Veneno
Capítulo trinta e cinco
Naomi
Eu andava pelo corredor casualmente enquanto eu observava os membros da maré fazendo conforme o plano. A maré é maior do que eu pensava. Meu pai podia ter centenas de pessoas aqui, mas a maré é quase a metade do número de pessoas que estão aqui.
Me pergunto o porquê de não terem atacado antes. Já estão fortes o suficiente e eles são muitos. Muitos dos meus faziam parte da maré. Glenn, Maven, Maggie, Davina e até mesmo Lori. Lori e Maggie são muito importantes para as fases seguintes.
Fase um já está em ação.
Estava passando pela área onde os mortos são enterrados e vi Rick. Ele estava parado em frente a cruz de Daryl, a Terra onde o corpo do meu amigo deveria ocupar estava vazia. Não teve um corpo para trazer para cá. No dia em que Jace disse que Daryl não havia sobrevivido chorei até o amanhecer, não dei o luxo da maré ou qualquer pessoa me ver chorar. Não me dei o luxo de sentir o luto por mais um dia. Ainda não posso sentir essa dor, não sei se vou conseguir aguentar.
Daryl não iria querer que eu descansasse até todos pagarem pelo o que fizeram conosco na fazenda. Até todos nós estarmos livres.
Os rostos de T-Dog, Dale, Beth e Hershel ainda me assombram de noite, me culpando pela morte deles. Me culpando pelo dia da fazenda. Mas aqui está Rick, com flores para colocar na terra homenageando o amigo.
Distante, tanto agora quanto em qualquer outra hora. Rick tem se afastado e eu tenho permitido isso. A maré nesse momento é o mais importante. Eu preciso deixar todos em segurança.
O xerife virou a cabeça para trás, recaindo seu olhar sobre mim, como se soubesse que eu estava ali olhando para ele. Rick não sorriu, não acenou, não fez nada. Me virei de costas e o deixei lá. A maré é mais importante agora, pensei comigo mesma.
Davina já tinha cumprido a sua parte, a fase um. O veneno. Passei pelo laboratório para avisar que a fase dois seria iniciada e a vi em cima da mesa enquanto Maven a beijava.
Nojentos e fofos. Meus amigos estão felizes juntos. Maven falou alguma engraçada para Davina depois do beijo, fazendo-a rir e dar um tapinha no ombro dele. Ela olhou para porta, percebendo que eu estava encostada na porta sorrindo.
Davina também sorriu e pigarreou para Maven sair da frente dela. Assim ele fez. Os dois vieram na minha direção e eu abracei Maven primeiro, depois abracei Davina.
— Vai começar — sussurrei nos ouvidos da baixinha enquanto a abraço.
— Você tem um tempinho?
— Tenho seis minutos até estar onde eu deveria estar.
— Ótimo! — Davina bateu pequenas palmas bem animada — Maven — Meu amigo assente parecendo saber exatamente o que ela queria — Sente aqui — Davina disse já me empurrando para a direção da cadeira — É um novo "protocolo". Estou tirando sangue de todos para poder fazer alguns experimentos e falta você, Rick e Carl.
— É uma doideira, não é? — Maven esticava o meu braço e o limpou com um pedaço de algodão logo em seguida — Davina conseguiu convencer o seu pai em menos de dez minutos para fazer a coleta — Ele olhava para a Davina orgulhoso.
— Já estamos coletando sangue tem dois dias. Quando se encontrar com Rick pode pedir para ele vir aqui com Carl? Falei para o seu pai que precisava do nosso sangue para saber como estava nossa saúde depois de passar tanto tempo fora e sem recursos.
— Não tenho falado com o Rick — A agulha perfurou a minha pele me fazendo fechar os olhos.
Eu odeio agulhas.
— Vocês terminaram? — O meu sangue era um vermelho bem bonito, um vermelho vivo. A cor não remetia ao sangue podre dos infectados, ou ao sangue dos meus amigos que morreram. Era apenas um vermelho bonito — Essa cor daria um bom esmalte — Davina sorriu tentando aliviar a última pergunta.
— Daria sim... É complicado. Nós apenas nos afastamos e agora não sei se ele ainda gosta de mim — Maven e Davina de entreolharam.
— Não seja ridícula. Qualquer um que for cego o suficiente para não te amar é um idiota...
— E além do mais, se ele te magoar eu acabo com aquele cara — Maven completou a frase da Davina — Aí não vai sobrar nada dele.
— Prontinho — Davina sorriu satisfeita ao ver dois tubos repletos do meu sangue.
Maven colocou um pedaço de algodão no furo do meu braço e fez pressão por um tempo antes de mandar que eu fizesse o mesmo. Ele acenou discretamente para a porta enquanto Davina estava colando um adesivo com o meu número de paciente no frasco.
Uma boa oportunidade para ir embora para cumprir o plano e evitar de falar sobre Rick.
Fui o mais rápido possível para o refeitório e prendi parte do cabelo para cima - um sinal - avisando para Lori, que estava na cozinha, que estava na hora de começar.
Lori saiu do balcão e pediu mais baldes de água, o que era um sinal para despejarem o veneno na sopa, já que quase todos que estavam sentados na mesa olhavam para mim. "Filhinha do papai". "Assassina".
O veneno na sopa vai agir em tempo diferente para cada organismo, mas vai demorar o suficiente para que comam a refeição e saiam bem do refeitório. Alguns da maré verde se voluntariaram para comer a sopa também e evitar suspeitas para um ataque direto aos guardas. Vai ser dado como uma doença e a maré verde vai poder se preparar para um próximo passo enquanto a comunidade ainda está fraca.
Os que se voluntariaram e os inocentes tomarão o antídoto, enquanto os alvos teriam apenas água, deixando o próprioorganismo lutar contra a intoxicação. E é aí que a Maggie entra. Maggie é uma das médicas do lugar e as enfermeiras e alguns médicos também estão do lado da maré, não são muitos, mas são o suficiente para curar quem deve e deixar o veneno agir nos outros.
Começo a olhar para cada um que está no refeitório e vejo Marcel. Um sorriso felino e perigoso se formou no rosto do homem me fazendo revirar os olhos. O homem riu e arqueou a sobrancelha me desafiando a dizer alguma coisa. Antes que eu pudesse falar alguma coisa, meu olhar caiu sobre alguém no refeitório. Estava de costas, mas seu cabelo é inconfundível e sua pose de cowboy notável. Rick Grimes.
Merda.
Ele não pode ficar lá por conta do veneno. Comecei a caminhar em direção da mesa dele enquanto Marcel caminhava em minha direção. Fiz um jesto vulgar para o homem musculoso e fui até Rick ignorando Marcel chamar por mim. Me sentei ao lado de Rick e ele me olhava sem dizer nada, comecei a batucar os dedos na mesa para tentar me livrar do nervosismo. Olhei para trás e vi uma das cozinheiras me reprovarem com o olhar.
— Não está na hora do seu almoço — Marcel surgiu atrás de mim.
— Não estou nem aí — continuei olhando para Rick.
— Você não me entendeu. — A voz de Marcel soava ríspida — Não é o seu horário de almoço, portanto você não deve estar aqui.
— Não. Acho que é você quem não entendeu — usei o mesmo tom de voz e cruzei meus braços, olhando para dentro dos seus olhos — Eu estou tentando falar com Rick, então você vai me dar licença e depois eu saio dessa porcaria de refeitório.
Hannah me olhava de longe e silibou silenciosamente "distração". Precisavam de uma para poder colocar o veneno na sopa.
— Quanto mais você encher a porcaria da minha paciência, — falei para Marcel — mais eu vou demorar nessa maldita mesa porque quero falar com o xerife! — Levantei a minha voz fazendo mais da metade do refeitório olhar para a mesa em que estávamos — Cuida da porra da sua vida — murmurei.
Você vai precisar.
Desviei o olhar de Marcel e comecei a batucar os dedos na mesa cada vez mais forte. Rick repousou sua mão sobre a minha e fez um carinho no dorso tentando me acalmar. Eu queria chorar, eu queria mandar o Marcel para o inferno, queria tirar Rick do refeitório, queria abraçá-lo e dizer que sinto sua falta.
Marcel apertou meu ombro com uma mão e com a outra me puxou, me fazendo bater com o joelho e quase cair para fora da cadeira.
— Me larga! — Eu estava gritando
— Me larga seu imbecil! — Dessa vez Marcel parou de apertar meu ombro e me levantou da cadeira como se eu fosse um bebê. Rick se levantou na mesma velocidade em que Marcel havia me tirado da cadeira e me deu um leve empurrão para longe de Marcel, assumindo a minha frente como se fosse um cão de guarda.
— Ela pediu para você soltá-la — O refeitório inteiro olhava para nos três. Hannah já não estava mais no local de antes, então o plano deveria estar funcionando.
— O que você vai fazer? — Marcel assumiu uma postura intimidadora diferente da usual, como se ele estivesse esperando para atacar. Rick estava quieto, mas pelo jeito que seus punhos estavam fechados e as veias saltavam pela sua pele, estava furioso — Foi o que eu pensei — Marcel estendeu seu braço até mim, passando o membro superior pelo Rick para me alcançar.
— Ela mandou você soltar! — Rick desferiu um soco no rosto de Marcel fazendo-o cambalear para o lado. Logo Marcel já estava indo igual a um cão furioso para cima de Rick. Dessa vez foi Marcel quem acertou o rosto de Rick.
Eles se chutavam e se soacam não importa o quanto eu tentasse separar.
Aqui está a distração, penso.
Os guardas que não estavam no horário do almoço vieram para separar a briga, sendo um deles a guarda Steinfeld. Os outros no refeitório se levantaram para a fila da sopa. O plano estava dando certo. Hailee começou a gritar com o Marcel mandando ele parar de ser um idiota enquanto Fred segurava Rick. Rick não se debateu tentando se soltar, apenas aceitou o "abraço de urso" dado pelo guarda. O guarda que ficava na lavanderia também apareceu, dessa vez para segurar Marcel. O homem era tão musculoso quanto Marcel, mais alto e com cabelos loiros.
— Fred e Logan, temos que cumprir o protocolo — Hailee apontou para o corredor e os guardas assentiram — Agora você — Steinfeld segurou o meu braço e começou a caminhar em direção do corredor, assim como os outros dois guardas fizeram — Nos estávamos precisando de uma distração, mas não precisava fazer uma cena. — Hailee falava baixinho comigo e forçava uma cara de zangada, como se precisasse fazer os outros acreditarem que eu estava levando uma bronca — Boa.
— Eu tenho algumas questões pendentes com Rick e Marcel estava atrapalhando tudo. Não era essa a intenção, mas quando Hannah disse que precisava de uma distração eu aproveitei o momento.
— Esperta.
— Vocês não me contaram que Rick estaria lá.
— Desculpa — Passamos pelo laboratório e Davina estava na porta observando tudo com cautela e Maven estava atrás dela fazendo o mesmo. Acenei de leve com a cabeça e Davina entendeu que estava tudo bem com o plano.
Maven trincou o maxilar ao me ver sendo levado pela Steinfeld. Davina empurrou o homem para trás tentando o impedir de sair da sala e assim ela fez.
Paramos em frente a uma porta. Todos ainda estavam sendo segurados pelos guardas. Marcel me dava um olhar assassino. Sorri venenosa para Marcel, fazendo-o ficar mais irritado comigo.
Desviei o olhar para Rick, sua sobrancelha estava com um corte superficial dos socos e sua boca avermelhada. Silibei "desculpa", mas Rick não reagiu.
— Entrem —Fred abriu a porta da sala misteriosa.
(N/A: estamos entrando na reta final de Warriors)
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