CAPÍTULO XXXI
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O ar quente que a próprio Illinois transmitia estava sendo devastador. O mês de junho se torna o pior entre eles, já que assim a época do clima quente e abafado começa aparecer, mas a notícia deixou a cabeça da própria Soyoung pinicar toda vez que era anunciado pela televisão. A polícia sul-coreana havia aprendido quase dois mil membros de gangues, até então, tinha sido confiscado no entorno de seis milhões de wones, o que tornava um valor altíssimo se convertesse para dólares.
Eventualmente, após ver inúmeras vezes as mesmas notícias, ela sabia quem poderia estar fazendo isso acontecer. Obviamente que não iria apontar a dedo quem estaria no meio daquilo tudo, porém temia por alguém estar ali no meio daqueles presos. Sua iniciativa foi atravessar o país para chegar até a Coreia do Sul, mesmo após quatro dias de sua chegada no país, ficou inquieta o suficiente para tentar pensar em possíveis pontos na qual um certo alguém poderia estar localizado.
Yeosu, Jeolla do Sul.
Coréia do Sul
A noite na cidade da província de Jeolla estava bastante movimentada, Soyoung então pediu um táxi para rodar até o centro comercial, chegando até o local, seu olhar fez uma varredura em bares e restaurantes tradicionais. Andou por vinte minutos e nenhum deles era característico, encostou-se na parede de um muro e seu rosto brilhou pela à iluminação um pouco a sua frente, aquele restaurante pequeno chamou-lhe atenção. Pôs a caminhar em direção a ele e adentrou, curvou-se em direção à mulher de meia-idade que prometera servi-la em breve. Sentou-se, e então pediu uma garrafa de soju, bebeu no máximo quatro doses, e logo foi servida por sannakji — um prato bem peculiar que Soyoung sempre gostou, nele tinha polvo temperado com gergelim, e muitas vezes servido com kimchi, um prato que até então é servido meio vivo. —, seu rosto levantou poucas vezes em direção à porta e observou o olhar da senhora.
Meia hora havia se passado, Soyoung chamou a senhora e a questionou por alguém, mas naquele instante a mulher apenas pediu que ela esperasse que alguns dos seus clientes fossem embora. Então a Park esperou, minutos iam embora até restarem três clientes, Soyoung até deu um suspiro de tão aliviada e percebeu que a mulher sentou-se ao seu lado.
— A senhora me disse que conhece um homem chamado Choi Tae-Hoon? — Com a voz baixa, ela indagou.
— Ah, sim! — A mulher deu um sorriso e juntou as mãos ao balançar o corpo. — Mas não posso garantir que ele virá hoje.
Com receio, Soyoung não quis ir embora até que o lugar fosse finalmente fechado, e então esperou. Passaram-se meia hora até que dois veículos pretos de vidros fechados estacionaram na frente do restaurante, o primeiro veículo saíra três homens, dois ficaram na entrada enquanto o terceiro aguardou pacientemente o que iria sair pelo segundo veículo. Os faróis desligados deu ao ver que iria sair mais alguém do segundo veículo, o motorista saiu e a figura que Soyoung tão esperava ver finalmente deu as caras.
Os dois homens acompanharam Choi Tae-Hoon até o lugar que possivelmente seria o favorito dele, chamou a dona do restaurante e entregou um rolo de dinheiro e apressadamente a mulher saiu. Soyoung ficou de pé e andou até o homem, que sequer percebeu o que viria à sua frente.
— Choi Tae-Hoon. — Aparentemente sua voz fez o homem olhar, tremeu um pouco e sentou-se à sua frente.
— Minha querida, Sophie. — Ele deu uma risada ao olhá-la.
— Escolheu este nome muito bem, senhor. — Falou em tom nitidamente claro. — Senhor Alejandro, fiquei preocupada quando vi as notícias. Não acha que está correndo perigo?
— Está tudo bem, Soso. Aqui ninguém me conhece, mas me conhecem pela empresa Apex Group.
Soyoung assentiu, logo ficou o silêncio entre os dois, não imaginava como aquele homem poderia se safar de inúmeras maneiras de escapar de qualquer tipo de coisa ilícita.
— Sinto muito pelo o seu irmão. — Ela lamentou, mas não expressou em seu rosto.
A lamentação havia sido algo repentino para o homem que havia fingido a própria morte para o país inteiro e a própria federação policial.
— Ordenei que o matasse, Sophie. — Alejandro retrucou, começou a falar em italiano para que ninguém ao seu redor o entendesse, minutos repentinos a mulher havia chegado com uma pequena carteira de cigarros.
Alejandro era esperto o suficiente até para matar alguém no seu lugar, incluindo o próprio irmão gêmeo, na qual foi pago milhões para usurpar o seu lugar. Para ele, era engraçado a forma na qual todos lamentavam sua morte, no entanto, Soyoung atuou perfeitamente aquelas lágrimas e até mesmo as lamentações.
— E assim o fiz, senhor. — A mesma balançou a cabeça assentindo ao relembrar.
— E os meus filhos? — Alejandro questionou ao dar uma tragada no cigarro.
— Ainda não tenho notícias de Christopher. — Soyoung mentiu, seu olhar fixou nas íris do mais velho enquanto disse a primeira mentira. — Em relação ao Hyunjin, ele reapareceu, está cometendo inúmeras mortes para tentar me atormentar.
Alejandro suspirou, observou na porta um dos seus homens sinalizando em direção ao relógio. Ficou de pé e apagou o terceiro cigarro.
— O senhor já está indo? — Rapidamente ela ficou de pé e o questionou.
— Preciso resolver um assunto pendente. — Ele encarou a porta e logo deu um sorriso ladino. — O que acha da Viúva Negra entrar em ação?
(...)
O corpo daquele desconhecido, mesmo estando de joelhos e amarrado, cambaleou se forças após horas apanhando naquele lugar. Seu sangue espirrou, Alejandro observava a cena como um telespectador assistindo um filme, os dentes do desconhecido foram arrancados um por um. A voz do Villanueva ecoou ao pedir que parasse, Soyoung havia acatado a ordem do mais velho, afastou-se com o rosto vermelho pela adrenalina ao sentir um pouco de ar.
Soyoung sempre cresceu ouvindo que pedófilos, abusadores e criminosos desse tipo, não mereciam uma segunda chance e muito menos uma boa vida. Era imperdoável, então a violência era precisa algumas vezes. E, por mais que ouvisse que violência não era uma saída, assim era a lei, mas o que adiantaria?
Alejandro deu mais um longo trago em seu cigarro e aproximou-se. Repudiou o ato, o homem à sua frente que se apresentava como um membro de sua nova gangue, e ele simplesmente resolveu confessar em meio uma conversa, diante disso, Alejandro suspirou e encarou aquilo como morte.
— Por que, senhor? — Ela o questionou. Sua respiração ofegante indicou um pouco de cansaço e o suor descendo em seu rosto. Ela, no entanto, parece chateada pela ação do Villanueva, e largou de imediato o pé de cabra no chão.
— Ele irá morrer sozinho. — Disse ele, logo seu indicador apontou em direção ao gancho enferrujado que sequer balançava, a ponta afiada deu um pequeno brilho com a iluminação. — Será comida de urubus, em menos de dois dias o corpo dele será devastado, você fez um ótimo trabalho, Soso.
A mulher agradeceu, mas antes de sair de perto, seus pés fizeram pressão nas costelas quebradas do homem, vendo a perfuração abrir um pouco mais. E novamente, o sangue foi espirrado no chão.
O trabalho já estava feito, Soyoung limpou-se com um pano úmido ofertado por um dos homens de Alejandro, prendeu o cabelo e esperou que o Villanueva dissesse algo assim que terminasse a ligação. Seus olhos observaram os capangas do itálico-coreano prender o homem no gancho, o corpo parecia estar em um açougue, e o sangue pingava no chão em gotas pequenas e brutais. Soyoung pensou em diversas maneiras de poder contar ao homem sobre o filho mais velho, Christopher havia traído em segredo a confiança do sobrenome da família ao envolver membros da Sinaloa, o que nunca fora permitido desde o primeiro Villanueva.
Havia segredos entre a Sinaloa e a família Villanueva, todavia, os problemas surgiram desde que um acordo entre a máfia polonesa foi quebrada repentinamente.
— Soube que o senhor tem um novo consigliere. — Ela relatou ao encará-lo. — Origem japonesa.
Soyoung franziu o rosto de desgosto e suspirou ao chegar perto.
— Precisava de alguém que falasse esse idioma, Soso. — A caminhada em direção ao veículo fora sobre isso.
— Deveria ter me dito, assim eu iria me esforçar em aprender o idioma. — Ela riu ao observar a feição do homem, que, no entanto, divertiu-se com as palavras. — O senhor tem certeza que irá ficar bem nessa história?
Alejandro levantou o rosto e assentiu, o vento ficou frio pela noite que virava madrugada em breve, percebeu que Soyoung ainda estava com o semblante diferente.
— Estou construindo o meu império aqui, Sophie. Muito melhor e bem estratégico, sem mídia, e muito menos o governo em cima de mim. — Relatou em aviso.
— Ainda assim, eu não gosto disso. — Ela retrucou ficando um pouco séria. — A mentira foi construída de forma rápida e insana, Hyunjin sabe que o senhor não está morto, acha mesmo que o plano dele ao fingir-se de morto não foi baseado no que eu fiz?
As palavras de Soyoung soaram pesadas conforme foram ditas ao Villanueva. Ele assentiu várias vezes, seus dedos abriam e fechavam o isqueiro de forma rápida e barulhenta, Soyoung sabia atingir o nervo de qualquer Villanueva, menos de Hyunjin.
— Ele vai matar o senhor. — Ela alertou.
— Tem certeza? — Perguntou.
— Não brinco em serviço, senhor. — Ela ditou séria.
Ele a encara por alguns segundos. O silêncio se torna tão ensurdecedor que parece anunciar uma tragédia.
Então é anunciada em um tom frio como aquela noite que se tornava madrugada em pouquíssimas horas. A mão do Villanueva adentra o terno e sua mão se torna em punho ao mostrar.
— Mas antes dele tentar me matar, mate-o. — Ele entrega um pequeno frasco. — Eu quero o meu filho morto, Sophie. Você me entendeu?
O nó preencheu a garganta da Park, sua mão estendeu-se para pegar o frasco, ao segurar, apertou o vidro com força, mas sem a intenção de quebrar. Observou o rosto do mais velho e o sorriso surgiu na face do homem, Soyoung assentiu sem dizer uma única palavra, ele puxa o ar, tampouco sentia algo, e desaparece entrando nos veículos a sua espera.
(...)
— Ha-ri? — A Park chama pelo nome ao entrar na casa.
Quando a mesma chega ao segundo cômodo da casa, seus olhos perseguiram qualquer vestígio da coreana, até que a mesma aparece demonstrando um sorriso enorme.
— Ainda está acordada? — Soyoung retribui o sorriso ao ver a amiga.
— Nah, faz vinte minutos que cheguei! — Ela dá de ombros.
Ha-ri se afasta e senta no sofá, a garota de franjas moldadas observou como a amiga havia voltado diferente. Ela sequer quis questioná-la, apenas a recebeu como sempre fizera, mas seu semblante feliz se desmanchou quando Soyoung colocou o frasco na pequena mesa de centro.
— O que vai fazer? — Ela questiona.
— Preciso matar o filho do Alejandro. Aqueles segundos de silêncio vindo de Ha-ri pareciam incontáveis, a situação havia se tornado incomoda no ponto de vista de Soyoung, mas a coreana apenas assentiu conformada no que a amiga iria fazer.
— Então o plano não funcionou?
— Ha-ri, ele deu sentença de morte para o próprio filho. — Ela declarou. — E eu já tenho o que preciso.
Ela aponta em direção ao frasco com líquido transparente, porém, meio esbranquiçado. Soyoung conhecia aquela fórmula melhor do que ninguém, era de Christopher, uma das drogas que ele havia criado com o cartel, entretanto, sua criação foi fatal quando os vinte primeiros clientes havia injetado em suas veias. Quer dizer, não é que as cobaias humanas tivessem sobrevivido, ao contrário disso, todas morreram sufocadas com a substância. A circulação do sangue vira inexistente, órgãos se dilaceram por dentro, e isso em menos de cinquenta segundos.
— Isso não pode ficar na vista do Nis, Soyoung. — Ha-ri ficou de pé, segurou o frasco em mãos e analisou. — Eu ainda não descobri onde ele está. Esse cara sumiu do mapa.
— Vamos dar um jeito para achá-lo. — A mulher ficou de pé e pegou novamente o frasco. — Na verdade, eu já sei como achar ele.
Ela deu um sorriso largo e em seguida Ha-ri repetiu o mesmo semblante. Ambas sabiam o que poderia acontecer, apenas precisavam acertar o passarinho, difícil mesmo era achar o ninho. Por mais que Ha-ri confiasse em Soyoung, havia coisas que uma agente do serviço de inteligência nacional da Coréia do Sul não poderia fazer, e a própria tinha receio em ser descoberta pelo próprio serviço. Ha-ri sendo uma agente que atua como espiã, não poderia arriscar mais do que poderia fazer, e ao ver Soyoung com aquele sorriso maroto em saber que poderia conseguir achar o Villanueva, estava sendo ótimo até demais.
— Posso perguntar uma coisa? — Ela questiona.
— Depende da pergunta, Ha-ri.
— Matou ou apenas torturou? — A garota aponta para a blusa e mãos um pouco manchadas de sangue seco.
— Não sei. Alejandro me pediu que eu batesse no indivíduo de leve, apenas de leve. — Soyoung deu de ombros. — O resto, os animais vão ajudar a comer.
Ha-ri levemente arregalou os olhos e pegou nas mãos da amiga e balançou.
— Eu deveria ter proibido você de deitar nesse sofá com sangue desconhecido. Eca! Esse sofá é novo, Soyoung-ssi.
A Park revirou os olhos, encarou o frasco novamente e deixou que a noite guiasse no que ela iria fazer. O que obviamente estava sendo feito aos gritos da própria Kang Ha-ri.
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