Tony observou Abby subir as escadas para entrar no jato, fingindo que não o escutava. Ele já havia murmurado "Griffin" tantas vezes que tinha perdido as contas. Tombou a cabeça para baixo, suspirou e entrou no banheiro para trocar de roupa. Pegou o terno que estava ali e o vestiu rapidamente.

Quando saiu deparou-se com Abigail sentada já sentada em uma das poltronas, e a primeira coisa que notou foi a troca de roupas. Ela estava com uma suéter bege que cobria quase todo comprimento da saia curta que usava, e nos pés uma bota preta que ia até os joelhos. Ela o olhou com desdém por cima das lentes roxas do óculos que usava, e voltou a olhar para o livro que segurava com uma mão, enquanto a outra segurava um copo de whiskey.

Tony caminhou vagarosamente até sentar na poltrona à frente dela. Batia a mão na própria perna impaciente, estava criando coragem para pedir desculpas. Estava mais do que arrependido das coisas que falou, tudo que havia saído da sua boca foi por causa da raiva que sentia daquela situação com Ultron.

-Abigail.

Ela o olhou rapidamente, e abaixou o livro o fechando. Ele nunca havia a chamado de Abigail, só Griffin ou docinho, mas nunca Abigail.

-Me desculpa.

Abby continuou o olhando sem falar nada, então ele decidiu continuar falando.

-Tudo o que eu falei era mentira, você é tudo, menos covarde.- ele inclinou o corpo pra frente à olhando mais de perto- Você é corajosa.

O coração de Abby batia descompassado, ela não conseguia nem ficar com o rosto inexpressivo, como sempre ficava nas conversas com ele. Estava com a boca levemente aberta e com a testa franzida. Para qualquer um aquelas palavras pareciam não ser nada, mas significou tanto, de um jeito que que nem ela entendeu.

-Você me entende mais que qualquer um, talvez por isso eu tenha dito aquelas coisas, para você ficar longe, pois eu sabia que só você iria me entender naquele momento.

Ele continuou olhando para ela esperando uma resposta. E ela veio quase um minuto depois, a resposta não passou de um sussurro.

-Você me chamou de Abigail.
-De tudo que eu falei, você só prestou atenção nisso, docinho?- falou ele risonho

Ela deu um largo sorriso sem nem perceber, mas quando notou fechou a cara e disse:

-Não me chama de docinho.
-Eu adoro de te ver fingindo que odeia esse apelido.

Ela deu de ombros tentando parecer indiferente e bebeu seu whiskey.

-Então... você me desculpa?- perguntou meio receoso

Abby estreitou os olhos o analisando. Só de Tony Stark está pedindo desculpa, já era um grande ponto a se considerar. E ele parecia sincero no que disse.

-Eu te desculpa, mas... com uma condição.
-Qual?
-Você vai me dar esse seu óculos agora, pois odeio esses com as lentes roxas, prefiro as laranjas.

Ele sorriu e suspirou aliviado, com certeza achava que ela pediria algo mais complicado. Pegou o seu óculos e à deu, e à viu colocar no rosto.

-Como estou?- indagou ela fazendo pose

Tony olhou para o sorriso que Abby dava, e acabou sorrindo involuntariamente. Aquele sorriso fazia algo se remexer dentro dele, fazia algo aquecer no seu peito e o fazia até perder o rumo dos seus pensamentos.

-Está linda, Griffin.

Abby voltou seu olhar para a janela, um pouco sem graça, mas não deixou que ele notasse. Ainda não conseguia esquecer do seu nome sendo dito por Tony, quando ele falou todo o seu corpo se arrepiou. Havia algo diferente diferente quando seu nome saia da boca dele, algo certo, ela nem saberia explicar o porquê.

O jato decolou e ambos ficaram em silêncio por alguns minutos, até Abby falar:

-Tô com frio.
-E vai ficar com mais frio- Abby o olhou com a sobrancelha arqueada- Estamos indo pra Oslo, por que veio com uma saia?
-Não sei, só achei bonita e coloquei, nem pensei nisso.

Tony bufou, mas como notou que o jato estava muito frio mesmo, ele abaixou a temperatura e pegou o blazer do seu terno, e à entregou. Abby pegou e cobriu às pernas com ele.

-Obrigada, Stark, você é um cavalheiro.
-Nunca me disseram isso.
-Nem imagino o porquê.- respondeu com ironia

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Como o jato era similar ao Quinjet, eles rapidamente chegaram em Oslo. Tony e Abby entraram na sala principal da Nexus e caminharam na direção do computador que havia ali.

Quando pararam à frente dele, Tony murmurou:

-Faça sua mágica, Griffin.

Como Abby era uma exímia hacker, poucos segundos depois já havia encontrado algumas coisas interessantes.

-Hum...
-O que foi?- perguntou Tony que estava no outro computador
-Esse hacker é bom mesmo.
-Um hacker mais rápido do que o Ultron, ele pode está em qualquer lugar. Esse é o centro de tudo, estamos procurando uma agulha no maior palheiro do mundo.
-Não seja por isso, já encontrei um jeito de descobrirmos.

Abby começou a teclar rapidamente e Tony ficou atrás dela, para saber o que ela estava fazendo.

-Várias armadilhas, como um imã- falou Tony impressionado- Que inteligente, docinho.
-Eu sei, sou incrível.
-Quanto tempo acha que leva?
-É... 5,4,3,2...

Então o computador apitou e ambos ficaram incrédulos com o que viram.

-Tá de sacanagem!- murmurou Abby
-Jarvis é um danado.- falou ele rindo
-Ele apagou a própria memória e se espalhou por toda a internet. Tudo por causa do seus protocolos.
-Pode falar que está impressionada e que eu sou um gênio.
-Eu não vou alimentar seu ego.-Falou ela recebendo a risada de Tony em resposta

Tony e Abby finalizaram sua pequena missão e saíram do local. Quando estavam na porta, Tony observou Abby mexer no celular para chamar sua armadura, então segurou o pulso dela.

-Desencosta, Stark, o que foi?
-Os outros ainda não encontraram o Ultron, e quando encontrarem provavelmente terá um confronto. Isso nos dar algumas horas.
-Para fazer o que?
-Ora, vamos dar uma caminhada na cidade.
-O mundo à beira do colapso e você quer caminhar?
-Exatamente. Nós nunca fomos conhecidos pela sensatez e sim pela loucura.

Abby analisou um pouco. Ele tinha razão, se fossem passariam horas no laboratório esperando o berço. Olhou para a esquina e viu uma sorveteria.

Começou à andar naquela direção sem falar nada, então só ouviu os passos apressados de  Tony para lhe acompanhar.

-Pra onde estamos indo?
-Para a sorveteria.

Os dois rapidamente chegaram na porta do lugar e entraram. Compraram seus sorvetes e saíram local, começando à andar pelas ruas.

-Dominic também gostava desse tipo de sorvete.- falou Tony referindo-se ao sorvete de pistache que Abby comia

Ela o olhou franzindo o cenho.

-As vezes eu esqueço que conhecia meu pai e que era amigo dele.
-Era uma boa pessoa... sente muita falta dele?
-Todo dia, acho que nunca vai existir um dia que eu não sinta- Abby deu uma pausa e abaixou um pouco a cabeça- Me sinto um pouco culpada...
-Pelo o que?
-Eu tinha dezoito quando morreram, então tenho muitas memórias dos dois, já a Amy...
-Não tem nenhuma memória dos pais.- murmurou Tony
-É... ela sente falta dos pais que eles poderiam ter sido, não deles em si, já que era muito pequena.
-Como uma pessoa que atura a pirralha toda semana, posso dizer que ela ama quando você conta histórias sobre os pais de vocês.
-Ela te contou isso?- perguntou surpresa
-Você sabe o quanto ela fala, então ela me fala muita coisa, inclusive da irmã incrível que você é.

Abby sorriu sem graça. Quando ergueu o rosto para encarar Tony, ele disse:

-Você tá suja de sorvete bem aqui.

Abby tentou limpar o rosto, mas pelo jeito ainda continuava suja, então Tony esticou a mão e passou o dedo no canto da sua boca, Abby sentiu aquele toque até os dedos dos pés, e ele encarava de um jeito que à deixava sem ar. E quando ele passou a própria língua levemente pelos lábios, foi o fim para Abby, não estava conseguindo acreditar que estava ficando excitada por causa de Tony Stark.

Ela estava se afastou bruscamente e disse:

-Bom... obrigada, Stark.

Tony apenas maneou a cabeça. Não conseguia nem formular uma frase, estava incapaz até de falar. Não entendia porque ela o deixava daquela maneira, Abigail tinha o poder de o deixar até sem pensar direito, e isso só por está perto, imagina então se à beijasse. Não, não poderia nem pensar nisso, era insanidade.

Caminharam pelos próximos minutos em completo silêncio. Até o relógio de Tony notificar algo. Os dois pararam de andar e Abby esperou que Tony dissesse o que era.

-Rogers achou Ultron, vão atacar agora e pegar o berço.
-Tá, vamos para o laboratório.

Os dois chamaram suas armaduras que chegaram em poucos segundos. Entraram dentro delas e voaram na direção de Nova York, esperando que conseguissem por um ponto final em Ultron de vez.