Botão Grande e Vermelho
Capítulo trinta e nove
Naomi
Sabia que eu estava chegando perto do laboratório quando eu comecei a escutar os gritos.
– VOCÊ É UM IDIOTA! VOCÊ SAI APERTANDO TUDO QUALQUER COISA! – Davina gritava furiosa e eu não precisava entrar no laboratório para saber com quem ela estava gritando.
– VOCÊ NÃO ME DISSE PARA QUE O BOTÃO SERVIA! – Maven tentou se defender.
– ERA SÓ VOCÊ TER ESPERADO CINCO MINUTOS PARA EU TE EXPLICAR A REFORMA NO LABORATÓRIO! O QUE PASSOU PELA SUA CABEÇA?
– QUE O BOTÃO ERA VERMELHO E GRANDE.
– E POR ISSO VOCÊ TEVE QUE APERTAR O MALDITO BOTÃO? – Davina bufou furiosa. – Você não tem que apertar o botão vermelho! Você tem ideia da quantidade de material de limpeza que gastou para desinfectar o laboratório? DESINFECTAR DE QUE? NADA! Nós ficamos presos nesse maldito laboratório por quase uma hora ao invés de ajudar lá fora porque você se comporta feito uma criança! Não aperte o botão vermelho a não ser que seja uma emergência! E não Maven, sua curiosidade sobre o botão não é uma emergência.
– Desculpe.
– O laboratório é de segurança máxima! Não dá pra abrir a porta por conta da pressão até esterilizar tudo.
– Desculpa tá bom? Te amo. Não precisa ficar brava desse jeito comigo. Pelo menos fizeram um bom trabalho na reforma.
– Você é um grande de um... – Davina colocou as mãos na cintura e respirou fundo – Também.
Os dois ficaram em silêncio por algum tempo até que me notaram entrar na sala. Davina quando está com raiva não é nem um pouco fácil de lidar.
Os dois formam um casal bonito. Maven é alto, tem olhos azuis bem profundos e seu cabelo escuro e Davina de olhos esverdeados, pequena, com os cabelos ondulados.
– Meu pai quer falar com você e não parecia estar muito feliz.
– Ótimo! – Davina depositou um beijo suave na bochecha de Maven e logo em seguida depositou um beijo na minha bochecha. – Onde ele está?
– Na sala dele esperando por você. – pude ouvir Davina xingar baixinho.
Assim que ela saiu da sala encostei as minhas costas na parede e perguntei:
– O que diabos você fez para estressar a menina desse jeito?
Maven corou.
– Eu apertei o botão grande e vermelho. – arqueei a sobrancelha para a resposta vaga, Maven pareceu entender a minha curiosidade. – Davina conseguiu uma reforma e quando eu cheguei no laboratório eu vi esse botão e me pareceu uma boa ideia apertá-lo já que estávamos em uma emergência. – ele apontou para o grande botão vermelho na mesa. – Não consegui não apertar.
– Você apertou o botão vermelho sem saber o que iria acontecer?
– Sim e quando eu fiz, a sala inteira automaticamente se trancou e começou a soar um alarme irritante. PI PI PI PI PI PI – Maven apontou para uma sala de vidro dentro do laboratório. – Ali dentro começou a sair uma fumaça que entupiu aquela sala inteira e aqui também, mas não tanto quanto ali dentro. Davina fez um sistema de segurança caso ela quebre alguma amostra e corra risco de espalhar alguma coisa pela comunidade.
Ela falou alguma coisa sobre as salas do laboratório serem N2 ou N3. Alguma coisa assim.
– E o alarme?
– Jace, seu pai e os guardas estão cientes que se o alarme soar é porque ocorreu algum vazamento no laboratório ou que alguém se infectou aqui dentro.
– Inteligente. – Davina é brilhante.
– É a minha garota. – Maven estampava um sorriso bobo em seu rosto.
– Preciso ver duas crianças que estão no meu quarto. Quer vir?
– Eu sou bom com crianças. – ele disse convencido. – Na verdade, sou bom em tudo.
Fomos até o quarto e levamos as crianças até os pais. Maven levou a menina em suas costas enquanto eu fui de mãos dadas com o menininho. Tampamos os olhos das crianças toda vez que chegávamos perto de algum corpo no chão. As crianças foram afetadas demais pelo o que aconteceu hoje. Foi um grande erro da maré, saiu do controle.
Depois de deixar as crianças com as suas respectivas famílias fomos até o escritório do meu pai e ficamos aguardando do lado de fora. Maven parecia ansioso e perturbado pelo fato de Davina estar sozinha com o meu pai. Meu pai desconfia da maré? Talvez. Ele seria capaz de torturar Davina para conseguir respostas? Sim. Um arrepio percorreu pelo meu corpo. De repente me vi tão ansiosa para que a Davina saísse daquela sala quanto Maven.
Foram longos minutos de espera até que a baixinha abrisse a porta e saísse da sala.
– Os dois estão pálidos. – ela advertiu. – Se recomponham. – a mulher de olhos esverdeados se aproximou de mim e suspirou. – Seu pai quer que eu examine a sopa porque uma enfermeira disse que devia estar vencida, mas eu falei que não sou técnica de alimentos.
– E? – perguntei.
– Posso até fazer alguma cultura bacteriana, mas vai gastar material a toa.
– Ele está desconfiado de algo – conclui.
Os dois concordaram.
– Preciso achar Steinfeld para saber o que fazer nessa situação.
Davina e Maven saíram de mãos dadas atrás de Hailee.
Meu pai saiu de dentro da sala fazendo a minha atenção cair sobre ele, com um gesto ele me chamou para entrar em sua sala.
– Preciso que você saia para buscar medicamentos.
– Sozinha?
– Não, em grupo. – O homem esfregou as mãos no rosto como estivesse tentando se livrar de um pesadelo – Perdemos muitas pessoas e recursos hoje. Preciso de mais. Vocês saem agora.
– Está passando bem? – fiz a pergunta sem me dar conta do que estava dizendo.
Eu não me importo com ele.
– Estou cansado e puto com o que aconteceu. Ainda não contei as baixas, mas muitas pessoas morreram. E minhas balas foram pro caralho.
– Aonde eu devo esperar o grupo?
– Portão B.
– Certo. – me virei de costas prestes a sair da sala.
– Cuide-se. – meu pai disse baixinho, mas alto o suficiente para que eu escutasse.
Ele precisa parar de fingir que se importa comigo.
No caminho do portão B encontrei Davina, Maven e Steinfeld conversando em um canto, Hailee parecia tensa. Fiquei observando as pessoas ao meu redor. Hannah estava arrastando corpos para a caçamba junto com um homem que eu nunca conversei, mas que me parecia familiar.
Algumas pessoas choravam ao lado dos corpos enquanto outras permaneciam estáticas. Nenhum sinal das pessoas mordidas e eu com certeza não quero estar aqui para ver o que irão fazer com elas.
– Parece que não me deixam ficar longe de você. – Jace apareceu atrás de mim.
– Parece que estão tentando me fazer vomitar. – sorri venenosa.
– Sei que não gosta de mim, mas estamos indo para o centro da cidade. Aqui dentro eu sou o seu superior e lá fora eu estou muito mais no comando do que aqui dentro. Sugiro que pare de agir como uma criança birrenta antes que alguém morra lá fora.
Criança birrenta? Quem ele pensa que é? Gargalhei. Senti a raiva começar a circular pelas minhas veias até que duas figuras masculinas chamaram minha atenção.
– Parece que nós vamos juntos. – Glenn me cumprimentou com um sorriso.
Sorri de volta para o homem, pelo menos terei algum amigo por perto. A paz não durou muito até eu olhar para o homem que estava ao lado de Glenn, Marcel.
Marcel estava com roxo enorme no rosto, que não foram feitos por Rick. Talvez meu pai não seja de todo mal.
– Nossa! Você caiu? – perguntei fingindo preocupação.
– Sim. – Marcel mentiu.
Dois guardas abriram o portão B e uma caminhonete estava estacionada do lado de fora. Uma mulher de cabelos ruivos cacheados estampava um sorriso grande no rosto enquanto rodava o boné na mão apoiada na janela da caminhonete. Parecia animada.
– Vamos para a cidade. – a ruiva colocou o boné na cabeça. – Eu sou a Ashley.
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