Novo Namorado
Capítulo trinta
Rick
Escutei três batidas na porta. Não podiam ser de Lori porque ela estava trabalhado, nem de Carl porque ele estava na escola e muito menos a psicóloga ou camareira.
— Entre — Assumi uma postura defensiva esperando que Jace ou o pai de Naomi entrassem pela porta para a tortura começar.
Naomi entrou no quarto resmungando com o homem que estava do lado de fora e sorriu para mim. Abracei a mulher que eu amo e joguei meu corpo na cama logo em seguida.
Nesse curto período de tempo senti falta da minha amante, mas também senti falta da minha amiga.
Ela me deu um beijo cheio de saudade e carinho. Como eu senti saudades desse toque. Naomi se sentou no meu colo.
— Tenho meia hora aqui com você e não sei se quero você sem roupa ou se quero ficar abraçada com você — Naomi disse escondendo seu rosto em meu pescoço. A abracei mais uma vez.
— Também senti saudades, xerife.
— Onde está a Naomi agressiva?
— Cansada. Saiu de um treino terrível e de uma noite pavorosa.
Noite pavorosa. Naomi tem pesadelos e dificuldade para dormir, eu deveria ter ficado com ela.
— Me perdoa por ter te deixado sozinha.
— Está tudo bem. Carl precisa de você e eu estou ótima — Naomi me deu o sorriso mais mentiroso do mundo.
— Está me dizendo a verdade? — Ela abriu um sorriso sapeca e então eu a fiz deitar na cama.
— Não dormi, comi o pescoço de um homem como se eu fosse um animal, estou sendo rude com as pessoas que trabalham aqui e me sinto torturada pelo meu pai e pelo meu ex-namorado.
— Seu ex?
— Sabe o idiota que saiu do nada e me levou para conversar em um canto privado? Ele.
Deitei ao lado dela e a puxei para perto. Ficamos assim por um tempo até ouvirmos batidas na porta. Naomi se levantou em um pulo e eu me sentei na beirada da cama.
— Tenho um problema para resolver. Vou atrasar o nosso treino. Aproveite seus quarenta minutos.
— Acho que você está presa aqui comigo — falei divertido.
— Não, não. Você é quem está preso aqui comigo — Naomi disse séria e no final da frase abriu um sorriso sem mostrar os dentes e logo desmanchou o mesmo.
Não é ruim ficar preso com ela apesar dela ter completamente a razão. Você pode algemar Naomi, amarrá-la com uma corda e a tranca-la em uma sala, mas ela vai acabar te intimidando e te fazer questionar se realmente é você quem tem controle sob a situação.
Ela é bem confiante, forte e um tanto intimidadora. Tenho pena daqueles que ela não gosta. Ri com o meu pensamento e Naomi me olhou franzindo a testa.
Disse a ela que não era nada e ela voltou a se aninhar em meus braços. Comecei a fazer carícias em seus cabelos até que ela adormeceu. Naomi não parecia tranquila e não tinha o porquê de estar. Sei que ela acha que tudo o que aconteceu é culpa dela por conta do pai, mas se ela não fosse filha dele estaríamos presos aqui de qualquer forma.
Apenas deixei que ela dormisse. Naomi não havia dormido desde que chegou aqui e pelo menos ela teria alguém para acalmá-la caso tivesse um pesadelo.
Me lembro de quando nós estávamos acampados na pedreira. A ursa maior estava no céu quando Naomi me contou sobre um sonho ruim, foi a primeira vez que eu senti de fato a ligação entre nós. Eu já sentia algum tipo de conexão desde o dia que nos esbarramos na cidade, mas na época eu não sabia o que significava.
Hoje eu sei. Ela não foi feita para nada além de ser livre, eu fui feito para estar ao lado dela, feito para ela. Naomi comete seus erros e acertos, mas isso todos fazem. Eu sempre vou estar aqui com ela até que a morte bata em minha porta.
Os quarenta minutos passaram rápido.
Logo Marcel estava de volta e ficou um tempo encarando Naomi dormir. Ele andava inquieto de um lado para o outro como se tivesse tentando decidir se iria acordá-la ou não.
Provavelmente tinha medo de acordá-la e receber um chute como cortesia.
— Naomi — Marcel a chamou — Naomi! — A mulher acordou com um susto e levou a mão ao lado do corpo, onde costumava a ficar seu coldre até tirarem as armas dela e dos outros.
— Não sei o que me assusta mais. O jeito que me acordou, ou ter visto seu rosto assim que abri os olhos — Disse Naomi meio grogue de sono, mas com certa consistência na voz.
— Muito engraçado. Haha — ele debochou — Vamos treinar e eu espero que você não durma no tatame se não vou te dar uma surra até acordar.
— Covarde — Naomi se sentou na cama — Eu estava pegando leve com você nos treinos, mas agora vou fazer você cair até mostrar a bandeira branca — Naomi me deu um beijo na minha bochecha e foi em direção do homem — Experimente falar assim comigo mais uma vez e a última coisa que você vai ouvir vai ser o som da sua respiração parando — Naomi falou baixo, mas ainda em tom de ameaça para Marcel e logo saiu da sala sendo acompanhada por ele. Baixo, mas ainda pude ouvir.
A corda pode estar amarrada ao redor do pescoço de Naomi, mas é Naomi que segura a corda. Não o contrário.
Marcel deixou a porta aberta e eu me levantei para fechá-la. Quando estava encostando a madeira, um pé se entrometeu entre a porta e a batente. Jace.
— Grimes — Jace me saudou.
— O que faz aqui?
— Pegar informações. O que Naomi fazia aqui?
— Não é da sua conta — Dei de costas e me voltei para a cama.
— Pode não ser da minha conta, mas tenho certeza que seria conta do pai dela. Você é o novo namorado?
— Não vejo como essa informação possa ser útil para ele.
— Vejamos... Naomi se importa com os outros e isso me dá certas... vantagens para lidar com ela. Então eu pergunto mais uma vez. Você é o novo namorado?
— Você é o antigo namorado? — perguntei com certo deboche.
Jace inflou os pulmões com ar e me fez levantar e da cama com um puxão pela camisa. Ele era forte, mas não o suficiente para me impedir de dar um soco por ter encostado em mim.
— Eu vou te dizer isso uma única vez. Não mencione o meu passado com a Naomi para ninguém dentro dessas paredes. Ninguém pode saber dessa história e se você ousar a me desobedecer e contar para alguém... — O homem puxou a gola da minha blusa com mais força — Uma palavra que seja sobre o meu passado com ela e eu vou garantir que seu filho desapareça e que Naomi fique bem longe de você. Estamos entendidos?
— Sim.
Senti raiva por precisar me controlar para não o prender na parede e fazê-lo sufocar.
— Ótimo! — o homem me largou e limpou as mãos nas calças como se tivesse tocado algo sujo — Então, está com Naomi ou não?
— Estamos juntos.
— Ótimo! — Jace me olhou com desprezo.
Me aproximei dele e disse:
— Não ameace minha família nunca mais.
Jace sorriu e saiu do quarto.
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