CAPÍTULO XXVI
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Sentada na cadeira do escritório já tomando posse, Soyoung encarava pelo lado de fora com a porta um pouco aberta, e mais uma vez ironizou ao ver Selina com o vestido branco. A garota usava o vestido de noiva mais brega que Soyoung já vira em toda sua vida, aqueles babados esvoaçantes na enorme saia parecia ridículo, não fazia sentido e então ela riu. Ouviu a gritaria pelo corredor, pareciam animadas com o tal evento, Soyoung não estava afim do que iria acontecer. Mas se sentia tão irritada com aquelas palavras de Christopher, que ao invés de não se submeter a algo do tipo, ele apenas aceitou o que iria acontecer.
A cadeira girou vagarosamente em direção a vidraçaria, seu olhar parecia sem sentido, logo ouvira batidas leves na porta. Ela virou-se em direção e a figura ruiva a recebeu com um sorriso fraco.
- Desde quando ficou tão íntima da família Villanueva? - A garota a questionou brincalhona.
- Desde que a chefe foi embora. - Ela respondeu e continuou a se aproximar. - Não vai à cerimônia?
- Seria ridículo. - Ela gargalhou. Soyoung suspirou pesadamente, balançou o rosto e encarou a ruiva de cima a baixo. - Você está incrível.
A mais velha elogiou sincera, sorriu fraco e padeceu o clima estranho entre ambas naquele cômodo, a ruiva ultrapassou uma pequena mecha solta por trás de sua orelha ficando desconcertada.
- Bem, obrigada. - Agradeceu o elogio. - Então... o senhor Villanueva deseja os documentos do casamento.
- Fique à vontade. - Sem ânimo, ela levantou-se da cadeira e deu o afastamento para que a ruiva procurasse nas gavetas da mesa.
Soyoung voltou a encarar a vista debaixo, seus olhos percorreram por todo jardim da casa até encontrar a figura flamejante de Don Di Salvatori. Ele mantinha uma postura séria enquanto encarava Christopher, seu olhar seguiu até onde Soyoung estava e o espanto encolhido lhe ocorreu. Como um fantasma esvaindo devagar, Soyoung se afastou da janela, logo percebeu que Violet havia ido. De alguma forma, Di Salvatori conhecia a Park de algum lugar.
(...)
Soyoung
A cerimônia não havia começado tão cedo, Christopher parecia estar pressionado com a situação, mas algo lhe surpreendeu assim que dei as caras na cerimônia. Me sentei nas penúltimas cadeiras onde ninguém poderia me ver, mas a presença de Don Di Salvatori aproximou-se lentamente. Ele me cumprimentou com um sorriso grotesco e apavorado, entretanto, eu não tinha ideia do motivo de sua feição.
- Buon pomeriggio, signorina!
- Buon pomeriggio. O senhor deve ser Don Di Salvatori, estou certa? - Estendi a mão o cumprimentando.
- Assolutamente! Mas quem é a senhorita mesmo?
- Sou Sophie Park, a ex-consigliere e atual líder da família Villanueva. - Não sorri, mas algo estava acontecendo e eu precisava saber. - Sou eu quem decido o que cada um fará, não é mesmo? Aliás, senhor Salvatori, não acha que esse casamento foi precipitado demais?
- Do que está falando? - O velho sentou-se ao meu lado curioso.
- Casar dois patetas por desespero, é isso. - Ditei sarcástica. - O que ofereceu para o Christopher?
- Ofereci o que a própria famiglia nunca iria oferecer. - Seu tom de voz confiante, disse. - A liderança.
O meu momento de: "Eu estou louca pra caralho." fora ele dizer aquilo. Christopher havia mentido para mim. Fiquei fora de mim, apenas suspirei e balancei a cabeça concordando, eu apenas me virei assim que o Salvatori saiu de fininho como se tivesse acabado de destruir algo.
A cerimônia começou sem eu perceber, haviam se passado bastante minutos que eu não imaginaria o quanto se passou, entrei em pane e fiquei paralisada. Meu rosto levantou-se e pude encarar ao redor o que acontecia, estava tão rápido, meu peito doía... apenas isso. Ouvi palavras e mais palavras e por fim os votos ao seguir da bendita aliança.
Fiquei de pé, alguns olhares contorcidos foram em minha direção, mas eu só queria sair daquele lugar.
- Aonde vai à senhorita Park? - Um soldati me questionou confuso.
- Preciso realizar uma ligação. - Menti.
Passei pela vidraçaria de correr, avistei empregados na correria com bandejas em mãos passarem por mim, eu não fazia ideia do que eu iria fazer depois. Minha mente estava vaga e não havia pensamentos ou planos, apenas senti a sensação de medo me apertar e sufocar-me, eu não tinha mais nada o que fazer. O que eu iria fazer naquela casa agora?
Não bastasse a bela mentira que Christopher havia construído, eu simplesmente me dei conta que não vi Hyunjin desde o momento que cheguei, eu havia esquecido de sua existência por um momento e agora essa tormenta me fez lembrar.
Meu corpo ligeiramente foi em direção a todos os cômodos e não havia sinal do garoto, ao andar pelos corredores, esbarrei com a governanta, a perguntei brevemente e ela simplesmente deu de ombros e disse que não o viu já faz três semanas.
Algo já estava errado, praticamente tudo, o âmbito da família Villanueva se tornou um caos desproporcional com peças que não se encaixavam. Então o telefone do escritório ecoou alto, com passos rápidos, abri a porta movendo o meu corpo em direção ao objeto, ao atender ouvi vozes ao telefone.
- Buon pomeriggio, alguém da famiglia Villanueva? - Indagou com a voz arrastada.
- Sophie.
- Receio que Hyunjin Hwang Villanueva tenha sido... assassinado. - Aquilo foi um choque, eu apenas queria saber onde se encontrava sua existência.
- Quem está falando? - Me exaltei, a porta abriu-se e o primeiro rosto apareceu com cenho franzido.
- Sou eu, Corin Effie. - Com a voz estrangulada, ele respondeu.
Corin era o informante mais confiável da família Villanueva. Ouvir uma notícia dessas se tornaria um pesadelo em segundos.
- Como... quem poderia? - Perguntei ainda sem acreditar. - Assassinado?
- A notícia ronda arredores por aqui, o corpo foi achado à meia hora. E todas as características se encaixa no senhor Villanueva.
O telefone voltou ao seu encaixe. Encarei a figura mais idiota a minha frente, seu rosto preocupado não moveu uma palavra, a espera da minha. Christopher estava ali.
- O que aconteceu? - Ele aproximou-se de mim e recuei.
- Não... - Sussurrei. - Seu irmão está morto.
Minha face doía de tanto prender o choro pesado, e quando o encarei mantendo contato visual, chorei mais ainda. Algo assim não deveria estar acontecendo, e prometi, jurei que honraria e cuidaria dessa família, mas não fiz.
Minhas pernas bambearam por um segundo e antes da minha estabilidade enfraquecer, Christopher havia percebido e me agarrou.
- Conta essa história direito, Soyoung. - Ele pediu. - Quem estava falando com você?
- Corin. Ele ligou e falou coisas de repente. A voz dele estava com dificuldade em responder... e me dera a notícia. - Contei ainda chorosa e respirei fundo antes de continuar. - Ele havia dito que ele poderia ter sido assassinado, mas aparentemente as características batem com as dele.
- Puta merda!
Em outro sentido, meu celular vibrou sob a mesa, e ao desbloquear vejo cinco mensagens em seguida do mesmo chat. As fotos. Todas eram do corpo encontrado, era Hyunjin, com sua feição desfigurada.
Joguei o celular rapidamente e encarei Christopher, meu queixo tremia, assim como as minhas mãos que estavam gélidas. Encostei o corpo e deslizei até sentar no chão, eu estava ficando apavorada, pela primeira vez, eu nunca pensei que haveria realmente alguém que estivesse prestes a acabar com a família Villanueva, um por um isso estava sendo destruído.
A raiva no olhar de Christopher fora uma das primeiras ao encarar novamente aquelas fotos. Logo o silêncio havia dado as caras, havia uma emoção esquisita, não parecia ser o luto. Estava sendo impossível raciocinar.
(...)
Duas semanas depois.
- Aonde vai? - Christopher a questionou. Soyoung olhava diretamente a frente e não o olhava.
Ela respirou profundamente antes de respondê-lo.
- Já faz semanas que estou dentro dessa casa, ignorando o fato de Hyunjin estar enterrado no jardim da casa, eu preciso espairecer. - Soyoung respondeu, sua voz parecia estar afobada com tantos assuntos lhe rodeando.
Christopher não a impediu ou até mesmo disse algo, ele assistiu à garota sair vagarosamente. Logo que a reclamação desceu ao pé do ouvido, Selina descia as escadas com sua reclamação do dia a dia, e o arrependimento bateu em sua porta.
- Chris! - A voz fina o chamava insistente.
- Aconteceu algo? - Ele a questionou seriamente. - Hein?
- O que conversavam? - Selina o perguntou assim que se aproximou. - Você e ela.
- Selina... o que há entre mim e Sophie não lhe interessa. - Ditou.
- Devo lembrar que está casado comigo e que me deve satisfações! - Ela refutou sem paciência. Mas o olhar do rapaz em direção a ela deu um passo atrás a ser dado. - Não pode dar àquela mulher o que me pertence.
- Está se referindo a casa? O dinheiro? Os carros de luxo? - Christopher perguntou. - Selina, eu gosto muito de você, mas eu realmente não sinto nada por você. Se formos apenas amigos concordaremos, mas como marido recuso, não existe isso. Apenas naqueles papéis.
- É ela, não é? - Selina pareceu entender, mesmo magoada, ela entendeu. - E por que está fazendo isso?
O Villanueva encarou ao redor tentando encontrar alguma brecha da pergunta feita pela mais nova. Seu corpo arrepiou e não conseguiu responder, apenas suspirou alto.
- Christopher... achei que realmente algo poderia ocorrer entre nós, mas você não pertence a mim, e sim a ela. - Sua voz lhe rodeou uma verdade que doía para ambos. - Não é o fim. Podemos manter isso.
Selina encarou pelas enormes janelas a silhueta da Park que caminhava à frente, então ela com atitude deixou a conversa e foi atrás da mais velha. A Salvatori tinha esperanças de que um dia casasse com alguém que a amasse de verdade e que viveria um sonho morando em uma enorme casa em Mônaco, e que essa pessoa seria Christopher Bang Villanueva, seu erro foi acreditar nisso.
Ela não percebia o quão ele ficava desconfortável quando Soyoung ficava perto e isso o irritava, mas a ficha logo caiu, e Selina percebeu que os sentimentos que deveriam ir para ela estava indo até Soyoung de forma inútil e agressiva. E a percepção ocorreu no dia do casamento, quando ele recebeu a notícia da morte do irmão junto a ela, e naquele momento, Christopher e Soyoung estavam juntos, ela sabia que o olhar que direcionava Soyoung não, era qualquer um.
Ela conhecia aquele olhar. Ele fixava seu olhar em cada movimento dela com anseio de fazer qualquer coisa na loucura.
- Senhorita Park! - Ela chamou. Soyoung parou ficando estática, seu caminhar virou-se vagarosamente, Soyoung tinha a expressão de cansaço.
Seus olhos baixos e olheiras demonstravam o quão ela estava cansada e sufocada com a situação atual.
- Aconteceu algo, Selina? - Ela indagou.
- Na verdade, eu gostaria de perguntar algo. - Assim então a garota calou-se e esperou e novamente deu a fala. - Você gosta de alguém?
Soyoung riu soprado, encarou a garota dos pés a cabeça, embora a pergunta tenha sido vergonhosa e inconveniente, ela não deixara de responder.
- Selina, se acha que estou interessada naquele brutamonte do Christopher, pode tirar o cavalinho da chuva. - Respondeu ainda sem finalizar. - Você não precisa ficar na minha cola achando que vou me interessar por ele. O que ocorre entre mim e ele, é apenas negócios e problemas na qual ele ainda sequer ousa em mexer.
- Está errada. - A garota respondeu.
- Como é? - Novamente, Soyoung ficou espantada com a resposta da garota.
- E você é muito sem sal. Nunca percebeu nada? - Selina ria. - Por mais que eu tenha casado com Christopher, eu tenho a certeza que não gosto dele, mas você sim. Só é bruta em aceitar isso.
- Vou aceitar um tapa na sua cara se continuar com esse papo furado.
Soyoung afastou-se caminhando longe dela, mas aos fundos ouvia os passos apressados da insistente da Di Salvatori.
- Selina, se continuar me infernizando, eu juro por tudo que há, eu vou te causar algo pior. - Soyoung já estava sem paciência, seu tom ameaçador fez Selina ficar estática. - Acha que estou interessada no Christopher? Quer ouvir a verdade? Vai ouvi-la então. Eu não vejo a hora de descobrir quem matou Hyunjin e ir embora de uma vez por todas, eu não suporto essa família, mas elaboro isso em memória do senhor Alejandro.
A raiva gritante, o olhar pesado e o cansaço desabafou, a Park estava tão estressada que sequer gritou. Mas seu tom de voz pesado padeceu e Selina calou-se de uma vez.
- E você, trate de ficar longe de mim, você me irrita. E logo estarei mais longe quando eu terminar o que tenho de fazer nesta família. - Respondeu então com ódio carregado. - A nova geração Villanueva é um caos, e vai aprofundar mais ainda, não importa o quão devoto o filho nepotismo seja, ele afundará.
(...)
Quatro meses depois...
00h15min.
Dificilmente os meses foram passando. E com eles a estranheza que se formou após a descoberta de que o desaparecimento de Hyunjin foi logo em seguida uma morte. Christopher sequer mantinha palavras com Soyoung. Havia então no entorno de várias coisas ali que não se desenvolviam. Soyoung então pediu ajuda ao irmão, naquele momento, não poderia confiar nos pais.
Já passava da meia-noite, todos da casa dormiam, a guarda lá fora fazia proteção, alguns trocavam de turno, mas não deixavam de observar até o minúsculo detalhe. O corredor entre cômodos tinha algumas luzes acesas mais apropriadas para o ambiente. Então um barulho não muito alto, mas para Soyoung fora alto o suficiente para alertá-la e manter a própria desperta.
A própria surgiu com a sua pistola retirada debaixo do travesseiro e a postura se fez ao abrir a porta. Vagarosamente seguiu até onde ouvia o barulho, o escritório, a luz acesa fez ela estranhar, portanto, poderia compreender que ali poderia estar Christopher. Então rapidamente ela abriu a porta e avistou a figura ali sentada na cadeira vasculhando a mesa do escritório.
- Eu te acordei? - Ele questionou manso. - Por que está armada?
- Mas que porra, Christopher! - Em sussurro, ela xingou. - Achei que alguém havia entrado na casa, por mais que haja os soldati por todo canto das terras Villanueva, eu fico em alerta.
- Mi dispiace. - Em italiano ele proferiu pedindo desculpas. - Não foi minha intenção deixar você em alerta. E muito menos acordar você.
- Christopher, vai dormir. Não há nada nesse escritório que faça você descobrir sobre o que ocorreu com o seu irmão.
- É impossível, Sophie. - Mesmo com a voz mansa, ela sabia que Christopher pouco tempo atrás a voz estava arrastada. - Eu não sei o que faço, tudo está decaindo por cima de mim.
- Até mesmo a CH³?
- Deixei-a de lado, depois que esse suposto Villorune apareceu, isso ficou um caos. - Explicou. - Se o velho estivesse aqui, resolveria.
A saliva quase não desceu pela garganta da garota, por um momento ela achou que tivesse superado a morte de Alejandro, então aquele momento de clima estranha havia formado uma nuvem.
- É melhor você ir deitar. - Soyoung reparou que o mesmo estava prestes a colocar mais uma gota de álcool naquele copo e o impediu retirando de perto dele. - Já chega de beber por hoje.
Ele riu. Ficou de pé e a encarou.
- O que está fazendo?
- Impedindo que você fique bêbado como das outras vezes.
- Isso não. - Assegurou em resposta. - Por que escondeu estar investigando a morte do meu irmão?
Soyoung paralisou, seu corpo gelou por frações mínimas, e então suspirou tomando coragem, mas a sua vez de fala foi impedida.
- Eu não preciso que faça isso. - Ditou. Parecia estar bravo. - Essa família está queimando e por mais que você tente reerguer, não está funcionando, não mais.
Christopher travou o maxilar, estando indiferente, sua garganta doía e a vontade de explodir em palavras era o que ele mais precisava. Suas mãos seguraram o rosto da garota, ela sentiu tremores vindo dele, estranhando ela segurou firme.
- Agente Park... - Sussurrou. - Sophie... Soyoung.
Por segundos ela fitou seus olhos, mas Soyoung ficou atenta e afastou-se ainda sentindo uma das mãos de Christopher segurar a dela.
- Ouviu? - Ela o trouxe para perto da porta. - La donna è mobile. Está tocando.
- Vem do salão? - Ele indagou. E assim viu ela assentir.
A porta abriu vagarosamente, Soyoung se desprendeu e ousou a segurar de volta a sua arma que havia deixado na mesa. Ambos desceram as escadas com precaução, andaram até chegar o corredor, atravessaram o outro lado, até chegar o corredor quatro. Avistaram as luminárias desligadas, mas o som de dentro tocavam músicas de Giuseppe Verdi, sendo uma delas repetindo: La donna è mobile.
As portas de vidro embaçado abriu-se e o espanto maior e um estampido do grito agudo de Soyoung fora alto. A música ficou alta e lá sua frente em forma de escultura grega, Violet Perrone estava com pescoço em uma corda, suas mãos amarradas enquanto um buquê estava amarrado em suas mãos.
Giuseppe Verdi cantava e sua melodia tocava enquanto o horror daquela noite havia montado. Mais uma morte na residência dos Villanueva.
Violet sangrava pelos olhos, dedos, pés e ouvidos. A boca aparentemente estava tão fechada que foi feito um sorriso com agulhas e linhas puxando para trás. O cabelo penteado combinava com a pureza do vestido branco e o sangue que escorria no mármore branco do chão. O corpo estava numa pose extremamente macabra, a mão grudada abaixo do pescoço e pés roxos e quebrados, ficando de ponta de pé como uma bailarina. Logo em seguida a faixa de Giuseppe Verdi mudou para a música La Traviata, Act I: Libiamo ne'lieti calico.
O sangue escorria tanto que chegou aos pés dos que abriram a porta. No ato rápido, Christopher mexeu Soyoung, a garota estava tão espantada que não se mexia. Ela continuava olhando para aquela cena, enquanto a faixa mudava, o Villanueva virou o rosto dela repetindo várias vezes para ela não olhar.
- O que aconteceu? - Selina estava sonolenta e mesmo assim preocupada com a situação. - Sangue... Christopher?! Dio mio!
O espanto da mais nova ocorreu quando seus olhos percorreram a cena trágica. Ninguém sabia o que poderia ter acontecido, mas suicídio não seria a primeira opção. Com pouco segundos, Soyoung travou o maxilar, sufocando mais uma exasperação, ela não se importou e ficou de joelhos sentindo aquele fluido escorrer do chão. Suas mãos acabaram espatifar o sangue angustiantemente e repetiu duas vezes.
- Está tudo bem... - Assegurou. Soyoung demonstrou um olhar frio, suas mãos trêmulas limparam o sangue na roupa e rosto, sem deixar de olhar o corpo morto à sua frente e logo soltou um ar gritante, como se houvesse algo prendendo sua respiração.
- O que vai fazer, Christopher? - Selina indagou.
- Não falaremos com a polícia, isso seria burrice, teremos que tratar isso em total sigilo sem que a mídia e a polícia saiba. - Suspirou pesadamente, dizendo. - Enquanto isso, irei relatar a família da senhorita Perrone sobre o ocorrido.
- Tudo bem, faça isso. Eu irei levar a Soyoung para o quarto. - Selina tentou trazer Soyoung para outro cômodo, mas a garota estava estática. - Soyoung... vamos.
Seu rosto fez um movimento devagar e encarou Selina, não era uma simples encarada na qual você analisava o rosto, ela o olhava no fundo dos seus olhos. Havia uma completa bagunça. Ela mostrou um riso fraco que levantou apenas o lado direito dos seus lábios. Logo Christopher espiou sua feição de forma minimalista, avistou ela caminhar em direção a porta mas viu que a mesma não entrou.
O barulho da música continuava ecoando, juntamente com o vidro da porta que parecia ranger, Soyoung virou-se em direção a ele, seus olhos estavam opacos e praticamente com pupilas dilatadas que davam para ver com a pouca iluminação. E as lágrimas estavam molhadas em seu rosto.
- O que vai fazer? - Soyoung sussurrou, questionando. - Violet foi assassinada brutalmente dentro da nossa casa e é assim que ficamos?
- Soyoung, não podemos fazer nada! Precisamos entregar o corpo para a família Perrone, e o mínimo é garantir um enterro digno a ela. - Christopher constatou vendo a raiva de Soyoung aparecer aos poucos. - Não temos aliança com absolutamente ninguém. Estamos sozinhos nessa.
- Eu queria entender o que causou a queda desta família. Christopher, não precisamos de ninguém! Somos eu e você nessa. - As mãos da garota passavam entre os cabelos e rosto desesperados. - Quando se constrói um império como este, é apenas você e a sua confiança. Eu sou a sua confiança!
- E a responsabilidade é minha!
- Então a sua responsabilidade é uma merda, Christopher! - A garota esbravejou sentindo suas pálpebras tremerem de ódio. - Mas eu vou aproveitar muito bem a sua responsabilidade, até porque o comando não é apenas seu, ele é meu também.
(...)
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