𝑻𝒉𝒓𝒆𝒆
O tempo estava começando a esfriar do lado de fora da casa, e com a maquiagem e os cabelos prontos [Nome] se virou aos vários cabides pendurados na sua frente, observando as roupas que tinha, a garota pensava no que vestiria.
Graças aos céus, o final de semana chegou em um piscar de olhos, e [Nome] queria apenas passar a noite em um lugar agitado, com um copo nas mãos e a mente ocupada na música alta.
Ela passou as pontas dos dedos pelos vestidos, pensando em usar uma saia ou um short, mas seus olhos pararam em um dos vestidos que comprara com Naomi, ele era de um tom de preto e curto, as alças eram finas e o decote era grande o suficiente.
[Nome] o puxou do cabide antes que mudasse de idéia, os olhos dela parando na parte detrás do guarda-roupa, depois ao vestido. A parte debaixo da roupa era colada demais, e ela conseguia dar um jeito, mas...
Era apenas uma noite.
Em segundos [Nome] estava subindo ele pelas pernas, arrumando a fenda na lateral da perna, seria ele, então.
A garota escolheu um dos saltos de plataforma baixo que comprou no shopping, ela não gostaria de ter que fazer esforço para se equilibrar sobre um salto quinze.
Levou apenas minutos para que ela estivesse pronta e cheirosa, mascando um chiclete de menta do lado de fora da casa, os lábios se curvando em um sorriso quando Naomi despontara na esquina.
A amiga parou o carro, e [Nome] entrou em poucos passos, ansiosa demais para esperar, ela reparou na saia rosa claro dela, nos lábios cheios brilhando com o gloss.
— Graças a Deus, não aguentava mais ficar em casa. — ela arrumou os cabelos escuros pelo espelho retrovisor.
— Como se você tivesse ficado em casa a semana toda. — a garota retrucou Naomi, o carro já entrando nas ruas principais, com uma rapidez que comprovava o que ela dissera.
— Claro que fiquei! Estou tentando escolher uma faculdade... Mas é tão difícil escolher uma. — suspirou.
— Não me fale de "faculdade" hoje. — [Nome] pegou o celular, olhando as redes sociais.
— Também não é o primeiro assunto que eu escolheria. — deu de ombros, acelerando.
☾︎
O bar ficava próximos as ruas menos movimentadas, a fachada era linda e organizada, com duas filas, uma para entrar e outra para sair, ela olhou o horário passando de leve a língua nos lábios, eram nove horas, tinha a madrugada toda para aproveitar, e o dia seguinte para se arrepender.
Assim como Naomi dissera, não era cheio o suficiente para ser irritante, mas tinha pessoas o suficiente para encher o lugar. As luzes coloridas brilhavam acima da cabeça dela, mudando de cor, girando.
O DJ animava mais a multidão, os fazendo dançar e girar como loucos, [Nome] logo estaria no meio delas. Mas Naomi segurou a mão da amiga, sussurrando que no local não haviam repartições, então poderiam ficar onde quisessem.
E mesmo assim, ela quis subir até a parte de cima, puxando [Nome] consigo.
— Eu marquei com aquele cara aqui em cima, sabe, para ficar mais fácil de achar ele.
Ela sussurrou sorrindo, fazendo referência a um dos garotos que falou sobre, a jovem apenas assentiu, como se lembrasse qual deles era, reparando na decoração da escada, o vidro transparente mudando de cor junto com as luzes.
A parte de cima estava mais vazia que a debaixo, mesmo sem as repartições, e a primeira coisa que [Nome] notara quando chegou ao final das escadas não foi nas paredes escuras ou nas pessoas jogadas nos sofás espalhados pela área, mas no cheiro da maconha e do cigarro.
— Vamos pegar uma bebida primeiro, preciso me animar. — Naomi tocou seu braço de leve, indicando o bar.
[Nome] não precisava de uma bebida para se animar, desde que já havia bebido alguns copinhos de vodka antes de sair, ela estava simplesmente prontíssima para se enfiar no meio daquelas pessoas, e sair apenas quando sua boca estivesse pedindo outra bebida.
Mas um shot a mais não era nada.
A morena pediu duas doses, as duas não tardaram em virar o copo, [Nome] sorriu enquanto sentia o álcool descendo rasgando pela garganta. A jovem se virou para onde a dança estava mais concentrada, mas Naomi ficou no mesmo lugar, mexendo no celular.
— Tá conversando com quem? — se aproximou, tentando ver a conversa dela.
— Com o cara, ele disse que vai se atrasar um pouco. — disse de volta, mas ela não estava nem um pouco triste.
— Que pena. — falou divertida, as duas sorriram juntas.
Não demorou até [Nome] estar dançando com um cara que nunca vira, então estava se movimentando no ritmo de uma música com Naomi.
O DJ trocava de música com uma rapidez que não deixava [Nome] respirar antes de voltar a dançar, e a garota nem percebeu que não estava mais com a amiga, ela mexeu os quadris devagar, esperando o refrão da melodia, as mãos ondulando o corpo, e ficou com vontade de beber o líquido roxo que estava na mão de um cara que dançava com ela.
Ela não esperou a música acabar antes de ir pegar a sua própria, suada, ela pediu a bebida colorida que estavam tomando, sem saber o que era.
O barman a entregou, [Nome] passou a língua nos lábios quando deu um gole, gritando junto com os outros o refrão, virando metade dela depois.
O corpo dela estava tão leve, o gosto do álcool e do leve doce na ponta da língua estavam tão vívidos, e era tão bom sentir o peso daquela semana sumir das suas costas enquanto voltava a pista de dança, a mente começando a ficar turva e tão limpa ao mesmo tempo. Mesmo que algumas sensações se recusassem a ir embora.
As luzes girando e mudando de cor, ela sorriu, bebendo mais um pouco. Buss It, de Erica Banks começou a tocar, e ela via os olhares que os caras ao redor dela lançavam, sentia, mas apenas continuou dançando, eles com certeza não chamaram a atenção dela.
As pessoas ficavam e fumavam pela pista, [Nome] virava o copo de pouco em pouco, querendo que a bebida durasse mais. Mas logo sentiu um incomodo nos pés, e ela torceu para que não fossem calos, aquele sapato fora caro demais para fazer aquilo com ela.
Ela levou o copo a boca, ficando irritada quando percebeu que o que tinha mal valia por um gole. A garota decidiu passar no banheiro e depois pegar outra bebida, uma mais forte, dessa vez.
A visão dela estava embaçada, mas aquilo não a impediu de achar os banheiros, vendo que alguns caras ainda a encarava enquanto andava, ela apenas sorriu divertida.
[Nome] afrouxou as amarras do salto prateado assim que entrou no banheiro, vendo a linha vermelha ao redor dos calcanhares começando a formar bolhas. Ela estalou a língua se virando ao espelho, as luzes variando de um roxo claro ao rosa combinavam com as paredes pintadas de magenta, esperava que não fizessem calos.
Apenas depois de passar as mãos no rosto ela lembrou da maquiagem.
— Caralho.
Reclamou, fixando a visão no próprio reflexo ela avaliou a maquiagem, a sombra não estava escura o suficiente para esconder o delineador, e apenas um pouco do batom estava borrado. Ela retocou a cor vermelha da boca com cuidado para não borrar mais antes de entrar na cabine, e segundos depois escutou alguém entrar no banheiro, soluçando.
Por que em todo banheiro de bar tinha alguém chorando?
Daisy, de Ashnikko, tocava quando saiu da cabine, vendo uma garota loira encostada na pia, as mãos cobriam os olhos, mas ela logo as tirou quando escutou os passos de alguém, percebendo que não estava sozinha.
A desconhecida virou de costas, o vestido brilhou quando o fez, limpando as lágrimas dos olhos castanhos claros, [Nome] se dirigiu a pia do lado, se encostando nela enquanto lavava as mãos.
— O que que aconteceu? É homem? — [Nome] perguntou a garota loira sem um pingo de vergonha.
A menina levou os olhos vermelhos a ela, e achou que fosse ficar no vácuo, mas a resposta veio com a voz rouca dela misturada com soluços.
— É... — respondeu, encarando o próprio reflexo no espelho, começando a limpar o pouco de rímel que borrou.
— O que que ele fez?
[Nome] achou que estava sendo intrometida demais, como as vezes acabava sendo, mas a loira apenas apertou as mãos sobre a pia, mordendo o lábio inferior.
— Não precisa me dizer, nem me conhece. — ela riu, um pouco sem graça, secando as mãos. — mas não fique chorando por homem, pode acabar borrando sua maquiagem, que por sinal, está linda.
A jovem encarou a loira pelo espelho, o colar no pescoço dela brilhou quando tentou suprimir um soluço.
— Obrigada... — suspirou, deixando um mínimo sorriso escapar, [Nome] encarou ela e a porta antes de perguntar:
— Veio com ele? — perguntou, a loira estalou a língua no céu da boca, com um olhar irritado, como se não tivesse acabado de chorar.
— Meu irmão também veio. — [Nome] se aproximou o suficiente para atrair a atenção dela novamente, que parecia se prender nos antigos acontecimentos.
— Se não quiser voltar para lá, pode passar a noite comigo.
Disse, já que a maioria das garotas encerravam suas noites por causa de homens, mas a desconhecida cerrou os olhos em sua direção, a jovem sorriu diante a feição confusa da loira.
— Está flertando comigo? — indagou, [Nome] deu uma segunda olhada na garota, e a loira balançou a cabeça. — tudo bem, não responda.
[Nome] gargalhou, e a desconhecida a acompanhou com um riso um pouco mais fraco.
— Meu nome é Emma. — sorriu, e foi retribuída.
— [Nome], e então, vamo?
Ela se dirigiu a porta, e Emma a seguiu, o bar parecia mais cheio que antes, a fumaça de maconha também havia aumentado. Os olhos dela passaram pela multidão, procurando Naomi.
Mas não achava a morena em canto algum, talvez o cara que ela estivesse esperando já tivesse chegado e os dois estavam em algum lugar escondido do local, ou em outro lugar.
[Nome] desistiu de procurar segundos após ter começado, se voltando ao bar, Emma acompanhou sem reclamar, talvez também precisasse de uma bebida.
Ela pediu duas vodkas, o barman começou a preparar as bebidas e [Nome] se encostou na bancada, tentando achar apoio em alguma coisa.
— Você veio sozinha? — Emma perguntou, a garota não demorou para beber assim que pegou o copo.
— Vim com uma amiga, que deve tá pegando alguém em algum canto. — Emma riu, mas logo se aproximou dela.
— Não conte a ela sobre o banheiro, nem a ninguém, tá? — disse, ela fez um joinha com a mão, a boca estava ocupada bebendo. — ah! Me passa seu contato.
[Nome] viu a loira pegar o celular e digitar enquanto ela falava o número, pegando o aparelho dentro da bolsa preta na lateral do corpo, respondendo o 'oii' que Emma mandara, ela ignorou o garoto que estava no vácuo desde a última aula, franzindo as sobrancelhas para ele antes de guardar o celular de novo.
— Ei, seu irmão é bonito? — Indagou, se lembrando da conversa no banheiro, Emma olhou em volta, parando nos sofás mais afastados.
— Por quê?
— Curiosidade, sabe... — um sorriso malicioso desenhou os lábios vermelhos dela devagar, já envoltos no copo, bebeu o resto do líquido antes de empurrá-lo na direção do barman.
— As meninas dizem que sim, mas ele não tem nada de especial. — a loira revirou os olhos.
— Você e Naomi vão se dar super bem.
As duas começaram a conversar, a garota não sabia por quanto tempo, mas fora o suficiente para acabarem com mais três copos de uma batida e outra de whisky, Emma disse que o cara que ela estava triste não era seu namorado, e achava que talvez aquele fosse o problema deles.
Entre goles e copos, [Nome] disse em tom sério que não queria mais ver a loira chorando por homem novamente, as bochechas de Emma coraram, pelo menos não ficara brava pela ousadia da garota, elas se conheciam por apenas horas.
— Onde caralhos você estava? — escutando a voz de Naomi, ela se virou a mulher de cabelos negros.
— Onde você tava? — Naomi pediu uma bebida, se virando as duas.
— Procurei você e- ah, oi!
Se interrompeu quando percebeu a loira ao lado de [Nome], sorrindo, elas se apresentaram.
— Essa doida some e eu tenho que ficar atrás. — disse a Emma.
— Você que sumiu... — suspirou, terminando de beber o líquido em um gole, sentindo a cabeça girar.
— Ela é chata... — a morena revirou os olhos.
— Tava com o cara lá? — indagou, mal sentindo as pernas.
— Não, tava com outro. — deu de ombros, pegando a bebida nas mãos, se virou a loira. — você tá aqui sozinha?
— Bem, agora eu não tô mais. — Emma girou o copo, e [Nome] percebeu que ela não queria falar mais que isso.
Naomi se sentou em uma das banquetas, falando sobre algo com Emma, mas [Nome] empurrou o copo na bancada.
— Eu vou para pista, vão ficar aqui? — a visão estava um pouco lenta, mas conseguiu encarar as duas.
— Ah, eu dispenso, achei um cara lindo ali, vou só beber uma e já volto, querem ir comigo? Quem sabe ele não tem um amigo gatinho.
A pista parecia mais interessante para [Nome] naquele momento.
— Quero ir não, valeu. — Emma disse.
— Também não, mas aproveite sua noite, porque eu acabei de perder meu transporte. — falou, se lembrando que viera com a amiga, e teria que pagar um táxi quando fosse voltar para casa.
— Tenho certeza que você encontra outra carona. — a morena disse, sugestiva demais.
— Pode deixar!
A jovem disse, puxando Emma até a pista de dança, Naomi gritou um xingamento que [Nome] não se preocupou em escutar, a loira ao lado dela riu das duas.
— Você pode voltar comigo, meu irmão te leva. — falou rente os ouvidos da jovem.
— Seu irmão, é? — [Nome] se espremeu no meio das pessoas.
— É, ele veio sozinho.
— E quem garante que ele vai voltar sozinho?
— Ah não, ele veio de moto. — ela arqueou uma das sombrancelhas, a loira riu divertida. - e ele não deixa mulheres andarem nela.
— E se ele não quiser me levar? — a outra pareceu pensar, mas logo descartou a ideia.
— Eu dou um jeitinho.
Emma sorriu, acompanhando a nova amiga, mas ela não se preocupava com como voltaria para casa, veria aquilo depois.
Tudo parecia um estrondo só, as vozes e a melodia, as luzes uma só cor, e uma mistura de um vazio sem fim e aquele mesmo estrondo na própria cabeça.
Queria apenas dançar e aproveitar enquanto podia. Ela girou, a cintura se movendo junto com a música, Emma acompanhava ao lado dela, e [Nome] percebeu que a loira sorria enquanto o fazia.
Com os belos olhos fixados nas luzes coloridas, [Nome] xingou alto, estava tentando não ligar para o fato dos seus pés estarem doendo como o inferno, mas a cada pequeno movimento que fazia, eles latejavam.
A garota avisou a Emma que sairia um pouco, e recebendo um certo dela se dirigiu ao bar decidida a dar um jeito naquilo, nem que passasse o resto da noite descalça.
Se encostando no balcão, ela avaliou os calcanhares, a pele já estava descascada e vermelha o suficiente para ver a segunda pele.
Talvez beber até esquecer da dor no corpo fosse uma boa opção.
Mas olhos dela embaçaram, e o resto da sua consciência dizia para ela voltar para casa enquanto conseguia andar, [Nome] não andara muito naquela parte de Tokyo, então não seria uma boa ideia voltar para casa de táxi e bêbada.
Testando os pés, ela não ligou para a pinicação insistente enquanto refazia o caminho até às escadas, só precisaria aguentar mais um pouco. Mas sua atenção foi até um grupo de homens que estavam atravessando a multidão.
Ela puxou rápido da memória se os conhecia, e quando se lembrou, o cara já olhava para ela, e pela feição de ódio que fizera, ele também lembrava dela.
[Nome] se emaranhou na multidão, com nenhuma paciência e preparo para brigas naquele momento.
Talvez eles estivessem atrás dela, a jovem não fora muito delicada na saída do aeroporto, mas os ossos foram, e ela se lembrava que eles se quebraram com uma facilidade venenosa e impressionante.
Os pés pararam no começo das escadas, a garota olhou para trás, achando eles empurrando e andando rápido até ela, é, eles não perdoariam alguns socos e fraturas.
Ela segurou o corrimão gelado, apressando os passos, mesmo bêbada ela conseguia fazê-lo com uma maestria impressionante.
[Nome] estalou a língua no céu da boca assim que viu uma pessoa subir as escadas, ela andava irritantemente devagar, com as mãos nos bolsos da calça escura e a cabeça baixa, como se outras pessoas não precisassem usá-la também.
E como ela pensava, a pessoa não desviou dela, como se [Nome] já fosse o fazer e sair de sua frente. Ótimo, ela não se sentiu nenhum pouco culpada quando sem querer, seus ombros trombaram.
Ela não perderia tempo, não iria deixar aqueles idiotas do caralho estragarem sua noite, talvez desse a devida atenção a eles se os encontrasse novamente, mas não naquele dia.
Foi rápido demais quando a seguraram pelo braço, a impedindo de continuar, [Nome] olhou para trás na mesma velocidade, vendo a pessoa que trombara segundos atrás um degrau acima dela, com a mão fechada ao redor de seu braço, apertando.
Em um segundo ela apenas percebeu que era um homem, com olhos escuros e um emaranhado de mechas de cabelo que pareciam ser claros. A encarando e a mantendo no mesmo lugar.
Sem pensar muito, ela puxou seu braço para baixo com força, as mãos dele se soltaram quase instantâneamente, mas não foi rápido o suficiente, e o puxão que [Nome] dera foi o suficiente para desestabilizá-lo sobre os degraus.
As mãos dele se seguraram no corrimão procurando algum apoio, e ela percebeu o corpo dele sem sustentação alguma antes de voltar a descer as escadas, não ficaria para ver se ele cairia ou não.
[Nome] sumiu na esquina da escada de vidro, se espremendo no meio das pessoas com uma agilidade impressionante.
O vento do lado de fora a cumprimentou assim que pussera os pés para fora do bar, ela se permitiu um minuto para parar, tirar os saltos e voltar a correr, sinalizando para o primeiro táxi que apareceu na rua, que por pura sorte, estava vazio.
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