CAPÍTULO XXIX
†
Monte Carlo, Mônaco.
Cinco aviões cruzam o céu sobre as cabeças de qualquer um que estivesse ali, com manobras arriscadas, deixando um rastro de fumaça com a cor da bandeira de Mônaco, branco e vermelho. O FBI já havia se infiltrado no país já fazia uma semana, monitorando cada passo que Akseli Galanis dava, no entanto, o foco para encontrá-lo em vinte equipes diferentes de Fórmula 1 era uma determinação.
Durante os últimos dias, Soyoung havia estudado bastante para lidar com qualquer situação que poderia ocorrer em Mônaco, caso Akseli fosse fugir. A mulher buscou e estudou todas as formas de saídas possível na qual o homem pudesse fugir, sendo assim, foram colocados bloqueadores, rastreadores, agentes e policiais disfarçados nessas áreas. Em meio às noites mal dormidas, a Park acabou descobrindo que o mesmo tinha uma empresa de fachada diferente de qualquer uma, porém, a lista de pessoas do ramo empresarial e artístico estavam envolvidos nos crimes de Akseli Galanis.
- Conseguiu encontrar um ponto fácil? - A voz se aproximou sem cautela.
- O que eu falei sobre chegar assim, hein?! Caramba, Félix. - Ela disse com os seus dentes cerrados e sem olhar para ele. - Assim que pegarmos o Akseli, temos que interrogar todas as equipes.
- Isso vai demorar... - Ele murmurou. Deu uma pequena girada e suspirou. - Ei, olha aquele pequeno tumulto.
O rapaz apontou em direção ao um paddock¹, observou e percebeu vários seguranças adentrando o local. Soyoung estreitou os olhos e os espantou logo de vez.
- Puta merda... É o Akseli! Não podemos espantá-lo. Estamos disfarçados e precisamos fingir que somos telespectadores do esporte. - Soyoung alertou e caminhou em direção ao local.
Ela olhou ao redor junto ao amigo e suspirou, seus pés ficaram de ponta e ela localizou o homem, ele apertava as mãos em cumprimento de outros que estavam ali.
- Precisamos atrair ele para outro lado e sem que essas câmeras estejam ao nosso redor. - Félix a informou e com olhares atentos, porém, disfarçava a todo segundo. - A área vip é para onde ele vai. Aqui é muita exposição.
- Eu sei. Precisamos andar e fingir vagar por aí. - Ela disse. Seu olhar virou a frente e seguiu os homens.
Soyoung esperou até certo momento em que o Galanis fosse em direção a área vip. Ela localizou o comunicador no ouvido e deu o alerta, a arma em sua bolsa estava preparada e com munição, alguns dos agentes disfarçados se moveram em direção onde Soyoung localizou o Akseli. Félix seguiu a frente e sentou-se próximo ao alvo dando uma mini fingida em direção a quem estava ali e puxando assunto com pessoas que estavam ali. Soyoung revirou os olhos e seguiu em frente, o barulho do salto se misturava com os barulhos das ferramentas dos mecânicos que estavam ali, a Park encarou a pequena escada e logo viu alguém indo em sua direção se oferecendo com a mão em forma de gentileza para que Soyoung subisse.
Seu rosto se elevou e a mulher percebeu que se tratava de um dos seguranças que Akseli estava. Ela sorriu e agradeceu. Ela queria normalizar sua entrada e sem chamar atenção de algumas pessoas que estavam ali, mas foi impossível, ela xingou mentalmente a boa genética de sua mãe e suspirou. Soyoung não se deu ao trabalho de sentar em uma das cadeiras e admirou um pouco o topo e observou ao redor, seu olhar detalhou cada movimentação que tinha ali. Era uma verdadeira correria antes da largada.
A mulher de alguma forma ficou pensativa, olhou de relance para trás e viu a cadeira vazia ao lado de Akseli, seus passos diminuíram e foram em direção a cadeira e sentando em seguida. Ela olhou para o homem e sorriu, o mesmo contribuiu e levantou a bebida.
"O irmão de Akseli está no local." Félix fez a confirmação pelo comunicador.
As pessoas que estavam ali conversavam, alguns falavam alto, outros nem tanto. Faltava meia hora para a corrida dar largada. Soyoung sabia que Akseli iria de encontro do irmão e logo se antecipou ficando de pé, ela seguiu por uma entrada de vidro e entrou no local, havia poucas pessoas ali dentro, a maioria estavam lá fora ansiosos com a largada. A mente de Soyoung entra em alerta como um sensor. A cada corredor que ela passava tinha monitores que transmitiam a corrida que havia dado início, lembrando das últimas vezes que Alejandro Villanueva a levava nessas corridas para fazer negócios.
- "Tem algo que não me contou?" - A voz de Félix ecoou em meu ouvido.
- O que quer saber, Félix? - Soyoung revira os olhos ao ouvi-lo.
Os olhos dela encontram o vazio de algumas salas. E ela suspirou.
- Aliás, o Galanis já saiu da sua vista? - Ela perguntou e de imediato ouviu ele assentir. - Ótimo, quero me certificar se ele irá onde os outros estão.
A armadilha havia sido para todos que viriam ao encontro de Akseli Galanis e seu irmão. Soyoung então ficou fora de vista ao se esconder, ouviu a voz do homem e ele conversava com alguém, a mulher logo percebeu que se tratava do irmão do próprio. Ao ouvir a porta abrir-se e as vozes daquela sala, preparou o que ela havia escondido há algum tempo. Engatilhou a arma, mas antes a "pluma" foi colocada no pente da sua pistola, ela suspirou ao colocar o silenciador. Ela não iria matar ninguém ali, apenas tinha uma surpresa para cada um, havia no máximo oito homens naquela sala para "negociar" e assim, Akseli Galanis iria dar o golpe milionário em cada um.
A porta foi aberta com extrema raiva e rapidez, Soyoung apontava sua arma aos homens deixando os mais importantes acordados, entretanto, seu olhar foi ao canto e pareceu se desprender de milésimos segundos da sua ação. Soyoung estava tão cega que ao trancar a porta, quebrou a maçaneta deixando todos presos.
- Seu filho da puta! - Ela gritou na sala quebrando alguns pertences. - Eu avisei que ficasse longe de qualquer coisa que colocasse você na cadeia!
Soyoung gritava aos quatro cantos enquanto encarava a figura que olhava para ela em espanto.
- Eu sei! Mi dispiace, mia cara.
- Eu quero que você sente na porra dessa cadeira antes que fique igual a todos. E você, Akseli Galanis, você tá fodido. - Soyoung deu o aviso e encarou o homem com sangue fervendo em seu corpo pela raiva. Porém o homem ficou de pé. - Sente a porra dessa bunda na maldita cadeira antes que eu troque a minha munição por bala de verdade e atire na sua cabeça.
- Você não faria isso. - Em acusação o homem virou para ela e retrucou.
- Não duvide dela, Akseli. Essa mulher é um perigo. - Christopher avisou sem olhá-la. - Quantos você pretende matar hoje, Viúva?
Christopher questiona, logo Soyoung dá um riso anasalado, com saltos pesados, ela caminha em direção a ele com uma expressão de fascínio doentio.
- Eu? A minha conta jorra sangue, não lembra? Você mesmo disse isso a mim algum tempo atrás. - Soyoung sorria ladino como se tivesse contando uma piada. - Não percebeu ainda? Já consigo imaginá-lo morto, querido. É tão satisfatório. E a morte de todos que estão aqui será linda. Todos morrerão juntos e serão felizes no inferno.
- Você é louca. - Akseli rosna ao ouvir Soyoung dizer aquelas palavras.
- Louco é esse cara se declarar para mim. - Soyoung apontou em direção a Christopher enquanto se afastava e trocava as munições por balas. - Acho que foi algo inesperado para mim. "Eu te amo", não foi isso?
Ela deu uma gargalhada alta ao dizer aquilo, por mais que nenhum deles estivessem amarrados, Christopher sabia que Soyoung ficava possessa e perigosa ao extremo com uma arma em mãos, mas aquelas palavras que saíam da boca de Soyoung doeu seu peito como um punhal cravado em seu coração.
- Claro que é amor, Soyoung! - Desacreditado, ele retruca.
- Mas eu não. Aliás, eu esqueci de contar a todos, é uma pena que a maioria estejam desacordados com uma coisinha que o seu cartel fez para mim, Christopher. Entretanto, não sou eu que irei falar isso. - Soyoung deu um sorriso simplista e sentou-se na cadeira e conectando ao seu comunicador. - Félix, manda a equipe vir. Estão todos na mesma sala, e por favor, peça para arrombarem a porta. Tive que manter todos presos.
Christopher e Akseli se encaravam, porém, o Villanueva não acreditava que havia caído numa armadilha da própria Soyoung. A mesma que ajudou sua família, a que viu sofrer e se desesperar por inúmeras vezes em sua frente, mas, aparentemente nada era flores para ele. Ele tentava assimilar todas as palavras antes que os agentes entrassem por aquela porta e prendesse todos. Tudo estava tão confuso em sua cabeça. Christopher havia caído nos encantos da Viúva Negra, porém, ele sequer acreditava das coisas que muitos que passavam pelas mãos da mulher contavam. Era inacreditável. Christopher realmente deixou seus sentimentos presos em uma mulher cruel, que não tinha palavras sequer para descrevê-la.
Assim que o estrondo do lado de fora foi ouvido, a porta foi aberta, alguns agentes adentraram e ficaram perplexos pelo o que aconteceu. Soyoung havia deixado cinco homens desacordados com perfurações da sua pluma misteriosa. Assim que um dos agentes se aproximou de Christopher, ela o impediu.
- Agente Kal, esse homem está comigo. - Sua voz mansa ditou para o homem fardado. Os olhos de Christopher brilharam por segundos.
- Sim, senhorita Park. - O homem assentiu e retirou o que tinha de homens desacordados ao redor.
Christopher ficou de pé e observou a sala ficar vazia, logo puxou Soyoung pelo braço, sua expressão confusa parecia que estava prestes a pirar com a mulher daquele jeito.
- Você é louca! Uma completa sádica!
Soyoung fechou os olhos e suspirou pesadamente e lentamente os abriu antes de responder Christopher.
- O que queria que eu fizesse? Eu não sabia que você estava aqui. - Ela complementou desacreditada. - Christopher, eu avisei a você que não ficasse perambulando por aí como se não fosse alvo de alguém! E onde está a Selina?
- O pai dela anulou o casamento depois do ocorrido. - Ele contou e encostou-se na suntuosa mesa de vidro. - O que você disse é verdade?
- Eu não tenho tempo para isso. - Soyoung sussurra. - Christopher, eu não tenho nenhum sentimento por você e ninguém mais. Eu sou uma mulher vazia.
Seu rosto estava sereno, antes da raiva que estava, lágrimas inundavam os olhos de Soyoung, mas nenhuma tinha a enorme coragem de descer. Sua mão direita se ergue e passa a mão pelo rosto do Villanueva, os olhos tempestuosos de Soyoung o encaravam.
- Por quê?
Soyoung sabia que suas próximas palavras seriam piores que um simples corte. Então foi cautelosa ao querer encerrar aquela conversa.
- Porque sequer amo você. Eu estou presa a lembranças ruins. Porque eu sei que nada disso seria real e bom para nós dois, você criou uma abominação na sua cabeça ao dizer isso para mim. - Ainda assim, ela não tinha terminado de soltar suas palavras, então suspirou pela milésima vez. - Você sabe que um dia, talvez, encontre alguém melhor. Eu não sou essa pessoa. Mas há tantas coisas para te dizer, que nenhuma delas envolve sentimentos, espero que entenda.
- Então, quer dizer que naquela noite foi apenas algo repentino? - Ele a questiona e Soyoung assente. - Pela primeira vez, ouvir algo assim me corrói por dentro.
Ela entende e enxerga isso nos olhos dele que escureceram por algo que foi cortado pela raiz. Christopher respira fundo e se desprende da aproximação que ambos tinham.
- Tudo bem. Acho que eu mesmo fui longe demais. - Ele deu um riso sem graça pela situação ocorrida.
Soyoung treme, tem tanto a que informá-lo, mas a primeira coisa que faz, é envolvê-lo em um abraço. Ela inalou o perfume que era único e desconhecido para ela como se fosse a primeira vez conhecendo aquela fragrância amadeirada.
- Eu quero que você vá embora. - Ainda no abraço ela o disse totalmente fria. - Mas o que vou fazer vai custar caro para nós dois.
Soyoung não precisava expelir nenhuma de suas palavras, e Christopher a beija com paixão, entretanto ela não tinha esse sentimento, e a toma nos braços no mesmo segundo, tirando-a do chão e a sentando na mesa. Os braços da Park circundam o pescoço de Chris e ela enrosca a mão nos fios macios dele, a qual geme contra os lábios dele e o beija com mais tenacidade.
Mas logo se desprende, ela havia acabado de alimentar os sentimentos dele, que ela sequer não tinha.
- Você precisa ir. - Ela mais uma vez o avisou.
- Eu não quero ter que fugir disso, Soso. - Ambas as testas estavam coladas e ele sussurrava. Ela sabia que cada palavra era real.
- Vá. - Mais uma vez ela pediu. Soyoung ergue a mão esquerda e o toca no rosto do Villanueva, o rapaz fecha os olhos e pende a cabeça em direção à mão dela. - Eu não tenho nenhum apreço por você. E não posso alimentar essa mentira, então por favor, vá embora.
Christopher no entanto se afasta e indo em direção a porta, olhou para Soyoung como se fosse a última vez e indo de vez. A Park se ergue e comporta a postura, ela caminha em direção ao corredor e não vê mais a figura do italiano. Haviam alguns agentes passando por ali, Soyoung agora tinha um olhar perdido, quando sentiu uma mão tocar no seu ombro.
- Está tudo bem, querida?
- Ah, estou sim, mãe. - Soyoung encarou a mãe que usava um colete do FBI, logo mais longe seu pai conversava com alguns homens. - Eu quero conversar com vocês.
A mulher encarou a filha, a sobrancelha erguida de confusão e medo surgiu, Soyoung no entanto não a encarava mais. Ela apenas queria decidir o que fazer, caso contrário, tudo entrava em colapso em sua mente.
(...)
Dois meses depois.
De volta à casa Park, em Chicago, a família passava férias. Soyoung sentou longe de sua família observando cada um, segurando e de vez em quando bebericar de sua cerveja long neck, sua irmã Jessie sorria e se divertia enquanto o filho corria aos redores com o cachorro que haviam adotado. Seus pais juntinhos como dois chicletes, trocavam bastante palavras com os outros que estavam ali, seu irmão estava ao telefone conversando com alguém. Soyoung deu um riso anasalado ao observar como um pássaro todos ali, seu coração doía mais em pensar perder um membro de sua família, logo deixou a cerveja de lado e entrou para dentro da casa, o que não deixou passar despercebido pelos seus pais que levantaram em seguida e foram atrás da mesma.
- Querida? - A voz de seu pai ecoou pelo cômodo da casa. Soyoung parou de caminhar e virou-se em direção aos dois. - Está acontecendo alguma coisa?
- Soyoung, desde que você voltou de Monte Carlo está tão distante. Naquele dia me disse que queria conversar. - Amy finalizou, sentou-se no sofá e em seguida o marido a seguiu fazendo o mesmo.
- Estou cansada. - A garota sussurrou. Não olhou para os pais, mas sabia dos olhares dos mais velhos. Apesar da sua confissão, seu rosto era sereno. - Mãe, pai... eu me demito do cargo de agente do FBI.
- O QUÊ!? - Ambos em uníssono repetiram o mesmo com uma expressão de espanto.
A mãe dela fica pálida assim que Soyoung termina de falar. Enquanto Park encarou a filha totalmente desacreditado, nunca imaginou que após anos a filha desistiria do cargo tão rápido.
- Minha filha! - Amy parecia surtar em palavras, mas não deixava que ninguém de fora reparasse no que estava acontecendo. No entanto, Jimin ficou calmo, ele pareceu entender o desejo da filha. Entretanto, a mulher encarou o marido. - Você não irá falar nada?
- A única coisa que eu errei foi tentar ser um exemplo para você, Soyoung. Falhei como pai quando eu te aprisionei naquele lugar injustamente. - Jimin deu confiança à filha. - Eu amo você, filha. E se é o seu desejo, tudo bem. Mas, tem certeza que irá desistir assim tão de repente?
Soyoung estava apreensiva desde o momento em que esteve em Monza, de uma forma que ela nunca imaginou. Ela havia trabalhado incansavelmente no FBI, sempre empenhada em combater. Mas agora, ela questionava seu papel no serviço.
Amy e Jimin trocaram um olhar preocupado. Eles sabiam que a filha estava passando por um momento difícil. Soyoung respirou fundo e começou a explicar sua situação.
- Eu sempre acreditei no trabalho do FBI, mas agora estou me questionando se é isso que realmente quero para o meu futuro.
- E o que está passando pela sua cabeça agora, querida? - Ele a questionou atenciosamente.
Soyoung continuou, escolhendo cuidadosamente suas palavras.
- Eu estava pensando em sair do FBI e trabalhar como uma detetive em uma delegacia comum. Eu sinto que poderia fazer a diferença de uma maneira mais direta, lidando com crimes locais.
Amy pôs a mão na boca e se aproximou de Soyoung. E dizendo:
- Querida, nós apoiamos você, não importa qual caminho você escolha. O que te faz feliz e te realiza é o mais importante. - Logo em seguida ela sorriu.
Soyoung sentiu um peso sendo retirado de seus ombros ao ouvir o apoio de seus pais. Ela sabia que essa decisão não seria fácil, mas era a escolha certa para ela naquele momento.
Nos dias que se seguiram, Soyoung começou a tomar as medidas necessárias para deixar o FBI e buscar uma nova carreira como detetive. Ela sabia que enfrentaria desafios, mas estava determinada a seguir seu coração e fazer a diferença de uma maneira que fosse significativa para ela, entretanto, ela precisava de uma única coisa.
(...)
Uma semana depois...
Levou cerca de vinte e cinco minutos para que a
rodovia estivesse totalmente aberta. Soyoung estava em seu último caso. Havia uma vítima de refém de um grupo de um cartel pequeno em fuga, contava com um grupo da SWAT, FBI, sniper e um helicóptero sobrevoando o local.
- Sophie! - A voz chamou Soyoung pelo seu outro nome. - Você está bem?
- Estou bem. - Apesar da afirmação, ela estava preocupada com o destino que ela havia escolhido em quesito profissional. - O que aqueles idiotas estão fazendo, Allan?
Soyoung espreitou os olhos em direção à uma pequena multidão que não estava tão longe.
- Eles querem que liberem a passagem para o outro lado da rodovia.
A mulher revirou os olhos, seus pés se quer moveram-se para impedir a situação ridiculamente irritante. O anúncio do fechamento da rodovia foi dado a todos, entretanto, havia alguns teimosos que sequer respeitavam em relação ao que foi dito. Contudo, a contenção de policiais havia dado certo, apesar deles não provocarem nenhuma interferência, havia problemas maiores. Não era novidade para ninguém que tentar convencer um grupo de quatro pessoas em uma van soltar um refém, era totalmente diferente do que todos viam em séries.
- Não adianta tentar atirar em apenas um, tem quatro homens ali, atirar vai piorar a situação. - Soyoung foi direta ao perceber que o próprio pai se aproximava, e o homem fez uma careta em reprovação. - Estou errada?
Entretanto, Soyoung havia esquecido por míseros segundos, a presença de Allan ao seu lado. Seus olhos arregalados fitaram Allan que também tinha mesma expressão.
- Senhor, peço desculpas pela atitude da agente Park. E... - Allan logo agiu pedindo desculpas por Soyoung, que a mesma cruzou os braços e naquele momento queria rir. Ele ficou confuso, e agiu como se fosse o "superior" da garota.
Soyoung logo dera um revirar de olhos.
- Allan. - Jimin o chamou. - A agente Park é minha filha, aliás, não houve desrespeito.
Obrigada pai, pela experiência de ter dito que eu tenho um pai!. Soyoung reclamou internamente.
- Fiquem atentos, não quero cabeças rolando tão cedo. - Jimin finalizou, logo conversou pelo o walkie-talkie, sua expressão rapidamente mudou. - Temos uma mudança de planos.
Os passos apressados do homem fizeram os dois seguirem o mais velho, a situação piorou quando um tiro ecoou pela a rodovia, todos ficaram abaixados, entretanto, a cabeça quente da própria Soyoung não emitiu essa ação. A mulher andou em direção ao pequeno grupo da SWAT que havia se posicionado há alguns segundos atrás. Jimin não iria retrucar a atitude da filha, pois sabia que a mesma iria ignorar e muito menos voltar atrás. Não tinha muito o que discutir naquele momento, e então ficou próximo ao agente da SWAT, suspirou pesadamente antes de falar e observou o quão a tensão emanava naquele local.
- Onde está o negociador? - Ela perguntou.
- Ele não conseguiu contatar os quatros homens. - O homem ficou de pé e relatou. - Deseja algo?
Soyoung afirmou com a cabeça, mas não quebrou o assunto com o homem, e voltou a falar segundos depois.
- Desejo. - Um sorriso brotou quando a mesma foi direta. Coloque o sniper aqui, neste ponto onde estamos, redirecione uma porcentagem dos seus homens atrás daquela van sem que os bandidos percebam que mantém o refém. - Ela prosseguiu. - Se o negociador não está ali, eu vou. E se me contestarem, farei um relatório sobre a inutilidade de vocês.
Soyoung pôs o colete a prova de balas, deixou sua arma em cima do capô do carro e prosseguiu ao ser liberada pelos homens, enquanto isso, seu pai xingava a garota por desespero. Seu caminhar foi lento, o sol batia em seu rosto, estava quente, o verão havia chegado de forma avassaladora. Assim que ela se aproximou, deu fortes batidas no vidro da van, os homens encararam ela e pôs ainda a arma na cabeça do refém. Com um movimento com as mãos, ela pediu que baixasse o vidro.
- Como vocês estão? - Soyoung iniciou e deu um sorriso. - Vocês sabiam que as fraldas descartáveis contêm o polímero poliacrilato de sódio são mais eficientes na retenção de líquidos do que as fraldas de pano convencionais?
Os quatros se encararam pela conversa esquisita da mulher, ela suspirou e juntou as mãos na cintura.
- É o seguinte, de onde esse cartel pequeno pertence? - Seu sorriso desmanchou e ela ficou séria novamente. - Vocês parecem desesperados para fugir do país.
- Então libere a nossa passagem. - Autoritário, o homem ordenou furioso. - Caso contrário, a coisa vai ficar pior.
Soyoung bufou pela raiva, fazer trato com peixe pequeno era a coisa mais ridícula e existente que tinha, o alvoroço ficava maior quando ela percebeu que estavam nervosos, a temperatura do calor aumentava a cada momento, ao invés de perder tempo ela prosseguiu ao ouvir a minúscula ameaça, seu rosto se contraiu em expressão de deboche.
- Eu tenho um amigo que pode pagar muito mais pelos blocos de drogas que estão nessa van. - Soyoung mentiu descaradamente, mas não expressava mais nada. - E aí? O que me diz?
- Você é um daqueles filhos da puta corruptos. - O homem que estava atrás no banco traseiro sorriu sádico e apontou a arma em direção a Soyoung. - Então liga para ele, sua puta.
- Me chame de puta de novo que você irá perder esse acordo, e quando chegar na cadeia, eu vou mandar matar você. - Soyoung revidou suas palavras amargamente. - E não,
Soyoung não ficou de costas, andou ainda olhando para a van e se direcionou ao carro da swat mais próximo. Chamou o sargento que comandava o grupo e contou o que havia dito, entretanto, não falou o que realmente precisava fazer. Então buscou o telefone e ignorou a voz do próprio pai que queria impedir a mesma. Nas teclas numéricas digitou rapidamente em segundos o telefone e pôs no ouvido.
- É melhor você atender. - Ela murmurou. - Alô?
- Soyoung?!
- Não, o coelhinho da páscoa. - Novamente foi amarga. Seguindo vagarosamente em direção a van. - Preciso que faça um favor, apenas diga que vai aceitar.
Após a afirmação por livre e espontânea pressão, Soyoung pôs o telefone no viva-voz, a respiração ecoou do outro lado, entretanto, Soso revirou os olhos e deu suas palavras.
- Viktor, me diga, por quanto você pagaria por uma van cheia de blocos de drogas? - Ao dizer, ouviu o rapaz no telefone engolir seco, a reação espontânea foi um simples "o quê?!" surpreso.
- Talvez quinze mil euros.
A proposta foi dada, apesar disso, a reação dos traficantes foi diferente. Negaram em seguida, as reações estavam piores quando deixaram a vítima desacordada quando um deles deu uma coronhada na cabeça da mesma.
- Tá' achando que é brincadeira, moça? - Ele indagou.
- Na verdade, eu até posso brincando. - Soyoung encostou na porta do veículo e ficou de ponta de pé sem temer absolutamente nada e deu uma gargalhada. - Eu não quero afirmar nada, até porque o negociador que deveria estar aqui, acabou sendo um inútil. Mas realmente acham que vão escapar dessa, senhores?
A conversa durou mais do que o esperado, finalizar aquela apreensão estava sendo um horror para a Park, seus olhos fecharam pelo cansaço que batia como um soco em várias partes do seu corpo. Então ouviu o deboche se repetir inúmeras vezes em vão. Soyoung estava ficando irritada, mas não podia surtar e abandonar tudo.
- Já se passaram horas, acham mesmo que dinheiro vai cair do céu? Que palhaçada. - Soyoung deu um riso anasalado. - Eu sei quem são vocês. - A garota sussurrou e percebeu que a vítima ainda estava desacordada. - Vocês ofereciam mantimentos para que um droga fosse lançada no mercado ilegal. Petro Armaturov contratou vocês, não foi? Assim como Christopher Villanueva?
Soyoung mantinha o seu tom de voz baixo, havia agentes da Swat que estavam próximos da van prestes a se aproximar, quando a mesma fez um gesto de fechar o punho para que eles parassem de vir em direção. Ela não precisava passar horas tentando uma questionável ação, ela sabia que cartel pequeno sempre estava desesperado por máfia européia, assim poderia se livrar do cartel boliviano.
- Todos vocês sabem que o Armaturov irá caçar vocês, sabiam disso? - Soyoung os questionou atenciosamente. - Na prisão estarão mais seguros. Dificilmente um russo cruzar as barreiras de um presídio, ou eu mesma poderei falar com Petro Armaturov.
O silêncio permanece por cinco minutos, a arma de um dos criminosos foi largada de dentro da van, e ele abriu os braços em redenção. Entretanto, os olhares dos outros eram de traição e inconformados, mas sabiam da armadilha que a máfia russa poderia causar a eles.
- Como pode fazer isso? -Ele franziu o cenho e perguntou, seu queixo levantado lhe tentava trazer um ar de superioridade e medo para ela, mas Soyoung sequer sentia medo. Apenas estresse a atormentava.
- Não interessa. - Soyoung não quis soar rude. Mas foi. - Acabou a diversão, senhores. Estão todos presos, todos têm o direito de permanecer calados. Além do mais, tudo o que disserem pode e será usado contra vocês no tribunal, sendo assegurado a assistência da família e de advogados.
Os homens encararam ela e a agradeceram em surdina. Soyoung logo deu a passagem para que os agentes da Swat se aproximasse, o grupo fora preso com sucesso, a vítima, que estava desacordada, foi recebida por paramédicos que chegaram em seguida. Alguns dos homens parabenizaram Soyoung com palmas, a coletiva de imprensa estava aproximando com inúmeras perguntas, Soyoung ficou de longe e não queria responder. Estava cansada demais.
- Acho que por hoje, é só. - Disse Soyoung para si mesma massageando as têmporas.
Soyoung não escondeu a risada aliviada. Logo tomou-se com uma profunda respiração, encostou-se no veículo militar e observou a coletiva de imprensa.
- É por isso que o seu pai está ouvindo reclamações do negociador. - A voz feminina aproximou-se de Soyoung com um sorriso no rosto. - Fez um ótimo trabalho, minha bonequinha.
- Mãe! - A garota repreendeu a mais velha e riu de nervoso.
- O quê? Sou mãe de prodígios e não de fracassados, se recebem uma missão, terá de cumprir. - Amy citou um de seus dilemas e sorriu novamente. - Essa é a natureza de um agente de elite!
- Eu sei. - Soyoung estalou os dedos e fez uma careta. - Mãe, essa frase é importante para mim, me faz acreditar que eu posso me dedicar mais ainda. Além do mais, eles morderam a isca.
Soyoung alertou. Amy sorriu em felicitação, apesar de perceber que a filha estava tensa e cansada, o abraço de lado acabou que a mais velha dera na filha foi uma total bandeira verde, Soso deitou a cabeça no ombro da mãe e suspirou novamente. Amy sabia muito bem o peso que a filha sentia, após a mais nova deixar a terapia, a Santiago não sabia o que fazer em relação a isso. Tinha medo de que a filha tivesse uma recaída novamente, os últimos anos foram os piores, mas não era covardia o tratamento intensivo que haviam adotado para Soyoung caso tudo voltasse novamente.
A mulher exibiu um sorriso fraco quando entrou na viatura do FBI acompanhada da mãe. Ouvindo muitos elogios em relação ao ocorrido, Amy conteve o sorriso de orgulho para a filha, havia tantos pensamentos na cabeça de Soyoung que algo pairou na sua cabeça como se um pedregulho minúsculo tivesse sido jogado na mesma. Logo, nem percebeu que haviam chegado à sede do departamento, os carros foram colocados na garagem do prédio e logo houve o descarregamento de objetos usados e não-usados pelos agentes.
Soyoung coçou o queixo, sem tirar o olhar do porta-malas do veículo em que estava, observou e fez a contagem e confirmação dos objetos e entregou todos no local designado a estar, como se fosse um almoxarifado. Buscou o elevador, dirigiu-se até o vigésimo andar, ao chegar, seu corpo encostou-se em uma das mesas do escritório e colocou o relatório feito a mão anexado no pequeno mural onde o pai de Soyoung buscava esses papéis. Uma forma diferenciada da própria Park.
O dia foi-se passando, e o último dia para Soyoung em um cargo do FBI, colegas e amigos de trabalho reunidos pela despedida da mulher rodeavam a enorme sala de reuniões. Haviam feito bolo, doces, aperitivos variados e refrigerantes, para que pelo menos houvesse uma pequena festinha de despedida. Todavia, Soyoung não estava animada pela ocasião toda, mas sorria quando ela mesma favorecia a si mesma e conversava com as pessoas que estavam ali. O seu discurso foi o que encerrou a noite, momentos depois, todos estavam se despedindo e indo para suas devidas residências. Jimin chamou a filha em seu escritório, ali estava seu irmão e sua mãe, o homem tinha uma expressão de concordar com a decisão de sua filha. Não podia proibi-la. Após Soyoung assinar os documentos de demissão, ela se sentiu diferente, não sabia se era alívio ou outro sentimento que não tinha nome ou definição.
Mas em sua mente, o nó que havia em si mesma fora solto.
(...)
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