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𝑬𝒍𝒆𝒗𝒆𝒏


Avisos:

Olá gente, espero que tudo esteja bem com vocês, porque eu só tenho a agradecer pelo quase um K de visu, e por algum motivo eu fiquei muito feliz pelos 800 ( ??? )

Mas de verdade, muito obrigada por todas as estrelinhas e os comentários, que eu amo ler, tô tentando ser mais ativa e postar com mais frequência, juro gente, mas sempre gosto de ir adiantando uns capítulos para frente ou uns arcos, e deixar melhor cada capítulo.

Só vim agradecer mesmo gente, amo vocês.

- Não revisado. -

             • Aviso de gatilho: sangue.

08:00 AM

Irritado. Era difícil Draken dizer o que estava sentindo no momento, mas a irritação e o alívio quase faziam seu corpo flutuar. E elas eram duas sensações tão diferentes que quase o impedia de tentar fazer algo naquela situação.

Presenciar a vida de Mikey em uma balança que não poderia prever para qual lado iria pender era terrível.

Era terrível para Ken ver como ele estava compassivo, a forma como se aproximou da arma, sem um músculo ter se flexionado para tal. Como se colocou entre os outros membros da Toman, como exigiu tempo e atrasou a reunião.

E mesmo naquele momento, o alívio de saber que [Nome] não apertou o gatilho não fazia sua irritabilidade abaixar, o silêncio entre si e Mikey fazia seu sangue ferver.

Franzindo a testa - de novo - bateu a porta atrás de si, vendo seu comandante andar até a mesa do escritório e procurar por algo na bagunça que aquilo estava.

— Que merda você tá fazendo?!

Se aproximou, tantas perguntas que foram de acumulando através dos meses arderam na língua de Draken, mas queira saber o por quê dele estar ajudando ela, por quê ele estava tão confiante na frente da bala.

Droga, quando tudo começou a ficar daquele jeito? Quando Mikey parou de conversar com Draken, quando se afastara de tal maneira que ficava difícil prever seu próximo movimento?

O trabalho era uma porra, tinha consciência disso, que as coisas não eram mais como antigamente e que a leveza com que tratavam certos assuntos não existia mais. E com todas as perguntas incansáveis que rondavam a cabeça de Draken, tinha apenas duas respostas para o que tinha acabado de indagar.

A primeira era que Mikey queria protegê-la dos perigos externos e das Gangues inimigas da Toman. O que não fazia sentido, desde que [Nome] o ameaçara com uma arma carregada, e desde que se entendia por gente, pessoas que faziam aquilo não viviam para contar vitória.

Eles sequer se conheciam.

E aquilo apenas fazia a segunda teoria ficar mais forte e pior, pois, por qualquer que fosse a razão, ele estava a usando, para qualquer que fosse o fim.

E por mais que ela tivesse se mostrado mais letal e agressiva do que achara ser, Draken apostaria na primeira opção.

Não se imaginava acreditando na segunda possibilidade, não, o Manjiro que conhecia a anos não a usaria para aquele tipo de coisa, mesmo que a situação turbulenta que estava se alastrando a tanto tempo ainda permanecesse.

Ele não faria isso.

— O que acha que estou fazendo? — perguntou de volta, segurando um único papel.

— Não sei, me diz você, — se aproximou. — o que pretende colocando ela na equipe? — o que pretendia contando mentiras e adiando assuntos?

— Não pretendo nada, já conversamos sobre isso. — dobrou o papel em dois.

— Nós sabemos sobre ela não ser um membro oficial, mas e todos os outros que não sabem? — parou na frente dele, interceptando a saída.

— Eles não vão fazer nada. — disse simplesmente, desviando o caminho até a porta, Draken trincou os dentes, aquelas noites sem dormir não ajudavam no seu humor.

— Essa conversa ainda não acabou. — se virou, Manjiro estava a um passo de sair da sala.

— Vai poder fazer suas perguntas depois. — em nenhum momento ele havia dito que as responderia, mas era um começo.

— E para onde vai agora? —indagou, então a mão de Manjiro levantou e mostrou o papel entre dois dedos.

— Fazer uma visita.

                                      ☾︎

23:46 PM

Deixou a porta fechada enquanto mexia a panela, sentindo o cheiro do chocolate atiçar sua fome e fazer sua barriga roncar. Quando acordou, a casa estava vazia, sem sinal do primo ou de Hina - ou de qualquer outra pessoa.

A fome foi a única sensação que não pôde ignorar, então desceu e xingou Takemichi por deixar a porta aberta, além de que a cozinha tinha ficado extremamente gelada com o ar que vinha do lado de fora.

[Nome] não tirou a blusa de manga longa rosa claro ao começar a preparar o doce, já que não tinha um sequer nos armários ou potes.

Tirou a mão da cintura ao desligar o fogo e apertar para parar a música que tocava no aleatório, deixou o aparelho encima da bancada, voltando para o fogão com um prato em mãos.

Mas foi com cautela que o colocou na parte elevada da pia, enquanto o som se aproximava, vindo da sala. Não um daqueles sons que a deixava alerta e a fazia aguçar os ouvidos atrás de outra deixa, mas uma movimentação frenética, de passos acelerados e vozes caóticas, gritando.

Os pés descalços foram mais que rápidos ao correr até a sala, parando segundos para ver o estado que o cômodo estava: vermelho. Sangue estava espalhado desde a porta de entrada até o sofá, onde Takemichi estava deitado. Sangrando.

Mesmo com a respiração querendo falhar, desviou dos homens como se fossem móveis, empurrando um ao chão com facilidade.

A cena era quase inacreditável, vê-lo tão machucado fazia sua mente trabalhar mais rápido, caçando o lugar que era responsável por todo aquele sangue.

— [N-Nome] — balbuciou, e o resto do autocontrole que tinha quase se esvaiu ao ver uma linha de sangue descer enquanto ele chamava por ela.

A mão trêmula de Takemichi se moveu até a barriga, e quando a tirou de lá, estava suja de sangue. O primo encarava o próprio estado com os olhos arregalados, roxos e inchados.

— Vão buscar um kit de primeiros socorros. — não olhou eles, mas podia ver como estavam paralisados com a situação.

— Não sabemos costurar. — escutou, e se o estado de Takemichi não estivesse tão ruim, teria lhe acertado um soco.

— Eu mandei irem pegar.

Chiou entre os dentes. Dois deles se apressaram a cozinha, as pernas do que sobrou quase tremiam, suas mãos estavam emaranhados na própria cabeça, desesperado.

Verificou seus batimentos cardíacos, fracos, a respiração era lenta e com intervalos de tempo agoniantes.

— Me dá seu casaco. — mandou, começando a abrir a camisa social branca do primo.

Ele não perguntou ao tirar e ficar apenas com a regata amarela manchada de vermelho. [Nome] apertou o casaco contra o abdômen dele, o desespero do outro membro da Toman só aumentou ao vê-lo se encharcar em segundos.

— Eu tô b-bem. — disse, e era uma linha tão fina que quase estava se extinguindo, suas mãos fizeram mais força quando o primo vacilou o olhar.

— Aguenta, Take, não faz esforço. — passou a mão por sua testa, desgrudando os fios loiros, e só aí viu que os dedos mancharam sua pele de carmesim.

Não podia deixar a emoção tomar conta dela, não era racional, mas a vida frágil de Take estava se esvaindo.

Ele estava morrendo.

Era difícil respirar direito.

A caixa de primeira socorros foi deixada ao seu lado no chão com um pequeno tremor de mãos que logo se afastou.

Aquela altura, Takemichi era apenas uma confusão de carne roxa, sangue e furos. Jogou o casaco no chão ao mandá-los irem atrás de toalhas limpas no segundo andar e água.

Enquanto cuidava do abdômen, percebeu uma poça se formar perto do braço dele, xingando de novo ao notar a marca de tiro no ombro.

Diante aquele mar de sangue que cobria Takemichi, não duvidaria de achar outro machucado sério.

Apenas sua percepção ajudava enquanto juntava novamente a pele acima do umbigo, parecia ter sido feito por uma faca, uma bem afiada. Mas a toalha - antes branca - não estava estancando o machucado da bala direito.

E as arfadas que Takemichi dava, como se todo o oxigênio que pegasse não conseguisse suprir a necessidade por ar, fazia um buraco fundo no interior de [Nome], não era desespero, nem tristeza ou qualquer outro sentimento que conseguisse explicar com palavras, era mais fundo e mais... Inexplicável.

A feição dele estava pálida quando acabou com aquele ferimento.

Takemichi não iria morrer, não deixaria. Não deixaria.

Tomando seu rosto, quase se assustou com o toque da pele fria, mas [Nome] segurou suas bochechas com firmeza.

Não feche os olhos, — disse, trincando os dentes. — olhe para mim, — repetiu, suas pálpebras não se mexiam. — olhe para mim.

Somente ao terminar percebeu que não era japonês que falava, e a expressão de confusão que Takemichi fez foi o suficiente para saber que estava mais perto da vida do que da morte.

Era aquele o intuito, fazê-lo ficar acordado.

Respirando fundo, tirou a supressão do ombro, limpando o ferimento e verificando se ele ainda respirava, caçando a bala enfiada na carne.

— Pega a caixa, — mandou para ninguém específico, e viu um deles se aproximar rápido. — remédio para dor, caixa vermelha e branca.

Logo a cartela estava em mãos, e depois de agradecer, segurou o maxilar arranhado do primo, colocando com cuidado por entre os dentes, Takemichi o engoliu, inspirando uma boa quantidade de ar depois.

[Nome] foi cautelosa ao ver a ponta da bala entre os nervos e carne viva, pegando o material necessário para ver se conseguia tirar. Nenhum som saiu da sala enquanto ela tentava extraí-la, xingando em um outro idioma quando lhe escapava e voltava para o mesmo lugar.

Mas Takemichi olhava para cima, para as luzes que pendiam do teto, mesmo que com as pálpebras quase fechadas.

Um peso enorme saira de suas costas ao jogar a bala no chão da sala, não perdendo tempo em cuidar da ferida. A água da bacia brilhava carmesim, e derramava um pouco a cada movimento que [Nome] fazia para tentar deixar o pano mais limpo, para fazer o ferimento ficar mais visível.

O tempo parecia ter parado, apesar que o sentimento ainda estava mudando e se intensificando, que cada batida do próprio coração - e do de Takemichi - a fazia se concentrar mais no presente, no agora e na vida dele na frente dela. Qual não deixaria escapar.

[Nome] só voltou a realidade quando acabou o último curativo, parecendo ter se passado horas, ou segundos. E não quis, mas ficou por um segundo encarando o que tinha acabado de fazer em Take.

— Está me escutando? — segurou a mão dele. — não fale, aperte minha mão.

E ele apertou, devagar, mas fez o que ela pediu. Apoiou o braço dele com cuidado sobre o sofá, se levantando em seguida.

— Preciso que vá a farmácia. — disse ao que viu primeiro, foi o que lhe emprestara o casaco, ele apenas assentiu nervoso.

Ditou tudo o que precisava, e no segundo remédio tiveram que anotar no celular, mas foram rápidos ao saírem correndo pela porta.

Deixando apenas um dos membros fazendo guarda do lado de fora da porta, e [Nome], ainda em pé, mais paralisada do que gostaria.

                                   ☾︎

Tinha acabado de trocar os curativos por outros mais bem feitos e limpos quando percebeu eles entrarem.

Porém, não se virou para vê-los ao balançar um pote de remédios e dar um - o último, por enquanto - ao primo, os remédios estavam fazendo efeito.

Takemichi o engoliu com um gole d'água fazendo uma careta, ao menos estava reagindo.

A perda de sangue o deixaria fraco por um tempo, mas agradecia por não precisar de uma transfusão.

— Ele está estável. — se levantou e virou, as aparências de nenhum dos quatro estavam melhores que a de [Nome].

Lágrimas brilharam nos olhos de Chifuyu ao se aproximar, trazendo o líder da primeira divisão atrás, com a face petrificada no sangue e em Takemichi.

E apesar dos olhos arregalados de Draken ou da paralisa instantânea de Manjiro, não se importou em fingir graças ou agradecimentos a nenhum deles.

— Quem fez isso? — um pingo de sangue misturado com água deslizou por seu dedo e pingou no tapete, e foi a coisa mais limpa que o manchara no dia inteiro. — não digam que não sabem.

— [Nome]...

Chifuyu disse, quase trêmulo, sua voz fez com que Takemichi tentasse se levantar, e ela logo voltou sua atenção a ele.

— Fique deitado. — segurou o ombro ileso delicadamente e o deitou de novo no sofá, pelos céus, para onde [Nome] olhava via sangue. — você perdeu muito sangue, não ouse se levantar.

Se fosse falar a verdade, diria que estava esperando o maldito sonífero fazer efeito, sabia que o primo não conseguiria ficar quieto pelo tempo recomendado - e se machucaria como consequência.

Se aproximou antes que qualquer outro abrisse a boca e ela tivesse que colocar um vigia ao lado do sofá.

— Precisamos conversar. — Manjiro disse, se virando a ela como se seu corpo fosse feito de pedra, e mesmo com a distância, os olhos azuis tentaram se abrir mais, para ver quem mais estava na sala.

— Em outro lugar. — respondeu, não dando mais atenção do que deveria na sobrancelha erguida do líder da primeira divisão.

— A sala de jantar.

— Certo, mas primeiro eu vou levar ele para a cama. — respondeu Chifuyu, que alternava o olhar dela para o amigo.

—Eu ajudo.

Se disponibilizou, não foi fácil levantar o corpo quase apagado de Hanagaki, o cuidado que teria que ter para não abrir nenhum dos pontos seria grande, por isso não reclamou quando Baji se aproximou e tomou uma das pernas dele.

Enquanto subia as escadas, ouviu Manjiro deixar um vigiando a entrada da casa e os outros dois os fundos e a rua. A movimentação foi se afastando ao entrar no corredor, olhando vez ou outra a face dele, mas se estava sentindo alguma dor, não demostrava.

A ação de Baji não pareceu ser muito pensada ao bater, com força, de lado na porta para abrí-la, mas foi eficiente. As roupas que estavam no chão foram chutadas antes que fossem um problema no caminho até a cama.

[Nome] e o líder da primeira divisão o deitaram na cama, ele arrumou suas pernas com cuidado, retirando os sapatos sujos de terra e os colocando no chão, as mãos ágeis de Matsuno bateram nos travesseiros e os arrumaram.

Pôde ver o alívio no rosto machucado ao sentir o cobertor se erguer até abaixo do queixo, fechando completamente os olhos em seguida.

Chifuyu ainda parara dois passos longe da cama, com uma expressão quase descrente da cena que via, saindo depois de um cerrar de dentes, e apenas por precaução, esperou que Baji o acompanhasse para checar seus batimentos cardíacos novamente, e por fim, estavam regulados.

Sequer bateu a porta ao voltar e acompanhar os outros dois até a parte de baixo, ainda não sabia o que Baji pensava sobre tudo o que estava acontecendo, sobre os espiões e sua mãe nova integração na Toman, então teve o bom senso de deixá-lo sempre em seu campo de visão - o mesmo que fazia com Manjiro.

As portas da frente estavam fechadas e pareciam estar trancadas, sem sinal de qualquer segurança. A abertura da sala de jantar revelara Draken batendo o pé no chão com os braços cruzados.

— Cadê o Mikey? — Matsuno perguntou, parando ao lado de [Nome] próximo a saída da cozinha.

— Fazendo uma ligação, não vai demorar.

E não demorou, um segundo após falar ele entrou e se juntou aos outros quatro, ficando mais próximo da mesa e de Ken.

— Ok, então agora vocês vão me dizer quem fez isso, e por quê.

Jogou o peso do corpo para um lado da perna, foda-se se estava abusando da boa vontade de Manjiro ou lhe enchendo a paciência, era boa naquilo, e não deixaria que a enrolassem.

— É um assunto complicado, e não sabemos exatamente o por quê. — ele devolveu a pose de relaxado que [Nome] tinha acabado de fazer.

— Eu sou toda ouvidos. — deixou o ar escapar pelos lábios ao se encostar na parede, encarando um por um.

— Takemichi tinha ido fazer um comunicado em uma região da zona norte, mas não faz mais que duas horas que recebemos uma ligação avisando sobre uma tentativa de assassinato contra ele.

Manjiro acabou de falar, deixando novamente a sala de jantar em silêncio, pelos céus, com o humor que estava, acabaria com o primeiro que lhe irritasse.

— Quem mais foi com ele?

— Cinco ou seis membros da quinta divisão.

Apenas três chegaram com ele uma hora atrás.

— E para quem foi dar o comunicado?

Daquela vez, não veio resposta, e até Chifuyu desviou o olhar triste para as janelas transparentes adornadas com cortinas.

Quem? — ah, [Nome] não queria saber sobre a burocracia da gangue, mas escutaria de bom grado se precisasse.

— Um dos últimos caras que se aliou a Mikey. — Baji se fez presente, ela esperava uma resposta de qualquer um, menos dele.

— Ele toma conta de um dos meus territórios, e tínhamos uma reunião marcada para hoje. Uma que era responsabilidade de Takemichy.

— Ele não parece ser um aliado amigável. — riu cínica para Manjiro.

— Os três membros que foram, e voltaram com Takemichy disseram que ficaram do outro lado da rua, vigiando o carro. E só ele voltou.

Draken disse depois de ver o clima pesar, não sabia quanto sangue ele havia perdido para chegar até o carro, e o conhecendo, tinha certeza que ele havia lutado pela vida dos outros dois.

— Não conseguimos nos comunicar com o responsável do território antes, mas vamos nos encontrar com ele em duas horas e meia.

Um olhar foi lançado a Ken diretamente por Manjiro, como se dissesse para parar de falar.

— Qual é o nome dele?

— Arata. — Baji respondeu, dando pouca importância ao olhar que saira do vice-comandante e parara nele.

Arata. Se lembraria disso, assim como se lembraria de todas as cenas de total diversão que passavam pela cabeça dela.

— Ótimo, eu vou com vocês. — anunciou, deixando os braços inertes ao lado do corpo e se afastando da parede, pronta para escutar qualquer negativa de Manjiro, mas não foi ele que se manisfestou.

— Como assim vai? a trança de Draken pendeu no pescoço ao inclinar o tronco, como se não tivesse escutado direito.

— Ah, não faça essa cara, ela é bem diferente da que fez quando me viu ameaçar seu líder. — era medo, raiva e impotência misturados em uma vontade de tirá-lo da mira de [Nome]. — além de que faço parte da divisão de Takemichi, não posso não estar lá.

A vontade de rir ladino quase se fez presente a boca meia aberta dele, e com um olhar para o lado, teve todas suas dúvidas supridas e soube que tanto Matsuno quanto Baji acreditavam na mentira descarada que lhes foram contados.

— Então o vice-capitão deveria ir.

— E cadê o vice-capitão da quinta divisão? Ele estava entre os envolvidos de hoje? — respondeu Chifuyu com uma indagação.

— Está ocupado. — Manjiro disse, atraindo a atenção dela novamente.

— Então, se não tem mais ninguém nessa hierarquia acima dos membros comuns, eu deveria ir. — [Nome] cruzou os braços, com a paciência perfeitamente intacta, mas o tempo que eles estavam perdendo era desnecessário e irritante.

— Não vejo problema nisso, é a divisão e o líder dela. — sempre achou Chifuyu sensato, e foi bom que deixara o parentesco fora daquela fala.

Baji parecia ter o mesmo pensamento que seu companheiro, então só teria que convencer aquele grandão irritadiço.

— Saímos em duas horas.

Sinceramente, não esperava que Manjiro concordasse tão rápido, tanto que [Nome] estava pensando em deixá-lo para o final, e se ele não concordasse, daria seu jeito para saber tudo o que precisava e resolver sozinha.

Apenas um aceno se fez presente antes de sair e subir para o andar de cima, deixando um Draken com certa indignação para trás.

Trancando a porta após passar, tirou a blusa e a jogou encima da outra peça suja no canto do banheiro, notando os pulsos marcados com sangue seco.

Os enfiou debaixo da água da pia e despejou sabonete líquido, esfregando a pela com agressividade até o sabão descer pelo ralo, e mesmo quando o vermelho saiu de sua pele, continuou lavando.

Se apoiou na pia com o restante das forças que ainda tinha, tentando manter as pernas firmes e o próprio corpo erguido, a não cair nas marcas de sangue que o pé sujo trouxera ao chão antes limpo.

Abaixando a cabeça, tentou regular a respiração.

Porra, Takemichi quase morrera na frente dela, bastava um movimento errado e teria que cuidar de seu corpo no outro dia.

— Cacete. — deixou escapar por entre os dentes, o xingamento ressou pelo banheiro vazio.

Mas pensar em sua estabilidade física era tão reconfortante quanto a temperatura baixa da madrugada que arrepiava seu tronco desnudo.

                                   ☾︎

Não gostaria de parecer ser maníaca ou qualquer coisa do tipo, mas quando saiu do banho e escutou os passos no corredor, [Nome] percebeu que haviam levado a caixa de primeiros socorros até o quarto de Takemichi.

Estava acabando de separar os frascos e cartelas de remédios quando escutou a porta se abrir.

— Ah, eu não sabia que estava aqui, achei que ainda estava se arrumando. — já sabia que eles eram bons amigos, então não desviou tanta atenção do que estava fazendo.

— Não acho que vão chamar um médico, então estou ao menos separando. — colocou o último frasco na ponta da prateleira da caixa, se virando a Matsuno depois de fechá-la.

— Eu não vou com vocês, então decidi ficar aqui com ele. — se sentou na poltrona próxima das janelas fechadas, apertando uma mão na outra. — o Mikey chamou mais homens para ficar pela área.

Depois do que ficara sabendo sobre os espiões, [Nome] tinha mais motivos para não confiar nos membros da Toman.

Queria ter chamado Hinata, mas não sabia como ela iria reagir ao estado dele, e mesmo achando pouco provável que não soubesse de sua participação na Gangue, decidiu esperar ele acordar.

— Sei que ainda não me conhece direito, então liguei para o Takuya e o Akkun, disseram que vão chegar logo. E eles também fazem parte da quinta divisão.

Ele suspirou fundo, encarando o chão por alguns segundos.

— E aí, preciso saber horários de remédios ou algo assim? — perguntou em um tom mais leve, o vira lutar ao lado do primo no galpão, se quisesse o machucar, já teria feito.

— Não se preocupe, ele vai ficar dormindo por umas sete horas, e eu espero voltar antes disso. — se voltou a porta, a bota sem salto fez o mínimo de barulho ao andar.

— Tudo bem, não posso ajudar em mais nada?

— Bem, se ele acordar, não o deixe se mover.

Mesmo que fosse improvável que acordasse, [Nome] ainda contava com o incômodo e a dor para mantê-lo deitado.

Acenou de volta para o sorriso encorajador que ele lhe dera, olhando apenas uma vez o loiro acamado antes de descer até o andar debaixo em passos largos.

Durante o banho, repensou e pensou muitas coisas, deixar Takemichi em uma situação tão delicada foi uma delas. Talvez acontecesse alguma complicação ou invasão, e ela não estaria ali.

Mas não fazer nada além de esperá-lo acordar seria inquietante, para dizer o mínimo, levaria dias para que se curasse completamente e sabia que ele seria contra sua junção temporária, mas não falsa, a Toman.

Até que a mentira de Manjiro lhe serviria para alguma coisa.

O portão estava aberto, revelando um motorista a postos no canto, com as mãos para trás. Um carro preto arrancou pelo asfalto assim que pisara na calçada, vendo Draken e Baji conversando do outro lado da rua iluminada.

— Pronta?

Respondeu a indagação de Ken com um aceno enquanto arrumava os pulsos do blazer preto que chegava até seus quadris, encostado do outro lado do carro, Manjiro jogou o cigarro no chão, pisando nele antes de dar a volta.

Um comando de mão e os outros quatro carros ligaram os motores e os faróis.

— Vai assim? — sua atenção foi atraída pelos caninos afiados de Baji. — não te deram nem uma arma?

Balançou a cabeça quase que descrente, colocando as mãos nos bolsos, os outros carros já estavam saindo, sendo manobrados um por um.

— Eu tenho a minha. — afastou o pano fino da cintura, as luzes refletiram a prata.

Claro que [Nome] não se abaixaria para mostrar as duas facas escondidas na bota, então fez como ele e deu de ombros.

— Deixe a formação como está. — Draken anunciou antes que Baji se afastasse o suficiente.

— Sei fazer meu trabalho. — sorriu ladino entrando na casa.

O motorista se aproximou dela, entrando e ligando o carro.

— Vamos em carros separados. — ouviu a voz do Sano distante, e quando se virou, o viu apoiado na porta do veículo da frente. — chegamos em meia hora.

— Deixe isso aí travado, não vai precisar usar. — levou os olhos a Ken, concordando enquanto piscava duas vezes delicadamente.

Sua testa franziu e ela entrou no carro antes que ele pudesse fazer alguma reclamação, o viu colocar a mão atrás do pescoço pelos vidros da frente, desistindo de falar.

Os dois trocaram poucas palavras, e após acabarem com a conversa, entraram por portas diferentes. Cruzando as pernas, [Nome] não desviou o olhar da estrada, deslizando o dedo sobre o apoio da pistola enquanto esperava o destino final.

                                    ☾︎

Os portões foram abertos automaticamente, dando vista a um prédio no meio de um grande jardim bem aparado com uma fonte, e foi preciso dar algumas voltas antes de pararem próximos as portas duplas de entrada.

Saindo assim que o carro parou, olhou ao redor, sem sinais de um estacionamento, os outros acompanhantes do primo deveriam ter esperado lá fora.

— Está tudo limpo, comandante — um homem de terno se dirigiu ao Sano arqueando as costas para frente.

— Podem ir. — disse, e os seguranças que vieram com eles se espalharam pelo lugar, os pontos cegos e escuros eram ótimos lugares para ficarem.

— Arata vai se atrasar. — Draken informou, os homens que sobraram abriram as portas e subiram pelas escadas, alguns se posicionaram no hall de entrada. — esse merda ainda fica botando banca.

— Acharam os outros membros? — perguntou, se dirigindo ao elevador.

— Não, e sem sinal de sangue na entrada principal.

[Nome] andou por meio as fileiras de membros trajando preto até o elevador aberto, a parte de dentro estava limpa demais para ter sido suja de sangue há poucas horas, o tapete abaixo de si estava apenas empoeirado.

Atacaram ele em outro lugar.

— Vou recepcionar ele da melhor maneira. — o sorriso maldoso de Ken se estendeu.

Eles entraram no elevador, o vice-comandante foi embora sem esperar uma resposta do Sano. Os andares iam passando e [Nome] se encostou de leve no apoio de metal.

— Ele odiaria te ver saindo em um trabalho da Toman. — olhou o loiro de relance, ele encarava os andares passarem. — e me xingaria por permitir.

— Eu sei.

A forma como dissera aquilo foi estranha para ela, Take sempre evitava falar muito sobre Manjiro, mas [Nome] sabia, mesmo sem ele afirmar, que eram amigos o suficiente para que pudesse xingar o líder da Toman sem perder uma parte do corpo por isso.

— Ele é forte, vai ficar bem, — deu um passo a frente ao perceber que o elevador havia parado. — como todas as outras vezes.

Olhou ela por cima do ombro antes de sair, verificando os dois lados dos corredores, que estariam vazios se não fossem os seguranças que abriram as portas principais, deixando a cabeça baixa enquanto as fechavam novamente.

Dando a volta pela mesa oval de vidro, [Nome] deslizou os dedos pelas cadeiras até às janelas fechadas do fundo, ouvindo um leve ranger da cadeira.

— Está com uma arma carregada, não é? — não se virou para responder, mas levantou uma das cortinas escuras para ver o lado de fora.

— Sim. — o jardim baixo que cobria toda a propriedade estava calmo, e vazio, sendo iluminado apenas pelas lâmpadas brancas.

A lua não estava no céu, as estrelas também não.

— Não a use. — se virou de lado, o rosto sério não demostrava nada mais do que ele era: O líder da maior gangue do Japão.

A opulência que aquela sala exalava era quase gritante, tão diferente do local em que fora interrogada. [Nome] deu de ombros, era mesmo uma boa hora de parar de fingir boas maneiras com ela.

O som dos motores não vieram da entrada principal, então viu quando as luzes refletiram nos capôs, vindos do leste.

Não pensou em perguntar para nenhum deles quantas saídas haviam, mas olhando por aquele lado, talvez não fosse má ideia saber sobre a segurança, e julgando as garrafas de champanhe no canto da sala, não era das comuns.

Ela caminhou sem pressa, deveria haver uma estrutura daquelas em cada território marcada como "de Sano Manjiro", e deveriam se estender por todo o Japão, como um local de encontro e negociações.

Parou a direita dele, sentando na cadeira giratória e apoiando as mãos na mesa de vidro.

— Não faz mais de um dia que você atacou meus homens. — disse, abrindo os braços sobre o apoio de ferro. — e por enquanto, Arata não é uma ameaça.

— Acham que vou matar ele aqui?

Indagou, quase risoria, pensavam mesmo que ela era tão burra? Que colocaria um alvo no meio do rosto enquanto balançava uma toalha vermelha?

— Não acho que seja sensato. — olhou ela pelo canto, sem sinal da ignorância que um líder deveria ter. — nossa aliança é frágil, e perdê-la agora seria um desperdício.

Deveria deixar de tentar entender o que se passava na cabeça dele, ao menos por enquanto, não estava com vontade de lidar isso.

Mas se eles iriam resolver a parte diplomática em salas acolchoadas bebendo um bom vinho, ela ficaria com a ação, era divertido de qualquer forma, e não evitou sorrir ao pensar nisso.

— Se chama isso que tem com Arata de aliança, e pretende mantê-la pelo tempo que achar necessário, sugiro que contrate médicos, — sua voz doce não cedeu em momento algum enquanto deslizava o dedo pela mesa. — porque se eu não estivesse lá, um dos líderes da sua gangue teria morrido hoje.

A calma com que dissera para não fazer bobagem mexera com o orgulho dela, além de ser uma afronta a sua inteligência. Mesmo que não dissesse que ficaria neutra naquela reunião, ele deveria estar ciente de que [Nome] não ficaria.

Não quando ousaram machucar Takemichi tão seriamente.

Manjiro não teve tempo de respondê-la, a sútil batida na porta fez ela endireitar as costas, Draken entrou logo depois.

Marcou os rostos de todos enquanto eles se sentavam, três. Ken ficou na frente dela, talvez tivesse pegado alguma parte da conversa pela cara que fazia, ou Arata conseguiu deixar seu humor ainda pior.

Julgou que o ganhador da roleta seria o que estava sentado duas cadeiras de distância dela, arrumando a gravata borboleta, ostentando uma pose esquisita de quem dominava tudo.

De fato, homens fingindo ter tudo quando na verdade não eram nada era hilário.

— Faz tempo que não te vejo, Sano Manjiro, — cumprimentou, viu o da esquerda de Ken sorrir ladino, jogando os cabelos descolorido para trás. — mas achei que a reunião seria séria, não entendo por que trouxe tantas pessoas.

— Reveja a situação se acha que ela não é séria o suficiente. — apoiou os cotovelos na mesa.

— Ah, já quer partir para os negócios? Vamos tomar um champanhe primeiro.

[Nome] encarou Manjiro descaradamente, sem saber como permitia que alguém como ele falasse assim.

O homem de cabelos descoloridos não tirou o sorriso sínico do rosto ao pegar as garrafas no canto junto a algumas taças, colocando-as no centro da mesa, ficou em pé ao lado de Arata.

— Não estaríamos aqui se fosse para beber. — Draken lançou um olhar afiado aos outros dois que não se apresentaram.

— Vou dizer o que disse no telefone, — se virou a Ken com a expressão mais sínica que podia fazer. — Takemichi Hanagaki não compareceu a reunião. Fim.

Estufando o peito, o subordinado em pé se recusou a esconder o riso, aquilo não passava de uma brincadeira para eles.

— Se meus homens fizeram algo sem minhas ordens, não posso saber. — olhou os outros que vieram com ele, sem obter resposta. — mas vendo o histórico de... Briguento dele, quem pode negar que não foi ele que causou tudo?

Ah, o temperamento esquentado de [Nome] gritou para sair por um segundo, porque por mais que tivesse passado cinco anos fora, conhecia o primo melhor do que qualquer um, e sabia que ele não entraria em uma briga atoa.

— Você não é um líder adequado se não consegue sequer manter seus subordinados na coleira. — disse depois de cruzar as pernas, trazendo todos os olhares para si.

— Hã? E quem é você?

— A nova integrante da Gangue Manji, — Arata respondeu, fixando o olhar nela. — o que uma subordinada sem experiência alguma sabe sobre territórios? Mas é impressionante, Manjiro, você trazer alguém tão novo para uma reunião tão importante.

Debochou, e sentiu o próprio sorriso se alargar.

— Sei que não é mais que um idiota se não sabe o que acontece no lugar que comanda, acho que isso é o suficiente para participar.

— O que pensa que está dizendo?! — um dos homens reclamou.

O brilho na sua cintura se fez presente antes que o sorriso de escárnio sumisse, mas ele não teve muito tempo antes que [Nome] puxasse a própria arma, o homem de cabelos descoloridos mal a tirara do apoio do cinto, antes que a jovem disparasse contra uma das garrafas que estavam encima de uma cômoda, um metro atrás de suas costas.

A reação do disparo foi surpresa da parte de todos, até mesmo o Sano teve a decência de inclinar um pouco o corpo para o lado, e não foi surpresa ver Draken se aproximar do líder.

— Abaixe sua arma. — disse, a pistola tremeu na mão dele, mas não a largou.

As portas foram abertas, os seguranças do lado de fora se prontificaram, não reagindo a ordem silenciosa que esperavam de Manjiro.

Se virou aos outros dois parceiros de Arata, ainda apontando sua mira no peito do homem no outro lado da mesa.

Arata estava com os olhos arregalados e as mãos a vistas, provavelmente por não ter armas escondidas, e após o outro perceber o olhar de Ken e dela, as cruzou a frente do peito, uma gota de suor desceu por sua garganta.

— É isso que acontece quando cães raivosos ficam sem supervisão. — balançou a cabeça estalando a língua. — tem certeza de que não tem consciência do que aconteceu mais cedo?

Afastou a cadeira, abaixando a pistola enquanto se aproximava de Arata, com o olhar do Sano queimando sobre as costas.

Com o sorriso mais terno que poderia dar, balançou a arma relaxadamente entre os dedos, a colocando onde estava anteriormente.

— Alguma coisa tem que ter chegado aos seus ouvidos, ou você é tão incompetente quanto eu acho ser? — apoiou as mãos no encosto da cadeira dele, lançando um olhar ao homem do lado dela, com um braço inerte segurando a arma. — fale para ele abaixar isso, é perigoso.

Ironizou, e com um franzir de sobrancelha nervoso, a arma foi guardada.

— E-eu já disse, Takemichi Hanagaki não compareceu a reunião. — desviou o olhar quando [Nome] se colocou ao seu lado.

Arata estava rígido como uma pedra diante das duas miras do segurança apontadas para ele e os outros aliados, Draken estava mais que alerta aquela situação.

— Eu estava com Arata antes de virmos para cá, e não tínhamos ouvido sobre nada d-disso. — o último, que não falara nada até então tentou não gaguejar, mas abaixou os olhos depois da falha.

— É... Estávamos todos juntos. — finalmente o outro saira do transe, e uma expressão de terror tomou seu rosto ao encarar o Sano do outro lado, se jogando na cadeira vazia.

— Então eu estava certa mesmo. — riu saindo de perto, mas não se sentou, e cruzou os braços quando jogou o peso do corpo sobre uma das pernas.

Draken dispensou os homens que entraram com uma aceno de mão, e após as portas se fecharam novamente, a sala ficou em um silêncio aterrador.

Encarava Arata até perceber que Manjiro observava seus três representantes com as duas mãos abaixo do queixo, a cabeça inclinada para o lado como quem prestava atenção no que via.

— N-não o julgue mal, Manjiro, ele deixou o temperamento tomar conta.

As palavras de Arata saíram sem estrutura, e após dizer, o homem de cabelos descoloridos fez uma reverência abrupta, tocando os joelhos no chão.

— Por favor, me perdoe, foi uma ação impensada, peço mil desculpas por isso.

[Nome] o viu trincar os dentes com força, fechando os olhos em uma expressão de pura raiva e vergonha. Foi gratificante todos os segundos em que o Sano estendeu aquele momento de reverência.

Acompanhou Ken no sorriso ladino, e quando o líder da Toman se levantou, sem responder, o deixou ser um pouco mais provocativo do que costumava exibir.

Os outros dois copiaram o gesto com menos exagero, colando os braços nas pernas e mantendo a cabeça baixa.

Sem despedidas, Manjiro se virou, apenas empurrando a porta aberta, deixando os rastros do casaco preto sumir no corredor. [Nome] passou a centímetros do rosto baixo do homem que tentara ameaçá-la, mantendo o riso assim que seus olhos se encontraram.

Esperava muito mais daquela reunião, mas não precisava de uma confissão em palavras para saber que os três idiotas na sala atrás dela estavam envolvidos naquilo. E Manjiro também não, desde que não insistiu, talvez já tivesse tido sua resposta.

Apenas o nome era o suficiente, seus rostos foram apenas um bônus.

— Achei que fosse atirar em alguém. — Draken sussurrou assim que entraram no elevador, os dois seguranças seguiram o loiro para algum lugar do prédio.

— E eu achei que Arata estava excedendo os limites.

Era uma pena estarem no Japão, ele sequer teria sobrevivido tempo o bastante para estar em um cargo daqueles se estivesse na França.

— Limites é algo que quem está na Toman não conhece. — balançou a cabeça. — você ter desobedecido uma ordem direta de Mikey pode colocá-la dentro do time.

— Vocês achavam que eu ia matar ele, mas olhe só, não matei.

Brincou passando a mão pelos cabelos amarados em um rabo de cavalo baixo, mas a imagem de Takemichi baleado não saia da cabeça. O loiro suspirou, enfiando as mãos nos bolsos enquanto andavam pelo hall de entrada.

— Vão te levar para casa. — olhou para um carro, [Nome] encarou ele. — eu e Mikey vamos em seguida.

Os outros motores estavam sendo ligados, e como antes, saíam um por um, contornando o jardim até a rua além dele.

Ele deu as costas sem esperar por um protesto que não viria, a demostração que teve dos subordinados de alto escalão que monitoravam os territórios do Sano foi interessante, assim como vê-lo lidando com um assunto daquela seriedade.

Contudo, não daria mais atenção do que deveria a Arata, não naquele momento, se certificaria de que quando fosse lidar a sério com ele, tivesse tempo.

                                    ☾︎

O coração batia no mesmo ritmo em que andava, e as passadas largas e rápidas não cederam um minuto desde que saiu do prédio. Afrouxando a gravata, Arata tentou manter o celular firme na mão trêmula.

Por mais que não durara muito, permanecer com as palavras sensatas e sem gaguejar fora uma luta, ainda mais com o semblante imperturbável de Mikey.

Estaria morto, morreria antes do sol se pôr novamente, e preferiria que aquela vadia tivessem feito o trabalho mais rápido do que ser deixado nas mãos do Sano.

Ele já matara por menos, uma tentativa de assassinato, uma traição daquele nível, era implorar para ser massacrado.

Seu rosto demostrava muito mais do que gostaria de ver, a sua calma fria o faria implorar por misericórdia.

Teria sido avisado se Hanagaki Takemichi estivesse morto, e pelos céus, esperou horas pela confirmação do óbito, balançando a perna e bebendo vinho para se acalmar. Mas ela não veio.

Não veio. Não veio. Falhou na missão mais importante que recebera, e não receberia as mulheres, o dinheiro e o poder que lhe foram prometidos.

Os números estavam todos embaralhados no teclado, não se deu o tempo necessário para chamar outro motorista, não sairia de lá com um carro em um lugar que todos pudessem ver.

Precisava fugir do Japão em um vôo clandestino em menos de uma hora, o dinheiro fora depositado em outra conta com outro nome, um que não achariam ele.

E se sentiu genuinamente inteligente por driblar alguém como Manjiro, por conseguir enganar o maldito Draken e toda a comitiva de palhaços, mas desde que falhara na morte do líder da quinta divisão, nem mesmo aquele sentimento de vitória fazia efeito.

No estacionamento de um supermercado velho duas quadras para baixo do prédio principal, sorriu ao segurar a porta do carro que deixara lá para emergências, e o sorriso permaneceu até sentir a dor irradiar das costas até o peito.

Cortando pano e pele, atravessando o corpo e fazendo jorrar sangue.

Nenhum som saiu de sua boca ao cair no chão frio e cinza.

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