𝐓𝐑𝐀𝐈𝐓𝐎𝐑 | O. Dᴀᴢᴀɪ - Bungou Stray Dogs
𖠵ฺ۟ ⃟🍩↷ Osamu Dazai x Fem Reader
Onde ❲Nᴏᴍᴇ❳ é transferida
para a ADA e Osamu se en-
carrega de a treinar, logo
percebendo incoerências.
⏤ ⏤ ✎ Ou 'ˎ-
Onde Osamu não pode ne-
gar as evidências e precisa
admitir justo o que ele me-
nos queria no momento,
perdendo mais uma pessoa
importante para ele.↶🌰◌໋̼݊
Acabei de cruzar a porta principal da Agência de Detetives Armados, agora a enorme dúvida me bateu: aonde eu fui me meter? Isso certamente não foi feito para mim, essa vida toda certinha e cheia de regras, não combina nem um pouco comigo. Mas é preciso fazer isso, pessoas irão se beneficiar bastante e, entre elas, eu também sairei ganhando.
Me encontrei há pouco tempo com o Kunikida nas ruas, acidentalmente, usei o meu poder nele e chamei a sua atenção. Depois de quase uma semana resolvendo inúmeras burocracias irritantes, me tornei um membro oficial da Agência deles.
Sobre o meu poder, ele era algo relacionado aos sonhos. Posso dizer que lembrava-me bastante o de uma andarilha dos sonhos. Eu poderia induzir uma pessoa à adormecer e/ou aparecer em seu sonho, controlando todo o cenário, acontecimentos e sensações dele.
Um ponto negativo era que qualquer acidente sofrido nesses sonhos prejudicaria o meu corpo quando o meu poder desativasse. Esse era o motivo principal que me fazia evitar lutas desnecessárias e sempre manter uma distância adequada do meu adversário.
— S/n, fico feliz em te ver por aqui.— De imediato reconheci a voz que me irritou por esses últimos dias. Soltei um suspiro baixo e coloquei o meu melhor sorriso no rosto me dando um ar inocente, fofo e meigo.
— Kunikida!!— Dei um pequeno pulinho e passei os braços pelo seu pescoço o puxando forçadamente para um abraço.
— Mas o que... Não abrace as pessoas assim— O loiro me repreendeu enquanto levantava os óculos que quase escorregaram de seu rosto. Um mínimo sorriso se fez presente em seus lábios mas assim que seus olhos foram abertos ele sumiu.— Antes de você começar o treinamento, preciso esclarecer algumas coisinhas.
— Como assim? Você já me falou antes sobre a agência, não me diga que têm mais coisas para de falar sobre ela.— Franzi as sobrancelhas sem acreditar naquilo.
— Não se preocupe, só irei te falar o básico.
꯴᩠ꦽꦼ💌🩰🍨
Se aquela era a iria de básico para o Kunikida, eu não quero nem imaginar quando ele realmente precisar falar sobre algo sério. Parei de contar o tempo em que ficamos aqui assim que se passou a segunda hora, talvez nem fosse mais uma contagem de horas e sim de dias. Não é possível que ele, uma pessoa que aparentemente é bem reservada, consiga ter tanta coisa para falar desse jeito.
— ... acredito que só isso mesmo.— Só isso?— Espero que tenha entendido tudo, mas se tiver alguma dúvida eu estou aqui.— Pisquei os olhos algumas vezes enquanto voltava para a realidade um pouco atordoada e perdida.
— Sim.— Soltei sem pensar direito, apenas para que ele parasse de me encarar esperando alguma reposta.
— Sim o que, exatamente? Você tem alguma dúvida? É isso?— A minha boca ficou entreaberta por um momento sem que eu soubesse o que responder. O loiro a minha frente bufou e seus ombros murcharam ao entender a situação.— Estava, ao menos, me escutando?— Balancei a cabeça positivamente ao ser descaradamente encarada por ele.
— Não precisa se preocupar, eu ouvi tudinho e entendi bem entendido o que o senhor disse.— Dei um sorriso singelo tentando reforçar a minha mentira e passar uma imagem convincente.
— Ótimo, não tenho tempo para repetir. Vá encontrar o Dazai logo.— Arregalei os olhos e coloquei a mão atrás da nuca com cara de culpada.
— O loiro de quem você falou?— Perguntei inocente enquanto dava alguns passos para trás tentando chegar logo perto do corredor para poder fugir quando ele se desse conta.
— Não, o moreno louco e suicida. E eu não falei de nenhum loiro...— O Kunikida parou a frase e olhou no fundo dos meus olhos entendendo o que tinha acontecido.— Você estava me ignorando?!
— Nunca! Tchauzinho Kunikida!!— Balancei a mão no ar enquanto, mesmo sem um rumo específico, corria apressada pelos corredores da agência que acabara de conhecer.
Quando senti que já não tinha ninguém por perto, revirei os olhos enquanto estralava os meus dedos das mãos. Aproveitei e girei levemente o pescoço para não ter torcicolo mais tarde por causa de todo esse tempo parada. Soltei um suspiro pesado enquanto sentia um pequeno indício de dor de cabeça surgindo.
Mas também, não existe ser paciente que aguente ouvir aquele homem por todo esse tempo e saia inteiro. Se algum dia eu fizer merda e tiver que ouvir sermão, aceitarei de qualquer um que não seja o Kunikida. Ao virar por mais um corredor desconhecido, um homem moreno quase esbarrou em mim. Tive sorte de sempre ter bons reflexos para conseguie desviar a tempo e ainda o pegar antes que tropeçasse. Um vergonha evitada, parabéns S/n.
— Desculpe, estava distraída e não prestei atenção em...
— Minha bela dama!!— Aqui interrompida com o berro que ele deu estendendo a mão em minha direção. Abri a boca procurando as palavras corretas para responder esse louco mas fui interrompida outra vez por mais uma fala dramática dele.— Por favor, una-se à mim em um magnífico suicídio à dois...— Dessa vez, ele é quem foi interrompido por algum objeto que voou em seu rosto com certa brutalidade. Louco e suicida, só conheço uma pessoa com essas características.
— Esse é o Dazai, Kunikida?— Cruzei os braços atrás das costas observando o moreno sentar-se no chão com uma careta encarando Kunikida que ajeitava os seus óculos com um leve beicinho no rosto. O loiro apenas ignorou Dazai, e fingiu que não tinha jogado algo em seu rosto, virando-se para mim.
— O próprio...
— Dazai, o senhor está bem? Se machucou muito?— Perguntei me abaixando ao seu lado para verificar o seu rosto. Ele dirigiu à mim um olhar pidão e sôfrego enquanto dramatizava outra vez:
— Não, não estou bem. Esse machucado foi feio demais. Acho que... Se você aceitasse afogar-se comigo em um belo pôr do sol na praia, isso iria me ajudar bastante.— Dazai abaixou a cabeça apoiando-a em meu colo enquanto fingia limpar uma pequena lágrima solitária, obviamente falsa.
Ele ficou assim por menos de cinco segundos, que foi o tempo exato que Kunikida levou para aproximar-se de nós dois e chutar Dazai para longe de mim outra vez. Ele me estendeu a mão para servir de apoio para que eu me levantasse e a aceitei vendo Dazai se apoiar na parede enquanto massageava o bumbum que deveria estar dolorido pelo chute.
— Não escute nada do que esse louco suicida pervertido disser.— O loiro me alertou em um breve sussurro antes de pegar uma espécie de caderninho e folhear as suas páginas rapidamente.— Dazai, ela será a sua subordinada, quero que a treine até que a garota consiga dominar direito o seu poder. Aqui estão algumas informações básicas sobre ele, boa sorte.
— Por que eu só estou sendo avisado que terei de treiná-la agora?
— Boa sorte!— O loiro aumentou um pouco o tom de voz e saiu resmungando algumas coisas desconexas, provavelmente, xingando Dazai visto que em um ponto da nossa longa conversa, tive que ouvir algumas coisinhas más ao seu respeito.
— Então eu terei que treinar uma garotinha?— Perguntou alto enquanto lia as tais informações presentes no papel parecendo perdido em pensamentos próprios.
— Bom, você realmente terá que me treinar. Mas não sou uma garotinha. E se você analisar bem, temos praticamente a mesma idade.— Dei de ombros me colocando na ponta dos pés para conseguir ler o que tanto o deixava perdido em pensamentos. Ele se virou para mim repentinamente e guardou o tal papel no bolso do sobretudo. Esperei alguma reação dele e levei um pequeno susto quando a sua voz soou mais grave do que eu me lembrava há poucos minutos atrás:
— Imagino que esteja um pouco ansiosa para aprender a controlar o seu poder.— Balancei a cabeça positivamente e dei um saltinho para conseguir o acompanhar. Naquele momento, ele parecia quase correr pelos corredores da agência tornando um pouco complicada a tarefa de o seguir.— Espero que tudo bem para você começarmos a treinar imediatamente...
— Por mim está tudo perfeito. Quanto antes eu conseguir dominá-lo, melhor será para todos, certo?— Ele sorriu para mim enquanto esperávamos o elevador chegar no nosso andar e entrei um pouco atrasada por preferir conferir se o piso realmente estava ali.
— Aliás, quem sabe com esse treinos se você não reconsidere a opção de um lindo suicídio à dois...— Não pude evitar a risada que soltei ouvindo novamente essa história.
Andamos um pouco pelas ruas de Yokohama planejando chegar logo no metrô, mas assim que encontrei uma barraca onde se vendia dangos, me senti na obrigação de desviar toda a nossa rota por eles. Dazai não teve tempo de protestar, ele apenas se desesperou no começo ao pensar que eu tinha sido sequestrada no meio de todo aquele tumulto.
Quando eu fui encontrada, ele apenas sorriu e aceitou um pouco de dangos como pedido de desculpas. Esperamos mais uma vez o metrô e, em algum ponto que não me lembro bem, eu comecei a lhe explicar como os dangos eram preparados. E fui falando até que chegássemos em mim terreno aparentemente abandonado mas, por mais confuso que pareça, ele estava bem cuidado.
— Eu vou ter que treinar aqui?— Perguntei deixando evidente o meu desânimo.
— Esperava o quê? Um estágio cheio de luzes, ventilado perto do porto onde pegasse os raios do crepúsculo?
— Sim.— Dei de ombros respondendo sinceramente e ouvi uma alta risada vinda do moreno.
— Gostei da sua sinceridade.— Baixei o olhar e tentei disfarçar o incômodo até que o ouvi falar novamente.— Pelo relatório do Kunikida, você consegue induzir uma pessoa ao sono, entrar na mente dela e modificar aquela realidade do jeito que quiser.
— É mais ou menos isso mesmo, eu nunca o usei direito para saber como funciona mesmo, mas eu tinha tocado no Kunikida quando ele desmaiou... acredito que eu precise ter algum contato físico com a pessoa para que ele funcione. Ou tocar em algo que nos conecte.
— Tente me induzir ao sono sem que eu a toque. Se não conseguir, tentaremos a segunda opção.— Assenti com a cabeça e me preparei para usar o poder até que uma dúvida me ocorreu:
— E depois?
— Depois o quê?
— Quando você dormir, o que eu faço para te trazer de volta?
— No desespero do momento você vai saber, eu tenho certeza.— Abri a boca para contestar e ele pegou os meus lábios com a ponta dos dedos os juntando novamente de forma delicada.
Fiz um leve careta e me concentrei tentando controlar o formigamento que sentia crescendo em mim. Naquele momento, não sabia mais o que era mais difícil, liberar o poder ou segurá-lo. Cansada abri os olhos fingindo ter desistido de tentar e deixei meus joelhos caírem no chão.
Levei uma pequena repreensão do Dazai que insistia que eu de teria que tentar novamente. Efeito dramático perfeito, na primeira vez eu não conseguiria e me sentiria derrotada. Ele me daria algum incentivo e na segunda eu conseguiria o liberar...
Esperei um tempo mas não sentia nada, forcei o meu corpo um pouco mais tentando sentir algum resquício de poder. Nada, outra vez e, com isso, apenas uma explicação veio em minha mente.
— Vai usar mesmo o seu poder em mim? Desse jeito eu realmente não vou conseguir mostrar nada.— Protestei franzido as sobrancelhas enquanto o observava sorrir ladino.
— Como sabia que eu estava usando-o?— Senti os meus músculos tensos e usei toda a minha concentração para não demonstrar nada.
— Eu não conseguia sentir nada, nadinha mesmo. Todas as vezes que eu tento usá-lo sinto um formigamento.
— E como sabia sobre o meu poder? Não lembro de tê-la falado sobre...
— O Kunikida me falou sobre ele ué... E sobre como você é preguiçoso, relaxado, gosta de o irritar...
— Sim, sim, sim! Entendi! Vamos voltar ao seu treinamento.— O encarei com os olhos semicerrados.— Sem interferência dos meus poderes, eu prometo.— Afirmou levantando as mãos em forma de rendição e sorri me concentrando outra vez.
— 🍷;;
Não tive nenhuma reação a não ser comecar a rir histericamente daquela situação acompanhada de Dazai e Ranpo. Nós parecíamos três bêbados com aquele comportamento, mas ver o Kunikida escorregar e derrubar uma pilha de papéis maior que eu, não era algo que se presenciasse todos os dias então resolvemos aproveitar um pouco o momento.
Respirei profundamente tentando me controlar ao máximo e desci da mesa do Ranpo indo ajudar o loiro a recolher tudo o que estava espalhado pelo chão. Os outros dois continuaram rindo e isso parece ter irritado bastante Kunikida, que se levantou apressado ajeitando os óculos que não tinham se movido no seu rosto, uma coisa que só fazia quando estava nervoso ou quando os seus óculos estavam realmente caindo.
— Tanizaki.— Chamou e em menos de dois segundos o ruivo apareceu, por incrível que pareça, sem a irmã ao seu lado.- Preciso que você investigue isso, acredito que não seja nada de mais, mas é sempre melhor verificar.
— Claro, eu vejo sem problemas... alguém vai comigo ou irei sozinho?— Os olhos de Kunikida correram por toda a sala até que pararam em mim que estava na sua frente segurando cerca de 80% dos papéis que tinham caído.
— Eu estou livre, posso ir com ele.— Me ofereci dando de ombros e fiz uma expressão de satisfação quando o vi concordando com a ideia. Larguei os papéis no chão outra vez já me virando para pegar o casaco em meio aos berros de Kunikida com o que eu tinha feito.
— Mas os seus poderes não...— Dazai começou a falar mas já o interrompi antes mesmo que continuasse a sua fala sabendo que aquilo iria me deixar plantada no escritório por ainda mais tempo.
— Já estamos treinando há quatro meses, não é tanto tempo assim, mas nem sabemos se isso se trata realmente de uma ameaça.— Dei de ombros puxando rapidamente a peça de roupa do cabideiro e arrastei Tanizaki pela ponta da manga para sairmos logo dali antes que a discussão se estendesse.
Andamos calmamente por Yokahama, vez ou outra parei para comprar besteiras aleatórias vendidas pela rua levando o ruivo comigo em todas essas vezes. Ao chegarmos no local indicado pelo Kunikida, nos deparamos com um velho depósito.
O local parecia completamente abandonado, tanto por dentro quando por fora visto que a tinta no antigo estacionamento estava se apagando. Trocamos um breve olhar e decidimos ficar próximos para que pudéssemos cuidar da retaguarda um do outro caso fosse preciso.
Procuramos alguma coisa suspeita no primeiro andar e não conseguimos encontrar nada, no segundo andar foi a mesma coisa, no terceiro também. Caixotes velhos cobertos por teias de aranha que já deveriam está mortas há muito tempo dificultavam a nossa passagem pelo local, mas nada que alguns chutes não resolvessem.
Quando estávamos voltando para a parte exterior, aproveitei o fato de que Tanizaki ia na frente para poder pegar o meu celular e contatar uma pessoa importante. Terminando de enviar a mensagem, o guardei rapidamente para evitar suspeitas ou perguntas.
— Acha que é melhor ligarmos para agência para os tranquilizar? Ou deixamos para falar tudo de uma vez já no escritório mesmo?— O ruivo perguntou saltando alguns paralelepípedos que demarcavam o que anteriormente eram vagas de carros.
— Poderíamos aproveitar e pedir para que alguém viesse nos pegar sem que tivéssemos que andar tudo isso outra vez— apontei para o terreno do tal depósito que se estendia por alguns quilômetros—, para chegarmos na estação de metrô e termos que andar ainda mais para chegar no prédio da agência... Argh! Já estou cansada apenas de imaginar tudo isso.— Suspirei profundamente enquanto meus ombros caíram enaltecendo a minha frustração e preguiça.
Tanizaki soltou uma risada alta com a minha reação e não pude evitar um sorriso. Peguei o celular novamente e procurei o contato de Dazai para o tranquilizar de uma vez e não ter que encarar as suas inúmeras perguntas e preocupação desnecessária pessoalmente.
— Alô? Dazai?
— S/n? Aconteceu alguma coisa?
— Não, tá tudo bem, mas vem cá... Por acaso a agência teria algum carro voador mágico?
— Um o quê?— Soltei uma risada quando consegui o escutar perguntar isso para Kunikida e também ao ouvir um breve estrondo, acredito que tenha sido algo que fora jogado na sua cabeça pelo loiro.
— Eu não acredito que você realmente perguntou... Era brincadeira, baka.
— Mas por que você queria isso? Tá tudo bem mesmo? Aconteceu alguma coisa? Foi o seu poder? Quer que eu vá aí?
— Dazai! Não! Tá tudo bem sim, não precisa vir aqui, idiota!
— Estou pegando as chaves do carro.— "Do meu carro, seu infeliz." Kunikida protestava ao fundo sendo completamente ignorado pelo moreno.
— Me escuta!! Não tem nada aqui, a gente revirou o depósito inteiro, a maior ameaça era uma aranha que...
— Aranhas são perigosas, elas têm veneno e a maioria deles são letais. Eu fiz uma pesquisa sobre o veneno para ver se eles matavam rápido, e a maioria deixa a vítima agonizar nos minutos finais de sua vida. É essa a aranha que você quer encontrar?!
— Sim, eu sei que aranhas são perigosas e venenosas, MAS NÃO AS MORTAS!!!!— Ele me ignorou mais uma vez e ouvi o barulho da porta do elevador fechando, isso significa que o sinal vai começar a falhar em breve.
O ruivo que estava comigo prendeu o riso ao observar a minha discussão, ao seu ver uma discussão onde eu estava sozinha pagando de uma completa louca. Revirei os olhos e tentei voltar ao depósito para ver se talvez eu conseguisse pegar um sinal bom de verdade, não afetaria tanto o que eu iria escutar de Dazai.
Lógica bem sem sentido mas que até funcionou um pouco já que não tinham tanto ruídos. Ainda tentando explicar que ele não precisava dirigir feito o louco suicida que ele era, virei-me abruptamente ao ouvir um estrondo de onde Tanizaki estava.
— Merda...— Sussurrei afastando o celular do meu rosto observando a figura sombria que nos encarava.— Akutagawa?
— Quem?! S/n!! O que foi isso?!
— Talvez a gente esteja com problemas agora... AH!!— Gritei assustada pulando para o lado a tempo de desviar de um dos ataques do Rashōmon.
Infelizmente, o celular escorregou da minha mão e ele que foi acertado pela besta do Akutagawa. Os seus ataques se tornaram mais constantes e direcionados a mim. Tanizaki aproveitou a breve distração dele e ativou o seu poder cobrindo uma grande área. Corri o mais rápido que consegui para perto dele e Sussurrei brevemente em seu ouvido:
— Eu tenho uma estratégia, preciso que confie em mim e que cuide de mim depois disso.— Uma expressão confusa e assustada se revelou em seu rosto. Antes que eu pudesse o explicar melhor, tiros foram ouvidos e as valas corriam por todo o terreno.— Não temos tempo para explicações, desculpa.— Desviando das balas, consegui entrar na parte central de onde o poder do Tanizaki estava concentrado.
Encontrei Akutagawa e o moreno levou uma cauda da sua besta para perto de mim enquanto permaneci imóvel. A parte da sua besta se estendeu um pouco mais formando quase como uma barreira protetora para evitar que alguma bala me atingisse. Do jeito que estavam sendo atiradas imprudentemente, só poderia ser a Higuchi.
— Você disse que o Dazai estaria aqui...
— Ah sim, pequena troca na hora de conjugar os verbos, ele estará. Em alguns minutos. Você chegou muito cedo e ainda fez o enorme favor de destruir o meu celular, inclusive, obrigada por isso., Sorri ao ironizar a fala e o vi tossir com uma feição emburrada.
— Não acredito que você me fez perder tempo com bobeiras!
— Não sou eu quem fica buscando a atenção exclusiva do Dazai para saciar a minha carência!— Soltei acidentalmente e, ao ver a expressão que ele fez no momento em que terminei a frase, realmente temi que alguma coisa acontecesse comigo.
— De qualquer forma, precisamos lutar, antes que fique estranho.— Não, não, não. Mentiroso ridículo. Você quer apenas uma desculpa para poder estraçalhar o meu corpinho lindo.
Me abaixei rolando para o lado desviando por pouco de mais um de seus ataques. Maldição, S/n. Quem mandou provocar um psicopata? Desviar de seus ataques estava se tornando uma tarefa cada vez mais difícil, ainda mais quando percebi que Tanizaki deveria ter sido atingido por alguma bala e por isso a cobertura do seu poder estava enfraquecendo aos poucos.
Ouvi o barulho de um carro parando e troquei um breve olhar com Akutagawa, a cobertura acabou sumindo totalmente nos dando a visão de Dazai e Kunikida correndo em nossa direção. Por um momento, eu realmente me distrai o observando e fui atingida pelo rashōmon sentindo-o cruzar o meu peito, rasgando a minha pele e separando cada átomo ali existente.
Senti a batida pulsante do meu coração e fiquei aliviada ao saber que ele só quis chamar atenção/me alertar e não me matar de uma vez. O que ele esqueceu é que eu aperfeiçoei o meu poder agora, em um gesto rápido, segurei uma ponta do rashōmon e consegui transmitir o meu poder nela para o atingir. Akutagawa arregalou os olhos me encarando com raiva já que ele esperava que Dazai o enfrentasse, não eu.
Já um pouco sem toda a sua força, ele forçou o seu poder para que ficasse o mais longe possível do chão e em um movimento rápido, me levantou balançando a cauda fazendo com que eu fosse arremessada para perto dos três que já estavam juntos e prontos para entrar em uma luta. Mais e mais agentes da máfia do porto chegavam ali nos deixando em total desvantagem já que tínhamos dois feridos e um quase morto, no caso, eu.
Kunikida segurou o braço de Dazai o forçando a não ir enfrentá-los, pela primeira vez tinha visto o lado um tanto imprudente do moreno e se não estivesse naquele estado, teria feito algum comentário sarcástico e brincalhão. Tanizaki se aproximou de mim e manteve o nosso combinado de cuidar do meu corpo depois da confusão.
O tiro tinha pegado de raspão em seu braço e não o impediu de me carregar até o carro e nem de me colocar na mesa da sala da Yosano quando chegamos na agência. Já tinha os escutado falar sobre o tratamento dela, que doía e que eles evitavam se machucar para poder passar longe de seus tratamentos.
Até aquele momento nunca tinha entendido esse medo desnecessário. Mas eu juro que nem que o próprio Kami-Sama desça aqui na terra e peça para que eu passe por isso novamente eu resolvo passar. Acho que com a dor que senti, acabei desmaiando e só acordei novamente quando já tinha acabado o tratamento.
Ao me acordar, encontrei os outros membros da agência ao redor da minha cama esperando algum sinal de vida. Fiz questão de expulsar todos dali, eu não precisava que alguém ficasse me vendo babar e roncar no travesseiro.
Hoje, quase cinco dias depois que eu recebi alta, consegui fugir um pouco da agência. Todo tinham se tornado superprotetores comigo e isso, além de pesar na minha consciência, era bizarro. Ranpo, Kunikida, Tanizaki e Dazai se ofereceram para me acompanhar/proteger na caminhada, com alguns socos, pequenos palavrões e um tempinho de discussão, consegui sair sozinha sem que eles percebessem.
Aproveitei-me de que Kunikida e Dazai conversavam algo sobre um tigre que tinha aparecido pelas redondezas e blá blá blá.
— Você não vai apenas caminhar por Yokahama, não é?— Por estar distraída em meus próprios pensamentos e convencida de que ninguém poderia ter me seguido, baixei a guarda recebendo um belo de um susto ao ouvir a voz dele atrás de mim.
— Dazai? O que está fazendo aqui? Estava me seguindo?— Perguntei aproveitando que além de tirar a minha dúvida poderia tentar disfarçar e quem sabe até fazê-lo esquecer-se disso.
— Sabe, eu me considerei um louco no começo por achar isso, seu jeito de agir era só um pouco suspeito e já conhecido por mim. Está indo para o porto, não está?
— O porto? Por que eu iria para lá?— Ele deu alguns passos para se aproximar de mim, ficamos tão perto que nossas respirações se misturavam. Sua cabeça foi inclinada um pouco para o lado para que pudesse sussurrar em meu ouvido:
— Passar as informações que você, como uma espiã, conseguiu tirar de nós.— Arqueei uma sobrancelha pronta para retrucar e dizer o quão absurdo tudo isso era.— Vai negar? Se você me disser que tudo isso é mentira e loucura da minha cabeça, eu juro que esqueço toda essa história...
— Eu não tenho porque negar quee favo parte da máfia do porto. Perdão, Dazai.— Mordi a minha bochecha me repreendendo mentalmente por ter vacilado um pouco no final.
— Você fala e age exatamente como eles...
— Saudades de trabalhar para lá? Você ainda lembra do jeitinho que agimos, que fofo...— Ironizei sentindo um aperto no peito pelo jeito como ele me olhava.— Onde eu errei?
— Aonde você errou? Em me subestimar.— Cruzei os braços na altura do peito e arqueei uma sobrancelha esperando que ele realmente fosse sincero.— Ok, também teve o fato de que o seu passado era quase desconhecido, alguns furos nas suas histórias e, principalmente, o relatório completo da sua luta contra o Akutagawa. Quatro meses com o nosso treinamento leve não teriam esse resultado, pelo menos não os meses em que você treinou comigo. Na verdade, apenas segurou o seu poder para nos enganar.
Soltei um risada amarga e falsa me afastando dele o suficiente para apoiar-me no parapeito da ponte podendo observar o correr do rio. Dazai se posicionou do meu lado e ficamos ali em silêncio sem saber como começar a falar alguma coisa.
— Você poderia ter dito só a parte da luta com o Akutagawa, eu me senti horrível por ter deixado tantas coisas passarem assim.— O moreno soltou uma risada breve e anasalada.
— Perdão pela minha falta de cavalheirismo.— Foi a minha vez de soltar uma risada.
— O que fará quanto a isso?
— Não sei, nós não tivemos essa conversa, você apenas seguiu o seu caminho e decidiu que o seu disfarce já não estava tão bom, para não arriscar, deixou a agência e voltou a ser apenas da máfia do porto.— Arregalei os meus olhos me virando para o encarar e saber se aquilo era algum tipo de piada com a minha cara.
— Como é? Dazai, você não pode...
— Posso sim.— ele me interrompeu também se virando e me encarando.— Eu não te encontrei aqui, não descobri nada sobre você... Até porque não tinha nada para descobrir...
— Não! Você não pode fazer isso. E se descobrirem depois?— perguntei sabendo que a agência dificilmente iria ver isso com bons olhos, talvez até o acusassem de traição e ele fosse expulso de lá.— Você tem que lutar comigo, ou então me mate.
— Eu não irei te matar, S/n, pare com ideias ridículas.— afirmou levantando a mão pedindo para que eu me valesse e parasse de falar coisas tão absurdas assim.
— Por que não?!— esbravejei empurrrando a sua mão e o colocando contra o parapeito enquanto segurava o colarinho de sua camisa social. Seus olhos encontraram os meus e ficamos ali com os olhares fixos um no outro.— Se você não irá me matar, eu terei que te matar.
— Fique à vontade...— sussurrou levantando as mãos em forma de rendição.
Contraí o maxilar levantando a minha perna esquerda parra a pequena faça que eu escondia na minha bota. A pressionei contra o pescoço do moreno mas meu corpo se recusava a continuar. Atirei o objeto no rio e me afastei dele voltando a andar pela ponte. Na verdade, estava quase correndo por ela quando o senti segurar o meu braço e só então parei para o olhar.
— Você não pode simplesmente me julgar, me odiar e dizer que eu sou a pior pessoa do mundo?— Senti a sua mão em meu ombro e logo em seguida os seus braços me envolveram em um abraço um pouco desajeitado que logo retribuí.
— Eu não posso fazer nada disso pelo mesmo motivo que você não pode.— Ele se afastou segurando a minha bochecha de forma delicada enquanto limpava uma lágrima solitária que escorria por ela.— Posso ser um suicida e já ter machucado inúmeras pessoas na minha vida. Mas meu corpo e a minha mente se recusam à sequer me imaginar tocando em um fio de cabelo seu com más intenções...
— Dazai...— Sussurrei sem que nenhuma outra reação que não fosse me aproximar dele o suficiente para selar os nossos lábios.
Ele retribuiu o beijo adentrando a mão pelos meus cabelos enquanto puxava o meu rosto para mais perto do seu aprofundando aquela sensação de união. Uma mas minhas mãos rodeou o seu pescoço enquanto a outra acariciava a sua bochecha delicadamente.
A sua língua pedia passagem e quando a concedi, me senti totalmente dominada por ela. O ar começou a se esvair dos meus pulmões e aos poucos eles clamavam por oxigênio. Nisso, o beijo que estava relativamente calmo antes, se tornou desesperado como se com o seu término, tudo o que tínhamos acabasse também. Me afastei dele aos poucos sentindo o vazio e o espaço entre os nossos corpos aumentando.
— Então não teremos o nosso lindo suicídio à dois?— Ele perguntou e não pude evitar soltar a risada que soltei ao vê-lo tentar amenizar a tensão que ficaria (e ainda ficou um pouco) depois.
— Talvez, quem sabe? Isso vai depender se ficaremos vivos para nós encontramos depois...— Acariciei a sua bochecha o sentindo apoiar a sua cabeça em minha mão.
— Um suicidio à dois... Você que colocou essa ideia na minha cabeça, quando nos encontramos pela primeira vez.— Arregalei os meus olhos surpresa pela sua confissão já que pensava que ele falava isso para qualquer mulher que aparecesse na sua frente.
— Não é um convite para todas as moças?— Perguntei de forma de sincera e lhe arranquei um sorriso.
— Especial para você... Mas já que você não pode me dar garantias de que realmente vamos pular da ponte juntos, precisarei encontrar outra moça.— Arqueei uma sobrancelha semicerrando os olhos.
— Duvido que outra louca aceite isso.— O provoquei e recebi uma pequena careta.— Eu preciso ir, Dazai... Você vai ficar bem?
— Nada que uma tentativa de afogamento não resolva...— Deu de ombros levantando-se ao tempo que me ajudava a me levantar também.
— Tome cuidado. Eu estava em repouso, mas ouvi muito bem os rumores sobre o tal tigre que está andando à solta por aí.
— Ele não vai aparecer no meio do rio.
— Tigres nadam, Dazai. E eu espero que ele apareça para te salvar desse afogamento.
— Salvo de um afogamento por um tigre?— Rimos com a ideia um pouco absurda e nos olhamos mais uma vez, a última vez. Ou talvez quem sabe não seja realmente a última? Nossos caminhos ainda podiam cruzar-se algum dia, ele poderia sair da agência e eu da máfia.
Curiosa com o que acontecer aí com ele e qual seria o motivo que estragaria a sua tentativa de suicídio (como em todas as vezes em que ele tenta alguma coisa), fiquei ali na ponte por mais um tempo apenas para ver um garoto tirá-lo da água. Soltei um risada baixa sabendo que esse pobre teria que ouvir Dazai reclamando de ter sido salvo por um bom tempo.
Em alguns minutos, Kunikida apareceu e percebi então que eles estavam no meio de alguma investigação quando o moreno veio falar comigo. Olhei o crepúsculo que estava quase começando, pisquei algumas vezes e continuei o meu caminho para o porto.
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