
ೋ°|𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝟑𝟖
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Já era a quinta vez que eu escutava meu irmão resmungar alguma palavra suja-que deixaria nosso pai horrorizado-ao meu lado.
Como aconteceria de um jeito ou de outro, contei tudo sobre Hyun, quero dizer, quase tudo. Ele apenas sabe que nosso pai está internado, que não era um simples resfriado. Não quero preocupa-lo ainda mais, em breve terei a cura, e Min-ki nunca precisará saber que Hyun está correndo riscos.
Agora neste momento, fui eu que soltei um palavrão, enquanto uma enfermeira terminava de enfaixar minhas mãos, que acidentalmente acabei queimando ontem no meu treinamento.
Usei tanta magia de fogo, que começou a me machucar aos poucos. Estáva doendo pra caralho, ignorei a dor tentando manter meu foco, mas quando ficou insuportável e me permiti prestar atenção nelas, percebi que minhas mãos estavam quase em carne viva.
- O que diabos você estava fazendo mesmo? - Min-ki perguntou com a voz levemente irritada - Atirando suas mãos em uma fogueira?
- Não seja idiota. - Respondi com rispidez e sorri sarcástica - Eu só vi uma brasa, achei bonita e resolvi pegar pra jogar na sua cara.
Nos encaramos com os olhos estreitos e a moça que cuidava de mim nos olhou com receio, enquanto descartava o que tinha usado para limpar meus fermentos.
- Prontinho, tome cuidado da próxima vez. - A enfermeira diz gentilmente e depois saiu da sala e suspirei, sentindo minhas mãos arderem levemente.
- Agora podemos ir ver o papai? - Min-ki perguntou, desmanchando sua pose de garoto rebelde, me fazendo vacilar, vendo seus olhos, antes irritados e com um brilho sarcástico, agora tristonhos.
- Min-ki... - Murmurei forçando um sorriso - Vai ficar tudo bem.
- Então, por que o papai está aqui? - Garoto esperto.
- Ele só está em observação, é melhor prevenir, do que remediar. - Saímos da sala e ele me seguiu até o quarto em que sei que Hyun está.
Assim que entramos, reprimi um suspiro surpreso, vendo como nosso pai estava. Ele dormia profundamente em sua cama, ainda mais pálido, seus lábios roxos e olheiras escuras.
Min-ki apertou minha mão e segurei um gemido de dor, eu era a mais velha, devia mostrar confiança ao meu irmãozinho. Nos aproximamos do leito e Min-ki soltou minha mão, agora segurando a de nosso pai, com os olhos marejados.
- Min-ji, me diz a verdade... o que o nosso pai tem? - Ele perguntou com a voz chorosa - Ele estava normal dias atrás, e agora... está assim.
- Eu já disse que...
- Não, não pode ser só uma virose, ou uma gripe forte, eu não sou mais uma criançinha! - Ele se exaltou e franzi os lábios - O papai está doente igual a mamãe? Ele vai morrer também? É isso?
- O pai não vai morrer. - Garanti com um tom confiante - Eu juro que vou fazer o possível...
Escutei alguém bater na porta levemente e me virei, vendo o médico responsável pelo Hyun, me chamando com o olhar.
Me virei para o mais novo outra vez e sorri levemente, andando até a saída do quarto, fechei a porta e olhei para o homem de mais ou menos cinquenta anos a minha frente, também o mesmo homem que cuidou da minha mãe antes dela morrer.
E ao mesmo tempo, decidi ignorara a presença de um homem de terno e óculos escuros, que senti a presença desde que saí de casa. Provavelmente da divisão de monitoramento, agora que sou uma caçadora de rank S, não vou ter paz com esses caras na minha sombra.
- Descobriu alguma coisa? - Perguntei, vendo algumas enfermeiras passarem de um lado para o outro.
- Não necessariamente, o estado do seu pai é grave. - Ele diz, me fazendo fechar as mãos em punhos - Estranhamente, os mesmo sintomas da sua mãe, e a mesma velocidade de desenvolvimento.
- Então é a mesma doença... - Murmurei olhando para o chão, processando a confirmação do médico e voltei a encará-lo - Mas... não disseram que podia ser leucemia...?
- No caso de leucemia, as células do sangue saudáveis são substituídas por células anormais e cancerosas, que não funcionam corretamente e se multiplicam mais rápido, afetando a produção e o funcionamento das células sanguíneas. - O médico me interrompe - Mas no caso do seu pai... as células dele estão, destruindo umas as outras e a si mesmas também, em uma velocidade impressionante por motivo nenhum, nada que fazemos para parar ou desacelerar funcionam. Em todos os meus anos de carreira, só vi isso acontecer uma vez, e foi com a sua mãe.
- Hum... - Ofeguei nervosa.
- Uma equipe médica que estudou o caso do seu pai a alguns meses junto comigo, pensamos em, talvez, ser algo contagioso, mas em todos os testes mostraram que não. Mas então, pensamos em um caso genético.
- Genético? - Questionei, improvável comigo, o sistema tirou tudo de ruim que poderia tem em mim, mas... senti o medo crescer em meu peito - Você está dizendo que o meu irmão também pode ter isso?
- É uma possibilidade. - Ele concordou, me fazendo engolir em seco.
- Mas não pode ser... minha mãe e meu pai não tem laços sanguíneos, como pode ser algo genético?
- De fato, mas é melhor pensar em todas as possibilidades, essa doença... se desenvolve de forma silenciosa. - Ele diz - Gostaria de fazer alguns exames em você e seu irmão pra confirmar... mas precisamos da sua permissão para fazermos isso.
- Façam o possível, por favor. - Assenti.
- Vou preparar as coisas, poderiam voltar amanhã para...
- Amanhã não. - Neguei rapidamente - Daqui a uma semana. Não estarei na cidade esse dias e não quero que façam nada com Min-ki, sem mim.
- Tudo bem. - Ele concordou e me olhou com o olhar que eu mais detesto no mundo, pena - Eu sinto muito.
Se virou, me deixando sozinha no corredor. Me encostei na parede e baguncei meus cabelos com as mãos, sentindo a angústia encher meu peito, e fiquei por lá por mais alguns minutos, ignorando o olhar daqueles que passavam.
Me recompôs, respirando fundo antes de abrir a porta e sorri levemente, chamando meu irmão para irmos embora, o horário de visitas já estava acabando mesmo.
Ele protestou, mas logo depois uma enfermeira chegou, avisando que já estava na hora de sair do quarto, então Min-ki fechou a cara e saiu sem dizer nada.
...
Parei o carro na frente da casa de um dos amiguinhos do meu irmão como ele pediu, dizendo que tem um trabalho escolar pra fazer em duplas, mas eu sei que é só uma desculpa pra ficar longe de mim, nem que seja por algums horas, aposto que ficará a tarde toda jogando videogame.
Min-ki as vezes esquece que eu o conheço desde que era um bebê babão, sei que está chateado comigo e com Hyun por termos mentido sobre a doença do papai. Mas não vou impedi-lo, essa é a forma dele de processar as coisas, se eu parar pra pensar, somos tão parecidos.
Nós dois gostamos de fugir do problema para pensar e encontrar a melhor forma de passar por isso.
- Vou te buscar mais tarde.
Ele virou a cara com um bico, me fazendo revirar os olhos. Agora sei o que Hyun sofreu quando eu me ofendia, ou ficava chateada com facilidade quando entrei na puberdade.
Ele fez menção de sair sem falar nada, mas segurei seu pulso, fazendo assim ele finalmente me olhar.
- Eu te amo, sabia?
- Para com essas coisas melosas, não combina com você. - Min-ki fez uma careta, mas suas bochechas estavam levemente coradas.
- Eu só queria que você soubesse. - Ri baixinho e depois soltei seu pulso - Você tem razão.
- Hum...?
- Você não é mais uma criançinha. - Respondi, vendo ele me olhar com supresa - Pra falar a verdade, acho que você lidou com isso melhor do que eu.
Min-ki arregalou os olhos e depois abaixou a cabeça, brincando com os próprios dedos.
- Min-ji... me promete que não vai me deixar sozinho?
- Do que você está falando? - Forcei uma risada, supresa com a sua pergunta.
- A mamãe morreu, e o papai está doente...
- Nada vai acontecer com o Hyun, e eu nunca vou te deixar. - Garanti - O pai vai melhorar e vamos continuar a ser a família que somos.
- Tá. - Ele saiu virou o rosto para o outro lado, sem dizer mais nada.
Observei meu irmãozinho entrar na casa, sendo recebido pelo seu amigo de escola. Meu coração se apertou, ainda com as palavras dele na minha cabeça, nossa família está passando por um momento difícil e me doía saber que não posso proteger Min-ki de passar por ela também.
Suspirei ligando o carro novamente e segui até em casa, mas assim que virei a esquina, percebi um carro preto bem atrás de mim, sinalizando para que eu parece. Franzi a testa e continuei, vendo que ele ainda me seguia, eu não tenho nem um segundo de paz nessa merda.
Já estou começando a me arrepender de ter feito minha reavaliação. O estresse de tudo o que está acontecendo não está ajudando no meu autocontrole.
- O que diabos eles querem agora? - Parei com tudo, fazendo o carro quase bater na minha traseira, mesmo que tivesse sido mais culpa minha, não impediu de que eu ficasse irritada. Saí do carro ao mesmo tempo que o imbecil de óculos escuros - Se tivesse encostado no meu carro, eu encostaria em você!
- Ele bem que me avisou da sua... personalidade.
- Hum? - Franzi os lábios e o reconheci, é o franjinha de super-man - Ah, então é você... de novo. Por que tá me seguindo?
- O objetivo principal da divisão de monitoramento é lidar com humanos, ao invés de monstros. - Ele respondeu - Em outras palavras, nós devemos monitorar e punir os caçadores que infringem as leis.
- Ih, foi mal... eu não sei o que eu fiz de errado, mas prometo não fazer denovo. - Desdenhei com as mãos na cintura e depois fechei a cara, fazendo o loiro tensionar - Olha só, se possível, eu gostaria que todos vocês dessa divisão de monitoramento sumissem da minha frente. Não quero me envolver com vocês.
- Bem, nossa existência é a única defesa contra caçadores.
- Meio sem sentido, sendo que sou uma rank S. - Revirei os olhos - E então? O que você quer?
- Tem alguém que quer te encontrar, poderia me emprestar um pouco do seu tempo? - Ele perguntou e o olhei confusa - O presidente da associação dos caçadores, Gun-Hee Go. Ele está te esperando.
Arregalei os olhos levemente surpresa e ele estendeu a mão na direção de seu carro. Cruzei os braços e suspirei, andando até o meu.
- Pode ir, eu vou te seguindo.
Ele franziu a testa levemente, mas não reclamou.
O segui até um caminho familiar, era o mesmo hospital em que a mãe do Jin-Woo estava. Entramos e na espaçosa sala de espera, bem vazia, aposto que o presidente foi o responsável por isso.
Rapidamente avistei um homem mais velho, com algumas cicatrizes em seu rosto e também, uma feição gentil e serena. Ele estava em pé, ao lado de alguém, o reconheci de imediato, é claro que o super-emo também estaria aqui.
Assim que o mais velho me viu, ele sorriu.
- Ah, Min-ji Ryu, estávamos esperando por você.
- Estavam? - Olhei de relance para Jin-Woo, que não parecia surpreso de me ver aqui.
- É um prazer conhecê-la. - Ele parou na minha frente e estendeu a mão, que também tinham algumas cicatrizes - Me chamo Gun-Hee Go.
- O meu nome você já sabe, vovô caçador. - Aceitei o comprimento e ele me olhou confuso e levemente divertido.
- Hum... - Jin-Woo revirou os olhos.
- Bom... por favor, sente-se.
Seguimos o mais velho até uns acentos da sala de espera, ficamos em frente do Gun-Hee e o observei melhor. O cara tem uns 80 anos, mas tem o físico de lutadores aposentados, sem mencionar que ele é rank S.
- Caramba, vovô caçador... pra alguém de quase cem anos, o senhor está melhor que muita gente. - Ri levemente e senti o Sung dar uma cotovelada nas minhas costelas e o fuzilei com os olhos.
- É muita... gentileza? - Gun-Hee riu.
- Viu só, super-emo?! - O olhei com presunção.
- Dá pra ficar quieta pra resolvermos logo esse assunto?
- Não liga pra ele, vovô caçador. - Sorri para o amais velho, que nos olhava com a testa franzida - O Sung sempre foi um rabugento.
- Hum...
Esses dois, são bem interessantes.
- Eu gostaria de parabenizá-los por se tornarem caçadores de rank S. - Gun-Hee coçou a garganta.
- Ainda falta outra reavaliação pra fazer. - Jin-Woo apoiou os cotovelos nas pernas.
- Falando a verdade pra vocês, a reavaliação não tem sentido.
- O que? - Questionei.
- Um detector preciso é para nos ajudar a segmentar os resultados. Não é uma ferramenta que nos ajuda a medir algo fora do alcance atual. - Gun-Hee respondeu com um leve sorriso - E mesmo se fosse possível medir além do alcance atual, ainda seria impossível distinguir a força entre o rank S, rank SS ou rank SSS.
- Rank SSS...? Porra. - Murmurei impressionada.
- Então, por que...?
- Está perguntando sobre a existência do procedimento de reavaliação? - Gun-Hee levantou o indicador - Pra ganhar tempo.
- Ganhar tempo...?
- Do que você tá falando, vovô?
- Comprar tempo para conseguir nos encontrar com caçadores de rank S iguais a vocês, antes de qualquer outra pessoa. Como devem saber, a associação de caçadores não tem muitos caçadores talentosos como o chefe Jin-Chul Woo. - Diz se referindo ao franjinha em pé ao seu lado - Quem iria querer se juntar a associação, quando as guildas de elite podem garantir aos caçadores grande fama e salários imensos?
Isso é bem óbvio, a maioria, se não todos, se tornam caçadores exatamente por isso, fama e dinheiro. Dei de ombros.
- Tem pessoas lá fora que podem saber o nome de cada membro principal dos grupos de raid das guildas de elite, mas não tem muitos que sabem o nome do nosso chefe Jin-Chul Woo. Fora o fato dele ser um dos melhores no Rank A. Por isso criamos um truquezinho pra podermos nos encontrar com caçadores talentosos.
Esse é o verdadeiro propósito de uma reavaliação? Eles só queriam nos enrolar pra conseguir tempo pra não conversar a trabalhar pra eles? Que caras maquiavélicos astutos. Estou me sentindo usada.
- Irei direto ao ponto. Já que não somos uma empresa, não podemos lhes prometer uma montanha de dinheiro. - Ele diz sem enrolação, gostei dele - Mas... podemos ajudá-los a seguir um caminho diferente.
Ele chamou nossa atenção em instantes, mantivemos nossos olhos no velho Go a todo o momento. O que ele queria dizer com um caminho diferente?
- Do que você está falando...? - Jin-Woo perguntou.
- Nós podemos ajudar... os caçadores Jin-Woo Sung e Min-ji Ryu, a florescer em um caminho alternativo.
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