CAPÍTULO XXXII
†
A luz ilumina o corredor, os passos parecem fundos, mas no entanto, é silencioso. O telefone vibra três vezes, ao ver a tela brilhar, o nome conhecido faz sua aparição. Soyoung ignorou a chamada, ela estava de volta a Chicago após duas semanas, e digamos que foram as duas semanas mais complicadas de se lidar. Com ela, trouxe sua amiga Ha-ri, entretanto, antes de voltar a Chicago, Soyoung tinha uma pendência muito maior. Nos últimos quatro dias antes de voltar, teve sua passagem em Lombardia, o lugar estava diferente, mesmo que a inquietude de muitas pessoas sobre a família Villanueva existisse, não era culpa da Park.
Soyoung havia tomado coragem após longos meses depois da morte de Violet, ir fazer uma visita, naquele dia era uma tarde meio nublada, o lugar estava um pouco cheio de resto de plantas secas e murchas. Ninguém limpava o túmulo da moça fazia bastante tempo, o que tornou doloroso para Soyoung, que derramou-se em lágrimas.
Quando voltou a Chicago, precisava resolver muitas coisas. Ao adentrar o seu apartamento, ela busca o celular enquanto jogava sua bolsa em cima do sofá. E novamente o celular vibrou, e ao atender, a voz um pouco cálida ecoa pelo viva-voz.
— Oi, Ji-Hun!
— Oi, irmãzinha! Recebi sua mensagem sobre aquele lugar. Já conversou com a mamãe? — Ele indaga demonstrando interesse.
— É melhor ela não ficar sabendo disso. Está ocupado? — Ela questiona, e logo o rapaz nega. — Preciso que você venha até o meu apartamento.
— Tudo bem, acho que em quarenta minutos ou menos estarei indo até aí. — O rapaz encerrou a chamada, Soyoung suspirou e pensou em jogar-se em direção ao sofá.
Seu corpo logo ficou ativo quando foi em direção ao seu mini espaço na qual ela apelidou de escritório premium, em diversas vezes balançou o corpo de um lado para o outro, até que enxergou a bagunça que estava fazendo ao encontrar uma caixa que trouxera de Lombardia. Nesse meio tempo, a campainha tocou duas vezes, Soyoung já sabia de quem se tratava, rapidamente correu em direção a porta e abriu, revelando a face do irmão gêmeo a sua frente.
— Tira o sapato. — Ela ordenou.
— Sim, senhora. — Em tom brincalhão ele adentra com dificuldade enquanto tirava o sapato. — Aliás, trouxe o notebook, está na mochila. Você quer que eu dê uma hackeada?
— Na verdade eu preciso conversar com você sobre uma coisa.
Ela senta ao chão e abre a caixa, logo atrás, Ji-Hun aparece e senta-se ao sofá e retira o objeto e coloca em cima do centro de mesa.
— Lembra da história que o papai contava sobre uma amiga da faculdade que havia morrido dentro do hospital com marcas de sufocamento?
— Sim, eu lembro. Por quê? — Ele questiona.
— E lembra também que meu nome surgiu por conta dela?
— Nossa, Soso. O que está acontecendo? Você está me assustando. — O rapaz arregala os olhos pela informação.
Ela revira os olhos, logo o livreto na qual ela havia guardado estava em suas mãos novamente, logo ela vasculha página por página até que finalmente ela bate na folha ao achar.
— Está vendo essa mulher? Se chama Amélia, igual a mamãe. Mas ela é coreana, está vendo? — A foto é erguida e logo o rapaz começa a encarar com curiosidade. — Essa mulher teve os documentos confiscados e queimados ao chegar na Itália, Ji-Hun. Ela é a mãe do Christopher.
— Soso, onde eu me encaixo nessa história? — Ji-Hun indaga.
— Você vai procurar por ela a partir da biometria facial. — Ela aponta para a foto. — E sabe o motivo? Por que ela pode ser a suposta amiga falecida do papai.
— Então ela forjou a morte?
— Sim! — Com euforia ela assente. — Quando ela forjou a morte, ela já estava grávida, ou seja, levaram a verdadeira Soyoung para Lombardia para que ela casasse com Alejandro e que o Christopher fosse o herdeiro da fortuna e de tudo!
O livreto em suas mãos foram entregues a Ji-Hun que lia vagarosamente, as palavras e esboços estavam em linhas tortas, mas poderia ser algo muito maior.
— Puta merda, Soyoung. — O rapaz xingou incrédulo. — E o que vai fazer se descobrirmos?
— Na verdade, isso pode soar um estouro para você, a verdade é que Alejandro não está morto, Ji-Hun. — Ao contar, o rosto do rapaz negou veementemente ao ouvir a própria irmã.
— Meu deus, Soyoung! O que está acontecendo?! — Seus olhos arregalados fizeram o próprio corpo ficar em pé. — Espera um momento, de quem era o corpo que estava dentro do carro?
— Do irmão gêmeo de Alejandro, ele vivia às escondidas, quer dizer, nas sombras do irmão. — Soyoung conta, sua voz está calma porém séria até demais. — Fui eu que implantei tudo para que Martini morresse. Não fique surpreso. E agora irmãozinho, eu preciso matar alguém que para todos está morto.
— E quem seria, Soso? — O rapaz foi em direção ao notebook e logo encarou a irmã.
— O filho de Bomi, Hwang Hyunjin.
(...)
O período da lei Seca nos Estados Unidos abriu portas significativas para o envolvimento de atividades ilegais. Sempre ficaram com uma pulga atrás da orelha quando ouvia que a máfia italiana estava no país, mas a verdade nem sempre foi essa, acontece que os italianos sempre estiveram em todos os lugares promovendo suas atividades ilegais e construindo seu império, então temos o exemplo da Lei Seca, quando a máfia teve suas raízes crescendo no país norte-americano, o contrabando de álcool contribuiu para o crescimento do grupo.
Mas o que eles poderiam fazer? Mesmo que após cinquenta anos durante esse contrabando, só houvera impedimento na década de 70. Mesmo com a notícia de que a lei Rico teria sido implementada, a máfia italiana continuou sendo um marco, mas seu crescimento foi crescendo em silêncio.
Um silêncio que dura até tempos atuais.
E digamos que Christopher não estava sendo bobo, sua droga estava sendo implementada no país pouco a pouco, começando em pequenos bairros, logo em boates e outros lugares.
O edifício conectava a outro, a extensão se estende repleto de vidraças com aparência de espelhos. Não havia um nome. Ao adentrar, a iluminação de tons amarelos deixava o lugar mais luxuoso, o rapaz era rodeado por homens, ele parecia furioso ao sair do elevador. Arrancou com voracidade a gravata e jogou ao chão, seu rosto suado pingava em sua camisa branca, sentou-se na cadeira com a respiração pesada pela a raiva.
Christopher jogou os pertences de sua mesa suntuosa em direção ao chão. Ninguém opinou. Mas assim que a mulher adentra seu escritório, seus olhos escurecem, o semblante se endurece mais ainda.
— Você está atrasada, Dawson! — Disse, seu rosto visivelmente estava sem paciência e com o semblante nada sereno.
O rosto da mesma ficou elevado, sem perder a postura, ela apenas assentiu.
— Já a localizou? — Ele a questiona tentando diminuir sua irritabilidade.
— Ela não trabalha para o FBI. Mas, — Logo um baque de sua mão batendo contra a mesa foi ouvido assustando-a, Christopher balançou o rosto negando veementemente e ditava xingamentos.
— Mas o quê? — Ele a encarou com o olhar firme. — Estou vendo que você conseguiu pouco.
— Ela estava com esse rapaz há dois dias atrás. — O tablet foi entregue a ele, seu rosto virou-se e olhou por alguns minutos, ignorando a faceta masculina.
Ele ficou de pé e vagarosamente colocou o objeto em cima da mesa, seu corpo andou até a vidraça enorme, seu punho fechou tão fortemente que ficou esbranquiçado. E o suspiro com o rosto incrédulo demonstrou ao seu reflexo.
— O que devo fazer, senhor?
— Crie uma armadilha contra mim. — Sua voz ficou pesada ao responder. Mas a mulher apenas assentiu após arregalar um pouco seus olhos. — Mas ao criar, quero que suma com as provas do crime. Entendeu, Dawson?
— Perfeitamente, senhor.
(...)
A quarta-feira poderia encerrar bem, mas o local estava uma correria, o distrito poderia afundar em caos em cada segundo que se passava. Há cinco quadras da delegacia, não poderia decidir se estava sendo um dos maiores incidentes que ocorreram para aquele lugar, mas que assustou pela primeira vez a própria Soyoung. O helicóptero sobrevoava o local, pessoas corriam e acabavam esbarrando umas nas outras, as mãos de Soyoung tremiam ao ver algumas sendo pisoteadas pelo caos surgindo como fumaça.
As sirenes surgiam iluminando aquele lugar, e quando o seu olhar petrificava a cena, tudo ao seu redor sumiu como um passe de mágica. O sangue descia como água, escorria pelas ruas e conforme algumas pessoas pisavam, espirrava umas nas outras. A pilha de corpos amontoados uns aos outros naquele lugar aberto era aterrorizante, a imagem de ver pessoas completamente desfiguradas em um terreno que serviria em breve para um hospital psiquiátrico estava sendo um terror.
Todas sem rostos. Após unidades chegarem ao local e terem feito a separação de cada corpo, o total era inexplicável, foram quarenta e sete cadáveres. Vozes saiam da cabeça da Park, ela conseguia imaginar a cada segundo como aquelas pessoas foram mortas, no entanto, a sua imaginação fora interrompida com um toque.
— Senhorita Park. — A voz masculina a chamou.
— Sim, senhor?
No fundo da sua mente, o capitão tagarelava, mas ela? Ela havia se dissociado de tudo. E apenas assentiu. E a última palavra fez ela acordar.
— Espera, o que disse, capitão? — Ela perguntou, o homem arqueou a sobrancelha direita incrédulo.
— Essas pessoas são imigrantes italianos. — Ele deu início ao que dizia. — Entretanto, nenhuma dessas pessoas possuem o visto permanente de morada aqui no país, ou seja, estão no país ilegalmente.
E naquela manhã quando Soyoung abriu seus olhos, foi como se alguém tivesse batido em sua mente como um toque em uma porta, seu pesadelo fez seu coração acelerar. Seus pensamentos confirmaram que em seus pesadelos o caos havia surgido.
— O que é aquilo? — Ela aponta com a lanterna em mãos.
O rastro de sangue formando uma escrita causou calafrios.
“Audentis fortuna iuvat”
— Latim. — Soyoung não deixou o homem responder, e logo identificou em que idioma estava escrito.
— Ninguém fala latim. — Ele suspirou pesadamente e ergueu a lanterna juntamente para olhar ao redor. — Precisamos de um tradutor aqui.
— A sorte favorece os corajosos.
Ainda com a lanterna apontada em direção a frase, ela traduziu em um rápido minuto, o homem a encarou e assentiu.
— E o que isso tem de referência a essas pessoas mortas?
— Muitos italianos estudam latim, é uma herança cultural e também histórica, mas isso não faz sentido. Quem teria sorte?
Soyoung perguntou-se por minutos isso. Logo o barulho de pneus no asfalto se fizeram presente, Suv’s estacionaram de qualquer maneira, era o FBI.
— Que caos, hein. — Disse ele, seu rosto virou-se em direção ao homem mais velho e cumprimentou. — Bom, capitão, agora isso é trabalho para nós federais.
— O que está fazendo? — Incrédula, Soyoung o empurra de leve afastando o rapaz.
— Ei, Sophie! — O mais velho tenta impedi-la.
— Ei, não é nossa culpa! O governador soube o que aconteceu rápido demais e nos contatou, talvez seja porque somos mais competentes.
Soyoung revirou os olhos ao ouvir o tom de deboche do homem à sua frente, o modo na qual ele murmurava em deboche fazia o sangue dela ferver pela a situação. Seus punhos semicerrados estavam tão fortemente apertados que ficaram esbranquiçados, Soyoung estava tentando muito para não esmurrar o homem à sua frente.
— Não esquenta, fofinha. Esse trabalho não serve para você mesmo. Homens trabalham melhor nisso. — Soyoung ficara estressada. A forma misógina que ele tratava a situação piorou tudo, ela esperou ele expelir palavras antes de cometer qualquer loucura. — Não acha, fofinha?
Ele sorriu ladino, deu as costas a Park que respirou fundo, e mais uma vez ele caçoou dela, todavia, não tinha mais saída. Seus passos se tornaram pesados, o homem adentrou o carro e foi pego de surpresa quando a porta abriu de forma abrupta por Soyoung, que o agarrou pelo o colarinho com força e sufocando aos poucos.
— Se tem uma coisa que aprendi, é que filhos da puta igual a você não merecem usar isso aqui. — Soyoung apontou o indicador no letreiro do FBI e bateu duas vezes no peitoral do rapaz. — Você não é um federal, você é um grande filho da puta, está me entendendo?
Ela encarou ele sem perder o foco, conforme ela ficava com raiva, sua força bruta aumentava mais ainda. Enquanto os colegas tentaram impedir, apenas deixou acontecer quando notaram que não iria adiantar, o homem sentado ficou desesperado, o suor descia em sua testa tentando assimilar a situação.
— E se quiser, pode chorar no colinho do governador, ou até mesmo do vice-comissário, aquele velho corrupto que é o seu pai. — O confronto havia sido feito, e o homem ficara extremamente constrangido. — Espero que tenha aprendido a lição.
A porta foi fechada com força, o homem permitiu-se ficar estático diante da situação que Soyoung o colocou. Ela o encarou, esperou que o semblante dele ficasse leve, e para assustá-lo novamente, bateu com a palma da mão no vidro. Por mais que existisse a barreira da porta e a vidraça, ele se esquiva para trás. O capitão observava a cena de longe após tentativas de seus homens tentar impedi-la, discretamente soltou um riso, mas diante da situação, deu uma advertência em palavras para Soyoung.
As horas se passavam, e a retirada dos corpos ficou sufocante, o primeiro necrotério ficou lotado, a passagem de carros dificultou bastante pelo fato de que inúmeras pessoas estavam se cercando ao redor sem dar espaço. Enquanto isso, a central de emergência recebia ligações repetidamente pelo o ocorrido, naquele momento em que sua mente vazia não dava conta do que acontecia ao redor. Não havia ponto inicial ou final.
Nada estava prestes a resolver. Talvez a demonstração de que aquilo poderia ser a ponta do iceberg prestes a se tornar maior estava começando.
Duas manhãs seguintes de pura negação ainda continuava. As reuniões noturnas de Soyoung com seu irmão tornou contínua o progresso, mas durante a manhã cansativa, a recepção tinha seus funcionários com olhos fundos e cansados. As noites anteriores foram de extremo difícil, entretanto, o comboio da manhã havia chegado. Todavia, Soyoung espiou pelo corredor de longe seu cenho franzido e voltou a sua posição, quando em minutos depois do alvoroço, um de seus colegas adentra o ambiente e começa a conversar com o outro policial ao seu lado.
— Espero que desta vez os federais não tentem pegar esse caso. — O homem suspirou, mas ouviu Soyoung dar um riso soprado.
— E quem vocês prenderam desta vez? O pé grande? — Antes dela rir novamente, bebericou um pouco de seu café e ouviu a risada de um deles.
— Aquele herdeiro daquela família criminosa de italianos! — Seus olhos abriram um pouco ao falar, o homem era tão expressivo que não lhe faltava um pingo de noção pelo o que acontecia, Soyoung no entanto apenas riu soprado, e pensou que aquilo fosse piada. — Estou falando sério, Sophie.
Ela balançou a cabeça e deixou o café de lado. Não riram mais, mas o rosto preocupado do segundo rapaz se fez presente.
— Ele é um peixe grande. — Ele disse ao desviar o olhar.
— Quem está tomando conta do caso?
Soyoung questiona. Ela vira de costas e aproxima-se da pia e joga o resto de café, na espera de respostas, o homem ficou em silêncio por alguns segundos antes de responder.
— Liam O'Connor. Mas ele aparenta estar bastante emburrado com o italiano. — O homem deu de ombros e terminara de bebericar o café. — Aquele estrangeiro está dificultando o trabalho para ser sincero.
A fala do moreno soou como desgosto, alguns minutos de conversa prolongada, os dois homens decidiram sair enquanto a mesma ficou ali. O murmurinho do lado de fora sobre o italiano já circulava como uma infestação de formigas. Soyoung tinha algo a fazer, é claro que ela iria na busca de Liam O'Connor, então saiu daquele lugar e caminhou entre os corredores de cores apagadas. Durante os seus passos tocando o chão, ela pensou inúmeras vezes onde o rapaz poderia estar, e se ele estiver precisando de um advogado?, ou até mesmo um: como matar alguém dentro de um departamento de polícia sem ser presa?
A sala de interrogatório demorava um pouco para chegar, era difícil demais passar por aquele caminho sem que alguém parasse Soyoung para bater um papo descontraído sobre algo, o corredor extenso foi visto e uma bela silhueta de uma mulher não tão alta mantinha a pose parada em pé.
Com seriedade no rosto, Soyoung caminhou em direção até ela, não falou absolutamente nada. Mas assim que a Park ousou a querer entrar, a mulher tentou fazer alarde, o que causou um pouco de tensão e irritação em Soyoung.
— O que pensa que está fazendo? — O rosto franzido questionava Soyoung.
— Quem é você? — Ambas se olham dos pés à cabeça com olhar de indiferença.
— Annelise Dawson. Sou a advogada do senhor Villanueva.
Passou-se na cabeça da Park que naquele instante Christopher estava querendo perturbar sua mente sem estar perto dela, uma delas é tentar substituí-la por alguém que duvidosamente não seja tão boa quanto ela. Mas não a julgaria. Porque ela sabia que julgar a moça estaria lhe trazendo lembranças de quando ela se infiltrou na família com a ajuda do próprio Alejandro, lembranças na qual ela foi extremamente rebaixada por homens — que mortos atualmente —, que não lhe valorizava pelo trabalho excepcional. Acontece que duvidaram tanto que a própria Soyoung os levou a condenação da morte.
Mas isso poderia ser outro fato. Então ela encarou a porta azulada, e logo após seu olhar fora em direção a Dawson, que também a olhava.
— É, eu sei quem você é agora. — Disse ela, ainda encarando a porta, não desviou o olhar. Queria esperar O'Connor sair daquela sala e falar com ele. — Creio que você seja a novata dos Royalties.
A moça não respondeu e muito mesmo afirmou sobre o que Soyoung dizia. Mas o que ela não sabia era que a Dawson tinha uma pequena admiração por ela, e sabia muito bem quem era a mulher ao seu lado. Olhou para os lados, olhou para cima, não havia câmeras naquele lado e muito menos pessoas rondando aquele corredor.
— O detetive O'Connor tem provas cabíveis para mantê-lo preso? — Ela questiona. Soyoung encarou a moça por segundos, perguntou-se para si mesma o motivo do questionamento.
— Você é a advogada dele, Dawson. Deveria saber. — Ela retruca e desvia o olhar rapidamente. — Sem provas, sem crime.
Ela concorda com a cabeça se sentindo atacada e talvez constrangida.
— Eu não posso me envolver nos problemas dele, não mais.
— Mas ele necessita da sua ajuda, Sophie. — O olhar ficou estático. Após a mulher proferir o nome de Soyoung sem “conhecê-la”, percebeu o erro cometido. Revelou o bastante para saber que aquilo se tratava de uma armação.
A respiração de frequência rápida começa a fazer seu ritmo veloz, por impulso, Soyoung avançou em direção a porta e deu breves batidas. O'Connor pediu que entrasse, ao colocar o rosto dentro daquela sala, o detetive sorriu como se estivesse vendo uma das sete maravilhas do mundo, o que deixou Christopher incomodado.
— Precisa de ajuda, Liam? — Informalmente, ela adentra o questionando.
— Sophie! — O seu nome é chamado em tom alegre.
— Sei que o caso não é meu, mas talvez eu possa te ajudar. — A ajuda foi feita, o rapaz assentiu e puxa a cadeira do canto e coloca ao seu lado, assim que o detetive vira em direção ao Villanueva e a expressão cai. — Villanueva? Eu lembro de você.
Ela diz em tom despretensioso, lançando um sorriso rápido, seu rosto logo desce em direção ao arquivo em mãos dada pelo detetive.
— Lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e extorsão? — Ela complementa.
— Conhece ele? — Liam pergunta. — Oh, me lembrei! Você esteve no caso dos Villanueva durante sua passagem no FBI.
Ela assentiu, deu um sorriso e tocou o ombro do rapaz, o que causou um pequeno rebuliço na mente de Christopher.
— Qual o problema do interrogatório, Liam?
— Pequenas provocações e ele não assume nenhum destes crimes. — O rapaz o denuncia, formando uma pequena nuvem de verdades ou até talvez pequenas mentiras.
— Alguma prova contra? — Ela o questiona, agora com olhar desviado e encarando o papel em suas mãos.
— Sem provas, cara mía. — A voz grave de Christopher finalmente ecoa naquela sala.
O arrepio em sua nuca, a expressão de que seu rosto estava prestes a ficar pálido, o par de orbes dilatadas a encarava. O apelido é lhe causa náuseas.
— Ele continua com essa façanha ridícula. — O detetive relata. — Sophie, se importa se eu for alguns minutos lá fora fazer uma ligação para o juiz? Quero pedir um mandato para buscas na residência dele.
— Certo, não se preocupe. — Ela sorriu brevemente, após a saída do detetive, o rosto enfurecido de Soyoung se vira e encara Christopher. — O que pensa que está fazendo?
— Finalmente eu te encontrei. — O sorriso largo e as mãos algemadas vão em direção a Soyoung. — Não foi fácil colocar informantes dentro do FBI e muito menos aqui.
— Cala a boca. — Ela esbraveja, visivelmente estressada.
Um incrível ponto para começar a raciocinar. Como passaria minutos ali dentro tentando não esganar o homem? Eis a questão. Na verdade, eis o pensamento de Soyoung, que até o momento não havia desconfiado de ninguém do departamento do FBI e do seu recente local de trabalho.
— Eu não acredito que você infiltrou pessoas para me espionar, Christopher! — O rapaz na tentativa de defender-se foi calado novamente. — E o que pensou, hein?
— O seu amigo Liam O'Connor e aquele nerd do FBI que codificou aqueles códigos que não me interessa. Eles foram bastante prestativos. — Novamente, o sorriso convencido mostrava pela segunda vez.
— Eu não acredito. — Seu corpo se ergue e acaba derrubando a cadeira. — Como você pôde fazer isso comigo?! Christopher, eu trabalho duro para que nada do que eu fiz continue me prendendo!
A indignação corroía sua mente e ação. Por meros detalhes, o ponteiro do relógio fazia seu tic-tac, o que deixou Soyoung agoniada foi o resquícios de sua ajuda por essa família que lhe persegue até o pescoço. Na verdade, sua cabeça estava em uma enorme bandeja de ouro, sendo cobiçada pelos três insanos Villanueva existentes. Quando Liam adentrou, Dawson o acompanhava, o rapaz puxou as algemas e a chave pequena destrancou. As chances de qualquer armadilha para encontrá-la eram nítidas. Como uma estrada de grande domínio e trabalho árduo com segredos poderia se destruir?
Não havia respostas. Se sentiu como um coelhinho inofensivo, e aquele homem à sua frente era o caçador, sentiu-se também como um dos patos que Alejandro matava quando queria aliviar o estresse, o fato é, a maneira de como tudo foi planejado era insano e psicótico.
(...)
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