Capítulo Seis | The Word Has Power
Estou prestes a quebrar algo
Eu sinto que minha mente está lentamente enfraquecendo
I Was Never There | The Weeknd
━ ANY GABRIELLY
EUA · Nevada · Las Vegas
Em frente ao espelho me auto analiso, avaliando o vestido preto com uma abertura na barriga e que vai até o meio das coxas. Sorri com o resultado de quase duas horas de arrumação. Fazia tempo que eu não me arrumava para sair, tempo que eu não usava um vestido.
Por conta de toda minha dedicação no trabalho e minha falta de tempo por causa do mesmo eu só saía para tomar alguma bebida com a roupa do trabalho ou para jantar em algum fast-food.
Eu sai do meu transe quando ouvi a voz de Josh a me chamar da porta do quarto. Me virei e fui até a porta a abrindo.
O olhei de cima a baixo, analisando ele e suas vestimentas de alta costura.
- Você gosta de se vestir bem. - eu pontuei enquanto ele também me analisa de cima a baixo.
- Quem não gosta de estar bem vestido? A aparência é tão importante quanto todo o resto. - ele disse e focou seu olhar no meu.
- Tem razão. - eu sorri.
- Vamos. - ele pegou minha mão e caminhou ao meu lado até a enorme garagem cheia de carros de luxo. São tantos que nem consegui contar antes de entrar no carro, após ele abrir a porta para mim.
- Mafiosos são cavalheiros desde quando? - eu perguntei quando ele entrou no veículo.
- Eu tenho educação. - ele disse virando a chave e dando partida.
- Seus pais estão vivos? Sua mãe quem te educou? - perguntei curiosa.
- Não, fui educado por uma noviça. - ele disse e eu arregalei os olhos surpresa.
- Uma noviça? - questionei e ele assentiu com sua atenção na pista.
- Eu cresci sob o cuidados dela em um orfanato para meninas. - ele contou e eu franzi a testa.
- Como viveu em um orfanato de meninas? Deixaram você viver lá ou... - eu raciocinei um pouco. - Você é trans? Bem, não parece, mas vai saber.
Eu falei e ele me encarou por um breve instante e começou a rir, tipo rir muito mesmo.
Uma risada gostosa de ouvir e o sorriso dele, porra, é incrível.
- Não sou trans, meu pau é verdadeiro. - ele disse e respirou fundo tentando parar de rir. - E esse é um assunto do qual eu não devo falar para você, está aqui apenas para trabalhar comigo.
- Vamos trabalhar agora? - perguntei ele afirmou com um aceno de cabeça. - Não íamos para uma festa?
- Sim, nós vamos. É nessa festa que faremos um trabalho. - ele falou já voltando a sua expressão neutra e humor frio.
Eu me manti calada durante o resto do caminho até pararmos em frente a uma espécie de boate. Tinha uma fila consideravelmente grande na entrada, enquanto alguns seguranças estavam fazendo seu trabalho.
Josh estacionou e nós saímos do veículo ao mesmo tempo. Parei ao lado dele e o mesmo entrelaçou nossos braços e me levou até o começo da entrada da festa, onde um homem que verificava a entrada e saída, sem hesitação, deixou que passássemos.
Ele nem sequer precisou dizer o nome, apenas um olhar dele e o homem, que com certeza já o conhecia, liberou nossa passagem.
Ainda de braços entrelaçados, nós fomos caminhando entre os corpos que se agitavam com a música que tocava e alguma boa quantidade de álcool tirando qualquer timidez.
Ele me levou até umas escadas e nós fomos para um camarote, lugar onde estava Lorenzo acompanhado de uma mulher loira e outra morena. Ambas estão sentadas em um banco estofado rindo de algo enquanto Lorenzo olha para o andar abaixo analisando sabe Deus o que, ao mesmo tempo que bebe um líquido parecido com vodka.
- Olha quem chegou. - a loira ao notar nossa presença se levantou e veio até nós, abraçando Josh. - Você é quem? - ela perguntou com um sorriso largo, simpática até.
- Any Gabrielly. - Lorenzo falou ao nos avistar logo a porta.
O sorriso da loira murchou. A morena se aproximou e segurou a loira pelos ombros e sussurrou algo em seu ouvido.
Com uma expressão de raiva ela voltou para o banco.
- O que foi isso? - questionei encarando as três pessoas.
- Ela é Giulia Bianchi, irmã de Matteo, o homem que você quase matou. - Lorenzo revelou e eu olhei para Josh.
- Ela sabe quem eu sou, certo? - eles assentiram. - Ela com certeza deve me odiar.
- Um pouco. - a morena respondeu. - Sou Emma Rossi, namorada do Lo. - ela disse colocando a mão no ombro de Lorenzo que sorriu para mim abraçando a cintura dela.
- Já sabe meu nome, prazer. - ela apertou a minha mão sorrindo com simpatia.
- Daqui a pouco ela volta ao raciocínio lógico e vocês poderão conversar. - Josh falou ao pé do meu ouvido e colocou a palma da mão em minhas costas me levando para próxima da mesa onde todos se reuniram.
- Então, Any vai te ajudar com o serviço de hoje? - Lorenzo perguntou após encher o copo com mais vodka.
- Sim, ela tem que saber no que está metida agora. - Josh disse pegando um copo cheio de uísque. Eu me servi do mesmo que ele, mas com menos da bebida.
- O que iremos fazer hoje? - perguntei sem expressar a preocupação de pensar em que merda eu terei que enfrentar hoje.
- Tem um pau mandado do seu pai no bar, ele está aqui porque quer algo, já que sabe que sempre frequentamos essa boate. - Lorenzo disse abraçado a Emma.
- Louis? - eu perguntei com os olhos arregalados.
- Esse mesmo.
- Merda! Se ele me ver saberá que estou envolvida com vocês e ai fodeu tudo. - falei bebendo o líquido quase todo em uma golada só. Senti minha garganta arder.
- Não se preocupe com isso, ele não fará nada que possa te prejudicar. - Josh falou confiante bebendo o uísque. Eu revirei os olhos.
- Ele fará de tudo para isso, não confie tanto. Louis é um dos homens mais letais que já conheci. - falei bebendo todo o resto da bebida e deixei o copo em cima da mesa.
- É porque você não viu Josh lutando. - a loira, que estava calada, disse.
- É como um lutador imortal. - Emma completou e eu olhei para Josh de soslaio. Com certeza se sentindo o poderoso.
Se ele é tudo isso mesmo eu terei que ver para crer.
- Quando vamos agir? - perguntei já me sentindo um pouco, muito, ansiosa.
- No momento certo. Logo ele estará com os olhos em um rabo de saia e esse é o momento ideal.
- Homem não pode ver uma mulher que se anima, impressionante. - neguei com a cabeça e Lorenzo riu.
- Claro, estranho seria se broxasse. - Lorenzo disse, eu e as meninas rimos.
- E ai, olha só quem resolveu dar as caras. - me virei vendo uma mulher de cabelo curto em um tom de castanho escuro e pele bronzeada entrar na área vip.
- Emily, essa é a Any. - Emma já me apresentou enquanto a mulher, denominada Emily, se sentou perto da loira. - Any, essa é a Emilly, dona da boate.
- Olá, nossa que mulher linda. - Emily disse sorrindo e eu agradeci com um sorriso singelo.
- Assanhamento uma hora dessas não, por favor. - Giulia pediu e Emily revirou os olhos, enquanto Emma riu.
- Por favor digo eu, só elogiei a mulher. - Emily falou pegando a garrafa de vinho que as meninas estavam bebendo e bebeu pelo gargalo.
- Ela é louca. - Lorenzo sussurrou para mim.
- Nem percebi. - sussurrei de volta.
- Vamos Any. - Josh me chamou e eu nem tinha notado que ele se levantou.
- Já vão transar? - Emily perguntou. - A garota mal chegou.
- Já está bêbada né. - Emma questionou para Emily que balançou os ombros.
Eu me levantei acenando para as meninas que acenaram de volta. Josh agarrou meu pulso e me levou para o andar de baixo.
- Isso é para você, acho que sabe como usar. - Josh me entregou uma pistola que tirou do cós da calça. - Só dispare quando estivermos longe da multidão e se for necessário.
- Eu não sou nenhuma idiota, sou uma policial. - bufei conferindo as balas da arma.
- Existem policiais idiotas. - ele disse e eu rolei os olhos e mostrei o dedo mediano para ele. - Viu.
- Babaca. - ele tirou do bolso de sua calça um isqueiro dourado. - Para que isso?
- É o meu tranquilizador. - ele disse e acendeu por um breve segundo me mostrando a pequena chama.
- Esquisito. - murmurei.
- Isso não me ofendeu. - ele disse e saiu caminhando na minha frente. Eu segui ele.
Josh dá uma volta na boate para, discreta e sorrateiramente, chegar em Louis que estava atracado a uma mulher ruiva.
Josh fez um sinal com a mão pedindo para que eu parasse. Eu parei e ele foi até Louis parando em sua frente. Ele fez um barulho com a garganta chamando a atenção do homem de quase dois metros.
Louis deixou a mulher de lado e encarou Josh. De dois metros de distância fiquei os encarando.
Josh começou a falar algo para ele que eu não pude ouvir graças ao som alto da música. Ele dizia dando um sorriso de lado bastante perverso, enquanto ele com o polegar empurra a tampa do isqueiro, o abrindo e fechando.
Vi Louis começar a caminhar para trás até parar quando sentiu o cano da arma em minhas mãos em sua nuca.
- Vá devagar, não quer morrer agora como um fracote, grandão. - eu falei alto para que ele ouvisse.
Ele tentou se virar para ver quem sou eu, mas Josh o impediu.
- Apenas me acompanhe. - Josh falou e começou a andar. Eu fui junto guiando Louis com a arma no caminho que Josh fazia.
Nós fomos parar nos fundos da boate onde tinha um casal se comendo ao vivo e a cores, eles rapidamente saíram correndo ao me ver armada.
Louis se virou bruscamente tentando me nocautear, mas eu me abaixei e acertei o saco dele com uma joelhada. Ele se contorceu, mas não caiu, porque Josh o segurou pelos ombros.
- Any? - Louis falou ao me reconhecer. - O que você está fazendo aqui com ele?
- Eu mesma. - eu acenei sorrindo debochada.
- Ela está comigo fazendo o menos errado e ao mesmo tempo o mais certo. - Josh respondeu por mim.
- Claro, porra, você é uma traidora. Espere até seu papai saber disso. - ele disse com um sorriso de escárnio. - Virou uma vadia podre, como pôde?
- Vadia podre? - eu ri apontando a arma para o peito dele. - Eu sou a vadia podre que destrói homens como você.
- E como ele? - se referiu a Josh.
- Sim, mas nós temos um trato e eu sou uma mulher de palavra. - falei sorrindo sarcástica.
- Claro que é, quando virou as costas para seu pai disse que faria o impossível para acabar com tudo que é dele e olha aonde chegou até agora. Você o amaldiçoou. - ele disse e cuspiu em mim.
Eu fechei os olhos e limpei a saliva nojenta.
Josh sem qualquer paciência deu uma coronhada em Louis tão forte que o homem desmaiou.
- Vou leva-lo para um galpão, vai querer voltar para casa? - ele questionou.
- Eu vou ajudar você. - falei e ele assentiu. Josh me deu as chaves do carro e eu o peguei e trouxe para os fundos da boate ao dar uma volta de uma rua para outra. Eu o ajudei a colocar Louis no banco traseiro do carro.
- O que vai acontecer com ele? - eu perguntei, enquanto Josh dirigia concentrado.
- Ele vai viver se concordar em ser um cachorro leal em uma coleira. - Josh falou friamente.
- E se não?
- Eu o mato e mandamos um recado para seu pai, é simples. - eu mordi meu próprio lábio um pouco nervosa.
Agora que entrei nisso terei que ir até o fim, não existem escapativas tranquilas quando se envolve nesse mundo.
Qualquer resquício de paz agora está se esvaindo junto com um de meus princípios.
To be continued???
Eita que agora o bicho começa a pegar fogo.
Já dizia o ditado brasileiro:
Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
As Damas da Camorra:
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