𝑺𝒊𝒙
Um suspiro cansado saiu do lábios de [Nome], junto com o barulho do zíper sendo fechado abaixo de si. Ela virou a mala, avaliando se estava cheia de mais ou não.
Segurando pela alça, a levou até a porta, colocando-a junta ao resto da bagagem que estava encostada na parede do corredor.
— Porra, da próxima vez não vou desfazer todas as malas.
[Nome] alongou o pescoço e os ombros, irritada. Sequer era de manhã quando foi acordada e informada que deveria arrumar as malas, e tudo o que tinha no quarto, para uma súbita e irritante mudança.
Não duvidou quando Hiroshi disse que se mudariam em breve, mas o fazer na mesma semana da sua chegada significava que estava apressado demais.
Era a porra de um sábado, e [Nome] acordara antes do sol tomar os céus para fazer malas e arrumar bolsas.
Ela se virou a porta aberta quando três seguranças vestindo ternos pretos saíram do corredor ao lado, carregando caixas e bolsas. Hayato teria muitas coisas para arrumar depois.
O guarda-roupas já estava vazio, assim como a penteadeira, as compras que fez no shopping renderam mais uma mala, mas fora isso, era a mesma quantidade de bagagem que trouxera da viagem.
Voltando até a cama, pegou a última bolsa de viagem média vermelho escuro e a acomodou no ombro, vendo uma mensagem de Naomi, ela dizia que não podia sair naquele dia, porque infelizmente teria um jantar aos noivos na casa dela, um que ela não poderia faltar se quisesse ficar em paz com o pai.
Os homens voltaram, levando as malas de [Nome] até o carro, era ótimo que a casa que iriam mudar já viria mobiliada, ela só teria que organizar o quarto para ter o resto do dia livre.
— Senhorita, são só essas? — um dos ajudantes pergunta, segurando uma caixa sobre os ombros e uma bolsa pesada nas mãos.
— Sim. — guardou o celular no bolso da calça moletom.
— Não quer ajuda com essa aí? — olhou a bolsa que [Nome] segurava, mas ela apenas balançou a cabeça, saíndo do quarto.
— Valeu. Tome cuidado com essa caixa, meus livros estão aí. — bateu de leve no papelão fechado com fita, algumas outras coisas também estavam embaladas lá.
Ele afirmou com a cabeça, se retirando. [Nome] parou na frente do corredor do quarto do irmão, Hayato murmurava baixo, provavelmente eram xingamentos. Ele também segurava uma pequena bolsa na mão esquerda, digitava no celular com a direita.
— Me esperando? Que fofo da sua parte. — observou os olhos meio avermelhados do irmão quando os tirou do aparelho para olhar ela.
— Sinceramente. — passou a mão pelos cabelos, acompanhando [Nome] até o andar de baixo. — ele já chega mandando, sem nem avisar antes.
Colocou as mãos nos bolsos, desviando o olhar aos degraus.
— Ele sempre foi assim. — [Nome] deu de ombros, Hayato se permitiu dar um único olhar a irmã.
— Mesmo assim, essa atitude dele me irrita.
Disse, bufando em seguida. O andar de baixo estava repleto de caixas, e pessoas as levando até o caminhão.
— Mas você deve estar mais irritada que eu, acabou de desfazer as malas e já teve que arrumá-las de novo.
Os dois saíram até a parte de frente, o vento gelado bagunçou os cabelos deles, o sol não estava a tempo o suficiente no céu para que estivesse quente do lado de fora.
— Você também, não faz muito tempo que vieram para cá. — ela passou a mão na bochecha. — isso é um saco, odeio mudanças.
— odiamos mudanças. — Hayato reformulou a frase, indo em direção ao carro estacionado na frente deles.
— A mãe de vocês já vai estar esperando lá, o senhor Hiroshi ainda tem que organizar algumas coisas aqui.
— Por mim, pode ficar quanto tempo quiser.
O irmão murmurou, se sentando nos bancos traseiros, [Nome] se acomodou ao lado dele. O motorista manobrou o carro, ela fechou os olhos, sentindo que dormiria a qualquer momento, então abriu apenas um, olhando Hayato de esgueira mexendo no celular.
— Quem é? — perguntou, ele virou mais o aparelho para longe dela.
— Não é da sua conta. — resmungou, voltando a mexer, [Nome] conseguiu ver o aplicativo de conversa.
— Algum possível interesse romântico? — cantarolou.
— Não!
Disse com a voz afobada, ela sorriu, abrindo um pouco os olhos sonolentos de novo.
— Não precisa ficar tão nervoso. — deu de ombros, as bochechas dele ainda tinham uma cor avermelhada.
— Não estou nervoso.
— Tá bom, mas não se esqueça que se começar a namorar, eu quero saber com quem, viu?
Debochou, se acomodando no lugar, não deu ouvidos as reclamações de Hayato, ao menos não estava mais com tanto sono.
☾︎
A casa era bonita, e ostentava um caminho de pedras brancas até a porta principal. Na parte lateral, [Nome] conseguiu ver uma parte da piscina e da grama verde, assim como as portas de vidro.
Ela não tardou em entrar, prestando pouca atenção na sala desarrumada, mas ainda bonita, diante dela. Tampouco Hayato quis comentar alguma coisa sobre os móveis brancos e beges, a enorme tv ou aparelhos de som.
O lustre em aspiral brilhava acima da cabeça deles, e Mizuki cruzou os braços do outro lado da sala, conversando com uma das empregadas sobre algo que não escutaram.
Hayato fora o primeiro a andar, [Nome] o acompanhou até a mãe, que tinha acabado de dispensar a ajudante.
— Onde são nossos quartos? — ele perguntou, sem muita paciência.
— No segundo andar, peguem os quartos que quiserem. — Mizuki se sentou no sofá, revirando os olhos ao ver mais caixas e entrarem.
[Nome] subiu as escadas segurando o corrimão.
Pegou o penúltimo quarto do primeiro corredor, Hayato também ficou por ali, ela não ficou para ver em qual quarto, ainda teria que ir buscar suas roupas. Ela quase arfou ao ver a cama, acomodou a bolsa antes de se deitar, aproveitando a maciez.
[Nome] avaliou o banheiro e a suíte antes de descer e buscar as próprias coisas, ela não protestou quando alguns ajudantes levaram algumas malas.
Parada no meio do quarto, ela colocou as mãos na cintura, olhando todas as coisas que teria que guardar.
Ponderou se deveria apenas empurrar as coisas até um canto e arrumá-las depois. Não ficaria ali por muito tempo, de qualquer forma.
Mas apenas a ideia de acordar e ainda ter que fazer fez um arrepio correr pelos seus braços. Arrumaria tudo o que precisava rápido, dormiria por boas horas depois.
☾︎
Acendendo o cigarro, apoiou o braço na janela aberta, soprando a fumaça por ela. O carro parou em um sinal, [Nome] afundou mais um pouco no banco, fechando os olhos.
Graças aos céus, Mizuki contratou pessoas o suficiente para arrumar aquela casa em horas, claro que algumas coisas sem tanta importância deveriam ser organizadas em outro dia, mas antes do meio da tarde as coisas mais essenciais já estavam organizadas.
Com [Nome] não foi diferente, arrumou o próprio quarto o mais rápido que conseguiu, descendo em seguida a cozinha, atrás de algo para comer, e encontrou sua mãe terminando de arrumar os talheres de prata.
Ela ficou imensamente feliz quando perguntou se Mizuki precisava de ajudava por pura educação, e recebeu uma recusa.
Depois, se jogou na cama, puxando o lençol que não se preocupou em dobrar por cima de si. [Nome] acordou horas depois, mais renovada, não desmarcaria a saída da noite por estar um pouco sonolenta.
— Falta muito? — perguntou, virando o rosto na direção da rua, o semáforo continuava no vermelho.
— Não, a casa da Hina é por aqui.
Takemichi respondeu ao lado dela, ele parecia pensativo. [Nome] abriu uma bala de menta, jogando na boca quando sua atenção se prendeu na rua ao lado, interditada por faixas amarelas e cones alaranjados.
Uma van cobria um lado da estrada, mas parecia intacto do ângulo que [Nome] via, e não havia nada mais fora do normal.
Antes que pudesse ver mais detalhes, o carro voltou a andar, ela revirou os olhos, só mais alguns segundos e poderia ver tudo.
— Aconteceu algum acidente por aqui? — indagou ao primo, que pareceu pensar antes de responder.
— Não sei, acho que não, por quê?
— Tem uma rua interditada ali atrás. — deu de ombros.
— Hina não me disse nada, mas talvez ela saiba de alguma coisa.
— Estão acontecendo muitos acidentes, né?
Pelo canto do olho, observou o corpo de Takemichi ficar um pouco tenso, relaxando logo em seguida. [Nome] se encostou na porta do carro, mordendo a bala.
— Acidentes acontecem todos os dias, talvez nem seja um acidente.
Sorriu amarelo, desviando o olhar, mas [Nome] sustentou o dela, girando o cigarro entre os dedos.
— É, talvez não seja. — se virou a rua de novo.
— Você não está cansada? Da mudança?
— Estava, mas não levamos todos os móveis, Hiroshi tambem contratou muitos ajudantes, então foi mais fácil.
— Ah, achei que fosse desmarcar, que bom que não foi o caso.
Talvez fosse uma coisa boa seu primo não calar a boca um minuto, diferente da primeira vez que andara naquele carro com Takemichi, do silêncio que predominou desde aquele galpão até a casa dele, dessa vez, ele parecia falar sobre tudo que pensava.
[Nome] baixou o olhar até a mão apoiada na janela e a pouca fumaça que saia da ponta do cigarro, sumia em direção ao céu sem nuvens. Talvez fosse bom ele não parar de falar.
Um minuto depois, Hinata esperava os dois do lado de fora do apartamento, ela segurou o vestido branco e vermelho no corpo ao entrar e se sentar ao lado do loiro, beijando a bochecha de [Nome] e, timidamente, dar um pequeno selar no canto da boca do namorado.
— Tá ventando muito hoje né? — disse com as bochechas coradas.
— É tá... Você tá linda. — Takemichi fingiu arrumar a camisa cinza que usava apenas para não olhá-la.
De repente, [Nome] percebeu que estava segurando uma vela gigante, e aquela confirmação a fez suspirar e levar o cigarro a boca de novo.
☾︎
O local era no segundo andar de um edifício pouco iluminado, a música tocava em algum lugar entre as risadas baixas e conversas. Takemichi levou as duas até uma mesa no canto, perto das janelas de vidro.
[Nome] se sentou na frente deles, arrumando o vestido prateado enquanto cruzava as pernas.
— Vou buscar uma bebida, o que querem?
— Nada por enquanto. — Hinata respondeu o loiro.
— Cerveja.
Deixando as duas na mesa, Takemichi saiu pela plataforma que dava livre acesso ao bar, sem passar pela parte reservada aos que queriam dançar no meio do salão.
A acastanhada o observou quase o caminho todo, [Nome] apoiou o rosto na palma da mão, brincando com o porta-lenços de metal encima da mesa.
— Ei [Nome], você chegou aqui a pouco tempo, né? — Hina chamou a atenção dela.
— Há duas semanas.
— Takemichi me disse o que aconteceu com a sua família, deve ter sido difícil. — sua voz estava hesitante, talvez estivesse com medo de dizer algo errado.
— Nos recuperamos rápido, mas agradeço sua preocupação.
[Nome] passou a pontas dos dedos na mesa de madeira, parando os olhos no colar que pendia do pescoço dela.
— Que colar bonito.
— Ah, foi o Tekemichi que me deu. — Hina enrolou uma mecha do cabelo no dedo.
Naquela ação, [Nome] reparou no brilho que faltava na mão direita dela.
— Cadê sua aliança? — talvez fosse uma pergunta direta demais, mas ela não conseguiu segurar a língua a tempo.
— A-a aliança? — Hina observou a mão por um tempo, segurando o colar de trevo depois. — Takemichi me deu esse colar... Então não... Acho que uma aliança seja tão importante.
Hinata sorriu depois disso, mas [Nome] conseguiu ver que talvez, ela apenas não tivesse pensado em ter uma aliança até agora. E do jeito que o primo era extremamente tapado para algumas coisas, ele também poderia não ter pensado nisso.
— Mas você gostaria de uma? — indagou, a outra não respondeu. — vou tomar isso como um sim, e vou dar um jeitinho nisso.
Piscou um dos olhos pintados e desenhados, Hina não protestou.
Segundos depois Takemichi voltava com uma cerveja e um suco que parecia ser de laranja, [Nome] abriu a garrafa de vidro, não esperando para dar o primeiro gole.
— Do que vocês estavam falando?
— Hina estava me contando da faculdade dela
Disse a primeira coisa que lhe veio a cabeça, Hinata apenas concordou. O loiro dizia estar aliviado pela namorada ter pegado o dia de folga.
Com o passar dos minutos, o lugar ia enchendo, [Nome] dava o último gole da terceira cerveja, acomodando a garrafa de vidro junto as outras duas no canto da mesa.
— Vou deixar vocês a sós um pouquinho.
[Nome] se levantou, apontando para a pista com o queixo, os outros dois afirmaram com a cabeça.
Se espremendo entre as pessoas que dançavam, ela foi se soltando aos poucos, e antes que percebesse, se mexia sem molde algum, a melodia entrava em seus ouvidos e ecoava na cabeça dela.
Instantes mais tarde, sentia o suor descer por sua testa, assim como o olhar do homem na frente dela, praticamente a comia com os olhos, tentando se aproximar aos poucos, um passo mais próximo a cada batida da música.
Reprimindo um riso irônico, [Nome] deu um passo na direção dele, se aproximando o suficiente para que pudesse sentir a jaqueta jeans claro dele pelos braços desnudos. Ela o olhava enquanto o sorriso mais charmoso dele se esboçava em seu rosto.
[Nome] se virou de lado quando as mãos dele se dirigiram a sua cintura e a outra, provavelmente em sua bunda. Aí sim, ela deixou o sorriso debochado sair.
Tocando o braço que estava mais para baixo do que deveria, ela o subiu um pouco, o deixando na reta de sua cintura. [Nome] se moveu, permitindo que ele dançasse com ela por alguns minutos.
A boca dela já estava seca, e aquelas três garrafinhas de cerveja com toda a certeza não conseguiram satisfazê-la. Sua língua quase se movia sozinha, pedindo álcool de verdade, apenas uma única gota.
— O que acha de irmos para um lugar mais reservado? Posso fazer sua noite valer a pena gata.
Ele se aproximou do pescoço dela, cheirando o perfume e quase tocando os lábios em sua pele.
Mas a única coisa que saiu da boca de [Nome] foi um risinho divertido, aquilo era um salto grande de dançar uma música ou outra com ele.
Não tinha a mínima chance de [Nome] sair dali com ele, não que a aparência dele fosse ruim, os cabelos pretos até que pareciam bonitos e o perfume dele não era ruim, mas não era daquele jeito que conseguiria algo mais com ela.
[Nome] sentiu as mãos dele descerem em sua cintura junto com seu corpo, ela dobrou os joelhos, mexendo os quadris.
— Em? Tenho certeza que não vai se arrepender.
Sussurrou de novo, a puxando mais para perto, [Nome] se aproximou do ouvido dele, e teve certeza de ouvi-lo rir.
— Obrigado pelo convite, mas eu dispenso.
Ela tirou os braços ao redor dele, arrumando os próprios cabelos como se fosse uma parte da coreografia cativante, a música já estava acabando mesmo, aproveitaria para beber um ou dois copinhos com os outros.
— Quê? — as mãos dele ainda estavam no quadril dela, e as apertou ali, parando de dançar, parecia estar atordoado pela rejeição dela.
— Valeu aí, mas eu não quero.
Não esperando resposta, [Nome] tirou as mãos dele de cima de si, em segundos ele foi coberto pelas outras pessoas, ela sequer olhou para trás ao sair da multidão.
Os pés dela pararam alguns metros longe da mesa, e cerrando os olhos, viu que a mesa que antes comportava apenas Hinata e Takemichi estava quase cheia, os dois conversavam com as outras pessoas que chegaram animadamente.
[Nome] não conseguia saber quem eram de tão longe, e a iluminação não ajudava, então, ela girou os pés dentro daquele salto preto e se dirigiu ao bar.
Dependendo das pessoas que estavam lá, ela precisaria estar menos sóbria para aguentar. Ainda se lembrava que alguns conhecidos do primo - não se orgulhava, mas suas também - eram irritantes.
— Whisky, dois.
Afirmou ao barman, sentando em uma das banquetas e apoiando um cotovelo na bancada, olhou de novo para mesa. Nenhum dos dois disseram que chamaram amigos, claro que também podia ser pura coincidência.
[Nome] retirou o celular da pequena bolsa preta na lateral do corpo, pequena o suficiente para comportar apenas o aparelho, um batom escuro acompanhado do gloss, cartões de crédito e um pouco de dinheiro em espécie.
Ainda não era tão tarde, sequer era meia-noite, e considerando que não estava com sono, poderia passar mais algumas boas horas ali.
Uma das pessoas que estava sentada ao lado de Takemichi se levantou, e o barman colocou as duas doses na frente de [Nome], ela disse um obrigada antes de segurar um dos copos, olhando para o lado de novo, sua visão se focou na figura que se aproximava com uma jaqueta preta e uma postura despojada.
[Nome] não tardou em virar o copo quando se lembrou dos cabelos loiros e o sorriso pretensioso se tornou mais nítido.
— Merda. — sussurrou.
— Que surpresa. — Manjiro se encostou na bancada ao lado dela, tirando o baseado dos lábios para falar. — Whisky.
— É.
Disse simples, ainda sentindo a queimação na boca e na garganta, junto com o cheiro tão característico da maconha nos dedos do loiro, que por sinal, era o único que [Nome] viu fumando ali.
— Por que não tá lá com o Takemichy? — indagou, dando apenas um gole na bebida.
Ela inclinou a cabeça, tomando o outro copo em mãos, então ele provavelmente já sabia que ela era prima dele.
— Por que você não tá lá com ele? — [Nome] virou o outro copo, soltando o ar que não sabia que estava prendendo.
— Vim buscar bebida. — se virou para pista, se apoiando pelos cotovelos na bancada atrás de si.
— Eu também. — ela sentiu os efeitos quando seus olhos demoraram para se focar na prateleira de madeira a sua frente.
Ouviu a risada dele, mas Manjiro ainda se mantinha virado para o salão. [Nome] fez um gesto ao barman, pedindo mais uma.
— Você bebe rápido ein. — soltou a fumaça devagar, dando um gole na bebida.
— O que você quer?
[Nome] perguntou, talvez tomar seu tempo fosse uma resposta agradável, mas naquele momento, ela tentava prestar atenção no copo diante de si e em Toxic, de Britney Spears, que tocava alto.
— Eu disse que me apresentaria da próxima vez que visse você.
Os cabelos loiros se agitaram quando ele inclinou a cabeça para trás, acabando com o whisky em grandes goles. [Nome] se apoiou pela palma da mão, querendo rir da cara dele, mas deixou apenas um sorriso sair.
— Tá bom, loirinho.
— Manjiro Sano. — ele se aproximou para dizer, a música ainda tocava alto, mas ela conseguiu ouvir perfeitamente, tal como o aroma da erva na mão dele, e de um perfume que ela não conseguiu dizer qual.
— Esse é seu nome? — não desviou a atenção dele enquanto girou a bebida, viu os dois gelos baterem um no outro, duas reações da própria mente.
— Sim. — afirmou, [Nome] pôde ver os anéis prateados brilharem a pouca luz nos dedos dele assim que levara o baseado a boca de novo.
— E o outro nome que me disse? É falso?
Sua voz saiu melodiosa e com uma pitada de divertimento, e levantando o olhar até o loiro, não teve que erguer tanto a cabeça para encontrar os olhos escuros e cansados dele.
— Mikey é um apelido meu, quase todo mundo me chama assim.
[Nome] aceitou a resposta dele, deslizando a mão sobre a madeira ao lado do whisky, ela piscou uma única vez antes de virá-lo também.
Ainda sentindo a presença dele, [Nome] resolveu se virar completamente ao Sano, a atenção fixa em algo que ela não via.
— Então? — [Nome] resolveu perguntar, um pouco impaciente demais, ele a olhou de esgueira. — tem mais alguma coisa para me dizer?
— Agora é sua vez.
— Minha vez de que? — perguntou, divertida.
— Diga seu nome. — um mínimo sorriso apareceu nos lábios dele, talvez fosse pela bebida predominando seu consciente, mas aquilo não soou como uma simples pergunta.
— Eu não disse que diria... — cantarolou, mas que diferença faria? Se aquilo fosse fazê-lo ir embora. — Miyazaki, Sano, [Nome] Miyazaki.
— Sano? De três opções você escolhe me chamar pelo meu sobrenome? Que cruel.
As palavras dele fizeram um puxinho desenhar um sorriso no rosto dela, queria saber por que não poupou tempo e perguntou logo ao primo.
[Nome] viu a boca dele se abrir, mas Manjiro logo a fechou novamente, pegando o celular do bolso, ela conseguiu ver a ligação sendo recebida, assim como a explícita recusa dele de atendê-la.
Não importava para [Nome] quem era, mas fez o rosto dele vacilar sua expressão de deboche de segundos antes.
— Infelizmente, eu tenho que ir. — avisou, não deixando o sorriso sumir completamente.
— Que pena, logo agora que eu estava começando a gostar da nossa conversa. — disse, quase que em um suspiro, ele inclinou um pouco a cabeça.
— Sério? Mas não deixe minha ausência arruinar sua noite. — entrou na onda, [Nome] sorriu de lado.
— Prometo que vou tentar.
— Até depois, [Nome].
Ele sorriu ladino, deslizando o ícone para baixo, recusou a chamada antes de sair de perto do bar e ir em direção a saída, os dois seguranças não barraram o loiro.
[Nome] balançou a cabeça quando o Sano sumiu, pedindo uma cerveja, já a recebeu aberta.
Se levantando, ela olhou o próprio celular quando o aparelho vibrou, o brilho a incomodou, mas conseguiu distinguir a tela da chamada de voz, assim como o nome estampado na parte superior.
— Oi. — disse ao atender.
— Onde que você tá? — [Nome] revirou os olhos, se sentando na banqueta novamente ao ouvir a voz de Mizuki.
— Em uma festa. — puxou a cerveja gelada e bebeu um gole.
— Claro, consigo escutar a música daqui.
[Nome] percebeu a voz irritadiça dela, já imaginando aonde aquilo levaria assim que o suspiro da mais velha chegou aos seus ouvidos.
— Me ligou por quê?
— Você tem que avisar quando sair! — Mizuki não gritava, mas o tom elevado era perceptível.
— Eu disse a Hayato.
Não que o irmão tivesse perguntado diretamente se ela iria sair quando a viu entrar na sala arrumada, mas resolveu avisar que provavelmente chegaria tarde ao ouví-lo jogar indiretas.
— Ele não é sua mãe!
Ah, sim, agora Mizuki havia levantado mais a voz. Combinava mais com ela.
— Se não me contassem... — ela disse, revirando os olhos.
— Você tem que me avisar quando fizer isso.
Ela respirou fundo, não deixando a raiva passar do limite, e a sentiu queimar na garganta. Depois de tudo, depois de cinco anos, Mizuki ficava irritada que [Nome] estava em uma festa?
— Ficamos te esperando até quase agora, e você em festa.
— Sério? — deu de ombros, mas não deixou a palavra "ficamos" passar despercebida.
— Isso era importante, garota! Comece a se portar como uma adulta!
[Nome] passou a mão pela têmpora, a ressaca do dia seguinte estava garantida, não iria ficar escutando sermão.
— Se era importante, por que não me avisou?
Escutou Mizuki pigarrear do outro lado, desligando logo em seguida. [Nome] encarou a tela, eram 00:10. Por que caralhos ficaram esperando ela até aquela hora?
Guardando o celular, [Nome] tomou a cerveja em mãos, voltando a mesa. Preocupação com certeza não era, poderia riscar aquele ponto da lista.
Chegando mais perto, percebeu que metade das pessoas já não estavam mais lá, sequer percebeu que eles haviam saído, apenas se sentou em frente a Hinata.
— E quem é essa gatinha? — um dos desconhecidos disse, [Nome] o olhou desde o sorrindo brilhante até os cachos alaranjados.
— [Nome]. — levou a cerveja aos lábios, vendo os outros caras ao redor da mesa, ou das mesas, pois tinham juntado outra para caber todos que estavam ali, mas agora estava quase vazia.
— Ela é a minha prima, que eu falei para vocês. — Takemichi explicou.
Então, os apresentou a [Nome], não que fosse lembrar dos nomes de todos os cinco, apenas bebia enquanto o primo citava cada um.
Os dois últimos foram os gêmeos, o que falara com ela primeiro, que exibia um enorme sorriso era Smiley, o mais velho, o outro era Angry, parecia o oposto do irmão, não falou e também não riu.
Pelo menos não eram os antigos colegas da escola.
— Ei, não é melhor irmos atrás dele?
Disseram próximo de Smiley, mas o cacheado balançou a cabeça em negação, os outros chegaram mais perto dele.
— Não?
— Draken disse para cuidarmos dessa área, que ligaria se precisasse de algo.
Eles se afastaram, não parecendo estarem satisfeitos com a resposta, mas Angry se inclinou na direção deles, trincando os dentes, não houve discussão.
[Nome] olhou de um a outro, Draken deveria estar ali antes dela chegar, e provavelmente surgiu um problema que o fez ir embora.
— Olha só, ela é curiosa. — [Nome] deixou de prestar atenção na conversa quando Smiley olhou para ela.
— Vocês que estavam falando alto. — deu de ombros, ele gargalhou.
— Verdade, mas não vamos mais falar de trabalho. — virou o resto do copo, olhando os outros de soslaio.
[Nome] também terminou a cerveja, colocando a garrafa vazia junto as outras.
— Ele me disse que você bebeu essas cervejas. — Smiley apontou com o queixo, passando o braço pelo pescoço de Takemichi de repente. — então você não é tão fraca no álcool quanto esse idiota!
— Ei, me deixem de fora disso! — o primo avisou, cerrando os olhos em acusamento.
O cacheado se afastou, se encostando na mesa com animação.
— Vamos ver quem bebe mais rápido?! — perguntou, o sorriso aumentando. — Eu e o Takemichy fizemos isso uma vez, ele perdeu feio!
Pela expressão do loiro, ele pareceu se lembrar do dia, mas os outros não levaram o convite do cacheado tão a sério.
— Se ele não conseguiu passar da sexta dose, que dirá ela! — riu.
— Será?
— Ah não! Ela com certeza aguenta mais que eu! — o primo se virou ao Smiley, mas ele não pareceu ligar.
— Eai? Topa?
— Você vai voltar para casa arrastado!
[Nome] se inclinou sobre a mesa, e apenas ficou mais animada ao ver o sorriso confiante dele.
Smiley mandou trazerem vinte doses de uma bebida rosada, as arrumando sobre a mesa. Dez doses foram dispostas na frente de [Nome], ela arrumou a postura, e do outro lado da mesa, Takemichi parecia quase roer as unhas.
Angry sussurrou algo ao irmão sobre ele não poder beber tanto naquela noite, recebendo uma afirmação, sussurrou de volta, [Nome] não conseguiu ouvir o quê.
— Que tal apostarmos? — Smiley tirou três notas do bolso, as colocando sobre a mesa.
[Nome] tirou três notas de mesmo valor da bolsa, as arrumando no canto.
— Vamos começar!
Um dos outros caras começaram a contagem regressiva de 3 á 0, as mãos de [Nome] se moveram sozinhas ao ouvir o já ecoar pela mesa.
Pensou que Hinata não estivesse achando uma boa ideia aquela ação, mas conseguia ouvir as palavras de motivação dela enquanto virava mais um copo, não sabia qual, sua mente trabalhava rápido, dividida em: levar a dose a boca, beber e pegar a outra.
Quase não sentia a queimação na garganta antes de sentir o líquido descer de novo.
A música se misturava nos ouvidos de [Nome] junto aos gritos de Hinata e Takemichi quando bateu o último copo na mesa. Smiley parou de beber na sétima dose, encarando os recipientes vazios diante dela.
— Ganhei!
Disse enquanto ria, mesmo que fosse evidente sua vitória. Os outros dois riram com ela, não ouve protestos enquanto [Nome] pegava o dinheiro dela de volta junto com as três notas do cacheado e guardasse na bolsa.
Mesmo que os outros não parecessem acreditar naquilo, Smiley apenas encarava onde seu antigo dinheiro estava.
— Eu disse que ela aguentava mais que eu! — Takemichi afirmou sorridente, parecendo vingado de alguma forma.
— Foi mais rápido do que eu pensei! — o oponente dela se encostou na cadeira de novo, o sorriso voltando.
— Da próxima vez, vamos apostar mais!
Apenas após aquelas palavras saírem [Nome] percebeu o gosto que ficara na boca dela, não prestara atenção no quanto aquela bebida era forte enquanto a ingeria, mas o álcool estava tão presente na sua língua que a garganta ainda ardia.
— E você ainda tá de pé, [Nome]? — Hinata se sentou na cadeira vazia ao lado dela. — eu ainda lembro quando ele apostou, ficou igual um boneco de pano.
Ela riu olhando o namorado.
— Eu imagino, deve ter sido engraçado. — o gosto ainda prevalecia, mas ao contrário do que Hina pensava, [Nome] estava vendo as coisas mais lentas, e com certeza cairia se alguém pedisse para ela fazer um quatro.
Pouco tempo depois, [Nome] já pensava em ir embora quando Smiley e Angry, junto com os outros, se levantaram, dizendo que já precisavam ir. Takemichi perguntou se alguma coisa havia acontecido, mas depois da negação do gêmeo mais novo, os deixou ir.
— Eles são bonitos, né? — afirmou ao lado de Hina, ela apenas corou.
— Você achou?
— Achei. — ela sorriu, se segurando no corrimão enquanto descia.
Na calçada do lado de fora, o céu ainda estava escuro, era um bom indicativo que ainda não estava perto de amanhecer.
— Podem me deixar em casa primeiro.
Disse ao primo, se esticando nos bancos traseiros, e viu Hina desviar o olhar pelo espelho retrovisor. Mas não fez nenhuma piada ao fechar os olhos e encostar a cabeça nas bordas da janela aberta, sentindo o vento contra o rosto.
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