Pequeno Grimes
Capítulo cinco
Naomi
Estava de noite e eu estava exausta. Andei me arrastando em direção da barraca ignorando todos que estavam ao redor da fogueira. Estava cansada demais para me juntar a eles e comer alguma coisa.
Assim que deitei meu corpo inteiro desligou, implorando por uma boa noite de sono e tranquila, pronto para me levar ao mundo do meu subconsciente.
Mas o sono tranquilo não aconteceu.
Jace e meu pai invadiram meus sonhos, os transformando em pesadelos. Eu estava apavorada, mesmo dormindo. O medo corria pelas minhas veias e a vontade de acordar só aumentava enquanto eu me debatia no colchão.
Acordei de supetão com uma vontade enorme de gritar, chorar e afastar esse pesadelo da minha mente, mas não consigui.
Me levantei e saí de perto do colchão o mais rápido possível na esperança de conseguir afastar os rostos presentes no sonho do mesmo jeito que me afastava da barraca.
Todos já estavam dormindo, exceto os poucos sentinelas que ficaram acordados para proteger o lugar. Eles nem se importaram com a minha presença.
Caminhei o mais rápido para perto de uma árvore e me joguei no chão. Enterrei as mãos no rosto e comecei a bater o pé no chão, tentando dissipar um pouco da minha ansiedade.
Rick chegou perto de mim e me olhou preocupado.
— Está tudo bem?
—-Não — encarei o chão por alguns instantes — Tive pesadelos — murmurei.
— Quer me contar sobre eles? — apenas olhei para ele e o xerife entendeu que não. Ele se sentou ao meu lado meio hesitante, mas continuou — Sabe, acordei no hospital e isso tudo já tinha começado. Tudo estava uma bagunça. Torci para que fosse só um pesadelo. Fui até a minha casa, mas meu filho e minha esposa não estavam lá, nem as fotos de família. Eu sabia que saíram de lá com vida. Depois disso eu conheci um homem e fiquei na casa dele por alguns dias até ir à cidade grande e te encontrar. Eu também tenho pesadelos na maioria das vezes em que eu durmo. Desde que eu saí do coma, eu durmo e vejo coisas que me perturbaram, que tiram o meu sono. Espero que hoje seja diferente.
— Isso não para, xerife. Toda vez que eu fecho meus olhos esses pesadelos me envenenam.
— Você é durona, Naomi — pude perceber a sinceridade na voz dele. Ele nem me conhece — Seus sonhos não vão conseguir ficar envenenados para sempre.
— Por que está acordado?
— Eu disse que tenho sonhos ruins. Não sei se quero arriscar ter um deles agora.
Ficamos em silêncio por um tempo.
— O céu está bonito. Com estrelas — depois de um tempo Rick finalmente falou alguma coisa.
O silêncio constrangedor voltou e dessa vez eu que decidi quebrar o silêncio.
— Obrigada.
— Não precisa agradecer. Não ainda. Se tiver algum e quiser contar, eu vou ouvir — a luz da lua e estrelas iluminavam os belos olhos do xerife. Gosto de olhar os olhos dele, são bonitos. Rick não desviou o olhar de mim até outra pessoa chamar sua atenção.
— Querido, volte pra barraca. Fiquei preocupada — Lori falou para o marido sem olhar para mim. Soou mais como uma ordem do que um pedido.
Rick me deu a mão para me ajudar a levantar e eu agradeci com a cabeça. Lori praticamente o arrastou para a barraca com ela, justo no momento que eu iria fazer algum tipo de amizade. Obrigada Lori.
Pedi para assumir o posto de alguém no acampamento já que não estava conseguindo dormir.
Foi uma noite muito longa. Os raios de sol batiam contra as árvores e pedras, dando um aspecto mais vivido por toda a pedreira. Mal dormi essa noite e mesmo assim, ainda não me sinto extremamente cansada. Prefiro chegar a exaustão do que ter os fantasmas de Jace e meu pai atormentando meus sonhos porque é isso que eles são agora, fantasmas.
Já sonhei inúmeras vezes com Jace me obrigando a machucar pessoas, assistir enquanto torturava uma pessoa exatamente igual a mim, eu tentando escapar dos dentes afiados enquanto ele me encurralava como uma presa. Os sonhos com os meu pai são piores dos que eu tenho com Jace, temo dormir e ter esses rostos assombrando minha mente.
Rick e os outros decidiram voltar para a cidade quando o Dixon mais novo chegou a procura do irmão, Daryl ficou furioso e partiu para cima de Rick e T-Dog, tive de socar mais um Dixon antes de separarem a briga.
Por incrível que pareça todos levantaram cedo hoje para se despedir dos rapazes. Dessa vez Morales e Rebecca ficaram, apenas Rick, Glenn, T-Dog e Daryl saíram a procura de Merle. Ninguém no acampamento parecia se preocupar com a ausência dele, exceto o irmão.
Todos nós temos afazeres aqui, ontem mesmo fui designada para fazer busca no território e ficar de sentinela. As outras mulheres do acampamento me olharam de cara feia por ter conseguido um trabalho diferente dos que foram designados à elas, se pudessem elas teriam cuspido no meu rosto assim que souberam que eu assumiria um dos postos de sentinela, mas não as culpo, também odiaria fazer trabalhos domésticos.
Tenho horários definidos para ocupar meu posto, pedi para fazer isso a noite o que me dá tempo livre durante o dia.
— Bom dia Dale — disse ao senhor que me recebeu com um sorriso caloroso.
— Bom dia Naomi. Onde vai?
— Mais tarde vou dar uma olhada na floresta, ver o que tem por aí.
— Certo, mas fique dentro do meu alcance — assenti e fui em direção a um tronco de árvore caído para me sentar e pegar um pouco de sol.
No caminho até o tronco, percebi que Lori estava me observando como uma carniceira prestes a pular no meus pescoço. Ignorei o seu olhar e continuei caminhando até chegar perto dela.
— Naomi — Lori me chamou.
— Não — respondi sem ao menos dar uma chance de Lori falar e continuei andando. Não vale a pena.
— Naomi — ela veio atrás de mim —Pode olhar meu filho por favor? Preciso resolver umas coisas — várias pessoas no acampamento e ela vem logo me perguntar.
— Esqueci de ter entregado meu cartão de babá. Não Lori, não quero cuidar do seu filho — ela continuava parada na minha frente me impedindo de caminhar até o maldito tronco — Peça para... Pela mãe! Como é o nome dele mesmo?— semicerrei os olhos tentando lembrar o nome do indivíduo —– Ah isso! Shane. Peça ao Shane, tenho certeza que ele terá o prazer em te ajudar — sorri como uma víbora ao insinuar o que eu sudpeitava e por saber que Lori não iria revidar — Vou pegar sol, tenha um bom dia.
Desvivei de Lori e conseguir chegar até o tronco, me sentei para pegar sol. Se Lori acha que eu estou nesse acampamento para ser babá do filho dela, está muito errada. Rebecca chega e se senta ao meu lado tentando decifrar meu rosto.
— Lori — disse e ela parece entender.
— O que ela queria?
— Que eu cuidasse do filho dela — falei emburrada, mas ganhei uma gargalhada de Rebecca em troca. Logo o filho dela vinha em nossa direção — O que sua mãe te disse? Eu avisei que não ia tomar conta de você.
— Ela disse que você ia cuidar de mim e eu disse que não precisava, mas ela é minha mãe e manda — percebi o rubor de suas bochechas.
— Não tenho outra escolha, tenho?— Ele fez que não com a cabeça e se sentou ao meu lado.
— Não gosta de mim? — perguntou confuso.
— Não gosto de crianças e muito menos de ser babá.
— Eu sou quase um adolescente — Ele devia ter o que? Nove anos? Oito? Mas valeu a tentativa.
— Ah é? Então gosto de você — lancei um sorriso preguiçoso — Pode vir comigo até a floresta se prometer não sair correndo ou fazer qualquer idiotice.
Pensei duas vezes antes de enfiar uma criança em uma floresta, então deixei Carl com Rebecca. Ele parecia gostar dela, mas me pergunto quem não gostaria de estar perto dela. Rebecca é doce e ao mesmo tempo sutil como uma bazuca, de qualquer forma ela me faz gostar desse lugar. Olho para ela uma última vez antes de entrar no mato, ela é Carl gargalhavam.
Quando Rebecca ri é como se o mundo sorrisse com ela também.
Assim que eu entro no mato ainda desatenta, um galho passa no meu rosto deixando um corte de leve, mas me preocuparei com isso mais tarde.
Continuo caminhando para dentro da mata enquanto os insetos insistem em mordiscar meus braços e pernas, vai ter reação alérgica depois. Ouço um barulho que me faz ficar atenta e pego logo a minha faca, preparada como uma cobra e pronta para dar o bote. Assim que eu me aproximo da fonte dos ruidos sinto uma vontade de arrancar meus próprios olhos.
— Não acredito — falei espantada e com certo nojo — Bem, eu já tinha minhas suspeitas, mas aqui no meio mato? E pelo o que eu pude reparar sem a camisinha? Vocês não sabem das doenças além da gravidez que isso pode gerar? — perguntei frenética enquanto Shane e Lori estavam cotados e envergonhados de terem sido pegos no ato — Foi para isso que me deixou de babá? Para transar enquanto seu marido está lá fora tentando sobreviver? Uau — parte de mim quis gritar "vagabundos" e sair contando tudo para Rick, mas não vou me dar o luxo de contar essa história para o xerife. Eles vão contar — Se vistam.
— Por favor, não conte ao Rick — Lori praticamente implorou e eu abri um sorriso expondo as lâminas afiadas que chamo de dentes.
— Se você contar para Rick... — a ameaça de Shane foi clara.
— Vai fazer o que? Me matar? Me torturar? Por favor, olhar para você já tem sido tortura o suficiente — debocho da cara do ex policial — Quero ver tentar — ergo as sobrancelhas e me viro de costas — Aliás, fiquem tranquilos. Quem vai contar vão ser vocês.
Então os deixei nus na floresta enquanto voltava para o acampamento tentando deletar a cena dos dois juntos.
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