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CAPÍTULO XXVI PART. II

(...)

13 de Dezembro.
Festa de Santa Lúcia, Siracusa.

Faltavam dias para o Natal e as festas de fim de ano, a Itália inteira preparava-se para os eventos do mês de dezembro e também o inverno. Mas uma delas era a Festa de Santa Lúcia, a festa que antecipa o Natal, uma tradição de origem camponesa que se transmitiu nas províncias de Cremona, Bérgamo, Lodi, Mântua e Bréscia. Após o festejo, o único Villanueva restante havia sido convocado a sua presença por meio de uma carta vinda do arcebispo e membros, o Vaticano estava longe algumas horas atrás.

O terno azul como a madrugada mais sombria, apenas um broche do medalhão da família Villanueva representava a si naquele sobretudo, não estava sozinho. Mas a companhia de um lado emanava felicidade e do outro lado uma seriedade coberta de pensamentos. Antes de adentrarem, os três simultaneamente fizeram o sinal da cruz na entrada da igreja, tão linda por dentro que havia pinturas bíblicas até no teto, lacunas e algumas partes do teto eram de gesso e todas brancas, algumas até levavam consigo uma decoração de existir ouro.

Até daria para imaginar se o céu fosse assim, para um ingênuo, sonhador e crente de fé no que se espera pós morte.

- É tudo tão encantador! - A mais nova parecia perdida com seus olhos brilhantes ao encarar tudo ao seu redor. - Não acha, Soyoung?

- Ah, sim. - Respondeu em tom desanimador. - Ainda não confio na convocação da igreja, da última vez que isso ocorreu em 1974, o chefe da família Tarantelle foi morto.

- Soyoung, isso é ser pessimista. - Christopher retrucou, sua sobrancelha levemente levantada e lábios ligeiramente esticados em direção às orelhas era uma feição incomum.

- E o que você fez de tão humanitário para ser convocado pelo Vaticano? - Ela indagou com uma expressão abismada e deboche.

- Ah, por favor! - Selina sussurrou os repreendendo. - Vocês não param um segundo desde que saímos de Siracusa!

- Fica quieta florzinha de lírio. - Soyoung impaciente mandou a mesma calar-se. - O seu bom partido é um... sinceramente, seria falta de respeito xingar aqui dentro. Mas eu mal espero que assim que sairmos daqui eu vou xingar até a última geração dele.

O caminhar por dentro daquela igreja se tornou cansativo, claramente foi visto pelas vestes vermelha e branco, o arcebispo. O homem sorriu agradavelmente até chegar perto dos três, Christopher havia sido o primeiro a cumprimentar, mas assim que o arcebispo chegou a cumprimentar as duas ficou meramente de forma confusa.

- Essa é a esposa do senhor Villanueva, arcebispo. - Soyoung apontou em direção a garota que estava uma pilha de nervos.

- E você? Eu sinto que conheço a senhorita de algum lugar. - O mais velho ficou pensativo. - Você é americana?

- Sim, senhor. - Soyoung assentiu, sorrindo fraco. - Acho que o senhor esteve na condecoração nos Estados Unidos.

- Oh! Sim! Estive! Era uma condecoração de um militar. - A memória refresca a mente do arcebispo que logo dá um sorriso largo. - Esteve lá?

- O senhor não deve se lembrar mas, o meu pai foi condecorado por mérito à segurança e interesses nacionais dos Estados Unidos. - A garota pareceu entreter no assunto ao relembrar a memória da sua infância.

- Filha dos Park 's! Oh, que bênção! - A alegria o contagiou ao olhá-la. - Nel nome del padre, del figlio e dello spirito santo! Que bênção, filha.

- Amen! - Soyoung reverenciou. - Mas o senhor e os membros do Vaticano convocaram o único Villanueva, algo que deve-se ser tratado?

- Me acompanhem! - Encarecidamente ele pediu.

A caminhada pelos corredores sagrados fizeram poucos olhares, Selina estava tão entretida com o lugar que acompanhava sem prestar atenção onde ia. Christopher então puxou Soyoung de lado para tentar assunto.

- Acha que minha família tem alguma pendência? - Ele sussurrou.

- Christopher, eu posso dizer que talvez sim. - Sussurrou de volta.

A porta do meio fora aberta vagarosamente, a madeira velha rangeu, todos sentaram-se sem delongas, Christopher sentou-se na cadeira do topo. Lado direito, Soyoung, e esquerdo, Selina. Havia pouca saliva escorrendo na sua garganta, não estava nervoso, mas acreditava que o que sairia na boca daqueles religiosos seriam os piores. Christopher cresceu por dentro da igreja e catedrais, acompanhava seu pai diversas vezes e até mesmo ia às missas de domingo.

Então ele percebeu os assuntos que tanto aqueles senhores falavam para o seu pai, conforme ele crescia, entendia que todos ali também eram corruptos. Não havia escapatória.

Mas o pobre garoto na época acreditava que um dia seriam todos perdoados.

Haviam ali os freis sentados um pouco longe; logo na segunda cadeira do topo o monsenhor, e por último o arcebispo. O monsenhor levantou-se, segurando uma bengala, e ditou:

- Acredito que não saiba o seu propósito aqui. - Christopher ficou confuso e negou.

- Mas eu tenho minhas dúvidas. - Assim ele disse, sem demonstrar qualquer expressão.

- Todos aqui pedem a você que nos assegurem. Está sendo difícil, a família Alegotti nos deixa de mãos atadas, sem contar que os Belovas estão com problemas também. - Explicou tristonho. Soyoung encarou todos ali, percebeu do que se tratava e queria dar a palavra.

- Querem proteção? - Christopher riu soprado questionando. - Achei que demoraria uns dez anos para virem pedir favor, assim como faziam com o meu pai. Mas não sou eu que falarei.

- O que quer dizer, filho? Precisamos disso! - O homem repetia relutante.

Soyoung riu baixo e levantou a mão, seu olhar seguiu novamente a todos, mas o seu rosto voltou a ser sério.

- Monsenhor, peço a palavra. - Gentilmente ela pediu, mas por dentro estava sem paciência. - Metade desses homens que estão nessa catedral deveriam estar na cadeia, digamos que metade é pouco pelo tanto de pecado que corrói cada um, mas querer que a família Villanueva esteja segurando suas coroas sem que tenhamos o mínimo de garantia que o governo italiano não fique contra nós, e muito menos a polícia fiquem na nossa cola é um golpe muito baixo. Não acha?

- Isso é uma falta de respeito contra a igreja, senhorita! - O Monsenhor ficou bravo e extremamente irritado. - Acho que a senhorita não percebeu que estão matando pessoas inocentes? Você não tem capacidade!

- É eu sei. - Ela riu em tom macabro. - Mas não me diga que exista mafiosos inocentes. Isso insulta a minha inteligência. Mas o senhor sabe quem os mata?

- Não. E mantenho minha palavra que quero longe! Por isso peço que nos garanta segurança. Nós seremos os próximos! - Seu semblante parecia medo.

- O monsenhor está certo, senhorita! - O frei deu a sua palavra. - Eles são os monstros! O Vaticano sofrerá consequências.

- Eles? Mas não existem "eles". - Soyoung garantiu.

- Do que está falando? - O arcebispo indagou em seguida. - São os homens causadores disso!

- Oh não... os verdadeiros causadores estão muito perto. - Ela sorriu.

O silêncio firmou, a expressão abismada dos religiosos subiram e questionaram.

- Os monstros na qual os senhores tanto acusam, na verdade, sou eu. - Admitiu em tom gentil.

- Dio mio! - O arcebispo junto ao frei clamou alto.

Não parecia tanto mistério mais, Christopher sabia dos atos de Soyoung e não a impediu, ele apenas garantia que ninguém descobrisse. Então para ele ficou claro o que tanto apavorava os homens: a matança. Pois cada morte significava um talvez segredo na qual ali escondiam.

- Vocês me manda uma carta pedindo minha presença, e eu venho, me pedem... "Senhor Villanueva, nos assegure!", mas não me garantem respeito e muito menos a minha própria segurança caso virem contra a mim. - Christopher iniciou novamente.

- Temos garantia senhor! E isso ficará apenas dentro dessa sala. - O arcebispo ficou de pé e juntou as mãos pedindo.

- Acho que não entenderam. - Christopher encarou Soyoung e logo em seguida Selina rindo.

- Então nos diga! - Pareciam nervosos ao perguntarem simultaneamente.

- A palavra não é apenas minha, e sim dela. - Apontou em direção de Soyoung. - O que acha, Sophie?

- O que eu acho? - Soyoung fingiu ficar pensativa e logo retrucou. - Monsenhor, dou minha resposta. E o que eu tenho a dizer é: nada.

Christopher ficou de pé, arrumou o terno, ele sabia da resposta de Soyoung por duvidarem dela, e se tem uma coisa que ele não tem dúvida é da capacidade e inteligência dela. A mulher é uma caixa de segredos e armadilhas inteligentes, assim ele pensa.

- Ma come? - Exigiu choramingando. - Non puoi!

- Podemos sim. - Ele concordou. E suspirou. - Mas pensando bem...

O mafioso levou a mão para dentro do seu terno e os homens se surpreenderam com o que viram o Villanueva pegar. Soyoung o encarou imediatamente; Christopher sorriu ladino. O rapaz elevou sua arma em direção à têmpora da esposa puxando o gatilho e logo apontou em direção à Soyoung.

Ele fez questão de esperar, mas quando nenhum suspiro foi dado; em passos tranquilos ele percorreu, mas antes, a arma foi exposta em cima da mesa. Encarou os religiosos pela última vez, e ainda sim, não deixou de sorrir.

- Essa será a última vez senhores. - Um passo para trás foi dado. - Talvez chegue um dia que irão voltar a me pedir um favor como este, mas eu espero que nunca chegue, caso contrário, serão recebidos por aquele objeto ali em cima da mesa.

O silêncio daquela sala estava virando tortura, a despedida desagradável não ocorreu, apenas saíram dali virando as costas para cada um. A porta fechou-se com força, o barulho alto da madeira ecoou os corredores daquela catedral, só restava o barulho dos sapatos batendo contra aquele mármore cinza. O lugar lá fora estava nevando mais do que antes, os carros aguardavam mesmo estando prestes a atolar na neve, Selina adentrou o segundo veículo trêmula por conta do frio, apenas ela iria sozinha. O terceiro carro estava estacionado a frente, Soyoung apressou os passos e também adentrou-o sem mais delongas, porém ouviu o outro lado da porta destravar, Christopher invadiu o espaço. Seus fios estavam cobertos de flocos de neve, balançou um pouco até sair, e por fim seus olhos focaram em Soyoung.

- Agradeço por vir. - Disse ele logo após se acomodar e dar sinal para que poderiam dar partida.

- Sei. - Ela respondeu. Mas sem olhá-lo. - Você deveria falar isso para Selina, não para mim, não aja como se fossemos. Ela é a sua esposa.

- Em alguns dias isso acaba. - Christopher relatou. - Já sabe o que vai fazer quando for embora?

- Voltarei para Chicago, direi a justiça que não existe nada a ser delatado contra você, e provavelmente continuarei sendo uma agente. - Soyoung parecia planejar isso, porém não esboçou nenhuma expressão. - É isso!

- Sente falta? - Ele a questionou. Por mais que tenha sido rápida, ela repensou e assentiu firme. - Como vai fazer isso? Há inúmeras provas contra mim e a minha família.

- Na época eu tinha 10 anos, eu perguntei ao meu pai por que a polícia parecia ser tão corrupta. Então ele me disse algo que sempre ouviu : "Quem quer ser policial tem inúmeras escolhas, mas apenas duas delas são seguidas, ou se torna corrupto, ou entra na linha." - Soyoung contava enquanto encarava a vidraça da janela.

Quando Soyoung decidiu seguir carreira militar, ela só tinha pouca idade, uns 12 anos. A verdade é que nessa idade, não temos a noção do futuro, e muito menos preocupação com o que nos espera quando nos tornamos adultos em busca da carreira profissional. Porém, a jovem menina assistia seus pais e tios resolvendo casos no escritório da casa até de madrugada, sua decisão durante a adolescência foi abraçada por sua família. Mas eles temiam por ela.

- Então, não se preocupe com o que vai acontecer. Se você for preso um dia, eu não estarei lá.

(...)

23 de dezembro, 17:38 PM

A voz falava como um papagaio, andava de um lado para o outro, com feição desagradável. Selina queria desabafar, mas não estava dando certo, Christopher não prestava atenção. Apenas olhava para a imensidão de terreno Villanueva deixado pelo seu pai coberto de neve. Enquanto isso, a garota continuava falando, ela não tinha "amigas", e as que tinha eram por interesse. Acabou que o falatório de Selina começou a zangar Chris pelo falatório, e ao mandá-la ficar calada, o mesmo acabou citando o nome de Soyoung.

- Me chamou do quê? - Ela parou, querendo ouvir novamente.

- Nada. Apenas não fale. - Disse, sem se importar pelo ocorrido.

- "Não fale?" Você simplesmente me chama pelo nome de outra e quer que eu fique calada? - Selina incrédula riu sem graça. - Tudo bem.

A garota se conformou, acreditando em seus pensamentos, o correto a se seguir.

- Eu não vou retrucar, vou aceitar isso. - Ela logo ficou quieta e sentou-se à sua frente. - E o que te aflita?

Em algum momento, Christopher aprendera a resistir e enfrentar o desafio de desabafar. Porém, magicamente isso foi desaparecendo rapidamente, digo, não havia fatos de que o próprio Villanueva havia deixado de resistir, mas naquele momento ele optou por "desabafar", mas a porta de carvalho daquele escritório dera três batidas.

A porta abriu-se sem que a ordem de abrir fosse concedida. E a figura apareceu segurando alguns papéis.

- Ah, desculpa. Eu achei que você estava sozinho. - Soyoung estava prestes a fechar a porta saindo, ao referir-se a Christopher logo em seguida.

Mas o rapaz a impediu com um gesto de mão e a mesma adentrou ligeira. Ela aproximou-se da mesa e depositou os papéis em cima. Soyoung suspirou pesadamente dando uma pausa dramática antes de começar a falar.

- Aqui é o relatório de tudo que eu captei durante o tempo em que estive aqui. - Ela declarou. Christopher ficou de pé e tentou tocar nos papéis, mas Soyoung puxou levemente. - Isso não é para você, isso aqui é.

Entre os papéis, ela puxou uma pasta transparente, e o entregou.

- Por mais que esteja literalmente casado, você não tinha recebido o título do seu falecido pai. Mas eu sim. - Disse ela, sem tirar os olhos do Villanueva. - Aqui são os papéis, eu abandono o título de capo e você será a partir do dia 1 de janeiro.

- Eu acho que não estou captando o que está acontecendo. - Christopher declarou rindo anasalado.

- Qual é, esqueceu que eu vou embora? - Ela o questionou com cenho franzido. Após alguns segundos de silêncio, ela resolveu se pronunciar. - Não posso ficar parada enquanto o caos acontece.

- Não acho que esteja acontecendo tanto caos, não é para tanto. - Selina alegou logo em seguida sentou-se na cadeira.

- Não é para tanto?! - Soyoung exclamou incrédula com o que Selina acabara de dizer. - Alejandro foi carbonizado, Hyunjin foi encontrado morto, Hwang Bomi também assassinada e Violet foi encontrada morta dentro desta casa, e você diz que não é para tanto? Me poupe disso!

- O que eu estou querendo dizer é que não ocorreu nada desde então! Nenhuma morte aconteceu... - A mais nova se redimiu e sua voz ficou baixa.

O cômodo ficou em silêncio por segundos, a respiração de cansaço de Soyoung ecoou, suas mãos descansaram na mesa junto aos papéis. Baixou o rosto e balançou negando veementemente. Porém, seu punho fechou, respirou fundo e ficou erguida trazendo a forma de "estou" bem.

- Bom, é melhor esse assunto sobre a minha ida acabar aqui. Sem mais palavras sobre isso. - Proferiu. - Aliás Christopher, sua irmãzinha querida encapetada está aqui.

- Como é?!

(...)

A noite se iniciou com uma nevasca que dificultava a locomoção dos moradores próximos do terreno até a cidade. A chegada de Hannah na casa causou um caos, pois a mesma não estava sozinha, a garota que antes tinham mechas rebeldes, seu cabelo agora estava castanho. O jantar foi servido, Christopher estava mais sério do que nunca, ao seu lado direito Soyoung e esquerdo, Selina. Mas a presença da irmã era um misto de desconfiança e felicidade.

- Hannah... onde você pegou esse bebê? - Ele indagou, não comia absolutamente nada, apenas encarava a irmã e bebê pequeno que a mesma segurava enquanto tentava jantar.

- Chris, eu obtive tempo o suficiente para ter uma criança. - Respondeu ela.

- Essa criança não é sua. - Ele proferiu, logo bebericou um pouco do vinho servido. - E vou perguntar pela última vez..., onde caralhos pegou essa criança?!

Christopher não elevou o seu tom de voz, mas pelo seu tom arrogante, quase deu início a uma possível gritaria.

- Ei!Pega leve. - Soyoung chamou sua atenção. - Então Hannah, o que te trouxe aqui junto com um bebê?

- Vocês me chamaram. - Ela disse simplista dando de ombros.

- Espera, desde quando chamamos você? - Por esquisito que seja, Christopher e Soyoung disseram em uníssono. Logo em seguida se olharam rapidamente antes de proferirem.

O silêncio iniciou, o clima esquisito tomou conta, porém Selina com sua feição franzida e cabeça tombada de lado, suspirou.

- É esquisito. - Mais uma vez suspirou. - Hannah, não nos conhecemos ainda, mas, eu não lembro de ninguém desta casa ter enviado ou ligado para você. Christopher disse que você havia desaparecido do mapa como sempre faz.

- Pessoal, eu não estou louca! Me enviaram a carta, me disseram que sabiam onde eu estava, logo depois, Christopher me ligou desesperado! - Hannah ficou de pé, ainda com a criança no colo, sua voz estava trêmula o bastante para entender que a mesma pela primeira vez estava com medo. - Eu ouvi a sua voz, Christopher. Me contou que precisava da minha ajuda, pois a Soyoung tinha matado o seu pai.

- Repete? - Incrédula, a Park pediu. - Não... não..., que papo é esse? Você vem até aqui, trás um bebê, e ainda fala sobre uma maldita carta e uma porra de uma ligação?! E que eu matei o senhor Alejandro?

Soyoung respirou pesadamente e ficou de pé, próximo a sua mão estava uma faca de mesa, ela se segurou para não pegar aquele objeto e perfurar a garganta da mais nova.

- Soyoung, afasta a mão da faca. - Christopher em alerta pediu calmamente. - Você não matou o meu pai, sabe disse. Fique calma.

Logo repentinamente, Christopher saiu da cadeira e foi em direção a ela, segurou o seus ombros balançando de leve. Sentiu a pele dela ficar fervente, parecia que a mente da mulher havia ficado um turbilhão de coisas. Sua mão direita passou em suas costas em gesto de calmaria, na tentativa de fazê-la ficar menos explosiva.

- Ei... isso não aconteceu. - Ele proferiu em sussurro. - Hannah, eu espero que isso não se repita. Se ousar a proferir esse tipo de sentença contra a Soyoung, saiba que a próxima a ter um lugar numa vala será você. E não apenas ela, como qualquer pessoa desta casa.

- Irmão, se não foi você que ligou pra mim para acusar esse tipo de coisa, quem seria? - Ela o questionou. - Mas em relação ao bebê, isso é complicado...

A expressão de sem graça da mais nova deu a exposição, ela se afastou e mostrou a criança para cada um, entretanto, Soyoung respirou pesadamente e desviou o olhar.

- Tire essa coisa de perto de mim. - Proferiu entredentes. - Se é tão complicado, por que não deixou para trás?

- Eu não podia! - Hannah aumentou o seu tom de voz, assustando o bebê que logo abriu o berreiro. - O Mendonza me contratou para levar a neta, arrancá-la da mãe, porém eu teria que trazer uma morta. E foi isso que eu fiz, estou forjando a morte da coitada.

- Quem é esse Mendonza? - Christopher indagou.

- Chefe do tráfico local do norte da Colômbia. - Disse Soyoung, ela negou veementemente, encarou os olhos amendoados daquele bebê e suspirou. - Isso não é da minha conta, mas eu espero que mantenha essa criança longe da Colômbia e principalmente de mim, por que não vou sentir pena.

Soyoung saiu daquele âmbito rodeado de malucos, subiu as escadas pisando fundo, seus pés estavam descalços e sentia o gélido da escada. Foi de encontro ao seu quarto, as janelas da varanda estavam entreabertas e luzes estavam apagadas, algumas acesas. Soyoung ficou pensativa, sentou-se no chão, próximo a cama ficando de frente à varanda, e o suspiro, mas desta vez baixo, cessou.

O questionamento da garota, era a motivação da vinda repentina de Hannah, a mesma que proferia aos quatro ventos que não desejava estar aqui. Sua mente batucava como pequenos tambores, não havia razão de pensar a motivação, Soyoung ficou tão pensativa que os seus olhos fechavam vagarosamente de sono. Ficou de pé, logo fazendo a troca de suas roupas, usando uma mais confortável e curta por conta do suposto calor que a garota sentia, mesmo que lá fora estivesse ocorrendo neve e o clima gelado. Deitou-se na cama, sentiu o cansaço lhe tomar e seu rosto aprofundar entre as cobertas.



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