Sentiu Saudades, Amor?
Capítulo vinte e seis
Rick
Pude notar Naomi se encolher diante do homem no palco. Ela perdeu a postura ereta que tinha. Ela nunca se curva ou demonstra medo diante de ninguém. Pude observar Maven se aproximar para sussurrar algo em seu ouvido:
— Você está deixando ele ganhar. Não se curve, você é forte, você não recua. Não deixe ele ganhar.
O homem sorria feito víbora, prestes a soltar seu veneno sob as presas.
— Bem vindos ao inferno.
Naomi suspirou e se reergueu. Deu dois passos a frente, dispensando Marcel com o cotovelo.
— Olá papai — Disse deixando todos em estado de choque.
Todos menos Maven e Marcel.
— Querida, já era hora de conseguir achar você. Demorou para conseguirem trazer você aqui.
— Desde quando você me procura? Acabaram as bebidas, papai? Seu entretenimento — Ela debochou.
Naomi o chamava de pai não como um apelido carinhoso, não para demonstrar afeto, mas sim como ofensa.
— Vejo que ainda não tem freio nessa boca — Ele se levantou da cadeira.
— Vejo que você saiu da cadeia. Gostou de lá? Os homens te trataram bem? — Maven tossiu tentando avisá-la que não devia ultrapassar a linha.
— Saí — ele ignorou a provocação — Agora eu tenho uma comunidade, pessoas fazendo o que eu mando e me respeitando. Diferente do que você e a sua mãe nunca me deram.
— Você ainda se pergunta o porquê? O melhor presente que eu ganhei foi quando você foi denunciado e arrastado para cadeia. Me diga uma coisa, como foi brincar de esposa com os criminosos? Pegaram leve ou foram fundo? Doeu? Gostou?
O homem que ela chamava de pai travou por alguns segundos e a raiva assumiu.
— Ainda é teimosa. Tem culhões. Vamos ver se você vai ser casca dura quando eu terminar de matar os seus amigos. Peguem a garota pequena — O homem apontou para a Davina.
Os capangas puxaram-na pelos braços enquanto ela gritava para que parassem. Um homem puxou o cabelo de Davina e Maven socou a cabeça do cara.
— Ninguém aqui vai encostar nela de novo sem ter que me matar primeiron— o melhor amigo vociferou.
— E não vão — Naomi interrompeu Maven fazendo com que todos voltassem a atenção para ela — Você não vai querer machucar ela, papai. Ela é uma cientista excepcional. Útil para você, não? Não é alguém que você queira se livrar.
— Ótimo. Tragam a criança aqui.
— Não! O meu filho não! — Lori abraçou Carl na esperança de não o levarem.
— Por favor — pedi.
Marcel agarrou Carl pelo braço e o fez ajoelhar no palco.
— Como consegue ser tão baixo? Ele é uma criança! — Lori implorou.
— Se ajoelhe — O homem deu a ordem para a Naomi.
— Não.
— Ajoelhe. Ou. Eu. Arrombo. A. Cabeça. Dele — O pai dela disse pausadamente antes de apontar uma arma para a cabeça de Carl. Ele realmente está disposto a matar o meu filho.
Naomi fechou os olhos e ajoelhou devagar. "Não se curve.", disse Maven e aqui ela está, se curvando para salvar o meu filho.
— É aí que está a obediência que eu queria. Pode ir para os seus pais, menino. Eu não ia te matar de qualquer forma — Ele deu dois tapinhas nas costas de Carl antes dele voltar correndo para perto de mim.
— E se eu não ajoelhasse? — Naomi perguntou.
— Você ia. Sei que você gosta desse garoto. Como foi a última vez que vocês andaram a cavalo juntos?
— Como sabe disso? Eu não comentei nada disso a caminho daqui — Ela perguntou confusa.
— Oh, mas eu estou gostando da energia que criamos aqui. Rebecca venha aqui, querida.
— Eles fizeram alguma coisa com você no carro? Porque se fizeram eu juro que... — ouvi Naomi ameaçar o pai.
— Jura o que, Naomi? Por que você não conta a história para ela, Rebecca? — O homem estendeu a mão para Rebecca subir no palco. Ela ficou quieta — Não vai falar? Eu falo. Vocês tinham uma amiga chamada Carmen, aquela de cabelos curtos e olhos claros.
— Carol? Você conheceu a Carol? Rebecca? — Naomi fazia perguntas consecutivas sem respirar.
— Isso! — O homem continuou se divertindo com a situação — Eu queria expandir a minha comunidade, ganhar um pessoal a mais e arrumar mais suprimentos, mas a Carol não queria dar a localização de vocês ou por vocês na berlinda. E é aí que a nossa querida Rebecca entra! Assim que eu matei a Carol, tentei dar a chance de Rebecca falar. E adivinha? Não precisei nem fazê-la implorar pela própria vida, ela me entregou tudo de bandeja. Nomes, personalidades... E foi ai que você entrou na história, minha filhinha. Ela me deu todas as informações que eu precisava. Rebecca começou a espionar vocês. Ela encontrava com a gente para dar informações sobre as vigias, quem ia sair e quando, o porquê. Vocês abaixaram a guarda e nós, com a ajuda de Rebeca, bolamos um plano para ir buscar vocês. Esqueci alguma coisa?
— Você está morta — Naomi rosnou antes de partir para cima de Rebecca.
O homem segurou Naomi e acarenciou seus cabelos.
— Se acalme, filha, deixa que eu resolvo.
Naomi
Meu pai apontou uma arma para a cabeça de Rebecca, fazendo-a estremecer.
— Devo puxar o gatilho? — meu pai perguntou.
Rebbeca implorou para que não fosse morta.
— Me diga, Rebecca. Como é a sensação de trair seus amigos? Eu te chamei para ir para a fazenda comigo, eu convenci o Hershel a deixar vocês ficarem lá e você simplesmente nos traiu? Traiu quem te deu abrigo? Traiu a mim? Por sua causa Hershel, Dale, Beth e T-Dog ESTÃO MORTOS! — gritei com ela fazendo a minha voz ecoar pelo palco — A morte deles está em suas mãos.
— Eu precisava. Eu tenho abrigo aqui agora — Ela respondeu olhando para o chão.
— Patética! Você acha que ainda é útil para ele? Você já deu a ele o que ele queria. Uma simples bala na sua cabeça e você estaria morta nesse chão, você se tornou descartável. Se você acha que ainda tem alguma utilidade para alguém... — Gargalhei amarga — Está errada! Você é um nada, se tornou um nada para ele e nada, é o que você se tornou para mim. Morte é pouco para você.
Todos me olhavam com cautela. Fred até já estava com a mão posicionada em seu coldre, caso eu saísse do lugar.
— Torça para que eu não consiga fazer o que eu quero com você, porque quando eu fizer... — Meu pai me segurou pelos pulsos amarrados — Você vai preferir ter morrido — Fui me aproximando lentamente dela. — E quando isso acontecer, eu não vou mostrar misericórdia, não vou ser sua amiga, não vou ter compaixão. Vou ser o pior dos piores dos seus pesadelos.
Meu pai gargalhou.
— Minha filha tem razão. Você a traiu. Por que não me trairia tambem? Leve ela e os outros para um tour com o meu braço direito. Vou conversar com minha querida Rebecca.
Marcel veio me descer do palco e sussurrou algo em meu ouvido, mas eu estava com raiva demais para prestar a atenção no que ele havia dito.
No canto do pequeno teatro, um homem saiu da penumbra intimidando os capagangas do meu pai. Ao meio das luzes do palco, que agora me tinham em seu foco, encontrei Jace ajeitando as mangas de sua blusa branca.
— Sentiu saudades, amor?
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