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𝑻𝒉𝒊𝒓𝒕𝒚 𝑻𝒉𝒓𝒆𝒆

Qualquer coisa que fosse dizer morreu em sua boca antes que saísse. Sua determinação afundou no oceano escuro que eram as íris de Manjiro.

[Nome] deixou que a alegação tomasse conta de seus sentidos. Minha responsabilidade. Dele. A tranquilidade com que falava coisas desse tipo nunca iria deixar de surpreendê-la. A falta de zombaria tocou uma parte debilitada de sua confiança. Não foi dito como se ela fosse sua propriedade, e ainda, pertencesse a ele.

Seria muito mais fácil se o Sano vestisse todos os insultos que pensava. Se não passasse de um canalha, perdido na própria ganância, sem se importar com nada que não seus próprios objetivos. Por que a confundia? A fazendo achar que poderia ter um aliado digno, que confiar não era um monstro que a devoraria na primeira chance.

[Nome] estava procurando evidências onde não havia. Desde que chegou, deixou os ouvidos mais atentos que os de uma puma, sempre disposta a retalhar se achasse necessário. E não precisava. O questionamento que ficava era quando precisaria, sua agonia assemelhava-se a um barbante esticado no limite de estourar.

- Talvez eu vá e não volte. - afirmou, o sorriso charmoso dele fez um calor nascer em seu peito.

- Você voltou uma vez, vai voltar na próxima. - a ameaça velada pareceu doce, acolhedora. - O mundo não é tão grande quanto você acha. Te perdi de vista uma vez, não vai acontecer de novo.

De uma coisa não conseguiu duvidar - a certeza em seu tom, o conhecimento de que ele iria até o fim do mundo por suas conquistas.

Quantas coisas ela não fez, e continuaria fazendo por suas metas? Meses atrás, retornar a seu país natal era uma situação que existia em seus pensamentos mais alucinantes. Nos dias em que sentava na varanda de seu apartamento com uma vista impecável e dolorosa da torre Eiffel, queimando cigarros e secando garrafas com a mesma frequência que olhava para o céu e murmurava as ambições mais frias de sua alma.

Lutava por todos eles a cada respiração. E Manjiro fazia mesmo. O que a assustava era que ela parecia ser seu atual propósito.

- Às vezes acho que você é louco. - uma serenidade desconhecida tomou seu rosto, e o pequeno escorregão em sua resistência apenas aumentou a artimanha dele.

- Sensatez nem sempre é bom na vida que levamos. - a densidade quebrava a tensão e a reconstruía, ameaçando desfazer sua contenção. - E minha falta de lucidez te excita, já tive um gostinho disso.

- Eu deveria ter deixado aquela granada cair no seu colo.

- Iria explodir você também.

- O risco valeria a pena.

Ele riu, o som estranhamente agradável. Espontâneo de uma forma que ameaçou deixá-la confusa e deslocada por presenciar isso. Líderes de gangues deveriam ter uma imagem a zelar, não agir tão... ingênua e despretensiosamente.

- Você é pior que eu.

- Agradeço o elogio. - seus olhos rolaram com a fala irônica, virando-se em direção a porta de entrada, precisando se reorganizar.

Se achara que os acontecimentos foram muito rápidos nas últimas horas, o que dizer da pressão dos sentimentos transbordando em si?

Sua balança moral estava vergonhosamente pendendo para o lado dele. Por ter ouvido e investido em seu palpite sobre as ilhas. Por não estar julgando seus atos, mesmo sem saber nada no que dizia respeito. [Nome] quis ter tido aquela compreensão vinda de Takemichi. E a recebeu da pessoa mais inesperada possível.

- Onde vai? - indagando, ele a alcançou rapidamente.

- Sair. - seu dedo pressionou a maçaneta para baixo, completando antes que conseguisse se conter. - O clima não está muito favorável para mim, se ainda não notou.

As sobrancelhas loiras franziram levemente em entendimento.

- Ele só está preocupado.

- É falta de confiança, não preocupação.

- Parece ser mútuo.

A resposta foi uma afronta. [Nome] não deveria se levar pelas provocações. Era uma adulta racional, precisava apenas seguir seu caminho e não retrucar. Mas como ele ousava se fazer parecer que entendia alguma coisa do que acontecia?

- Takemichi escondeu coisas de mim também, e não me vi dando chilique por isso.

- Não é a mesma coisa. Ele está envolvido há muito tempo, e você... - Manjiro cortou sua fala brevemente, procurando como continuar. - Você não passa de uma adolescente comum para ele.

- Isso não justifica. - inclinando-se, ela observou como suas pálpebras se afastaram apenas o suficiente para demonstrar sua surpresa pela proximidade. - Não suporto a ideia dele se machucar depois de deixar que entre demais na minha vida.

Foi como um nó afrouxando verbalizar o motivo de sua resignação, uma parte de si que não via luz do sol há eras surgindo.

- Seria diferente se ele se machucasse por mim. Não preciso disso pendendo na minha conta.

Dessa vez, [Nome] esperou uma réplica do Sano, buscando qualquer uma de suas piadinhas. Entretanto, quase como se dando por vencido, ele considerou com um movimento suave dos ombros.

- Vou supor que você me afasta pelo mesmo motivo, querida.

- Eu não te afasto, Manjiro. - uma mentira genuína. E negaria o quanto fosse necessário.

- Não? Então por que não me conta para onde vai?

- Por que acha que para onde vou é importante?

- Você não faz nada sem motivo. - apoiando-se de lado contra a parede, ele sorriu felizmente.

- E se tivesse? Iria me impedir?

- Iria junto.

Ela estava terrivelmente certa em achar que o encontraria em qualquer coisa que fizesse às escondidas. Tenebroso, se desse o devido valor, mas seria capaz de tirar certa vantagem disso. Daria errado no mínimo movimento impreciso? Sim, contudo, ainda era uma oportunidade.

- Teria que usar terno. - sua atenção desceu pelo físico escondido por baixo das roupas casuais, imaginando outros tecidos sociais que poderia esculpi-lo.

- Ótimo, eu amo ternos. Que horas te pego?

- Não vamos juntos. - a satisfação de Manjiro esmaeceu de maneira perceptível, os cabelos loiros caindo ao inclinar a cabeça, pedindo uma explicação plausível. - você vai ser minha distração, se conseguir ficar uma hora em público sem que alguém chame a polícia.

- Não vai ser problema.

Foi mais rápido do que julgou. O desapontamento dele bateu como um martelo em um pedaço tênue de vidro, grudando na pele de [Nome] como alfinetes. Com certa dificuldade, sua garganta engoliu os cacos e forçou as cordas vocais a falar em voz alta o que não queria que acontecesse. Inevitável, e doloroso.

- Iremos a um teatro hoje. - o desconforto mergulhou sob sua pele, a fazendo se sentir uma animal estranho diante da concentração do Sano focado em si. - Esteja lá às cinco e meia, vou chegar depois.

- Acho que não vamos apenas ver uma peça. - resmungou, quase chateado.

- Fiquei sabendo que foi um dos últimos lugares que Hidetaka esteve. - contou, apenas alguns tons mais baixo do que pretendia. - Um segurança local estava com outros dois particulares no dia. Como não achei eles, esse pode ser útil.

Ela se absteve de dizer que descobriu isso após procurar mais a fundo sobre a foto que Adrien lhe mostrara. O homem da tatuagem de pássaro não passou de um beco sem saída, como sempre. Haruki, no entanto, estava no banco de empregados do estabelecimento, e trabalharia essa noite.

[Nome] confiou muito em sua própria intuição sobre Junichi ter algo que valesse a pena, e aquele plano B que criou unicamente para não ficar de mãos vazias não fosse necessário. Ironicamente, lá estaria ela.

- O que você vai fazer? Sequestrar ele?

- Quem sabe. - disse, se livrando dos pensamentos insistentes com um balançar de cabeça. - É a peça de Giselle, vou sair antes do ato um acabar, então é provável que você não me veja mais após isso.

- Me usar e descartar descaradamente é feio, sabia? - um biquinho brincalhão e um pouco irritado surgiu nos lábios dele. O movimento apenas a atraiu para a boca convidativa.

- Não estou usando, você vai ser um... emergencial. - buscou a palavra correta, e quase sorriu com a incredulidade do Sano. - Se alguma merda acontecer, faça uma maior para abafar a fumaça.

- Não foi desse jeito que imaginei nosso encontro.

- Não vai ser um encontro.

- Todos os nossos momentos são encontros. Não do jeito que eu quero, infelizmente.

- Fico com medo de saber como você iria querer. - Manjiro sorriu, não impedindo que ela abrisse a porta.

- Medo de se apaixonar?

- É no Novo Teatro Real, os ingressos estão esgotados, então espero que você dê um jeito. - ela contornou a provocação e informou o local, não virando para encará-lo, mas conseguia imaginar sua expressão cativante. - Cinco e meia, não se esqueça.

- Eu nunca esqueço, meu amor.

☾︎

Tóquio sempre pareceria encantadora para quem visse sua superfície, e não adentrasse na sujeira por baixo do tapete macio posto por mãos pingando pecado. [Nome] estava sendo contemplada por um pôr do sol digno de retratos enquanto dirigia pacientemente no carro alugado, observando todas as cores que compunham a vasta mistura de nuvens amareladas e o azul tênue do céu, mal notando seu próprio reflexo no vidro dianteiro.

Não se compararia à estonteante vista, apesar de se sentir adequada. Seus brincos eram sutis, com diamantes pequenos que brilhavam a cada movimento, um composto para as pérolas sobre os seios. Elas pareciam estar irritantemente pesadas, ou, provavelmente, fosse apenas a sensação que ficou após encontrar Takemichi, antes de sair de casa.

Pelo menos, não se ignoraram, como achou que seria. A conversa foi curta, apenas disse para onde ia, e que não demoraria - se tudo ocorresse como o planejado. E desde então, arrepios estavam correndo pela pele desnuda de suas pernas, subindo por sua coluna coberta pelo tecido macio do vestido preto. Fazia com que ela quisesse se livrar de todas as coisas que usava imediatamente.

Parando próxima ao teatro, [Nome] levou um segundo para observar a fachada do local, dispensando o manobrista com um sorriso simpático. Precisaria ter livre acesso ao veículo, por isso estacionou no subterrâneo, voltando ao cerne teatral altivo com uma elegância praticada por anos.

Naquela noite, apresentariam Giselle em dois refinados atos, atingindo um público que estava tão elegantemente a caráter quanto ela.

A entrada e escadaria principal estavam repletas de pessoas que gritavam dinheiro e poder, senhoras com leques que eram apenas decorativos, bebendo um champanhe que foi lhe oferecido no instante em que seu salto escuro pisou no carpete carmesim. O ambiente brilhava com o lustre no centro do teto, as paredes com desenhos dourados traziam um ar de antiguidade e esplendor.

Amargamente, o primeiro gole da bebida pareceu sem gosto, não animando em nada seus sentimentos esmaecidos. Tentando disfarçar o próprio desconforto, passou a mão na saia da vestimenta que chegava acima dos joelhos enquanto subia as escadas. O êxtase de estar envolta aos violinos suaves não a tocou, a beleza ao seu redor a sufocou.

O estardalhaço em sua cabeça pulsou no momento que olhou a entrada para a plateia, e seus dedos suaram levemente. [Nome] sentiu a escuridão em seu peito engolir a luz, mudando os relevos em uma intensidade que não se via mais ali. Não estava mais bem arrumada, e a figura de Marcel, tão sorridente ao instigá-la a subir escadas que não pareciam aquelas fez sua garganta secar.

Seus dedos apertaram a pequena bolsa de mão, o veludo preto acariciavam-na, passando um conforto inútil. O vislumbre de cabelos loiros a fez amenizar o aperto, e ergueu mais o rosto. Manjiro estava parado lá em cima, vindo da saída do camarote, trajando um terno preto que contrastava com o colete vermelho escuro, a gravata bordô delineava sua tatuagem. Estava impecavelmente atraente.

O sentimento aflito que a assolava, junto de suas próprias lembranças aterradoras foram balançadas por algo que ela não sabia descrever.

O Sano atraia olhares de todos que subiam ou desciam para seus respectivos lugares, cochichando. Ele poderia ter o sol enfiado no bolso, com a aparência de um magnata e o poder de um tirano, sua personalidade indolente era o fogo em um pavio aceso.

Passando ao lado dele, [Nome] viu o ínfimo sorriso em seus lábios. Por bem ou por mal, Manjiro era um ímã que a puxava para tantas emoções e situações, que talvez tivesse ficado tão disposta a tê-lo a acompanhando porque sabia que ficaria alerta. Não pensaria tanto na fera faminta escondida em sua própria sombra, pronta para devorá-la.

Em sua cabine privada, perfumada e silenciosa, deixou a taça no apoio ao lado da poltrona e segurou uma mão na outra. Mantendo a cabeça baixa, observando um ou outro detalhe do suporte de madeira.

O primeiro ato iniciou-se após longos minutos, e duraria quarenta, depois viria uma pausa para continuar em outro turno de igual duração. Os mínimos segundos foram dolorosos.

Não seria naquela noite que veria o final de Giselle, ou apreciaria.

As luzes finais foram apagadas, fazendo o reflexo das câmeras internas brilharem, girando vez ou outra. Tal como sua concentração vagava, fixando-se na saleta particular na outra ponta do côncavo de camarotes. O Sano ergueu sua taça em cumprimento, exibindo-se de um dos melhores lugares, que conseguiu de última hora.

Uma leve careta divertida passou pelas feições dela, tão fugaz, mas que a fez ter mais coragem para olhar para o palco, e ao balé que começou.

Qualquer ruído da multidão calou-se, cada telespectador atento a história que seria contada por pés rodopiantes e movimentos precisos. [Nome] adoraria ficar imersa, como eles. Apreciando o pedaço de arte representado.

Infelizmente, a sequência de allegro feito pela bailarina girou sua visão para a lembrança dos corpos esfolados pendurados por cordas grossas, enrolando como uma cobra em suas gargantas.
Pendendo os membros com nervos tocando o ar, expondo vísceras que deveriam ser impossíveis de ver a olho nu.

Pele arrancada como parte do cenário, descartada como uma paisagem que não seria usada mais.

[Nome] curvou-se, apoiando a mão esquerda na têmpora, proibindo-se de ver a apresentação. A dor de lembrar da profanação que fizeram em Natasha e Théo estava tão vívida que brevemente sentiu o gosto do ferro na boca. Tal cena medonha e podre inchou sua angústia, desenterrando um ódio profundo.

Um dos motivos para decidir que aquela seria sua alternativa, era que seu calcanhar de aquiles pulsava com dor dilacerante sem que conseguisse evitar.

Um coração fora do peito, pulsante e vulnerável.

Na ocasião que arquitetou, a Miyazaki ponderou tantas maneiras de pegar o segurança sem precisar, de fato, entrar no teatro. Mas o que isso a tornaria? Covarde, fugindo de seus medos como se ainda tivesse quatorze anos?

Nenhuma progressão foi o bastante para recordar a violação que eles sofreram. Despidos da própria carne, exibidos em Olympia tão injustamente. Ridicularizados.

Ela estava sentada naquele assento que parecia saltar com espinhos para remediar seu passado. Para trazer justiça para aqueles que tinham tanto a aproveitar. Pelos que não pôde salvar. Porque prometeu a si mesma que não seria mais negligente, de nenhuma maneira, e começaria queimando seus pesadelos com a raiva que cultivava tão intimamente.

Mesmo com a determinação, foi mordaz notar as lágrimas apenas na hora caíram de seus olhos doloridos, molhando suas bochechas de maneira incômoda, incessante.

Limpando os resquícios úmidos, ela arrumou a postura. Inevitavelmente, sabia que o vazio amargo demoraria para deixá-la, então decidiu usar as mortes de seus amigos para alavancar sua obstinação.

Faria o possível para honrar a confiança que depositaram nela, e que não foi retribuída.

No entanto, subestimar a extensão de seus sentimentos não foi sábio. Seus ossos apertavam seus pulmões a cada respiração, ameaçando quebrar quando se apoiou no encosto macio. Nada do que fazia ultimamente era sábio.

A começar por Manjiro. Pela primeira vez, não reclamou por pensar nele, e em como ele se sentia perdendo horas em um teatro, sem necessidade aparente. Poucos membros da elite mafiosa se interessavam por coisas desse tipo. Assim que virou para encará-lo em meio às sombras, viu apenas o perfil calmo fixo no palco. Certamente muito entretido na trama. Ou achava tudo aborrecidamente irritante e queria ir sumir.

Qualquer que fosse a resposta, [Nome] ficou pensando, até que julgou dar um basta em sua perna inquieta. O que seria sair uns minutos antes? Não atrapalharia. Agiria durante a encenação, e sairia sem que a vissem.

Puxando a cortina que a separava do corredor, seus passos faziam barulho como se estivessem refletindo sua turbulência interna, imersa em pensamentos até identificar o homem que fazia ronda próximo dali. Haruki, ela reconheceu os cabelos pretos e a postura, graças à ficha que achou no sistema de contratados.

Percebendo a movimentação, virou para o lado com a testa franzida.

- Algum problema, senhora?

- Sim, na verdade. - disse em um tom uniforme, não querendo atrair atenção dos outros nas salas ao lado.

Ele se aproximou com as mãos nas costas, permanecendo quieto, esperando ouvir o contratempo.

- Um homem veio aqui uns dias atrás. - certamente não era uma boa maneira de abordagem. Horrível. Entretanto, a Miyazaki não se sentia boa em nenhum aspecto. Ressentimento e raiva queimavam seu estômago, ameaçando rasgar a carne e vir ao mundo. - o nome dele é Hidetaka Sato.

A menção fez uma veia saltar em sua testa, tamanha foi a força que fez para engolir em seco e permanecer composto.

- Eu não tenho nenhuma intimidade com nossos clientes para conhecê-los pelo nome, senhora.

- Você fez a guarda pessoal dele. - a cortina deslizou no instante que ela afrouxou seu aperto, apoiando a palma na parede interna. - Sato estava acompanhado de um homem particularmente chamativo, com uma tatuagem.

- Realmente não sei quem são esses. - limpando a garganta, seus olhos verdes se estreitaram, como se estivesse tentando guardar o rosto dela na memória.

- Isso é uma pena. - a arfada que escapou dela foi real, e profunda. - Ele some e me deixa largada na rua, bloqueia meus cartões e não atende o celular. - Sua voz embargada pareceu atraí-lo. - Soube que ele veio aqui com outro, que acho ser um cafajeste de mesmo nível, por uma amiga.

Haruki fez um leve gesto facial, entre convencido e chateado, não de forma simpática.

- Seu marido?

- Quem me dera. - e que aquela humilhação valesse a pena. - Espero um pedido há anos.

- Infelizmente não posso ajudar, espero que encontre ele. - a tentativa de sorriso foi um fracasso. Ele não conseguiu esconder o nervosismo direito.

[Nome] reteve um xingamento que ficou enrolado na língua, murmurando um obrigado sem ânimo. Virando-se de volta a sala, a inquietação correndo por Haruki o fez segurar sua arma antes que ela ficasse de costas, exposta. A rapidez com que retirou o aparelho de choque do decote de sua roupa não deu brechas para que escapasse. Precisamente, apontou abaixo do maxilar dele, disparando uma descarga elétrica pesada, o suficiente para desmaiá-lo.

Caído, e tremendo, ela usou a brecha para pegar a pistola do chão, o arrastando para dentro da saleta pelo pé. Haruki não era pesado, o esforço para levá-lo pela saída de incêndio não seria muito, precisaria apenas ter a sorte de ninguém vê-los.

Girando sobre seu corpo como um abutre pronto para a refeição, decidiu procurar por seus meios de comunicação primeiro, e descatá-los. No entanto, seus batimentos cardíacos dispararam assim que Manjiro entrou, fazendo um alarde desnecessário - que quase a faz puxar o gatilho na direção de seu peito.

- O que caralhos você está fazendo aqui? - ela perguntou, abaixando o cano. A segurança toda deveria estar fixa nele, para não notar quem saísse dali às escondidas.

- Você saiu antes. - o esclarecimento não a agradou, ainda mais uma tão tênue.

- Como você sabe que não sai na hora certa? - estalando a língua no céu da boca, entregou a pistola para ele, voltando a acomodar a arma de choque no corpete que fez um ótimo trabalho em esconder aquela coisa perigosa e pequena.

- Assisti uma parte de Giselle mais cedo, para saber quando você iria embora. - ele guardou a peça na parte de trás da calça, cobrindo com o paletó. - e não estava perto do final. Achei que estivesse com problemas.

- Você não deveria estar aqui. - relembrou, pegando a bolsa que caiu no chão durante aquela troca insensata. - eu preciso sair daqui sem ninguém notar.

- Vou dar um jeito.

- Eu espero. - mordendo o lábio inferior, segurou Haruki para puxá-lo para cima de uma das poltronas. Manjiro ajudou com um impulso, roçando seu pescoço para observar a marca de queimado.

- Eu reconheço isso. - ele murmurou, abaixando uma parte da camisa de botões para expor uma figura gravada no início de seu peito. - A estrela de quatro pontas é a tatuagem que os homens de Hanma estão usando.

- O que? - [Nome] se aproximou para ver melhor, piscando na direção dele. - Haruki vai ter muito o que falar.

Manjiro acenou, passando uma mão nos cabelos soltos, se preparando para jogar um dos braços do homem por cima do ombro, levantando-o com uma facilidade que a deixou minimamente deslumbrada. Evitando que ele notasse, limpou a garganta e obstruiu a passagem, mas suas pernas ficaram tensas, parando na frente de Yoshida.

- Não esperava te encontrar aqui. - disse alto o bastante para que o Sano ouvisse e soubesse que não estavam sozinhos, deliberadamente deixando o véu vermelho escuro cair atrás de si.

- Você. - movendo-se mais perto, seu perfume forte por pouco não a incitou em uma expressão nauseante. - Não me olhe dessa maneira. Ainda me lembro da maneira merda que me tratou no casamento, mesmo eu tendo sido tão paciente com você.

A vontade de estrangulá-lo foi imensa.

- Eu não estava nos melhores dias. - piscou os longos cílios, tentando soar o mais doce que conseguiu.

- Abstinência? - a pequena palavra, dita de forma zombeteira, fez seu sangue borbulhar. - da última vez você também ficou uma fera.

- Sim, me admira você lembrar. - o riso foi uma destilação venenosa. Uma que amaria ver fazendo efeito nele. - Eu estava tentando parar, acabei descontando frustrações em você.

- Não foi legal da sua parte. - com falsa mágoa, colocou as mãos no bolso da calça social. - Mas aceito as desculpas.

Não foram desculpas, idiota.

- E o que você está fazendo aqui fora? O show ainda não teve uma pausa.

- Não gosto de teatro. Vim porque minha mãe insistiu. Um saco. - movendo os ombros preguiçosamente, a feição de Yoshida balançava entre amigável e destruidor. - Estava indo lá fora, mas já que você está aqui, bem que podíamos entrar, certo? Podemos transformar esse tédio em uma diversão mais prazerosa.

A implicação se embolou no estômago vazio de [Nome]. Todas as coisas que sentia, mais aquele convite beirando a indecência fez uma pontada de dor de cabeça lhe atingir.

Graças a Deus, tiros soaram tão perto de seu ouvido quanto mosquitos zumbindo. Não apenas um - uma salva com tantas balas disparou, que não conseguiu contar quantas. Yoshida se jogou no chão em meio milésimo, tapando os próprios ouvidos com os joelhos pressionando o peito. Ela se apoiou contra a parede, desejando que essa fosse uma das ações inconsequentes do Sano.

Gritos tomaram conta do concerto, passos como os de uma manada desciam as escadas principais, as pessoas correram, tropeçando nos próprios pés. Alguns caíram nos degraus e sumiram da vista dela. Yoshida foi um dos que sumiu sem que percebesse.

Manjiro saiu, carregando Haruki como quem segurava uma pena, se disfarçando em meio a plateia escandalizada, a chamando para segui-lo com um movimento do queixo.

A Miyazaki ficou dividida entre xingá-lo ou agradecê-lo, decidindo permanecer neutra, por enquanto. Buscando espaço entre as pessoas, tocou o ombro dele para indicar a bifurcação entre o hall e a saída de emergência, indicando que fosse por lá.

Funcionários se moviam para ajudar, outros prestavam socorros. [Nome] observava a confusão, tentando abrir caminho contra a correnteza para chegar ao outro lado. Manjiro, sem muito esforço, empurrou a porta de metal com a sinalização de evacuação rápida com o ombro.

Os lances de degraus foram corridos sem nenhum empecilho, com ela caminhando na dianteira para pegar qualquer problema primeiro.

- Que ideia foi essa de sair atirando? - sua voz, levemente rouca pela rapidez com que agiram, foi ouvida do lado de fora do prédio, seguindo-o pela lateral até a porta dos fundos do estacionamento.

- Não gostei do tom daquele imbecil. - ele ajustou Hideki, ainda desacordado, mais firmemente, guiando-a até o Maserati Ghibli branco na vaga mais próxima. - E combinamos que se acontecesse alguma merda, eu faria uma maior. Ele cheirava a merda.

[Nome] engoliu em seco enquanto tateava o busto, agradecendo por sua arma de choque ainda estar ali. Seria terrível se a polícia achasse e descobrisse suas digitais. Quem queria enganar? Só queria desviar os pensamentos de que Manjiro ouviu a conversa dela com Yoshida. A abstinência não era uma boa forma de iniciar um diálogo.

O barulho do porta malas batendo a trouxe dolorosamente de volta a realidade.

- Precisa ir logo, antes que fechem a rua.

- Preciso? E você? - ela pensou em uma desculpa válida. O estranho, era que não precisava de uma. Não estava correndo perigo. Só que, em automático, observou as próprias mãos - seu corpo que facilmente quebraria - buscando ferimentos.

Seu pulso estava fechado, não estava tendo uma hemorragia. Natasha e Théo não estavam mais pendurados no palco. Ela não estava morrendo.

- [Nome]? - o Sano chamou, traços genuínos do que parecia preocupação salpicando o semblante habitualmente calmo e provocador.

- Vou com você. - respondeu, não acreditando que essa fala saiu de livre e espontânea vontade.

Parado, ele a analisou como se fosse a primeira vez que se viam, o pomo de Adão balançando, lutando contra coisas que queria dizer, mas calou-se, entrando no banco do motorista.

Sem ter para onde correr, ela tomou o ácido de suas lembranças em uma única dose. Eu caio se eu me permitir cair. E [Nome] não cairia.

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