𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 𝒒𝒖𝒂𝒕𝒓𝒐: 𝑯𝒂𝒍𝒍𝒐𝒘𝒆𝒆𝒏
"Alguém tem que salvar a fanquia. — Pânico"
31 de outubro
Souka finalizou os últimos detalhes da maquiagem com precisão, contornando os lábios com o batom preto que dava o toque final à sua fantasia de Cassandra Dimitrescu. Ela respirou fundo, alisando o tecido delicado do vestido preto de seda que abraçava seu corpo perfeitamente. A mistura de elegância e mistério no visual parecia captar exatamente o espírito de Halloween: um equilíbrio entre o assustador e o irresistível.
Ela se virou para o espelho, seus olhos analisando os detalhes. As joias, os cabelos arrumados de forma impecável, o vestido que fluía como se fosse uma extensão de sua pele. Estava deslumbrante, mas ao mesmo tempo, algo em sua expressão refletia um cansaço interno. Seu olhar pairava em seu reflexo, mas sua mente estava longe dali.
As mensagens...
Aquelas mensagens anônimas que vinham perturbando sua paz por semanas. "Você estava linda com aquela saia." "Estou de olho em você." "Vou te pegar." Elas se repetiam em sua mente como um disco arranhado. Um arrepio percorreu sua espinha, e por um momento, o peso de tudo isso a fez fechar os punhos.
Parte dela sentia medo, um medo real, de que fosse alguém perigoso, um maníaco que estava à espreita, esperando o momento certo para agir. Mas, no fundo de sua mente, uma voz fraca e persistente sussurrava uma possibilidade inquietante.
Ela o conhecia.
Esse pensamento a deixou ainda mais desconfortável. Quem poderia ser? Por que alguém próximo faria isso? Ela balançou a cabeça, tentando afastar a ideia.
A porta se abriu bruscamente, sem nenhuma cerimônia, e Shoko entrou no quarto.
— Não vai descer, não? — Shoko entrou sem cerimônia, a voz ligeiramente alterada pelo álcool, a porta batendo contra a parede de leve.
Souka se virou, pegando a imagem da amiga na entrada. Shoko, como sempre, estava impecável em sua criatividade: vestia uma versão estilizada do Freddy Krueger, um vestido curto preto e vermelho com cortes estratégicos, manchas de "sangue" espalhadas e, claro, o icônico chapéu e as garras de metal brilhando à luz do quarto. Na mão, ela segurava um copo de gin tônica, as rodelas de melancia flutuando no líquido gelado.
Shoko atravessou o quarto em passos largos e desajeitados, abraçando Souka pela cintura com uma mão enquanto equilibrava a bebida na outra.
— Perfeccionista como sempre, hein? — zombou, os olhos afiados analisando a amiga da cabeça aos pés. — Olha, você tá um escândalo. Cassandra Dimitrescu vai fazer estrago hoje.
Souka deu uma risada curta, mas a preocupação ainda pairava em seus olhos.
— Estava vendo se estava tudo perfeito, só isso. — murmurou, ajeitando uma mecha de cabelo que caía sobre o rosto.
Shoko arqueou uma sobrancelha enquanto tomava outro gole da bebida.
— Perfeito? A galera tá te esperando lá embaixo, mulher. Se você demorar mais um pouco, vai ficar sem pizza e sem bebida.
Souka revirou os olhos, mas não conseguiu evitar um sorriso diante da provocação.
— Tá bom, tá bom... já tô indo.
Ela pegou o celular em cima da penteadeira, jogando-o no bolso lateral do vestido antes de deixar Shoko puxá-la pela mão em direção à porta.
— Espero que tenha deixado pelo menos um pedaço de pizza pra mim.
— Se for rápido, talvez tenha... se não, vai ter que brigar com o Satoru. — Shoko respondeu com um sorriso travesso.
Souka desceu as escadas com passos firmes, mas sua mente estava longe de estar tranquila. Cada degrau parecia amplificar o burburinho da festa: risadas altas, o som grave da música e o tilintar de copos se chocando. Quando finalmente chegou à sala de estar, seus olhos percorreram o ambiente, analisando cada detalhe.
A decoração estava impecável. Teias de aranha falsas pendiam das luminárias, abóboras iluminadas com sorrisos macabros decoravam as mesas, e a luz ambiente tinha sido trocada por um tom avermelhado, criando um ar sinistro e envolvente. Mas não foi a decoração que fez seu coração pular no peito.
Em diferentes cantos da sala, espalhados como vultos, havia pelo menos dez pessoas usando a icônica máscara de Ghostface. A visão a fez congelar no último degrau por um momento, seus dedos instintivamente apertando a lateral do vestido como se aquilo pudesse lhe dar segurança.
— Sério isso? — murmurou para si mesma, sentindo um arrepio na espinha.
Cada máscara parecia encará-la de volta, os reflexos das luzes tremulando nas órbitas vazias. A respiração de Souza ficou ligeiramente mais rápida enquanto a paranoia sussurrava em sua mente: E se um deles for ele?
Shoko apareceu ao lado dela, já com uma fatia de pizza na mão, completamente alheia ao turbilhão na mente da amiga.
— Você tá bem? — Shoko sussurrou ao seu lado, notando a expressão distante da amiga.
— Sim... só achei que... — Souka parou, forçando um sorriso enquanto sua mente fervilhava com a possibilidade que ela vinha temendo. — Nada. Tá tudo bem.
Mas não estava. Ela respirou fundo, sentindo o ar entrar frio em seus pulmões enquanto tentava ignorar a paranoia que a dominava. E se fosse ele? O stalker. Aquele que a vinha perturbando nas últimas semanas com mensagens e ligações. Será que ele estava ali? E, pior, será que ele estava usando a mesma máscara que tantos outros naquela sala?
De repente, um dos Ghostfacers no canto da sala virou a cabeça em sua direção. Souka congelou, seus olhos se fixaram no brilho frio da máscara. Ela tentou afastar a ideia de que ele a estava encarando especificamente, mas o calafrio na nuca era inconfundível.
— Souka? — Shoko chamou de novo, cutucando seu braço. — Você tá estranha. Qual é o problema?
— Nada... é só... um déjà-vu esquisito. — mentiu, pegando uma bebida em uma bandeja próxima e dando um gole rápido para disfarçar.
Mas sua mente não a deixava em paz. Ela sabia que era impossível identificar quem estava por trás das máscaras, mas a sensação de ser observada estava mais forte do que nunca. Algum daqueles Ghostfacers estava brincando com ela, ou era apenas sua imaginação pregando peças?
Enquanto a festa continuava ao seu redor, Souka manteve um sorriso no rosto, mas seus olhos estavam sempre atentos, buscando respostas na multidão mascarada.
Souka respirou fundo, sentindo o aroma misto de bebidas, pipoca e fumaça de gelo seco que pairava no ambiente. Seus olhos vasculharam a multidão até finalmente encontrarem um ponto de conforto: a cabeleira branca inconfundível de Satoru Jogo. Ele estava impecável como Kaneki, a máscara preta ajustada ao queixo e os olhos brilhando com a animação da festa. Ao lado dele, Suguru Geto parecia saído diretamente de uma galáxia distante, vestido como Anakin Skywalker, o manto negro contrastando perfeitamente com sua postura confiante. A cicatriz pintada no olho esquerdo adicionava um toque dramático que fazia o coração de Souza acelerar.
Ela avançou com passos determinados, um sorriso relaxado tomando seus lábios.
— Achei vocês. — murmurou, sentindo uma onda de alívio ao estar perto deles novamente.
Suguru virou o rosto na direção dela, seus olhos escuros a examinando com uma intensidade que a fez prender a respiração. Ele sorriu, aquele sorriso que sempre parecia carregar segredos.
— Você está linda. — sussurrou, a voz baixa, mas carregada de um tom que fez Souka corar levemente.
Shoko, ao lado de Souka, observou a troca de olhares com um sorriso malicioso. Abraçou a amiga de lado, dando um leve balanço nos ombros dela.
— Ela vai arrasar corações hoje. — brincou, arqueando uma sobrancelha de maneira conspiratória enquanto olhava para Suguru.
Suguru, ainda com os olhos fixos em Souka, concordou com um sorriso enigmático.
— Com certeza.
Souka desviou o olhar, tentando disfarçar o calor que subia por seu rosto. A presença dele era quase magnética, e aquele elogio sussurrado ainda ecoava em sua mente. Ela limpou a garganta, buscando parecer natural.
— Bom, espero que vocês tenham garantido um pouco de pizza antes que o Gojo devorasse tudo. — disse, lançando um olhar brincalhão para Satoru.
— Ei, eu sou inocente! — Satoru levantou as mãos, fingindo indignação. — Mas o Suguru... ele pode ter guardado algumas fatias pra você.
Suguru apenas deu de ombros com um sorriso discreto, suas mãos enfiadas nos bolsos do manto.
— Talvez. Quem sabe? — respondeu, a voz carregada de uma brincadeira sutil.
Souka segurou o copo gelado nas mãos, o som alto da música pulsando em seus ouvidos enquanto Shoko lhe empurrava uma bebida.
— Vamos beber! — exclamou Shoko, já levemente alterada. — Essa é a festa do ano!
Souka arqueou uma sobrancelha, mas não hesitou. Levou o copo aos lábios, dando um gole generoso na bebida que desceu queimando por sua garganta.
— Puta merda, o que é isso? — ela fez uma careta, sentindo o gosto forte.
— Gin tônica. — respondeu Shoko com um sorriso satisfeito.
— Só tem álcool aqui! — Souka reclamou, mas mesmo assim tomou mais um gole, o líquido amargo agora mais suportável.
Shoko deu de ombros, um tanto descuidada, sua expressão descontraída típica de quando estava bêbada.
— Será que a Utahime vem? — murmurou, fazendo um beicinho exagerado e encarando o copo vazio em sua mão como se fosse o maior drama da noite.
Antes que Souka pudesse responder, Satoru se aproximou, rindo baixo, com o cabelo bagunçado pela máscara que ele havia tirado.
— Eu vi ela conversando com a Mei Mei mais cedo. — ele comentou, mal disfarçando o tom provocador. — Se eu fosse você, Shoko, ia atrás dela logo.
Shoko inclinou a cabeça para o lado, pensativa, enquanto mordia o lábio inferior.
— Será que ela veio sozinha?
— Só tem um jeito de saber. — Satoru piscou para ela, entregando outro copo cheio.
Souka observava a interação com um sorriso divertido, embora sua mente ainda estivesse dispersa. Os goles da bebida começavam a fazer efeito, aquecendo seu corpo e relaxando seus ombros, mas a sensação incômoda de estar sendo observada permanecia. Ela olhou ao redor, procurando novamente por qualquer um que estivesse usando a máscara de Ghostface, mas o ambiente estava cheio demais para distinguir algo suspeito.
Suguru, parado ao lado, notou a tensão no olhar de Souka e se aproximou com sutileza.
— Tudo bem? — ele perguntou baixo, sua voz quase um sussurro, mas cheia de preocupação.
Souka hesitou por um momento antes de sorrir levemente.
— Sim, só... estou pensando demais.
Suguru franziu as sobrancelhas, mas não insistiu.
— Bem, se precisar de um lugar longe da multidão, me avise. — ele disse, tocando de leve o cotovelo dela antes de se afastar para pegar mais uma bebida.
O toque breve fez o coração de Souka acelerar, mas ela rapidamente se voltou para Shoko, que agora parecia determinada a encontrar Utahime.
— Então, você vai ou não? — Souka provocou, tentando mudar o foco.
Shoko sorriu, jogando os cabelos para trás.
— Claro que vou! Não posso deixar a Mei Mei levar ela, né? — disse, marchando em direção à porta com uma confiança que só o álcool poderia proporcionar.
Souka riu baixinho, sentindo o calor da bebida subir para seu rosto. O líquido ainda queimava levemente em sua garganta, mas já não era tão amargo quanto no primeiro gole. Inspirou profundamente, decidida a deixar qualquer preocupação de lado. Era Halloween, seu feriado favorito, e ela merecia aproveitar.
A batida de "Diva" da Beyoncé ecoou pela sala, o ritmo irresistível puxando Souka para o centro da pista de dança improvisada na sala. O ambiente vibrava com energia enquanto as luzes piscavam, projetando sombras e cores sobre as paredes decoradas com teias falsas e abóboras brilhantes.
Ela começou a se mover ao som da música, o vestido de seda negro acompanhando seus passos fluidos. Seus movimentos eram naturais, sensuais, e logo chamaram a atenção de quem estava por perto. Outras pessoas se juntaram à dança, mas Souka parecia se destacar, uma figura magnética no meio da multidão.
Enquanto ela girava, um arrepio percorreu sua espinha, como se alguém estivesse observando cada movimento seu. O sentimento era tão forte que fez seu corpo hesitar por um breve momento. Seu olhar se ergueu, atravessando a multidão de fantasias, máscaras e rostos conhecidos, até encontrar os olhos de Suguru.
Ele estava parado perto da parede, alto e imponente em seu manto negro de Anakin Skywalker. Seus olhos escuros tinham um brilho intenso que a fez estremecer. Ele não precisava dizer nada; a forma como a olhava já dizia tudo. Era como se ele enxergasse através dela, capturando cada detalhe, cada suspiro.
Suguru inclinou a cabeça levemente, os lábios curvando-se em um sorriso pequeno, quase enigmático. Não era apenas um sorriso casual; tinha algo de predador, de alguém que sabia exatamente o impacto que causava.
Souka engoliu em seco, sentindo o rosto esquentar ainda mais, e desviou o olhar rapidamente, tentando voltar à música e à dança. Mas era impossível ignorar a sensação de estar no centro do universo de Suguru. Mesmo no meio de tantas pessoas, era como se ele só enxergasse ela.
A vibração do celular quebrou o ritmo de Souka, interrompendo sua tentativa de se concentrar na dança. Com uma sobrancelha arqueada, ela pegou o aparelho, sentindo o coração acelerar levemente. A tela iluminada mostrava uma mensagem nova, e ao ler o conteúdo, seu estômago revirou.
"Curiosa pra descobrir quem eu sou?
Vou ser bonzinho porque é Halloween.
Vem aqui fora, princesa."
Ela engoliu em seco, os olhos fixos naquelas palavras. O ar ao seu redor pareceu esfriar, mesmo com a música alta e o calor das pessoas dançando próximas a ela. Por um instante, o mundo ao seu redor ficou desfocado, como se apenas a mensagem importasse.
Souka olhou ao redor da sala, buscando algo ou alguém que pudesse ser o remetente. Mas tudo o que viu foi uma multidão de rostos conhecidos e desconhecidos, fantasias elaboradas e máscaras inquietantes. Dez pessoas de Ghostface, ela lembrou, sentindo um arrepio correr pela espinha.
Seu olhar foi até Suguru novamente, mas ele conversava distraidamente com Satoru e Shoko, alheio ao turbilhão que passava por sua mente. Ninguém parecia prestar atenção nela, mas ela sabia que estava sendo observada.
"Respira, Souka", ela murmurou para si mesma, apertando o celular nas mãos. Pensou em ignorar a mensagem, mas algo dentro dela, uma mistura de adrenalina e uma curiosidade perigosa a impedia.
Os dedos hesitaram por um segundo antes de digitar uma resposta rápida.
"Por que eu deveria confiar em você?"
Quase instantaneamente, a resposta veio.
"Porque eu sou o único que sabe o que você realmente quer. Agora vem."
Ela sentiu o sangue gelar. Quem era ele? Como podia soar tão confiante? Mas, por mais que estivesse assustada, uma parte dela, talvez inconscientemente queria descobrir a verdade.
Respirando fundo, Souka guardou o celular no bolso e olhou ao redor novamente, certificando-se de que ninguém a seguia. Aproximou-se de Shoko, que estava gargalhando com Satoru.
— Vou lá fora um instante, já volto — murmurou rapidamente no ouvido da amiga.
— Vai fazer o quê? — Shoko perguntou com um tom curioso, mas Souka já estava se afastando.
Ela abriu a porta da frente da casa e deu um passo para fora. O ar frio da noite de Halloween envolveu sua pele, um contraste imediato com o calor da festa. O jardim estava quieto, iluminado apenas pelas lanternas de abóbora e pela luz fraca da lua.
— Estou aqui — ela disse em voz baixa, como se esperasse que a noite a respondesse.
Um silêncio tenso se seguiu, até que uma voz rouca e artificial rompeu o ar.
— Ola princesa.
O arrepio foi instantâneo, e Souka girou para todos os lados, tentando localizar de onde a voz vinha. A escuridão parecia mais densa agora, cada sombra um possível esconderijo.
— Está pronta para o jogo, princesa? — A voz surgiu novamente, desta vez mais próxima, provocando um misto de pânico e excitação em Souka.
— Quem é você? — Ela exigiu, o tom oscilando entre determinação e nervosismo.
— Você já sabe. E, se não souber, eu vou me divertir muito te lembrando.
— Bom dia gatinhos!
— Desculpa a demora, estou em semanas de eventos cosplay 😍☝️
— Gostaram do capítulo?🫦 próximo é o último
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