um chiado de irritação e incredulidade escapou dela. Impossível.
Seus olhos piscaram quando voltou a realidade, vendo o carro girar e bater com agressividade na traseira de uma van estacionada em frente a uma loja de conveniências, ativando todos os alarmes ao redor.
As pessoas paravam ao longo da calçada, tão assustadas com o que acontecia que algumas não faziam nada além de ficarem petrificadas no meio fio, deixando sacolas caírem no chão
Eles aproveitaram que [Nome] havia parado de atirar para fazer seus próprios movimentos, apontando uma metralhadora em sua direção enquanto aceleravam para chegar mais próximo da BMW.
Ela se abaixou a tempo de se esquivar de uma saraivada de balas que cintilou em sua direção, passando tão próximas de si que um risinho animado e quase impressionado saiu de seus lábios rubros, ficando agachada entre os dois bancos enquanto segurava o apoio no teto do carro, tentando se estabilizar.
Seus olhos rolaram para cima quando um choque de eletricidade passou por si, arrepiando os cabelos de sua nuca, as balas voando acima do carro como uma chuva de ferro.
Os dedos de Manjiro apertaram sua coxa antes de deslizar para seu joelho, se afastando dela devagar. [Nome] olhou para ele com atenção quando o viu tocar na tela do painel, um olho na estrada e outro no que digitava.
Ela manteve a arma em mãos quando a rajada de balas parou, se preparando para subir novamente, tentando não pensar no que o Sano estava fazendo e colocando sua atenção nos outros carros que vinham atrás.
Três chances de brincar antes que pudesse sair daquela situação, já que não gostava de entrar em uma perseguição quando não era ela que estava perseguindo.
Os olhos dela ficaram afiados e atentos quando ouviu os sons tão característicos das viaturas da polícia enchendo seus ouvidos, se misturando com os outros ruídos e uma na outra.
— Esses filhos da puta — Manjiro resmungou, murmurando mais alguns xingamentos enquanto girava uma única mão no volante, se debruçando para pegar alguma coisa no compartimento do banco.
[Nome] apertou mais firmemente o apoio do teto, suas unhas raspando na palma da mão enquanto mordia sutilmente o lábio, o fuzil balançando enquanto o barulho de tiros soaram de novo, mas esses não foram destinados a eles.
A polícia provavelmente estava trocando ações gentis com os carros que seguiam ela e Manjiro. Talvez cortesia de propina, ou talvez não e a BMW fosse o próximo alvo.
O olhar dela encontrou o do Sano pelo espelho retrovisor, sua atenção descendo até o que ele tinha em mãos, um arrepio de animação e surpresa correndo por seus braços quando deixou o fuzil pendurado no pescoço, analisando o sorriso quase diabólico de Manjiro.
[Nome] não fez uma única pergunta ao pegar a granada das mãos firmes dele, apesar de o achar insano por aquilo.
Sem hesitar, mas também não foi um movimento impensado, não por impulso. Era, no mínimo, algo perigoso se envolver com o governo japonês. Eles não iriam deixar algo como aquilo passar tão tranquilamente.
Mas [Nome] estava em um carro que passava dos 150 km/h, com uma granada em mãos e um fuzil ao redor do pescoço.
Com Manjiro dirigindo como se estivesse em um jogo.
O que poderia ser mais perigoso e excitante que isso?
Ela tirou o pino da granada tão rápido que sequer piscou, a jogando através do teto solar com um movimento súbito. A mão de Manjiro a puxou para baixo no mesmo instante em que escutou a explosão retumbar em seus ouvidos, deixando um zumbido tão alto na mente dela que só percebeu que o Sano a estava puxando pela cintura quando sentiu a solidez da lateral de seu corpo.
Seu coração batia tão forte que quase tocava suas costelas, seu batimento cardíaco queimando sua pele enquanto tentava imaginar o que tinha acontecido com os carros.
Imaginando se tinha acertado em cheio ou não, se tinha ficado destroços, se o fogo havia se alastrado ou se fumaça subia pelo céu.
Faziam meses que ela não sentia seus nervos tão vivos, sua mente tão acessa com emoção. Parecia até um sentimento novo, mas era apenas seu lado indisciplinado e atroz aparecendo para dar um oi.
— Se segura, meu amor, vamos dar uma volta — ele disse com uma voz tão divertida que a fez duvidar da sanidade dele.
A mão dele se fechou na cintura dela, a puxando mais perto, e [Nome] só pôde apreciar a sensação de ter seu corpo em um pico de energia, deixando Manjiro dirigir por onde quisesse como se ali fosse seu parque de diversões particular.
Ele parecia saber onde estava cada esquina.
No momento, Manjiro parecia ser a única coisa sólida em meio aos borrões que passavam na janela, tendo uma expressão quase selvagem no rosto, apesar de uma certa seriedade no olhar.
Aquele era só outro dia comum na vida dele.
O que a impressionou não foi a habilidade que o Sano tinha ou sua precisão pilotando, e sim sua própria e total falta de senso, porque não se importava com o que ele estava fazendo, desde que ela continuasse sentindo seu sangue borbulhando.
Um xingamento baixo saiu dos lábios dela quando viu duas motos se aproximando, vindo de encontro com eles e a única coisa que ela conseguiu ver antes que eles passassem como jatos pela BMW foram fuzis de assalto.
[Nome] tentou ver o que iriam fazer, mas Manjiro a segurou no lugar, virando tão abruptamente em uma rua que seu corpo se chocou com o dele.
Naquelas circunstâncias, ele deveria tê-la empurrado para o outro banco, não a segurando como se ela fosse sair voando a qualquer momento.
A mente dela estava quase nublada, o coração mais pulsante quando portões foram vistos ao redor de um prédio alto e espelhado, tão alto que ela não teve tempo de ver seu fim antes de passarem pela passagem aberta, afundando as unhas no braço de Manjiro quando ele não parou.
As laterais do carro quase rasparam nos arbustos que ladeavam a parte frontal do prédio, vendo uma abertura subterrânea no final adornada por luzes neon, indicando uma passagem que ela pediu para ser extensa, porque o carro não pararia a tempo se não fosse, não com aquela velocidade.
A BMW entrou no estacionamento, Manjiro encheu o carro com um assobio alto de animação quando girou o volante, deixando o carro derrapar de repente, o fazendo ficar de lado no meio do corredor.
[Nome] não percebeu que estavam respirando tão profundamente até que o silêncio doesse em seus ouvidos, um chiado se misturando aos arfares de Manjiro, o vendo engolir em seco com um sorrisinho, a mão que estava no volante tremendo levemente.
De emoção ou apreensão, ela não sabia dizer, porque ainda tentava regular a própria respiração e acalmar o sangue.
— Você é maluca… — a voz ofegante dele veio junto de um meio riso que entorpeceu um pouco os sentidos dela.
— Como? — perguntou, o observando apoiar a cabeça no banco, a garganta oscilando, olhando para ela de lado com o mesmo sorriso irritante de sempre.
— Você sequer hesitou em sair pelo teto solar.
— É para isso que ele serve — ela respondeu, o observando antes de fechar os olhos por um momento.
— Não no meio de um tiroteio — a voz dele foi abaixando, se afastando um pouco do banco para olhá-la diretamente.
— Você estava dirigindo só com uma mão, não tem moral para falar de maluquice.
Ela devolveu, sem saber o que sentia em relação aos últimos acontecimentos, não sabendo como tinha um pouco de raiva em seu coração misturado com aquela euforia quente que fazia seu corpo vibrar.
— Eu sabia o que estava fazendo — as palavras de Manjiro vieram misturadas com um risinho e uma arrogância digna de sua imagem.
— Eu também.
— Mas eu não fiquei exposto do lado de fora — os dedos dele deslizaram em uma mecha do cabelo dela, a tirando da lateral de seu rosto — foi perigoso.
— Perigoso seria se você capotasse o carro — respondeu com certa ironia.
— Isso nunca vai acontecer… sou o melhor piloto de Tokyo — seu sorriso ficou mais arrogante, e ela sentiu a respiração pesada dele se misturar com a própria em resultado de sua aproximação.
— Não me importo. Você dividiu sua concentração em duas e quase tirou a minha.
A boca dele se abriu levemente, fazendo uma expressão dissimulada enquanto a escutava.
— Tirei sua concentração, amor? Diga que sim, por favor.
— Você não sabe o que está fazendo, Manjiro — ela disse calmamente, controlando o tom.
— Se isso significar que você vai continuar chamando meu nome assim, não preciso saber.
O rosto dele se inclinou um pouco para o lado, encarando os olhos dela como se esperasse alguma coisa, o braço deslizando pela cintura dela, não para puxar, mas como se quisesse mostrar que ainda estava ali.
— E agora você parece irritada — o Sano murmurou, fazendo parecer que era uma coisa boa — você fica com um ar impressionantemente perigoso quando está assim.
[Nome] não sabia dizer se era um insulto ou um elogio, mas pronunciadas com aquela expressão tão característica dele, só poderia ser uma provocação.
— Então não deveria me tentar.
— Como você pode ser tão ameaçadora e fascinante ao mesmo tempo? — seu tom foi um suspiro divertido, e por um único segundo, [Nome] achou ter visto outra cor misturada ao intenso preto dos olhos dele.
A situação poderia ser propícia para Manjiro, que participava de corridas com a mesma frequência que trocava de roupa.
Mas ela não imaginaria que ele fosse flertar com ela.
— Oh, parece que você quer me bater… — disse com certo entusiasmo, sorrindo de lado — ou me beijar?
— Se aproxime mais e não vai gostar do que eu vou fazer — ela evitou piscar, o ar ficou repentinamente abafado quando ele sorriu de lado, mordendo o lábio inferior, puxando o piercing enquanto a olhava com diversão.
— Está me dando um aviso? — a voz dele soou baixa, mas estavam tão perto que ela ouviria até mesmo o mínimo murmúrio vindo dele.
Os dedos dela se pressionaram ligeiramente na garganta dele, como uma reação automática, mas não se arrependeu quando viu sua expressão, quase como se estivesse gostando.
— Isso aflora minha imaginação — ele riu anasalado das próprias palavras, sua boca se abrindo levemente quando as unhas dela pressionaram sua pele.
[Nome] inclinou um pouco o rosto, pensando no quanto aquela noite estava sendo estranha e no quanto aquela situação era inesperada.
Não se passou nem por um segundo em sua cabeça que Manjiro deixasse alguém segurar seu pescoço daquela forma.
Não quando muitos pagariam caro para estar na posição dela, com as próprias mãos nele.
Era uma sensação… diferente, como se tivesse o controle da situação. E ela gostou do que sentiu.
— Não me olhe assim se não vai me beijar, ma chérie.
— É chérie — ela repetiu devagar, arrumando a pronúncia dele, que havia tremido um pouco, talvez pela situação ou pela emoção ainda presente — sua dicção em francês é tão ruim quanto seus flertes.
— Você é mesmo cruel… — o sorriso voltou ao rosto dele quando a olhou — que tal me ensinar, uh? Vou gostar muito disso.
— "pare de brincar" — falou de volta, quase em um sussurro enquanto via a confusão se instalar nos olhos dele, suas sobrancelhas se levantando sutilmente, mesmo que o sorriso arrogante permanecesse.
— Vai traduzir para mim, querida?
— Que tal fazer por merecer uma palavra minha?
— Me fale o que eu preciso fazer para ouvir suas palavras.
Os olhos dele pareciam anuviados, as pálpebras um pouco caídas, como se estivesse embriagado ou chapado, cedendo aos seus pensamentos mais intensos.
Ela só percebeu que estavam a um centímetro de distância quando começou a respirar o mesmo ar que ele.
Seu coração machucado estava palpitando para se dar mais tempo e entender a situação, algo no fundo de si querendo desconfiar das ações dele, mas sua consciência desligou por um momento quando sentiu os metais gelados dos piercings de Manjiro em sua boca, um contraste com os lábios quentes dele.
[Nome] saiu do transe quando o Sano se afastou, suspirando pesadamente enquanto encarava seus olhos, isso antes de senti-lo pressionando os lábios novamente, uma de suas mãos se embrenhando nos cabelos dela, tocando sua nuca para segurá-la mais perto assim que deslizou a língua contra sua boca, o gosto forte de whisky caro misturado com algo adocicado tomando sua mente.
O desejo pareceu tomar conta do corpo de [Nome] em instantes, movendo a língua contra a de Manjiro com intensidade, o sentindo inclinar a cabeça ligeiramente para o lado enquanto provava a boca dela com volúpia, como se quisesse fazer aquilo há muito tempo.
O beijo ficou mais profundo quando um suspiro escapou do Sano, sentindo a mão dele na parte superior de sua coxa, a puxando para mais perto e a acomodando sobre si, mantendo os dedos ali enquanto acariciavam e apertavam a perna dela.
Manjiro se afastou de sua boca enquanto puxava seu lábio inferior entre os dentes, deixando a respiração de [Nome] mais pesada enquanto descia os beijos pelo queixo dela, arrastando os lábios pelo início de sua garganta, sua mão livre subindo até a nuca dela para inclinar sua cabeça para trás, se dando mais espaço para beijar sua pele.
Os olhos de [Nome] cerraram, sentindo como se seu corpo estivesse carregado de êxtase e fosse entrar em ebulição ao mínimo toque, e os beijos selvagens de Manjiro em seu pescoço pareciam ser o que faltava para deixar sua mente em branco.
Os dentes dele se moveram sutilmente em sua clavícula, como se estivesse se contendo para não morder ou deixar sua língua marcar sua pele com um chupão.
Aquela constatação fez [Nome] subir a mão que estava na nuca de Manjiro para seus cabelos e encher os dedos com seus fios loiros, o puxando para trás e o afastando de seu pescoço para ver sua feição quase ofegante, o alto de suas maçãs do rosto coradas e a boca aberta, sentindo a respiração quente e com o leve toque de whisky atingir seu rosto a cada expiração que saia de sua boca como uma carícia.
— Você… gostou — Manjiro murmurou com a voz suave, seu timbre malicioso quase incrédulo.
[Nome] evitou alterar seu olhar, mesmo que ficasse difícil enquanto sentia o perfume dele impregnado em seu nariz, e quando notou ele se aproximando de novo, teve que puxar seus cabelos para trás com mais força.
— Você gostou mais do que vai admitir, não é?
— Não, eu não gostei nem um pouco — ela respondeu enquanto tentava soar séria, mas o que recebeu em troca foi um aperto firme em sua coxa.
— Vamos parar com isso, [Nome]... Você me quer — um sorriso presunçoso pintou os lábios dele, combinando com os resquícios do batom dela em sua boca — Só não sei porque fica me afastando.
— E eu vou continuar, não ache que vai conseguir alguma coisa só porque roubou um beijo — ela falou, firmando a mão nos cabelos de sua nuca enquanto puxava levemente.
— Meio contraditório falar isso quando está sentada no meu colo.
— Você me puxou — acusou, inclinando a cabeça com um olhar irritado.
— E você não resistiu nem um pouco. Está confortável, meu amor?
As mãos dele seguraram sua perna para puxá-la mais perto, dedilhando seu quadril e fazendo uma suave pressão em sua pele, e somente naquele momento [Nome] percebeu que estava, mesmo, sentada no colo dele, com os dois joelhos flexionados ao redor de seu quadril.
— Você é tão irritante — resmungou, mas via a evidente expressão de vitória no rosto do Sano.
— Eu posso até ser irritante, mas você está sendo uma péssima mentirosa agora… — ele rolou levemente os olhos — não adianta negar, você gosta de como eu te fiz sentir, e eu não estou falando só do beijo.
[Nome] escondeu a curiosidade e irritação por trás de uma fachada tranquila, querendo saber do que ele estava falando enquanto o via se inclinar um pouco para frente, mesmo que o punho dela ainda estivesse cheio com o cabelo loiro dele e os fios estivessem sendo puxados.
— Você é sorrateira, [Nome], você prefere fazer as coisas na surdina, não é?
— Isso é uma ofensa?
— É um fato... Você não está acostumada a ficar exposta assim, e o perigo te excitou — suas sobrancelhas se franziam levemente pela dor de ter os cabelos puxados — eu te excitei, não foi?
— Vai precisar de mais que isso para me excitar — ela respondeu com um dar de ombros, soltando seus cabelos enquanto erguia levemente o queixo.
— Não vai ser problema, amor… eu tenho muitas ideias para deixar seu corpo quente, sua mente girando de adrenalina — o timbre de foi caindo até sussurros enquanto subia os dedos pelas costelas dela, dedilhando o local abaixo de seu peito esquerdo, como se quisesse sentir seus batimentos cardíacos — vou fazer seu coração bater tão rápido que você só vai pensar em mim.
Aquelas palavras não soaram vazias, pareciam mais uma promessa feita no calor do momento, e [Nome] achou que a emoção afetou a cabeça de Manjiro de algum modo.
Naquele momento, ela soube que deveria estabelecer um limite entre eles se quisesse continuar com seus planos funcionando, contudo, a válvula de sua sensatez parecia estar fodidamente quebrada, não escutava mais aquela voz em sua consciência, a alertando do perigo que acompanhava Manjiro.
Não veio quando o deixou comandar a direção do carro, e também não estava vindo naquele momento.
[Nome] foi tirada tão bruscamente de seus pensamentos que teve que piscar para se situar, escutando o barulho estrondoso de escapamento de motos e pneus raspando no chão, o som de vozes altas e animadas apenas um bônus para deixá-la ainda mais confusa.
Bastou um segundo para ela tatear o fuzil no banco, ficando em alerta quando viu duas motos girando ao redor da BMW, fazendo fumaça escapar das rodas traseiras como se estivessem em uma apresentação de acrobacias.
Ela apertou os olhos em quase irritação quando viu Sanzu dirigindo uma das motocicletas, uma mão na direção e outra segurando um fuzil de assalto com um Draken não muito divertido na garupa.
A outra moto derrapou na lateral do carro, ela virou o rosto para o lado para tentar enxergar quem era, mas sentiu os dedos de Manjiro segurando a base de sua nuca no mesmo instante em que a respiração dele tocou seu ouvido.
— Mantenha seus olhos em mim, amor.
[Nome] voltou a olhar para ele com uma sobrancelha arqueada, envolvendo o pescoço dele com os dedos enquanto o afastava para trás, observando a expressão dele ficar ainda mais intolerável, como se tivesse feito ela reagir exatamente da forma que queria.
O homem que dirigia, qual usava um terno perfeitamente bem arrumado e um falso sorriso simpático, se inclinou para dar duas suaves batidas na janela de Manjiro, quase como um cumprimento.
[Nome] foi pega de surpresa quando o Sano acelerou o carro, deslizando para frente e a fazendo se pressionar nele pelo movimento repentino.
— Eu mato mais dois ainda hoje — resmungou com uma leve carranca.
Não esperou que Manjiro decidisse dar outra volta pela cidade antes de deslizar para longe de seu colo, se afastando do — infelizmente — delicioso aroma de seu perfume enquanto voltava a sentar no banco do carona.
— Não ache que escapou da nossa conversa, [Nome], vamos terminar ela em breve — Manjiro falou enquanto liberava as travas do carro e tirava a chave da ignição.
— Esse assunto não é importante para merecer uma conversa — respondeu enquanto abria a porta, arrumando os pés nos saltos.
— Você que pensa, querida.
[Nome] se absteve de responder e receber algum comentário sarcástico da parte dele, passando uma mão nos cabelos, aliviada por ter saído daquele carro.
Ar fresco. Precisava de ar fresco.
Tinha entrado em um carro em alta velocidade novamente. E não teve medo.
A atenção dela se voltou a Manjiro quando ele se moveu para ficar perto dela na BMW, e [Nome] juntou todas as forças para não pensar que parte daquilo veio por conta dele — sua confiança ilimitada e charme irritante haviam ultrapassado suas lembranças ruins.
[Nome] estaria tão ferrada se não tomasse o controle da situação.
— Humph, o chefinho ainda tem um humor adorável, Rindou — o homem que havia batido na porta — qual tinha os cabelos bem penteados para o lado com alguns fios roxos se destacando — disse.
— Sem brincadeiras, Ran — o outro, ainda montado na moto, o repreendeu de forma sutil.
[Nome] se forçou a prestar atenção nas ações, cruzando os braços sobre os seios ao analisar os dois, notando a forma como Rindou passou uma mão em uma das mechas longas de seus cabelos de um tom profundo de lilás, exibindo anéis em seus dedos e um brilho entediado no olhar.
— Vocês falam como se tivessem acabado de voltar de férias.
Não precisou fingir desconfiança ao ver Sanzu se aproximar com um tom frívolo, o qual não combinava com sua expressão quase divertida, e só então ela notou os cabelos rosados dele.
— Foi quase isso — Ran maneou uma mão, não dando atenção.
— Bom saber — Draken murmurou com uma carranca enquanto se apoiava na lateral da moto.
— Não leve tudo ao pé da letra, Draken, era só uma brincadeira — Ran estendeu um sorriso preguiçoso no rosto.
— Vamos focar no que está acontecendo agora — Ken suspirou fundo, como se estivesse tentando se acalmar.
Todos os quatro pares de olhos de cores e emoções distintas se voltaram para ela e Manjiro, alguns quase curiosos — como Ken e Ran — Sanzu com o mesmo aborrecimento enquanto a encarava e Rindou, que parecia querer estar em qualquer lugar que não ali.
O Sano deu de ombros sutil e petulantemente, colocando as mãos na calça social como se não tivesse nada a declarar.
— Seus putos, eu não sei nem por onde começar — Mitsuya disse enquanto saia do elevador no fundo do estacionamento com as sobrancelhas franzidas enquanto esfregava uma mão no pescoço.
— Começar o quê? — Draken perguntou, dando um leve chute no pedal da moto para que ela ficasse em pé sozinha.
— Com a montanha de problemas se acumulando, esse prédio está um inferno — Mitsuya respondeu enquanto cruzava os braços sobre a camisa de manga longa, os músculos tensos por baixo — você escolheu uma péssima hora para brincar de corrida, Mikey.
— Eu não planejei nada.
— De que tipo de problemas estamos falando aqui? — Sanzu se pronunciou.
— Querem que eu liste por ordem de chegada ou por importância? — a voz de Mitsuya soou como algo entre falsa simpatia e cansaço.
— Ótimo… — Ken passou uma mão na lateral da cabeça com um suspiro irritado, fechando os olhos — vamos ver o que fazemos, então.
[Nome] teve um leve arrepio de autoconsciência quando decidiu que já havia passado da hora de ir embora. Sem mais conversas essa noite, sem mais coisas que pudessem piorar seu humor ou deixá-la confusa.
Seus olhos vagaram pelo carro quando abriu a porta do passageiro, procurando seu celular enquanto pedia internamente para ainda ter o número do táxi, e foi a primeira coisa que fez quando pegou sua bolsa, clicando na tela para desbloqueá-lo.
— Hisao vai te deixar em casa — ela viu os dedos de Manjiro abaixando sutilmente o celular dela antes de ouvir sua voz, então fez uma leve careta, movendo o aparelho para longe dele — ainda está arisca comigo? Tudo bem, eu sabia que não ia ser fácil.
— Quem é Hisao? — perguntou, ignorando o restante de suas palavras.
— Meu motorista — disse, inclinando a cabeça com uma expressão de confiança — vamos, não recuse.
[Nome] guardou o celular depois de alguns segundos. A possibilidade de recusar sequer passou por sua cabeça. Claro, se fosse em algum dia comum, ela provavelmente desconfiaria, mas estava casada e não ia ficar relutando quando só queria voltar ao seu quarto temporário.
E se ir com o motorista dele fosse a rota mais rápida, não se importava.
— Eu vou te ligar, e dessa vez, não deixe cair na caixa postal — Manjiro respondeu quando levou o silêncio dela como uma confirmação, se aproximando um passo.
— Achei que fosse mais seu estilo aparecer de surpresa.
— Isso é um convite?
— Você nunca precisa de um para fazer o que quer — deu de ombros, notando que os outros não estavam mais no estacionamento quando viu uma Mitsubishi ASX branca se aproximar, os faróis acesos quando um motorista vestido de terno e luvas pretas saiu.
— Está aprendendo rápido, querida.
[Nome] virou quando ele se aproximou mais, não precisando pensar muito para saber que Manjiro provavelmente iria fazer outra investida, escolhendo andar até onde o motorista estava esperando com as mãos atrás do corpo.
— Boa noite, senhorita, meu nome é Hisao e vou levá-la até a casa do senhor Takemichi — ele se apresentou quando estavam próximos, então se moveu para abrir a porta traseira para ela.
— Obrigada — agradeceu com um mínimo sorriso, segurando a barra do vestido para sentar no banco, tentando ficar o mais confortável possível depois que ele fechou a porta e sentou na frente dela.
— Quer que eu abra as janelas? — perguntou quando ligou o carro, arrumando as marchas enquanto manobrava o carro para fora do estacionamento, e [Nome] evitou olhar para trás.
— Sim, por favor — ele acenou pelo retrovisor antes das janelas irem baixando aos poucos, deixando uma brisa suave e calma bagunçar alguns fios de seu cabelo.
Uma sensação tão diferente daquela de antes que sua cabeça quase latejou.
Não foi uma luta grande manter a atenção fixa em algo, na rua ou nos movimentos de Hisao, o difícil foi fazer sua mente não girar a cada parada que parecia interminável, ainda sentindo a emoção vívida no corpo ou o toque dos lábios de Manjiro em seu pescoço.
Ela batucou as unhas na bolsa antes de senti-la vibrando em seu colo, abrindo o zíper para ver quem estava ligando, mas seus olhos se estreitaram ao ver as inúmeras mensagens de Takemichi e Deus sabia quantas ligações.
— Oi — disse assim que atendeu a ligação dele, se apoiando no banco.
— Oi?! O que aconteceu, [Nome]? Como você foi parar numa coisa dessas com Manjiro?! — ele perguntou com a voz quase estressada, os olhos dela rolaram para trás.
— Acho que aconteceu exatamente como lhe contaram — o ouviu suspirando, e quase conseguia o imaginar roendo as unhas.
— E como você está? Você está bem? Por que você parece tão calma? — a enxurrada de perguntas a fez ter certeza de que muitas outras a esperariam quando chegasse em casa.
— Eu preciso desligar agora, mas já estou chegando — respondeu, passando uma mão na têmpora.
— Certo, vamos conversar assim que você chegar, estou esperando.
Ah, não, docinho, não hoje.
Mesmo quando pensou aquilo, [Nome] ainda disse uma despedida para ele, apertando um pouco o celular na mão depois de desligar, imaginando toda a euforia dele e como o bom humor que ela não tinha iria acabar imediatamente.
Ela teria que lidar com Takemichi o quanto antes, porque não queria nada mais que chegar em casa e beber um gole de whisky.
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