𝐄𝐒𝐏𝐄𝐂𝐈𝐀𝐋 𝐃𝐄 𝐍𝐀𝐓𝐀𝐋🎄
❛❛ Feliz Natal, loirinha ❜❜
J I N G L E B E L L R O C K
by Bobby Helms
⭑
KAYLEE
Outer Banks, 2017
A melhor época do ano havia finalmente chegado. O Natal. O frio chegava em Outer Banks e os sinos já começavam a soar, junto das lindas decorações natalinas. Tornaria tudo mais encantador ainda se nevasse, mas aqui é o fim do mundo, não se pode esperar muita coisa.
Este ano, a família toda estaria reunida, celebrando a tão famosa — e magnífica — data que os Thornfield mais aclamavam. Nossa tradição de Natal sempre foi muito... exagerada. Todo mundo em Outer Banks sabe que essa era nossa marca registrada, tendo a casa mais enfeitada da Figure 8. Modéstia parte.
Ano passado, tivemos que passar o Natal na casa dos Cameron, pois Tia Kristhy — tia da minha mãe, que basicamente não sei como chama-la — estava com câncer e estava se tratando bem na semana natalina, então a maioria da família não compareceu. Porém, mesmo ficando com Sarah nesse dia, foi um completo desastre, ficando um clima desconfortável na maioria das vezes. Ficar perto de Ward e Rose era desconfortável.
Ao olhar para meu lado, estava Cassandra, colocando o gorro do Papai Noel, mesmo que não tivesse um pingo de neve. Ela iria completar 13 anos em fevereiro e, desde então, passou a ser insuportável — não que nunca fora, mas agora com a primeira menstruação dela, ficou chata demais — conviver com minha prima. Não era surpresa para ninguém que adorávamos pregar peças uma à outra quando éramos pequenas, mas esta pequena provocação se tornou algo parecido com... Ódio.
Mas, estava tudo bem, porque éramos amigas ainda. Na verdade, somos um quarteto — eu, Sarah, Kie e Cass —, mamãe costuma nos chamar de o quarteto fantástico sempre que nos via. Chegava a ser engraçado.
── Querida, tire os biscoitos do forno ── Minha mãe passou correndo como um furacão perto de mim, enquanto andava com diversas caixas de presente em mãos.
Minhas pequenas perninhas — não me julgue, mesmo com 14 anos, ainda sou baixa — correram para a cozinha, com o coração a mil. Essa era minha parte favorita das decorações: os biscoitos de gengibre! Todo ano deixamos eles para o Noel — mesmo que eu acabe comendo-os.
Ao colocar a mão no forno, havia esquecido um detalhe: as luvas. Então, automaticamente dei um grito tão agudo que a mansão ficou em silêncio por alguns segundos.
Me queimei. Merda, eu me queimei!
Cassie apareceu correndo na cozinha e olhou-me rapidamente, checando se eu não havia morrido com uma queimadura de segundo grau. A realidade era que apenas ficou vermelho, e quando a garota percebeu isso, pegou as luvas e tirou os biscoitos do forno sem nenhum problema.
Enquanto eu ainda acariciava a mão dolorida, olhei a loira com meu coração palpitando mais rápido e uma vontade súbita de arrancar aquele sorriso do rosto dela.
Que sentimento é esse?
Não demorou para mamãe ver como eu estava, colocando um curativo no ferimento, enquanto Cassandra terminava de enfeitar todos os biscoitos de gengibre. Esse era sempre o meu trabalho.
Sem ter o que fazer, liguei a televisão e procurei na barra de pesquisa 'Meninas Malvadas' e sorri, pois era um dos meus maiores filmes de conforto, simplesmente amava. Esperei ansiosamente o filme inteiro para poder dançar Jingle Bell Rock junto de Regina George pela casa inteira.
── Cassie! ── Gritei minha prima — que estava trancada no banheiro, arrumando o cabelo a mais de meia hora — me encostando no batente da porta, apenas de toalha no meu corpo razoavelmente pequeno. Quando ela não respondeu, continuei falando. ── Posso usar seu vestido vermelho?
Ela ficou em silêncio por alguns minutos e eu batia o pé freneticamente no chão, mostrando o quão impaciente estava.
── Depende... quer dizer, se você conseguir entrar nele sem parecer um tomate amassado, vai fundo! ── Quando finalmente respondeu do outro lado da porta, fora de um jeito completamente sarcástico, o que me irritou profundamente. ── Brincadeira, tá? ── Emendou rapidamente, provavelmente sabendo que eu estava perdendo a paciência para as brincadeiras estúpidas da minha prima. ── Ele vai ficar incrível em você, mas ainda acho que ele brilha mais em mim!
Ri para Cassandra ouvir, mas na verdade não havia achado graça nenhuma. Nossa vida inteira sempre brigávamos e trocamos farpas, mas quando viramos um quarteto de amigas, precisei a tratar como uma, o que é uma droga.
Entrei no quarto dela e peguei o vestido vermelho que era todo brilhoso, com um detalhe em aberto nas costas. Normalmente, mamãe não me deixaria usar, já que tenho quatorze anos, porém hoje era um dia especial.
Não demorou muito para que eu me vestisse — estava com meu all star e o ondulado do meu cabelo super definido — e, como esperado, estava atrasada. Com certeza, todos deveriam estar chegando a essa hora, então devo me apressar.
── Tia Nessa! ── Gritei super animada, assim que terminei de descer as escadas, encontrando uma mulher parda, de cabelos platinados — certeza que tinha mais química no cabelo do que eu sequer imagino — com a clássica boa caríssima.
Quando me viu, abriu um sorriso largo em minha direção e isso só fez meu coração esquentar mais.
── ¡Qué chica tan maravillosa eres, cariña! ── A platinada me abraçou do jeito mais chique e elegante possível, enquanto eu torcia para o vestido continuar no lugar e meu cabelo não bagunçar. ── ¿Extrañaste a tu tía favorita?
── Eu não faço ideia do que acabou de falar ── Gargalhei, maravilhada com o quão aquela mulher é incrível. Se tivesse poucas pessoas que eu admirasse nesse mundo, uma delas seria minha tia. ── Mas, bem-vinda de volta, Tia!
── Ah, desculpe-me, mija! ── O sotaque mexicano era muito perceptível ao vê-la falar as coisas com mais ênfase. ── Tanto tempo no México e acho que desaprendi a falar inglês.
Claro. Ela sempre adorou esbanjar tudo que adquiriu com todos os seus ex-maridos e namorados, enquanto eu continuo aqui, no fim do mundo.
── Senti sua falta, Outer Banks não é o mesmo sem você! ── Sorri verdadeiramente e pela primeira vez em tempo, eu me sentia o centro da atenção de alguém.
── Eu tenho certeza que não foi sólo tú que sentiu, mija ── Piscou de um olho só, referindo-se do tempo em que saía com diversos homens e lembro-me que um deles era Ward. Não é uma boa memória ter pego os dois no flagra, dá arrepios só de pensar. ── Mas, me conta... E os namoradinhos?
── Oh ── Oh. Aquela conversa desconfortável de todo o Natal, não. Droga, eu precisava dar um jeito de escapar da pergunta, porque sendo bem sincera, minha vida amorosa está mais virgem que meu cabelo. Argh. A única coisa que Tia Nessa mais ama além de fofocar, era a si mesma. Então, já tinha minha saída. ── Por que não falamos sobre você, uh? Tem alguém especial no coração?
── Ah, querida! ── Ela abraçou meus ombros, feliz pela mudança de assunto. ── É uma lista enorme...
Andamos até a cozinha, enquanto eu escutava todos os pequenos casos que minha tia teve no México, obviamente eu fingia estar interessada.
Minha mãe entrou na cozinha e ao perceber a proximidade com Tia Nessa, franziu as sobrancelhas, trocando a expressão gentil por uma carranca.
── Vanessa, que bom te ver ── Ava diz, mas pode-se perceber que era falso essa pequena exclamação. ── Roubando minha filha de novo?
Mamãe tentou dizer em tom de brincadeira, porém era sério demais para entendermos isso, então Nessa entendeu o recado, tirando o braço que estava sobre meus ombros.
── Deixa disso, Avilla. ── Vanessa riu, sem graça. As duas eram bastante próximas quando eu era mais nova, alguma coisa aconteceu e elas simplesmente começaram a se estranhar. ── Eu só estava falando com minha afilhada. Kaylee, está tão maravillosa! ── Passou as mãos no meu cabelo. ── Quando quiseres me contar as novidades, eu vou estar bem aqui... ── Olhou o lugar com certo desgosto e depois para uma garrafa na mesa. ── Na cozinha, bebendo algo com sabor indescritible.
── Isso é vinho, Vanessa ── Ava respondeu — tirando sarro — e só de olhar, dava para perceber que mamãe começou a se irritar e eu podia dizer que ela estava considerando a ideia de desistir da clássica festa da Natal dos Thornfield.── O vinho mais caro da Figure 8 e minha filha estará ocupada me ajudando a receber os convidados.
Eu poderia estar com raiva por minha mãe estar com ciúmes da Tia Nessa, porém deveria ser uma pessoa horrível por não ter dado a mínima. Ava ficou o dia todo preparando a casa e as comidas, não teve tempo para ficar comigo e agora, por causa disso, estava me arrastando e só assim poderia apreciar sua companhia.
── Quanta frieza... ── Ouvi o resmungo de Vanessa.
As mãos firmes da mais velha apertavam constantemente meu pulso, mas não chegava a doer de fato. Pisquei algumas vezes, ansiosa para a festa começar.
── Mãe, Kie e Sarah já chegaram? ── Questionei-a, visitando meus olhos por toda a mansão, não encontrando-as.
── Não sei ── Ela deu de ombros, mas travou no lugar e segurou meu rosto com as duas mãos, sorri automaticamente. ── Por que não vai até a casa de Kiara?
── Sério? ── Perguntei, completamente animada. Essa era a sorte de ser vizinha dos Carrera. ── Mas eu tenho que receber todos...
── Eu peço para sua prima me ajudar, Lory.
Depois disso, acho que nem me importo do apelido tosco. Vou deixar, por uma noite. A noite de Natal. Tem que ser especial, não é?
── Kiara Carrera ── Peguei na mão macia e quente da garota e a obriguei a dar um giro, mostrando o lindo vestido verde de grife que seus pais provavelmente pagaram. Eu estava na porta da casa dos Carrera e, felizmente, quem me atendeu foi a própria. ── Não ouse roubar meu brilho!
Brinquei com a garota, enquanto eu realmente apreciava como ela ficava linda naquele vestido. Não sou muito de admirar pessoas, então me surpreende que gosto de encara-lá.
── Você não vê? ── Ela balançou os ombros, dando um sorriso irônico. ── Quem tem brilho natural não precisa roubar, amor ── Em vez de ficar irritada — como acontece quando Cassandra fala algo —, eu apenas soltei a gargalhada mais sincera que tenho. ── Vem cá, não precisava ter vindo, já estávamos indo. Sentiu minha falta, né?
── Cala boca ── Bati no seu braço levemente, mas estava sorrindo. Tirei um embrulho minúsculo de um compartimento do meu — vestido de Cassie — vestido longo. ── Eu vim entregar seu presente de Natal. ── Entreguei para Kie, que não pôde conter o imenso sorriso quando pegou em mãos. ── Duvido que com toda aquelas pessoas eu conseguisse entregar.
Kiara abriu o embrulho, revelando um colar prata com uma enorme e bem elaborada letra K, que continha inúmeras pedras roxas no formato dela. Esta jóia na pele da Carrera seria mágico de ver, preciso até me preparar psicologicamente.
── Ah, que fofa, Kay! ── Os olhos da pequena Kiara brilharam em lágrimas que nunca teve tempo de sair. Consegui perceber minha amiga acariciando o K várias vezes. Pelo menos ela gostou, uma voz irritante falou nos meus pensamentos. ── Eu te amo, viu?
Ela me abraçou, apertando-me firmemente e pude sentir meu estômago embrulhar. Mexi com meus pequenos dedos os cachinhos da garota.
── Eu te amo mais, Kie ── Falei, fechando meu sorriso. Aos poucos, sinto meu coração desacelerando. ── Somos a dupla K.
── A dupla K! ── Kiara se afastou do abraço, apenas para segurar meus ombros e gritar à mim. Comecei a gargalhar pelo seu entusiasmo e não parei mais. Era bom sorrir e rir verdadeiramente com alguém. Tenho Sarah, mas a garota tem outras amigas e, está tudo bem — será? —, quero ter também. ── Devemos formar uma gangue?
Neguei com a cabeça sorrindo, enquanto ouvia todas as ideias incríveis — percebeu a ironia? — de Kie. Esperamos seus pais, e, quando estavam prontos, partimos em direção à minha residência, ao lado.
Assim que entramos em casa, o som de Jingle Bell Rock soava por toda mansão e as pessoas começavam a lotar a sala de estar e a cozinha. Segurei firme na mão de Kiara, tentando achar Cassandra no meio disso tudo.
── Kay!
Ouvi o exclamo de Cassie e corri imediatamente na direção da voz, encontrando os dois Cameron junto dela. Encarei Rafe e Sarah, demorando meu olhar mais no primeiro que mexeu os olhos de cima a baixo, fazendo-me engolir em seco. Saí do transe com Kiara abraçando Sarah, exclamando afirmações felizes.
Rafe revirou os olhos, se afastando.
── Sarah ── Digo, me aproximando aos poucos da loira, fazendo nosso clássico suspense antes de um abraço no meio das pessoas.
── Kaylee ── Ela repetiu, sorrindo diabolicamente, antes de puxar meu braço e eu der com o rosto nos seios, cobertos pelo vestido, enquanto ela me colocava mais para baixo, bagunçando meus cabelos finalizados com a mão. ── Bom te ver, velha.
Revirei os olhos, me afastando da Cameron e tentando a todo custo arrumar meu cachos, sem sucesso. Sarah me paga. Preciso respirar fundo, afinal, é Natal. É Natal, fiquei repetindo isso mil vezes nos meus pensamentos.
── Eu sou um ano mais velha que você! ── Tentei argumentar, porém escutei as risadas. Das três. Energúmenas, revirei os olhos mais uma vez, de uma forma aparente para verem.
── Mesmo assim. ── Rebateu, mostrando a língua, como uma criança birrenta. ── I-do-sa. ── Disse, separadamente e sabia que estava fazendo isso apenas para me irritar.
E, assim, com todas as provocações e insultos gratuitos das minhas amigas, continuamos conversando normalmente, como se fôssemos realmente decentes. Porém, eu havia apenas entregado o presente à Kiara, tinha esquecido das outras.
── Cassie, pode pegar meu celular? ── Falei, tentando ser o máximo de gentil que consigo. Pretendo não me estressar hoje. ── Está lá em cima. Por favor. ── Juntei as mãos, balançando meus cílios, tentando ser convincente.
Esperei que Cassandra fosse dizer algo irônico de volta, como 'não sou sua empregada' ou 'pegue você', mas ela simplesmente suspirou profundamente — como se fosse um sacrifício estar fazendo isso.
── Folgada, hein? ── Murmurou e segurou o braço de Kiara. ── Bora, Kie, me ajuda nessa missão impossível. ── Então, as duas sumiram da minha vista, e sorri maliciosamente.
Virei-me, apenas para ver Sarah com a sobrancelha arqueada, enquanto soltava o clássico sorrisinho de lado.
── Não tem nenhum celular, não é?
Não. Me perguntava — as vezes — como Sarah estava sempre certa, talvez nunca saberei. Meu celular, na verdade, estava com Ava, que prometeu cuidar enquanto eu buscava Kiara para essa festa.
── É o presente dela ── Respondi rindo.
── Uau, o Natal muda mesmo as pessoas! ── Falou sarcasticamente, apenas para me irritar. O Natal não estava me mudando, foi só hoje que estou mais pacífica e tranquila com todos. Só hoje, tá? Depois eu volto ao normal.
── Cala boca, loira oxigenada ── Empurrei-a levemente. Peguei na mão dela logo em seguida, a guiando para a cozinha, onde estava uma multidão de pessoas. Levei-a para um canto mais tranquilo e abri o armário em cima da torneira, revelando um embrulho quadrado e enorme. Entreguei à Cameron, esperando ansiosamente que ela goste. Deu um trabalho do caralho. ── Para você.
── O que é isso?
── Um camarão. ── Digo, do jeito mais sarcástico que consigo. Ela revirou os olhos, me mostrando um dedo do meio. ── Abre logo, Sarah!
Sarah rasgou o pacote e arregalou os olhos ao ver qual era o presente dado. Mordi os lábios ansiosa, esperando alguma reação. Havia feito um quadro com diversas fotos nossas de todos os anos de amizade que temos, mais no canto do quadro continha a foto principal: uma mini Kaylee e uma mini Sarah.
── Meu deus, Kay ── A voz falhou, suponho eu, que seja de emoção. ── Eu amei! ── Me puxou para um abraço, posso jurar que desaprendi a respirar com o quão apertado fora. ── Você é muito fofa quando quer.
── Eu tô escutando muito isso hoje, preciso ser mais durona ── Brinquei, porém tinha, sim, um pingo de verdade. Eu odiava ser legal, preferia mil vezes ser àquela por quem todos sentem medo, ou — em alguns casos — crush. Ri dos meus próprios pensamentos.
── Você já é durona, Kay.
Neguei com a cabeça, não crendo que eu tinha essa maluca como melhor amiga de infância. Talvez eu precisava de novas experiências. E novos amigos.
Cassandra e Kiara se aproximaram delas, a primeira tendo um brilho indescritível no olhar e Kaylee sabia que tinha feito a escolha certa na hora de comprar o presente — uma linda prancha de surfe.
── Aqui o seu presente, Kay ── Cassie se aproximou e nem tive tempo de raciocinar, a garota havia me entrego um embrulho rosa com o laço grande aparente, que fazia meus olhos doerem de tão perfeito que era. ── Eu não me esqueci de você, pode acreditar!
Eu peguei o presente, sem deixar de encara-la com desconfiança. Nunca tínhamos momentos assim, eram bem raros, na verdade. Então, optei por achar que era mais uma de suas pegadinhas idiotas.
Ao rasgar todo o pacote, meus olhos automaticamente arregalaram e nem ousei encarar Sarah, provavelmente estaria com a boca aberta em choque. Minhas mãos tremeram e sentia a tremenda vontade de gritar para todo o mundo ouvir: Eu ganhei a porra de uma Lady Dior!
── Não... Não é possível! ── Saí do transe, colocando a mão na boca. Meus olhos arderam em emoção, mas me contive e virei meu rosto à Cassandra. ── Cassie, isso é... É sério? ── Gaguejei, finalmente tocando aquela bolsa branca e deslumbrante. Eu me sentia no paraíso. ── Uma Lady Dior? E edição limitada? Meu Deus!
Minha vontade era de namorar aquela bolsa para todo sempre. Eu queria chorar, berrar e dançar. Eu tenho uma Lady Dior. E foi minha prima irritante que pensou em me da-la.
── Ué, pensei que você ia gostar, né? ── Pisquei, atordoada. ── Você sempre fala como ama as bolsas da Dior, então achei que uma edição limitada seria a cara da Kaylee.
A cara da Kaylee. Como uma pessoa viva consegue me conhecer tão bem assim e não ser a porra da minha mãe?
── Eu não posso acreditar que você fez isso por mim... ── Não podia mesmo, eu e Cassandra sempre brigamos, praticamente nunca tínhamos trégua. Natal muda as pessoas, as palavras brincalhonas de Sarah enfatizaram meus pensamentos. Finalmente, cedi a tentação e abracei a bolsa linda em minha frente, sentindo os próprios olhos lacrimejarem. ── Você sempre me surpreende, Cass. Sério, eu não tenho palavras.
Ela deu de ombros, sorrindo de um jeito travesso.
── Ah, e tem mais! ── Cassie me entregou outra caixa, com um quartão preso. A essa hora, meu coração estava a mil, então abri rapidamente e me deparei com um voucher para um dia completo em um spa de luxo na cidade, com direito a massagens e tratamentos exclusivos. Acho que vou desmaiar. ── Eu sei que anda estressada, então pensei que um dia no spa ia ser perfeito para você relaxar um pouco
Meu Deus. Meu Deus! Eu já falei que amo Cassandra Avilla Thornfield? Provavelmente não, pois isso seria um grande exagero, porém esse é o melhor dia da minha vida e poderia facilmente dizer eu te amo para qualquer um que sorrisse para mim hoje.
No meio da festa, quando era quase meia-noite, me separei das três não intencionalmente — claro que me certifiquei que minha Lady Dior ficasse trancada a sete chaves no meu quarto cor-de-rosa. Tínhamos outras coisas para fazer, pessoas para cumprimentar, então decidi ir até a sala. Entretanto, me surpreendi quando avistei uma pessoa jogada no sofá.
── Rafe?
O garoto não mexeu um músculo e continuei parada a sua frente, estranhando sua quietude que veio simplesmente do nada.
── Kaylee Thornfield ── Ele suspirou pesadamente e me encarou logo em seguida, parecendo me analisar. ── Por que não está com minha irmãzinha? Achei que não se desgrudavam mais.
Revirei os olhos, quase que instantaneamente.
── Sério? Está na minha casa ── Falei, com tamanha indignação, ouvindo sua risada rouca e irônica. ── Não pode ser pelo menos um pouco gentil?
Rafe estava com roupas normais, ele não se importou em vestir o clássico vermelho e verde do Natal, o que me dava surtos de raiva.
── Posso tentar se isso for mesmo importante. ── Ele deu de ombros, como se caçoasse da feição que fiz.
── É, sim ── Não! Rafe não podia simplesmente achar que mexia tanto assim com meu julgamento e que isso era importante para mim. Engoli em seco e me corrigi: ── Quero dizer, é Natal! Não posso, podemos, ficar aturando suas grosserias hoje. Está bem?
── Kaylee, está cada vez mais parecida com Rose ── Sorri, mas ele colocou o indicador na frente do meu rosto. ── E isso não foi um elogio.
Rafe tirou uma garrafa enorme de vinho do chão, foi quando eu percebi que estava ali o tempo todo e que ele planejava beber tido aquilo. Pelo amor de deus, não tenho paz nem na minha própria festa.
── Rafe, larga isso ── Tentei arrancar a garrafa da mão dele, porém ele é mais forte e mais alto que eu. Sendo assim, nem fez esforço para tomar um gole, apenas para provocar. ── Não é maior de idade.
── E eu com isso? ── Riu.
Eu devo mesmo ser uma completa idiota por me importar tanto. Ele com dezesseis anos sabe se virar sozinho, não precisa de uma garota de quatorze vire sua babá. Que ódio.
── Faça o que quiser, não me importo ── Sentei no sofá ao seu lado e engoli em seco quando senti afundar e ao reparar que isso nos deixou mais próximos.
Ficamos em silêncio por mais alguns minutos, apenas não — N-Ã-O — apreciando a companhia um do outro. Até que o Cameron resolveu quebra-lo, fazendo-me piscar lentamente.
── Kay? ── Me arrepiei ao ouvi-lo me chamar pelo apelido que todos usam. Era raro, mas quando acontecia, eu sentia-me estranha. ── Sabe... Eu não gostava de Natal. Nadinha.
Levantei os olhos, e o garoto me encarava sem nem ao menos ser discreto. Odeio sua sinceridade e como não sabe ser discreto. Age como se nada importasse, argh.
── Não me surpreende você não gostar da época mais linda do ano ── Soltei um risinho, extremamente nervosa. Entretanto, eu não sabia o motivo, sendo tudo novo para mim. Ou não tanto assim. Droga.
── Eu não gostava ── Repetiu, não me dizendo exatamente o motivo do seu desgosto e não insisti. Rafe e eu estávamos tendo uma conversa sozinhos, que não se referia à Sarah ou ao seu pai, era diferente. ── Mas o seu Natal... O Natal da sua família é diferente ── Não sei se isso era um real elogio, era difícil distinguir quando era Rafe falando, então só continuei ouvindo. ── Acho que posso estar gostando um pouco. Mas só um pouco.
── Nossa, Rafe... ── Estou sem palavras, acho que desaprendi a falar. Engoli em seco para não gaguejar ou balbuciar coisas que nem um extraterrestre iria entender. ── Isso foi legal da sua parte, significa muito para todos nós.
── Que bom que significa algo para você ── Você. Merda, estou sentindo calafrios novamente. Será que é frio? ── Ward me obrigou a comprar presente para sua mãe e, obviamente, para você e Cassandra.
Arquei as sobrancelhas, me segurando para não rir de sua sinceridade. Não julgo Ward, minha mãe é igual, me obrigaria a comprar se eu não gostasse tanto de dar presentes.
── Sério? ── Sorri maliciosamente, adorando à beça ver esse lado mais vulnerável e constrangido de Rafe. Para tudo tem a primeira vez, não é? ── O que comprou para mim, Cameron?
── Na verdade, eu não precisei comprar ── Arqueei as sobrancelhas, mordendo a parte interna da bochecha. Rafe fez o movimento de tirar o anel do próprio dedo e, quando eu menos esperava, ele jogou o anel em mim, fazendo-me pular de susto. ── Toma.
── Que delicadeza... ── Murmurei sarcástica e peguei o anel. É redondo e banhado em diamantes, com siglas escritas no meio: 'YAMH'. Eu não sabia o que isso significava, mas era simplesmente... a coisa mais linda e especial que já recebi de alguém. Não consigo — nem por um segundo — acreditar que isso veio do Cameron. ── Hum, não é feio ── Dei de ombros, como se não me importasse aquele maldito anel, mas meus dedos coçavam para colocar. Infelizmente, meu orgulho falou mais alto e levantei-me para ir embora, se não faria algo que iria me arrepender no futuro. ── Feliz Natal, Rafe.
Antes de sair completamente, consigo escutar um murmuro rouco e baixinho vindo do garoto, que ainda estava jogado no sofá, completamente entediado.
── Feliz Natal, loirinha.
4,1k words
UM ── FELIZ NATAL DIVOS!!!! Só por curiosidade: essa é minha época favorita do ano e não podia deixar vocês sem especial, não é? Por isso, eu e a etherealwtp resolvemos escrever esse aqui em homenagem à Kay e Cass e ao Natal que passaram antes de toda a rivalidade delas.
DOIS ── Não mostrou muito, mas Sarah, Kiara e Ava também deram presentes para a Kaylee. Eu apenas preferi que pudéssemos ver mais esse lado da Kay que gosta de dar presentes (já sabemos qual linguagem do amor ela é).
TRÊS ── Ao ver as cenas com a Kie e a Cass, me sinto muito triste por elas se odiarem atualmente. Obviamente que vamos ver evolução quanto à isso nas próximas temporadas, mas ainda estamos em guerra!
QUATRO ── Eu não sabia como fazer o Rafe de 16 anos, para falar a verdade. Então, tivemos apenas uma cena do nosso shipp, que mesmo não parecendo, significa muito para os dois. E aquele anel... tem um significado maior ainda. Rafe é discreto com os sentimentos e nós conseguimos ver isso nas ações dele, então foi pequeno, mas especial, entenderam?
feliz natal! 🎄
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