𝑬𝒊𝒈𝒉𝒕
Avisos :
Oii gente, espero que estejam bem, vim falar que minhas cenas de lutas não são das melhores, e eu tenho um pouco de receio de vcs ficarem confusos, peço perdão por isso, vou tentar melhorar, juro.
— Não revisado —
• Aviso de gatilho: agressão, sangue e morte. •
Os raios de sol transpassavam e esquentavam os vidros fechados das janelas, passando por ela como uma fina camada de tecido desdobrado e cintilante até o chão, a porta fechada ajudava abafando a música incessável que corria por algum lugar da casa.
Qual ela não sabia se tinha parado, de fato, em algum momento daquela longa e incansável noite.
Os flashes ainda corriam soltos por sua mente enquanto abria uma escova nova e escovava os dentes, recusar o quarto que Takemichi gentilmente oferecera seria no mínimo burro, e não estava em seus planos passar a noite toda ali, mas quando acordou, novamente, com uma maldita gota de suor descendo por sua têmpora, não tardou em pegar o sutiã jogado no chão.
Calçava os sapatos, ouvindo as conversas que viam do lado de fora, [Nome] desceu o corredor, não distinguindo quantas pessoas ainda estavam lá.
E pelo cheiro de cigarro que circundava a cozinha junto a algumas garrafas de destilados sobre a mesa, a farra ainda estava rolando solta. E por pura sorte, não tinha ninguém.
— Oh, bom dia, [Nome].
Takemichi soltou uma sacola escura repleta de lixo perto da pia, apoiando uma mão na cintura enquanto ostentava um sorriso radiante.
— Bom dia, querido. — sorriu de volta, abrindo uma caixinha de uvas.
— Eles fazem uma bagunça danada... Mas enfim, tô indo em uma corrida daqui a pouco, e já que você não foi para a faculdade hoje, pode ir, né?
Sua mente não pensou sequer por um minuto na faculdade, às vezes, se perguntava se realmente valia a pena continuar a frequentando, já que era de certa forma, inútil.
— Eu marquei de comer com uma amiga, então não vai rolar. — colocou outra uva na boca, elas estavam deliciosamente doces.
— E de noite? Vamos em uma festa na casa de um amigo meu, não vai tanta gente, que tal ein?
Indagou, parecendo não se contentar com um não, e conhecendo como conhecia, tinha certeza que o primo achava que estava o evitando, mas havia, de fato, marcado de comer com Emma, e queria conversar com ela de novo.
Mas se tudo ocorresse bem, não teria nada para fazer antes que o sol fosse embora.
— De noite...? Tudo bem, me passa os detalhes depois, tá? — sorriu sem mostrar os dentes, o loiro a acompanhou.
— C-claro!
— Agora eu já vou, tenho certeza que estou atrasada. — guardou as uvas, enfiando duas na boca. — até depois, priminho.
Reviveu o clássico e fofo apelido que passara anos chamando Hanagaki, qual em algumas situações, o deixava externamente bravo, mas internamente feliz, e foi o único jeito de demonstrar, sem deixar rachaduras e dúvidas, de que não estava evitando ele.
Desde que era a primeira vez que o fazia nos últimos cinco anos.
— Tudo bem, até depois, então.
[Nome] passou a mão por seus cabelos bagunçados antes de sair, deixando um Takemichy cansado para trás, desejando apenas tirar uma soneca antes de sair.
☾︎
O momento que escolhera para retornar era perfeito, o irmão estava na escola, e não tinha sombra de dúvidas de que Mizuki e Hiroshi estariam no escritório — ou em qualquer outro lugar —, e não teria ninguém para atrapalhá-la durante o pequeno período que passaria ali.
Claro que havia alguns empregados, mas fizera amizade com todos, então não teria problemas nisso.
Trancou a porta do quarto por dentro, qual estava do mesmo jeitinho que deixara, ninguém contrariou quando ela disse que não queria que arrumassem nada.
Amarrou os cabelos em um coque alto, tirando as roupas, teve o mínimo de decência ao colocá-las no cesto de roupa suja, e não só jogá-las no chão, como tinha o péssimo costume de fazer. [Nome] foi um pequeno borrão ao entrar no chuveiro.
O banho foi rápido, mas refrescante, adorava sentir aquela pequena sensação de vitalidade que aquele momento a proporcionava, então aproveitou cada gota de água. De frente a pia, ela soltou os cabelos, os arrumando da melhor forma que conseguiu.
Jogou uma calça preta sobre a cama, uma blusa branca de gola alta com um pequeno símbolo no peito, os vestiu com facilidade depois de passar o creme e tudo o que tinha direito. [Nome] voltou ao closet com passadas descalças, se dirigindo até uma das malas que não havia desfeito toda, e então desfez.
Colocou as roupas, a maioria de panos pesados e escuros, sobre a bancada, até chegar no fundo, a próxima peça retirada foi um forro espesso e preto, do mesmo material que o interior da mala, e o próximo, um fundo falso, que se deslocou sem fazer o mínimo de barulho ou ruído.
As pequenas bolsas escuras estavam acomodadas nos cantos, praticamente como se tivessem sido feitas para ficar ali, e seus zíperes prateados brilharam a meia luz do cômodo ao movimento das mãos ágeis de [Nome], caçando algo mais fundo.
Um pequeno sorriso involuntário e maldoso surgiu em seus lábios ao tocar a caixa acolchoada, não tardando em abrir a fechadura e deixar seus olhos analisarem a superfície preta e cinza, em perfeito estado.
Ainda não tinha tido a oportunidade de usá-la, mas não tinha dúvidas de que seria eficiente.
Apoiou o objeto sobre as roupas com cuidado, abrindo um saco de munições em seguida, as inserindo no carregador, e depois, na arma. [Nome] levou o ferrolho para frente, e quando voltou, com o familiar barulho indicando que estava carregada, ela a travou com um único movimento do dedo.
Quase doeu ter que deixá-la encaixotada por tantos dias, e agora, deveria achar um lugar seguro para guardá-la quando não pudesse mantê-la consigo.
O brilho da arma refletiu no espelho ao lado dela enquanto a colocava na parte de trás da calça, puxando uma jaqueta escura a jogando sobre os ombros e braços, a cobrindo perfeitamente.
☾︎
Os brilhantes e esvoaçantes cabelos loiros de Emma desceram sobre o ombro quando apertou o passo, abrindo um sorriso animado ao ver [Nome] sentada em uma das mesas redondas de uma lanchonete em uma das avenidas mais movimentadas de Tokyo.
Ela parou de batucar as unhas perfeitamente pintadas de preto na superfície vermelha e dura, devolvendo o sorriso de Emma, que já se sentara falando sobre como o trânsito estava terrível, gostava de como era animada, chegava a ser engraçado.
— É uma pena você não ter saído ontem. — disse, olhando a garçonete colocar os pedidos em sua frente, dando um mínimo sorriso a ela.
— Sim, pelo menos minha cólica passou. — suspirou. — mas e aí, eu perdi alguma coisa interessante?
— Não... Eu acabei indo na casa do meu primo, ele chamou uns amigos. — pegou uma parte do misto quente, enrolando a parte de baixo em um guardanapo, deu uma mordida grande, sentindo nitidamente o gosto do queijo.
— Seu primo? Quem é?
— Takemichi, mas acho que você não conhece. — deu de ombros, mas vira a confusão nos olhos da loira, os arregalando em seguida.
— Takemichi... O Takemichi Hanagaki? — indagou, como se não estivesse acreditando.
— Sim... ele mesmo. — [Nome] estranhou a boca meia aberta de Emma, erguendo uma sobrancelha.
— Nossa, eu nunca iria adivinhar que vocês eram parentes.
— Hmm, então se conhecem? Como foi? — mordeu o misto de novo.
— Bem... foi complicado, a gente quase transou, e eu não sabia que ele namorava. — abaixou um pouco a cabeça na direção do hambúrguer, com um sorriso divertido. — mas já faz tanto tempo, sabe, não é relevante.
Mal fizera um dia que sabia que Takemichi iria se casar, menos de uma semana que ele namorava, e agora, descobria que Emma e ele já tiveram um rolo.
— Ah, então se ele fez uma festa para os amigos, você provavelmente já deve ter conhecido meu irmão.
A concentração de [Nome] voltou assim que a voz descontraída de Emma alcançou seus ouvidos, colocando os cotovelos sobre a mesa.
— Deve ser, qual é o nome dele? — duvidava, e muito, que conseguiria se lembrar do nome de alguém que conhecera ontem.
— Mikey. — engoliu o pedaço de pão na boca em seco, encarando os olhos redondos da loira.
— Manjiro?
Repetiu, mesmo que não tivesse sido aquele nome que ela tivesse falado, qual era a possibilidade deles serem irmãos? Sabia o suficiente sobre o loiro para se manter fora de problemas durante o pouco tempo que passaria ali, mas nada como ele ter uma irmã, ainda mais uma que conhecera aleatoriamente no banheiro de uma festa.
— É, todo mundo conhece ele como Mikey, então achei que você fosse se recordar mais fácil assim. — sorriu. — pela sua cara, vocês se conhecem sim.
— Já nos falamos antes, ontem não foi a primeira vez. — revirou os olhos, bebendo do suco de laranja.
— Não imaginava que fossem amigos, espero que ele não tenha sido chato.
Amigos era uma palavra muito forte para descrever aquilo, se tivessem tido duas conversas civilizadas era muito, sem troca de farpas ou olhares distantes. Qual o loiro não fez questão de esconder depois do diálogo da cozinha.
Não falara com Manjiro para nada, e apesar de sua insistência em observá-la, também não ousou puxar assunto novamente. Assim como Takemichi, estava estampado em seu rosto como se sentia, pensando que [Nome] não queria ficar perto dele.
— Então Ken é o Draken?
Indagou, Emma falava dele sempre que podia, e [Nome] odiava quando as palavras viam acompanhadas de um olhar baixo, então, para não cutucar a ferida e fazê-la sangrar mais, nunca pediu para ver uma foto dele.
Mas depois daquele diálogo, ficava meio na cara quem era quem, e se culpava por não ter ligado os pontos antes.
— Sim. — deu de ombros, levando a comida a boca. — também viu ele lá? Eu esqueci de te mostrar quem era. — deu um sorriso amarelo no final da frase.
— Não tem problema, Draken é um apelido bem forte...
— Ele também é. — suspirou, logo colocando um meio sorriso no rosto. —enfim, não quero falar dele.
— E suas aulas de violão?
— Estão indo, quer dizer, eu estava pensando em fazer outra coisa... Aprender outra língua, talvez. — disse, como se estivesse pensando. — ei ei [Nome], você fala francês fluente, né?
— Sim? — sua fala saiu mais como uma pergunta do que como resposta, e recebeu um riso alegre de Emma.
— Poderia me dar umas aulas? Eu vou pagar, claro, e como você faz faculdade, pode ser só uma vez por semana, que tal? Não vai ser tão ruim.
Explicou rápido, ela parecia estar super animada com sua ideia. Negar deveria ser o mais sensato a fazer, mas não seria de todo ruim, de qualquer forma.
— Pode ser.
As duas engataram em uma conversa super séria sobre como seriam suas aulas particulares de francês, Emma até mesmo pediu para [Nome] falar algumas coisas no idioma, e acabou rindo da cara confusa da loira.
— Você vai sair mais tarde? — indagou, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha.
— Huhum, vou sair com Takemichi de noite. — saíram do estabelecimento, e [Nome] foi recebida com uma brisa fresca no rosto. — Você poderia ir, se tiver se sentindo bem.
— Valeu, mas é provável que não, sempre dói nos primeiros dias, aproveitei quando passou um pouco para pegar um ar. — falou, mexendo na pequena bolsa preta na lateral do corpo, girou a chave no dedo após achá-la. — quer ir lá para casa? Podemos fazer alguma coisa, tô com o dia livre.
— Vamos passar em algum lugar para comprar chocolate. — disse, seguindo-a até o carro da loira, estacionado em uma sombra.
— Tinha umas barras lá, mas já comi todas, que bom que lembrou enquanto estamos aqui. — passou a mão pelo braço de [Nome], puxando ela mais rápido.
Sentou-se no banco do passageiro, Emma se acomodou ao seu lado, girando a chave logo em seguida. Ligando o celular, a primeira mensagem que aparecera foi uma de Takuya, perguntando onde ela estava em plena madrugada, minutos depois de [Nome] ter ido se deitar.
Deslizando os dedos pelo teclado, respondeu que acabou dormindo sem querer, então perguntou se ele estava na corrida com Takemichi, mal acabara de enviar e a via ser vizualizada.
— Quem é? — Emma perguntou, bisbilhotando de canto de olho.
— Takuya, ele está em uma corrida agora... — disse, mandando uma resposta de volta.
— Aah... Seu ficante? Já vi ele em muitas festas com os meninos, mas nunca conversei. — olhou os dois lados da rua antes de voltar a dirigir.
— Não, ainda não fiquei com ele. — falou simples, bloqueando o celular.
— Ainda? — indagou em um riso divertido.
Balançou a cabeça, rindo das provocações de Emma, não diria que ficar com ele era uma prioridade, nunca era, mas admitiria que se o loiro quisesse, não recusaria.
☾︎
Mal saíram do carro antes que a loira a puxasse para dentro, falando um: "sinta-se em casa, eu já volto" Enquanto corria em direção as escadas, sumindo em um corredor, deixou [Nome] para trás.
Voltara pouco depois, trazendo consigo um violão de madeira escura e um sorriso que demonstrava animação. Mas já esperava isso, ela mesma tinha pedido por uma apresentação de Emma mais cedo.
— Certo, eu vou tocar e depois você fala o que achou, beleza? — perguntou, [Nome] acenou devagar, se acomodando mais no assento.
As primeiras notas foram ouvidas depois dela apoiar o violão na coxa, aproveitou para se deitar no sofá enquanto ouvia a amiga tocar o instrumento.
Observou a sala de star, notando detalhes a cada segundo de som novo, os vasos de cerâmica que enfeitavam a estante principal eram pintados de cores fortes, combinando com o estilo de Emma.
E abaixo da televisão ajustada na parede, uma foto dela e Manjiro estava em um quadro entre dois enfeites de gatinhos.
Olhando ao redor, [Nome] percebeu que era a única foto na sala inteira, as únicas coisas penduradas nas paredes eram quadros aleatórios, nada além daquilo.
Quando a música parou e levou sua atenção a Emma, deu de cara com seu semblante alegre, e ao mesmo tempo calmo.
— E então? — perguntou, parecendo ansiosa para escutar a resposta de [Nome].
— Você toca muito bem para alguém que acabou de começar.
Os olhos verde oliva piscaram uma vez antes de colocar com cuidado o violão sobre o outro sofá.
— Obrigada....Eu queria uma outra opinião, sabe, não sei se devo começar a praticar outro instrumento ou continuo tentando com esse. — amarrou o cabelo em um rabo de cavalo enquanto falava, olhando a mulher do outro lado depois.
— Acho que você deveria ver o que mais gosta, mas que você toca violão bem, isso eu posso falar. — viu a confusão em seus olhos antes de suspirar. — você já perguntou para outra pessoa além de mim?
— Não, eu não falo muito com meus antigos colegas da escola... Ah, e para o Mikey, mas ele falou a mesma coisa que você então não tive muito avanço.
Tinha pouco tempo que descobrira que Emma e ele eram irmãos, então ainda era difícil imaginar como seria a relação de irmandade deles. A foto na estante se materializou em sua mente, se considerasse o sorriso estampado de Emma, era boa.
— Eu vou parar de me afundar nisso enquanto ainda posso, minha cólica tá querendo voltar. — sacudiu a própria cabeça, se levantando em seguida. — eu guardar isso, vai escolhendo um filme aí.
Afirmou com a cabeça, se arrastando para perto do controle, onde se acomodou e ligou a tv, percebera que Emma voltara quando o sofá ao seu lado afundou e a sentiu se aninhando nas almofadas quentes e fofas.
☾︎
O contraste daquele ambiente e o de horas atrás era completamente perceptível em vários aspectos, a música que tocava sacolejava os ossos de [Nome], fazia ela querer dançar ou se agitar. Mesmo que o som que ecoara do violão de Emma fosse calmo e ainda vibrasse em alguma parte de sua mente.
Queria que a loira tivesse ido com ela, mas sua cólica voltara e o máximo que conseguira fazer foi lhe dar remédio e ir ao mercado pegar algumas coisas. Quando [Nome] saiu, deixou-a deitada no sofá com um cobertor e várias séries para escolher, assegurando-a de que poderia ir sem se preocupar.
Mesmo assim, ainda dissera que poderia ligar se algo acontecesse.
Sentiu o leve toque do primo em seu cotovelo, focando seus olhos contornados de delineador e cílios postiços no espaço a sua frente, não prestou atenção no trajeto que fizera até o último andar de um prédio no centro de Tokyo.
E por isso sabia que a maconha estava fazendo efeito, então o levou a boca outra vez, tragando antes de encarar o primo.
— Esse daí é forte, daqui a pouco ela tá chapada. — Smiley riu, colocando uma mão no bolso da calça preta, segurando o próprio com a outra.
Tinham acabado de chegar, os três se dirigiram a cozinha, que tinha sido projetada mais para ser um bar com bancadas e várias garrafas de destilados do que realmente uma cozinha, quando Takemichi dissera que aquela não era de fato a casa do amigo dele, dizia que aquele era apenas um apartamento de dois andares que servia como locais de festas as vezes.
Festas que seriam para os mais próximos, mas julgando como estava lotado, as coisas sairam um pouquinho do controle.
— Se você tá dizendo... — não negou, pois realmente estava surtindo efeito. — isso porque era só para os mais próximos. — disse, vendo o amontoado de pessoas passando de um lado para o outro.
— Geralmente é, não sei o que aconteceu. — sorriu amarelo, bebendo um pouco da cerveja que um dos responsáveis de servir a bebida ofereceu. — eu estava perguntando se estava tudo bem, é que você ficou olhando para o nada por um tempo.
— Tô falando cara, essa é das boas. — Nahoya desviou o olhar do irmão, liberando a fumaça em seguida.
— É isso mesmo, estou aproveitando o momento Take. — se encostou para trás, a borboleta prateada que enfeitava seus cabelos brilhou diante a iluminação, quase idêntica a dourada.
Era difícil distinguir a luminosidade de algo sem que os pontos de luz a atingisse, mas foi quase impossível não perceber o reflexo da arma de um dos convidados enquanto parava ao lado de [Nome], piscando um dos olhos para ela e pedia uma garrafa inteira de bebida.
E pela forma como estava posicionada em sua cintura, sua intenção não era escondê-la.
Não fora apenas ela que a vira, o loiro que estava ao lado de si também, mas suas reações foram distintas, pois ao contrário dela, que apenas ignorou e continuou fumando, Takemichi pareceu surpreso, segurou o pulso da prima e se colocou em sua frente.
Travando o baseado entre os lábios, levantou o olhar com uma das sombrancelhas erguidas, os gêmeos Kawata compartilharam da mesma reação de [Nome].
— Que foi? — indagou, mas ele olhou para o lado, procurando o convidado que já tinha sumido de vista.
— Ele disse que não ia ter! — se virou aos outros dois, Smiley logo desfez a antiga feição, percebendo do que se tratava.
E depois daquilo, [Nome] também soube.
— Sabe que as vezes o Mikey... muda de opinião rápido. — ela balançou de leve a cabeça, ainda sentindo o primo segurar seu pulso.
— Takemichi. — chamou, mas ele não pareceu escutar, parecia que estava incomodado, não bravo, poucas vezes o vira realmente irritado, e aquilo não seria o suficiente para fazê-lo ficar.
— Sei, mas não agora, cadê ele? — perguntou, mas tanto Angry quanto o irmão chegaram juntos com eles, então não sabiam.
— Vi ele falar com o Mitsuya, mas isso faz tempo. — o cara atrás da bancada exclamou de cabeça baixa enquanto arrumava algumas garrafas.
— Eu volto logo.
Suas palavras vieram junto da sensação de ter o pulso solto por ele, tão rápido quanto, o loiro já tinha atravessado em alguma direção. Sequer deu tempo de [Nome] chamá-lo de novo, e se segurou para não deixar um suspiro escapar.
Aquele segredo que Takemichi pensava guardar dela não era mistério algum, mas mesmo assim, queria que ele tivesse contado antes ao invés de ter que vê-lo se desdobrar em mil para escondê-lo.
Para tentar esconder algo que [Nome] já sabia. Eles eram a maior organização criminosa do Japão, seria no mínimo burro se andarem sem uma proteção.
Saber que não tinha moral alguma para fazer reclamações apenas fazia aquele suspiro reprimido ficar mais intenso.
— Foda-se, eu vou com ele. — Smiley afirmou com um sorriso, seguindo pelo mesmo caminho que Takemichi sem esperar resposta.
[Nome] pegou o copo atrás de si, bebendo um grande gole da tequila que deixara ali para dar mais atenção ao baseado, qual já estava acabando. Girando os calcanhares dentro do salto de amarração rosa claro, se virou para o gêmeo de cachos azuis.
— Vou dançar, quer ir? — chamou, sabia que receberia uma resposta negativa, ou talvez ele não respondesse, mas não iria simplesmente sair e deixá-lo sozinho.
— Acho que vou atrás do meu irmão. — se desencostou da bancada, lançando um olhar tão rápido a [Nome] que sequer poderia ser considerado.
— Okay. — sorriu para ele, terminando a cerveja que Takemichi abandonara para trás, levou o copo de tequila consigo para o lado de fora.
Percebeu que o ar estava mais gélido e respirou fundo, [Nome] passou pela borda da piscina, em direção as grades de proteção do outro lado, então encostou os cotovelos nela. Talvez devesse ter ido atrás do primo, e falado qualquer coisa que o mantivesse quieto por algum tempo.
Mas o ponto estava mais embaixo, bem mais embaixo, e não se envolveria com problemas de gangues, ou problema algum enquanto ficasse ali, mesmo tendo se intrometido no caso do galpão. Aquela foi uma decisão tomada em cima da hora.
Apoiou o copo já vazio delicadamente sobre a linha fina que separava uma festa eletrizante a uma queda assustadoremente alta e mortal. Diferente da sacada de sua antiga casa, aquela seria uma fatalidade que tiraria sua vida, e pouco de seus ossos ficariam inteiros para serem enterrados.
Levantando o rosto, indo até onde seus olhos alcançavam, [Nome] observou as estrelas que apareciam entre as nuvens, exalando a fumaça do baseado na direção delas.
Ficando ereta novamente, decidiu voltar para dentro, achou que o lado de fora estaria mais cheio, mas a maioria das pessoas estavam sentadas conversando ou se beijando nos cantos com pouca iluminação. Faria isso, — conversar ou não — depois que sua garganta ficasse seca por álcool.
Se colocando por cima da bancada, não perdeu tempo pedindo por outro copo, então puxou a garrafa que estava mais próxima e encheu o recipiente vazio em mãos pela metade, o virando em poucos goles.
Enquanto ainda passava a língua pelos lábios rosados, capturando qualquer resquício do álcool que lhe fugisse da boca, sentiu a mão subindo por suas costas, parando próxima de sua nuca, depois, a familiar temperatura da lâmina pressionada contra a faixa de pele exposta pelo cropped de manga longa.
Mesmo naquela situação, [Nome] virou o rosto por cima do ombro, a faca estava mal posicionada, poderia desarmá-lo se quisesse.
— Olha só quem veio correndo para mim. — disse, ela podia ver o sorriso crescendo a medida que a frase saia.
— Olha só quem veio estragar a minha noite. — virando para frente, percebeu o olhar do ajudante próximo ao freezer, parecia concentrado demais no que estava acontecendo para sequer piscar.
— Isso não é piada, gracinha. — apertou a faca contra [Nome] de novo, em uma posição tão errada que quase fazia ela sentir pena. — pelo menos para você, porque para mim vai ser.
— Sério? — a voz dela saira tão suave que o homem atrás dela trincou os dentes com força.
— Escuta bem sua vadia, eu não sei para qual filho da puta você tá dando para ter conseguido entrar aqui. — virou o rosto novamente, encontrando seu semblante raivoso. — mas esse é o meu território, e você mexeu com meu pessoal.
Um pequeno estalo fez [Nome] perceber que talvez, ele estivesse falando dos caras que ela dera uma surra no aeroporto. Ela não fez esforço algum para reprimir o revirar de olhos, que porra de infestação eles eram? Aqueles malditos incômodos pareciam formigas.
— Você tá fodida.
Segurou o ombro de [Nome], puxando-a através da multidão com rapidez, ela se deixou guiar até uma pequena sala de estar atrás das escadas, onde uma porta repartida em duas estava fechada.
Quase ninguém estava acomodado lá, e não se importaram com um homem e uma mulher indo para um lugar mais reservado.
Atrás das portas, desceu pelas escadas de emergência, e enquanto o apartamento acima da cabeça de [Nome] fora feita para realizar festas e receber pessoas, aquele não parecia ter estruturas para tal, apenas um enorme corredor com portas de um lado a outra, e ele arrombou com o pé a primeira que viu, empurrando-a para frente.
Até que a sala era bonita, com alguns livros, duas poltronas, e uma longa mesa próxima das janelas protegidas por cortinas escuras. Ao se virar para trás, vira seis pessoas se espalhando e bloqueando a saída, todas portando uma faca de tamanhos variados.
— Precisam de seis de vocês para acabar com uma vadiazinha? — ironizou inclinando a cabeça, mas sua face estava confusa. — bem que dizem que quantidade não é qualidade, já ouviram isso, né?
— Sua cabeça de merda não entende a situação que você tá. — o que a trouxera disse, tirando o cigarro da boca, o jogou no chão e pisou em seguida.
— Vocês apanharam e ficaram putos, vocês quatro não, mas vocês dois sim. — desviou para a dupla da ponta.
— Sua cadela doida, devia ter prestado atenção com quem se metia.
— O salário de vocês deve ser uma bosta para precisarem roubar, e eu achava que gangues pagavam bem.
Lutar contra eles embaixo de uma festa onde vários outros membros da Tokyo Manji estavam não era tão inteligente. Mas fugir não era uma opção, e aquele assunto estava tomando uma proporção irritante, evitara intriga naquele dia por pura preguiça.
Resolveria agora, não deixaria pontas soltas. Odiaria ter que envolver Takemichi.
Observando como estavam espalhados, iriam atacar sem muita delicadeza.
[Nome] levantou a mão até atrás dos cabelos soltos, os olhando o mais compassiva possível.
— Vamo ver quanto tempo você aguenta com a gente. — o da direta disse, e avançou.
Alguns fios se soltaram da mecha presa quando a borboleta foi movida, e na mão de [Nome], uma das bordas de suas asas se destacaram, revelando uma lâmina afiada e reluzente.
Seria um pouco sujo, mas aquele movimento e o sangue que saiu quando ela o enfiou em seu pulso rendera a faca de sua mão. Enquanto ele se afastava para trás, com as pontas da delicada asa aprofundada em sua pele, [Nome] segurava a faca que tomara com firmeza, sentindo as gotas do sangue que respingara descer por sua barriga amostra.
Odiava lutar de vestidos ou de saias, ainda mais de salto.
Sairia dali com a roupa manchada de sangue.
Separando os pés o suficiente para saber o quão incomoda a saia seria, levantou a faca até a altura do peito.
Eles não falaram nada além de avançar, o único efeito sonoro eram das lâminas se trocando e o desespero baixo do homem que tirava a arma dela do pulso. Com a mão fechada em punho, socou o rosto de um, e a abrindo novamente, o acertou com a faca na barriga.
Duas. Pegou o ataque de outro por trás, girando e acertando seu braço, o empurrou encima de uma das poltronas, cravando e deixando uma das facas. Firmando as duas lâminas em mãos, olhou para os outros três de pé.
O que levara uma facada no abdômen não parecia disposto a levantar, os outros dois estavam preocupados de mais com seus ferimentos.
Uma gota de sangue desceu pelo rosto de [Nome], se espalhando quando seu chute acertou o rosto de um deles, que girou antes de bater contra uma prateleira, os livros caíram em seguida.
Um único lado de sua boca se levantou em um sorriso sarcástico, mas os outros que sobraram trincaram os dentes, e não desviaram dos corpos dos companheiros ao irem até ela.
Ela não ousou desviar a atenção dos cortes que fazia, os últimos dois pareciam ser melhores que os outros, desde que o que parecia ser o chefe deles não atacava diretamente, não em pontos vitais, já o outro usava todo o peso de seu corpo para subjulgá-la.
A atenção de [Nome] se deu para o homem que fora jogado contra a parede, que se levantava se apoiando apenas por uma perna.
Seu pé se deslocou acima do salto quando saira do tapete cinza e pisara no chão, abaixou seu corpo, desviando do ataque que acertaria perto de seu pescoço.
Segurando seu ombro, quebrou seu braço direito, fincando e deixando uma de suas lâminas no outro. Mesmo dentro os lamentos baixos, escutou a arma ser carregada, e virou o corpo que segurava como escudo as duas balas que deveriam acertá-la.
Então o empurrou encima do que tentava, quase sem sucesso, se levantar.
O braço passara pelo pescoço de [Nome], puxando-a para o fundo da sala, que agora estava pintada de vermelho carmesim e assombrada pelos gemidos de dor de seus agressores.
Levando uma de suas mãos até o antebraço abaixo do queixo, tateou a outra mão com os dedos, e quando sentiu a pistola, agarrou seu pulso, mordendo com força o pedaço de pele próximo a boca, cravando as unhas pontudas nela também.
Tocara os pontos sensíveis que ligava sua mão e braço, tirando o cano de sua direção e evitando dele acertar qualquer bala em si. O sangue escorria dos cantos da boca dela, rendendo xingamentos do homem atrás de si.
Se impulsionando para trás, o jogou contra o vidro das únicas janelas que tinha na sala com força. Ao mesmo tempo que pisara no seu pé com o salto fino, acertou uma cabeçada par atrás.
O aperto afrouxou o suficiente para que ela conseguisse sair dele, se abaixando para que a cotovelada acertasse seu estômago. Tirara a arma de sua posse antes que ele se afastasse do vidro, qual tinha alguns rachados.
Apontou a pistola para seus joelhos, uma bala em cada perna e ele já não estava em condições de se manter de pé.
Tocou o topo de sua cabeça, mantendo-a no lugar enquanto seu joelho fazia o trabalho.
— Borrou meu batom.
— Sua maldita vadia, não vai sair daqui viva! — trincou os dentes contra o chão, suprimindo os ruídos de dor, [Nome] limpou o sangue da boca com as costas da mão.
A porta da frente fora aberta com agressividade o suficiente para fazê-la levantar a arma novamente, e atirar duas vezes na direção dela.
Mas as balas passaram raspando contra o corpo de Manjiro, parado entre a porta e o corredor.
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