𝑻𝒆𝒏
As espessas nuvens cobriam os céus quando a porta da frente foi aberta, Takemichi parou de balançar a perna, levando o olhar até ela.
[Nome] estava parada poucos metros longe dele, com as mãos nos bolos do casaco preto, e não pareceu ser nada mais que um espectro ao caminhar pra dentro da sala, sem nenhum resquício de sangue manchando a pele.
— Onde você tava? Por que não me atendeu? — levantou do sofá, abrindo as mãos.
Apesar da expressão mista em nervosismo e um pouco de alívio, a voz não estava exasperada. O movimento de Draken se voltando das janelas de vidro iluminou metade de sua tatuagem, tanto como a impaciência estampada em seu rosto.
Seu olhar se virou a poltrona perto de si, e acompanhando o gesto, viu o Sano sentado confortavelmente nela, com o cinza do céu emoldurando o lado de fora.
— Meu celular descarregou. — se aproximou. — vieram dar minhas boas-vindas a Toman?
Não esperou encontrar eles ali, Take sim, mas os outros dois deveriam estar ocupados demais com outras coisas para intimá-la tão pouco tempo depois.
Se apoiando no sofá mais próximo de si, esperou pacientemente o primo sentar, olhando temporariamente os outros dois na extremidade da sala.
— Queríamos esclarecer algumas coisas.
O tom pouco desconfiado não passou despercebido dela, mas aquilo foi praticamente uma deixa para dizer que demoraria. Que começassem a ditar regras, então, quanto mais rápido começassem, mais rápido acabariam.
— E saber o que realmente aconteceu. — Ken se aproximou, cruzando os braços.
— Eles não abriram o bico? — riu, jogando um tornozelo por cima do outro.
— Não, então diga como isso tudo aconteceu...
O primo deixou no ar, [Nome] olhou os três antes de soltar o ar pelo nariz, tentando achar uma forma de resumir tudo.
— Foi assim que cheguei, literalmente, eu tinha acabado de sair do aeroporto, — os olhos negros de Ken se estreitaram, atentos no que ela diria. — não sei o que se passou na cabeça idiota deles para pensarem que eu era uma estrangeira.
O movimento do Sano apoiando o punho no maxilar chamou atenção, mas continuou sem desvirar o assunto ou o olhar.
— Chegaram falando sobre pontos turísticos, guias e os melhores hotéis de Tokyo, não sabiam nem aplicar um golpe direito. — revirou os olhos, quase como indignada.
— E aí? — indagou Takemichi, impaciente.
— Depois que eu ignorei suas primeiras tentativas, perguntaram se eu precisava de um táxi... Eu não estava em um dia muito bom, e eles eram irritantemente insistentes, acabei aceitando.
Não sabia em que momento Ryuguji tinha se apoiado no braço do sofá onde Take estava sentado, com as sombrancelhas franzidas.
— Pegaram minhas malas e me levaram até onde o carro estava estacionado, mas antes que eu entrasse, ofereceu água mineral e perguntou se eu tinha família ali... Joguei a garrafa em um deles enquanto desmaiava o outro, quebrei algumas partes deles e os deixei jogados em uma caçamba de lixo.
Riu lembrando da cena, que se misturou ao cansaço corporal e o que sou foi um fino deleite venenoso.
— Cortei alguns fios do carro e joguei as chaves no bueiro.
Terminou de contar, esperando algum deles dizerem algo ou perguntarem mais alguma coisa, mas Draken escondia a surpresa atrás de um simples franzir de lábios, diferente do primo, que nunca foi muito bom em escondê-la.
E até mesmo Manjiro ondulou minimamente as sombrancelhas.
— Estranho vocês não saberem... Mesmo sendo ruins nisso, com a naturalidade que me abordaram, pareciam fazer isso a um tempo. — se levantou, enfiando as mãos nos bolsos do casaco de novo.
— Sabia que eles eram da Toman? — Sano perguntou, ela balançou a cabeça.
— Não tinham nada que indicavam isso.
Sua voz ecoou pela sala silenciosa, o olhar de Takemichi se voltou ao chão, apertando as mãos juntas até os nós dos dedos ficarem brancas.
— Vi eles de novo em uma festa... Mas não é importante, não achei que fossem tão insistentes assim... Levaram para o coração. — revirou os olhos.
— Ah, estavam seguindo você aquele dia? — sua voz se descontraiu por um segundo.
— Eles sempre aparecem onde menos se espera, mas não queria confusão aquela hora. — jogou o peso do corpo em um lado da perna.
Mas para ele saber que estavam perseguindo ela, talvez Manjiro tivesse esbarrado neles na escada, e com o temperamento que estava... Talvez não tivessem continuado a perseguição por isso.
— Só isso? — indagou, acompanhando com o olhar o Sano se levantar da poltrona.
— Não, você não é realmente um membro da Gangue Manji.
— Poderiam ser mais claros? — sinceramente, não queria saber de meias verdades.
A feição de Takemichi saiu da costumeira confusão que aquela conversa causou, e com a voz calma, disse:
— Isso é muito perigoso, [Nome], então você vai ser apenas um membro falso, não vai atuar em nada disso, vai ser só até a poeira abaixar e esquecerem isso, aí você vai viver normalmente depois.
O sorriso animador do primo era um contraste significativo ao ânimo dela, e rolando os olhos até o Sano, tentava, mas não conseguia ver sentido algum naquilo, limpar a barra dela não traria nenhum benefício a ele. Mesmo que fosse diversão.
Se virou, encarando os olhos azuis e o sorriso ainda animador no rosto do loiro, então pensou nas escadas pouco iluminadas ao seu lado, e na cama que lhe esperava.
— Quem sabe disso? Que eu não vou ser um membro oficial?
— Por enquanto, só a gente. — Draken disse, mais baixo do que ela esperava.
— Tudo bem. — endireitou o corpo. — Se já estamos com tudo resolvido, vou subir.
No mesmo instante, o celular do vice-comandante tocou, e ele não esperou que soasse duas vezes antes de atendê-lo, fixando o olhar no chão enquanto escutava.
Em passos largos, se aproximou e tocou o ombro de Take por trás do sofá, desligando a chamada durante o trajeto.
— Vem comigo.
Esperando a continuação, ele se virou, mas o corpo alto de Ken pareceu hesitar em falar algo mais na presença de [Nome].
— Eu já vou indo, me liga se alguma coisa acontecer.
Avisou, se levantando e o acompanhando até a porta, o vulto de cabelos loiros e olheiras passou na visão periférica dela, Manjiro a olhou uma vez antes de ir embora e fechar a porta atrás de si.
Juntando coragem para subir as escadas, não viu ninguém até chegar no quarto que tomara para si quando chegou. Tirou a chave do bolso da calça preta, a girando na maçaneta e adentrando o cômodo, não esquecendo de trancá-la de novo.
As coisas que trouxera ainda estavam aos pés da cama de casal, revestida por um lençol branco com dois travesseiros, não a olhara muito, mas esperava que não tivesse cheia de poeira.
Se aproximando da entrada do banheiro, não tinha nada lá além de toalhas brancas, sabonetes fechados e produtos higiênicos em um armário embutido na parede.
O closet era ao lado e ao menos não estava com cheiro de naftalina, apesar de algumas caixas vazias estarem jogadas em um canto.
Desligou a luz ao voltar para o quarto, se sentando na cama enquanto abria uma das malas, observando como havia jogado as roupas sem nenhuma delicadeza, amassando todas lá dentro com rapidez.
A presença de Hayato fez com que se lembrasse do que carregava naquela mala. Os passo lhe fazendo virar até a porta.
— Que merda é essa? — indagou, segurando a maçaneta com a mão vermelha pela força que aplicava.
[Nome] se levantou da onde estava abaixada, quase soltando a mala no chão, mas a segurou firme e a jogou encima da cama bagunçada.
— Você tá indo embora, de novo? — a intonação nas últimas palavras não passou despercebido.
— Não. — foi a única coisa que conseguiu responder, se voltando as roupas espalhadas na cama, enfiando casacos e blusas de qualquer modo na mala.
— Não? Então por quê está arrumando malas no meio da madrugada? — Hayato se aproximou, puxando a porta atrás de si o suficiente para que a luz que banhava suas costas sumisse.
— Eu não vou embora. — virou para ele, vendo como os cabelos estavam bagunçados e as roupas amassadas, ela não tinha feito barulho ao entrar em casa exatamente para não acordá-lo.
— Primeiro você aparece, "do nada", e quer ir embora sem avisar "outra vez"?
Seu tom aumentou, [Nome] colocou as mãos na cintura, odiava como aquele abajur não conseguia iluminar o quarto direito, e o que via era o brilho nos olhos verdes, que poderia ser de ódio ou apenas... Lágrimas.
— Fale baixo. — disse, se aproximando, o irmão virou o rosto quando estava perto o suficiente para dissernir aquele brilho.
— Não é justo, isso não é justo — sussurrou com raiva, apertando as mãos em punhos.
— Estou dizendo, Hayato, não vou embora. — insistiu.
— Você disse a mesma coisa da última vez, e eu passei cinco anos sem te ver.
Voltou o rosto a ela de novo, e a gota d'água que desceu por suas costas devido aos cabelos mal secos fez seus pelos se agitarem.
— Eu não sou idiota, sei que a última conversa que teve com Hiroshi foi... Um porre, mas vai embora por causa disso?
[Nome] endireitou as costas, eles eram pai e filho, Hiroshi não desistiria dele, e vice e versa. Achava que não precisava achar outro lugar para ficar, mas depois do almoço... Ir para a casa do primo era apenas um bônus.
— Eu só vou passar uns dias na casa do Take, não vou ficar onde não sou bem-vinda. — segurou as bochechas dele com as duas mãos, estavam geladas contra as palmas quentes pelo banho. — não vou deixar você aqui sozinho.
O peito de Hayato abaixou quando o ar que prendia saiu pelo nariz, segurando a mão dela com a própria. Semicerrados os olhos ao ver a feição triste dele, um incômodo florescendo na cabeça.
— Você vai voltar, né?
— Vou. — sua expressão refletiu toda a desconfiança que sentia, e ela riu ao completar: — qual é, eu disse que ia voltar da última vez.
— Disse. — respondeu, mesmo que não fosse uma pergunta.
— Vai ser só uns dias. — apertou as bochechas dele, arrancando uma careta e um xingamento baixo. — posso voltar mais cedo se a saudade for muito forte.
Se virou a mala, a fechando e puxando mais algumas roupas para perto.
— Vai se ferrar. — disse, baixinho.
— Cadê o amor fraternal que acabei de ver? — indagou sínica.
— Posso te ajudar a levar as malas, já tinha que ter acordado para escola mesmo. — deu de ombros, não observando a bagunça do quarto.
[Nome] se virou ao closet aberto, abanando com a mão em seguida.
— Vai se arrumar para escola, quando for levar eu te chamo.
— Tá, você não vai sair á francesa de novo. — ameaçou, dando as costas para ela.
Revirando os olhos, observou ele desaparecer entre as paredes e na escuridão da madrugada.
Abrindo a mala e puxando as roupas, tateou a mão até tocar algo sólido, passeado ela pelas outras peças na parte debaixo, tirando todas as coisas que precisaria.
[Nome] verificou se tinha realmente trancado a porta antes de se sentar na cama com as pernas cruzadas e começar a afiar as facas e todos os outros objetos pontiagudos que possuía.
☾︎
O tempo ainda se mantinha firme quando saiu da faculdade, horas depois de ter guardado e escondido os pertences no novo quarto, e antes de sair, ainda teve o prazer de conhecer a governanta da casa do primo.
A senhora Mariko, assim como se apresentou, sorriu quando disse que era prima de Takemichi e que passaria um tempo lá, oferecendo um bolo de limão que tinha feito para levar para o trabalho. [Nome] pegou um pedaço, mesmo sentindo o estômago ácido e rejeitando a comida.
Não ficou tempo o suficiente para prolongar a conversa, ainda mais que não estava com vontade de falar com alguém, não depois de Hayato deixar implícito que, mesmo ela dizendo que voltaria, não colocava a tanta fé.
— [Nome]!
A voz fez os passos dela pararem devagar, e custou ao se virar para trás, franzindo as sobrancelhas enquanto via quem se aproximava.
— Poxa, eu achei que nunca mais fosse te ver! — disse, ainda se aproximando.
— Queria eu que fosse verdade. — falou baixo, com a altura que ele falou, alguns poucos olhares se voltaram para si.
— Mas diz aí, chegou e nem me avisou. — o olhar que lançou foi acusatório, como se ela tivesse obrigação de dizer algo a ele.
— Deveria ter avisado? — sua feição estava neutra, diferente de Yoshida, que sorria.
— Claro! Temos que marcar de sair. — piscou um dos olhos castanhos claros.
Sinceramente, ainda ignorava tudo o que dizia com um sorriso... [Nome] respirou fundo, levando o olhar ao carro de Naomi do outro lado da rua.
— Eu tenho que ir agora.
Passou por ele, revirando os olhos, de todas as universidades que tinha no Japão, o que fez de tão grave para que fosse para a mesma de Yoshida?
— Depois me passa seu número! E fala para Naomi que eu agradeço a carona do outro dia!
Exclamou de longe, vendo a figura da amiga mais e mais próxima de si, bebendo algo por um canudo.
Não acreditava que ela sabia que Yoshida estava na cidade e não tinha avisado.
— Quer? — ofereceu, ligando o carro quando [Nome] se acomodou no assento.
— Valeu. — Naomi suspirou.
— Eu vi que revirou os olhos para ele, não pode odiar ele para sempre. — olhou a amiga de esgueira.
— Não é porque não o trato como amigo que odeio ele. — argumentou, pegando o celular e vendo uma mensagem da Hinata.
— Então? — insistiu, com os olhos escuros quase brilhando. — dá uma chance para ele, qual é [Nome].
Apoiou a mão na cabeça, não tinha dormido nada, e ainda julgava se ir aquele dia a aula tinha sido uma boa ideia, só queria voltar e dormir um pouco. Hina estava perguntado se tinha planos para o almoço, pois tinha marcado um na casa de Take e queria a presença dela.
Ela provavelmente não sabia de sua estadia lá.
Digitou que não tinha compromisso algum, que já estava chegando, mas viu quando Naomi revirou os olhos.
— Eu vou para casa do Take. — avisou, pronta para abrir a porta.
— Senta aí, eu levo.
Afirmou manobrando o carro, [Nome] sabia o quanto Naomi era insistente quando queria algo, sabia que não ia desisti e que ficaria clicando na mesma tecla até conseguir o que queria.
Mas relaxou mentalmente ao perceber que por enquanto, ela não iria tocar no assunto. E uma carona não faria mal.
☾︎
O veículo parou do lado de fora, e a amiga parou de bater com a unha no volante — qual não parou durante a viagem toda — para abrir o porta-luvas e pegar um convite, brilhando em branco e azul claro.
— O convite do casamento. — entregou,[Nome] verificou o laço que envolvia o papel. — ele pediu para te entregar, as informações estão todas aí.
O bico que se formou após falar deixava claro para ela que Naomi queria, de fato, voltar ao assunto de minutos antes.
— Diz para ele que eu agradeço. — abriu a porta, deixando o vento gelado do lado de fora bater contra si. — obrigada pela carona.
Se inclinou sobre a janela, podendo ver ela abaixar os óculos escuros e ligar o carro de novo.
— Não vai fugir da próxima vez. — disse com um mínimo sorriso.
[Nome] balançou a cabeça, se virando ao portão branco, qual foi destrancado assim que Naomi começou a se mover.
Uma coisa útil que descobrira na extensa viagem da estação da Toman, era que o primo não gostava muito de seguranças o seguindo para cima e para baixo, mas era óbvio que precisava, ao menos, de um ajudante.
Seu motorista fazia os dois papéis, e ela evitou não caçá-lo com os olhos ao tocar o caminho de cimento que se estendia até a entrada principal com as solas dos pés.
Conseguiu escutar o doce som da risada de Hina antes mesmo de abrir a porta, sentada no sofá ao lado do loiro, que tinha as bochechas vermelhas em vergonha.
— Q-que bom que chegou. — ele disse com um sorriso amarelo.
— Boa tarde [Nome], que bom te ver de novo.
O primo ainda estava com os cabelos bagunçados e com a mesma roupa amassada de horas atrás. Duvidava se ele tinha ao menos tomado um banho.
— Oi gente. — se sentou na poltrona na frente dos dois. — espero não ter feito vocês esperarem muito.
— Não, acabei de chegar do mercado. — ela colocou uma mecha atrás da orelha.
— Por que não disse que tava faltando alguma coisa? Eu podia ter trazido.
— Ah não, tudo bem, não queria incomodar. — balançou as mãos, a Tachibana era mesmo fofa.
— Não seria incômodo algum, posso te ajudar da próxima vez. — se virou ao primo. — você parece cansado, não quer colocar uma roupa mais confortável?
— Mas... — ele tinha considerado a sugestão dela, porém, pareceu com vergonha de deixá-la lá.
— Não vai se importar de ter só minha presença um pouquinho, né? Além de que queria conversar com você. — pensou em tirar uma casquinha com eles, mas poderia deixar as bochechas dela mais coradas do que já estavam.
— Claro que não, pode ir lá.
Segurou a mão dele de leve, Takemichi lançou um sorriso de agradecimento a [Nome], tinha certeza que ele não deixaria ela para ir se trocar ou tomar um banho sem uma ajudinha.
A velocidade com que se movia em direção ao quarto era lenta, talvez ele não tivesse parado para descansar desde a madrugada.
— Vamo para a cozinha? — se levantou, ajustando a alça da jardineira.
Hina manteve o sorrisinho no rosto até a sala de jantar, que tinha uma abertura para a cozinha, [Nome] não se lembrava de ter entrado lá, desde que só comia e bebia na cozinha ou na piscina.
— Ele me disse que vai passar alguns dias aqui, tá tudo bem? — perguntou, tirando os três pratos e os espalhando pela mesa, [Nome] se esticou para ajudar e separar os copos de vidro.
— Tá sim, queria passar esse tempo com ele, sabe. — deu de ombros, olhando sua mão com o brilho que se lembrava. — ficou lindo em você.
— Obrigada... — analisou a aliança, passando a mão por ela. — Take me disse que você o ajudou a escolher.
— Foi, ele acabou ficando indeciso porque eram todas bonitas... — revirou os olhos com um meio sorriso. — e acabou gostando desse.
— Sei como ele é com essas coisas. — falou divertida. — pode separar os guardanapos por favor?
[Nome] ajudou a preparar a mesa, esperando ela quando disse que traria a torta, colocando a forma de vidro no centro da mesa.
A fumaça saia da comida enquanto conversavam, a fome que sentia era maior que o incômodo abdominal, desde o pedaço de bolo que comera de manhã, a única coisa que lhe forrava o estômago era meia garrafa de água e uma maçã.
Seu primo chegou na sala de jantar com um blusão amarelo claro e os cabelos bagunçados e úmidos, quase babando na torta que enfeitava a mesa, qual fora feita por Hina, ela tinha até mesmo dado folga da cozinha a Mariko pelo resto do dia.
E foi ele que a cortou, colocando um pedaço generoso no próprio prato depois se servir as outras duas. A diferença de literalmente horas atrás a aquele momento era tão grande que quase fazia [Nome] se questionar se tinha levado uma pancada na cabeça e estava sonhando.
Conseguiu comer aquele pedaço de torta com a ajuda de um copo de água, não queira arriscar tomar refrigerante e não conseguir mais comer depois.
— [Nome]? — escutou a voz de Hina antes de vê-la.
— Sim? — indagou, colocando o último pedaço de sua segunda rodada da massa com frango na boca.
— Nós estávamos pensando em sair juntos de novo, um parque, ou um zoológico? — olhou o namorado, mas ele estava com a boca cheia demais para fazer algo mais que confirmar com a cabeça.
— Por mim pode ser. — afirmou, bebendo o último gole da água e afastando o copo de vidro.
— Um final de semana que você esteja livre, faculdade de direito deve ser bem difícil.
— Qualquer um, eu consigo dar um jeitinho. — piscou um olho para ela. — como eu disse no meu primeiro pedaço, a torta estava ótima, mas tenho que revisar umas anotações de hoje.
Se levantou, afastando a cadeira e colocando as mãos nos apoios de metal.
— Obrigada, posso separar uns pedaços para você, senão ele come tudo. — riu, e Take corou das bochechas as orelhas.
— Eu já volto Hina, acabei de lembrar de algo que tenha que falar com ela. — se levantou, recebendo um aceno da namorada.
— Okay, tchau [Nome].
Sorriu acenando com a mão, então o desfez, esperando que ele falasse o que queria, mas seus passo eram determinados enquanto subia as escadas, sem dar indício algum de respostas.
Quando parou, ao lado da porta do novo quarto dela, a observou com os lábios franzidos.
— Então? — perguntou, se aproximando da porta, e ao tocar a maçaneta percebeu que ainda estava trancada, deveria saber depois se tinha alguma chave-mestre na casa depois.
— Eu ainda não pude falar sozinho com você desde... Ontem? — falou com incerteza, balançando a cabeça logo em seguida. — quero saber como está lidando com isso.
— Normal... Eu só tenho que esperar a poeira abaixar. — sorriu de um lado.
— É sério... — suspirou. — o Mikey disse que em um ou dois meses no máximo isso já foi esquecido.
— Ele disse, foi? — se encostou na parede.
— Não confia nele, né? — [Nome] não afirmou nem negou, ele suspirou derrotado. — olha, eu já vi o que ele faz com traidores, com gente que considera uma ameaça a Toman.
E se ela ainda estava viva...
— Ele me disse que sabe dos espiões... E é verdade. — sabia que não adiantava perguntar nada importante, não teria respostas.
— Conhece ele desde quando?
— Desde um pouco depois de você ir embora. — encarou o chão, colocando as mãos nos bolsos. — estou dizendo [Nome], o que o Mikey disse não é mentira.
Suspirando, se desencostou da parede, trazendo o olhar do primo para si.
— Tudo bem, e a pessoa que liderava eles não vai causar problema nesses dois meses no máximo?
— Espero que não.
Se desviou do olhar cortante dela, é, ele não diria. Endireitando as costas, colocou a chave na fechadura, abrindo a porta.
— Não deixe ela esperando lá embaixo, bateu de leve o pé no chão. — ela tá feliz pela aliança.
— Eu sei. — deixou um sorrisinho escapar. — até depois então.
— Até depois.
Não esperou para vê-lo ir embora, entrou e trancou a porta ao passar, jogou a chave debaixo do travesseiro e sequer esperou para tirar as roupas antes de deitar e fechar os olhos, antes de tudo ficar escuro.
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