
ೋ°|𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝟐𝟖
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- Já são três da madrugada. Então já deve ter se passado uma semana dentro do portal. - Sang-Min Ahn conferiu a hora em seu relógio de pulso com preocupação, logo depois olhou para o ruivo ao seu lado - Mestre, que tal voltar para casa mais cedo, enquanto ficamos aqui vigiando?
- Como eu poderia descansar em casa, enquanto meus membros estão presos lá dentro? - Yoon-Ho Baek fechou os olhos, soltando um suspiro cansado - Eu vou esperar até amanhã.
Mas depois de instantes, o portal vermelho começou a mudar de cor, causando um rompimento, mostrando que estava se abrindo.
- O portal vermelho!
- O portal vermelho está se abrindo!
- A dungeon foi derrotada!
Baek observava tudo com muita atenção, ignorando os homens ao redor que comemoravam finalmente pelo portal ter se abrido depois de tantas horas de espera.
Mas então, puderam ver sombras de pessoas se aproximando da saída do portal, que agora brilhava em azul. Instantaneamente, Yoon-Ho Baek deduziu que fosse o caçador de rank A e outros de rank B.
- Pessoas estão saindo!
Kim-Chul. Kim-Chul conseguiu? Baek sorriu entusiasmado, com seus olhos âmbar arregalados. Mas o quê aconteceu era totalmente o contrário do que esperava, e o sorriso em seus lábios se desmanchou.
- Caçadora Hee-Jin Park!
- Caçadores Myung-Hwan Go e Ki-Joomg Yoon! - Outro membro da Tigre Branco comemorou desacreditado - Eles voltaram! Eles sobreviveram!
- Caçador Jin-Woo Sung! - Outro exclamou, quando viu o moreno sair do portal, junto de Song-Yi, que estava sorridente e logo depois, atrás deles, Min-ji apareceu junto de Castiel - E a caçadora Min-ji Ryu!
O Sung mantinha a cara fechada, enquanto Min-ji dava um discreto sorrisinho presunçoso, vendo que ele estava assim por não conseguir extrair a sombra de Baruka.
Como eu pensei! Sang-Min comemora em silêncio, mantendo seu sorriso convencido e orgulhoso, vendo os dois caçadores que tanto acreditou serem fortes, sobreviverem a um portal vermelho com sucesso.
Baek observava os dois caçadores que Sang-Min comentou mais cedo, memsk sendo de rank E, o chefe do segundo departamento garantiu que Jin-Woo Sung e Min-ji Ryu dariam conta do portal vermelho. Onde isso faria sentido? Sendo os dois de rank baixo, o mais baixo de todos.
Mas logo quando o portal sumiu, muitos paralisaram confusos. Apenas aqueles tinham saído do portal, mas e os outros? Rapidamente os sobreviventes foram bombardeados de perguntas.
- Kim-Chul... o que aconteceu com o Kim-Chul?!
- Sem chance...! Esses são todos os sobreviventes?!
- Sim... - Hee-Jin assentiu, com a cabeça baixa - Só a gente.
- Só caçadores de baixo nível sobreviveram? - Baek questionou em choque, com os dentes serrados - Nenhum rank A e só um rank B?
Min-ji ignorou a todos, acariciou a cabeça de Castiel e o chamou silenciosamente para irem embora. Deu o primeiro passo e escutou Jin-Woo também chamar Song-Yi para ir pra casa.
Mas antes que pudesse dar mais um passo, Baek segurou seu ombro, a parando. O ruivo olhou para ela e paralisou por um segundo, quando a Ryu o encarou de volta, com seus lindos olhos púrpuras, e mesmo que estivesse com uma carranca, sua beleza ainda era bem perceptível.
- Espere! - O ruivo manda, observando minuciosamente a caçadora que Sang-Min comentou - Vamos conversar um pouco!
- Eu não tô afim, cara!
Min-ji se soltou de seu aperto, mas ele ameaçou segurar seu braço, dessa vez com mais força, a fim de para-la novamente. Mas antes que conseguisse, uma outra mão segurou seu pulso, e logo depois Baek viu o caçador Jin-Woo Sung o encarar com uma feição sombria.
- Ela disse que não está afim. - Diz friamente - Toque nela sem permissão outra vez, e vai perder as mãos.
Tanto o ruivo, quanto a azulada o olharem surpresos. Min-ji engoliu em seco, sentindo borboletas em seu estômago e se repreendeu por sentir isso pelo Sung.
Baek soltou o braço da garota e encarou os olhos azuis escurecidos do Sung, que continuava com sua pose inabalável, mas que ao mesmo tempo, escondia sua irritação.
- Isso foi uma ameaça?
- Foi um aviso.
- Eu só preciso que respondam algumas perguntas.
- Estou cansado agora. - Jin-Woo soltou o braço dele e se virou, prestes a ir embora, sem perceber o olhar indescritível que Min-ji possuía, vendo que ele havia a defendido, mesmo sabendo que ela daria conta sozinha.
- Mas...! - Baek insiste e Min-ji saiu de seus devaneios, revirando os olhos.
- Se tem algo que queira perguntar, pergunte aos membros da sua guilda, algo que não somos. - Min-ji o interrompe, o olhando de cima a baixo com superioridade e voltou a dar as costas, pronta pra ir embora.
Baek trincou a mandíbula, começando a ficar irritado. Com os olhos transmitindo sua impaciência, ele segurou o ombro de ambos bruscamente, fazendo os dois pararem. Castiel rosnou para o ruivo, vendo aquele homem tocando em sua pupila.
- Eu sou Yoon-Ho Baek, o mestre da guilda do Tigre Branco. - Os olhou seriamente - Perdemos nove membros da guilda nesse incidente, como mestre, não tenho direito de fazer algumas perguntas?
- Nem se você fosse o papa, meu querido. - Min-ji desdenhou - Eu disse que não queria responder perguntas, então eu não vou.
- E daí que você é o mestre da guilda? - Jin-Woo perguntou cínico e depois olhou para ele de relance - Nós dois salvamos as três pessoas que sobraram. Se você é o mestre, não deveria nos agradecer primeiro?
Os dois se encararam mortalmente e por um segundo, Min-ji pensou que sairiam faíscas de seus olhos e podia até sentir o cheiro da testosterona transbordando daqueles dois.
Mas então, Baek sorriu e largou os dois, dando um tapinha no ombro do Sung, que ainda não estava com uma cara muito boa.
- ...eu estava sendo grosso. Você está certo. - Diz e olhou para eles, agora com simpatia - Perdão. Para os dois.
Min-ji revirou os olhos e começou a andar em direção a saída com Castiel de forma calma, sentindo a brisa fria daquela madrugada, a fazendo lembra-se dos dias que passou dentro do portal vermelho.
Mas quando chegou perto do carro, sentiu seu braço ser segurado e suspirou irritada, já reconhecendo quem era apenas pelo toque.
- O que foi agora?! - Mas depois arregalou os olhos, vendo que realmente era Jin-Woo - O que você quer?
- Eu só queria... me desculpar. - O Sung pediu e a Ryu sentiu seu coração acelerar, vendo o olhar nervoso que ele tinha, mostrando que ele estava arrependido de verdade, mas logo tratou de ignorar esse sentimento.
O olhou nos olhos e viu que eles estavam normais, um azul discreto, perceptível apenas ao olhar de perto.
Diferente dos olhos nublados e escuros de quando viu dentro daquela dungeon, rapidamente se lembrou de Kim-Chul e sua morte. Jin-Woo estava diferente de quando o conheceu, ele matou aquele caçador de uma forma tão fria, de uma forma que nunca conseguiria fazer. Para o seu próprio benefício.
E além do mais, nem era isso que ele queria se desculpar, ele não se arrependia do que fez com Kim-Chul. Jin-Woo mesmo disse, matá-lo foi preciso.
- Você não tem nada pra se desculpar, Sung. - Min-ji negou com a cabeça, se virando novamente - Aquilo não foi nada, você mesmo disse isso. E eu concordo.
- Eu não quis dizer aquilo. - Tricou a mandíbula, vendo ela franzir a testa - Apenas aconteceu de uma forma natural, sem nem mesmo sentir.
- Igual você fez com o Kim-Chul? O matou de uma forma natural e sem sentir. - Min-ji forçou um tom cínico, escondendo o sentimento de inquietude em seu peito. Enquanto o Sung paralisava com as palavras dela, fechando suas mãosem punhos - Se for assim... talvez algum dia você atravesse sua adaga em mim, nem vai sentir nada. Talvez até me coloque no seu exército...
- Não diga uma coisa dessas! - Ele se exaltou, fazendo ela engolir em seco - Eu nunca faria isso com você...
- Você está mudando, Sung. - Min-ji sentiu seus olhos arderem e um caroço se formou em sua garganta, vendo ele vacilar - E parece que apenas eu estou vendo isso.
- Do que você está falando? - Ele forçou uma risada, mas no fundo sabia que ela estava certa - Eu sou o mesmo de sempre, me tornar mais forte não muda quem eu sou de verdade, Min-ji.
- Eu já disse, não me chame pelo nome. - Mordeu o lábio inferior, tentando "engolir" o caroço que parecia tampar sua garganta - Me deixe em paz.
Jin-Woo sentiu como se seu coração tivesse sido atingido por milhares de agulhas afiadas, a fala fria dela o machucou mais do que esperava. Viu a azulada se virar de costas para ele e voltou a seguir seu companheiro de quatro patas e logo depois escutou ela falar novamente, parando seus passos.
- Sung... - Min-ji murmurou - Saiba que eu não me importo com o que aconteceu, vamos esquecer.
- Eu entendo. - Engoliu em seco e respirou fundo, respeitando a decisão dela - Só queria te avisar que vamos nos encontrar outra vez daqui a algumas horas, entraremos em mais uma raid, com o Jin-Ho.
- Eu estarei lá. - Ela concordou ainda de costas pra ele - Afinal de contas, eu ainda tenho um contrato pra cumprir com ele, eu nunca quebro minhas promessas. Mas depois que terminarmos, siga a sua vida, que eu seguirei com a minha, tá? É isso que não deveria ter mudado com a gente desde o início.
Começou a andar novamente, sem olhar para trás, mesmo que o seu maior desejo fosse dar meia volta, correr e se jogar nos braços dele, pedindo desculpas.
Mas se fizesse isso, o que iria acontecer?
Precisavam se afastar, estavam se envolvendo demais, não queria se aproximar de ninguém, preferia ficar sozinha e não se machucar mais.
Não sabia ao certo, mas esse sistema era como uma droga viciante, estava os moldando desde o início. Não apenas para serem mais fortes, mas também para serem frios, inabaláveis e fazer o que for preciso para vencer, nem que precise matar pra isso.
Os vícios menos conhecidos, são os mais perigosos. E Jin-Woo não estava se importando com a vida de Kim-Chul naquele momento, ele não o via como ela o via.
Não queria deixar de ver a vida das pessoas como algo precioso, em que tirá-lo de alguém era uma lástima, memso que seja alguém ruim.
Não estava gostando da pessoa que Jin-Woo Sung estava se tornando, por dentro. Lá no fundo, sentia a alma dele se quebrando pouco a pouco e presenciou a frieza de sua alma a poucos minutos, quando ele matou mais uma pessoa.
Nunca seria capaz disso, e tinha medo de um dia conseguir.
Já Jin-Woo, permanecia em silêncio, observando a garota entrar no carro e em instantes, sumir do local sem hesitação. Seu peito doía de uma forma que não sabia descrever realmente o que era, mas as palavras dela o atingiram em cheio.
Mas sabia que ela estava certa, e não tirava sua razão. Tinha conhecimento de que não era o mesmo de dois meses atrás, mas não se arrependia de nada.
Se Min-ji não entendia, não tinha o que fazer.
Era verdade, ela não queria mais sua amizade, matar Kim-Chul foi um choque de realidade pra ela abrir seus olhos e outra, aquele beijo não podia ser a razão principal dela querer se afastar. Podia apenas ter sido um gatilho, um aviso de que, de uma forma tão rápida, eles estavam muito próximos, muito mais do que antes.
Mas não via como algo ruim, Min-ji foia a primeira pessoa que se sentiu bem o suficiente para ter um laço de amizade. Ela era a única que sabia bem o que ele sentia, quando era apenas um caçador de rank E, um fracasso que podia morrer a qualquer momento nas raids.
Min-ji Ryu o entendia sim, já que também era um fracasso como ele. Um fracasso que desde o início o olhou como um igual.
E logo depois dos minutos parado olhando para o nada, se assustou quando sentiu algo quente descer pela sua bochecha pálida. Quando levou sua mão até a região, se recusou a acreditar.
Olhou para o céu, é viu a imensidão azul escura daquela madrugada, apenas algumas nuvens escuras se formando, mas se acontecesse, ainda demoraria um pouco, mas mesmo assim...
- Parece que começou a chover.
...
Min-ji segurava a todo o custo a vontade de colocar pra fora toda a angústia que sentia, enquanto dirigia até sua casa. Castiel permanecia em silêncio, sentado no banco do passageiro.
Ela não dizia nada, mas esse silêncio já era o suficiente para que o Anjo soubesse que tinha alguma coisa muito errada. E tinha certeza absoluta que um certo caçador era a razão disso, já que a alguns minutos, mesmo que não tivesse escutado a conversa por respeito a privacidade dela, sabia que eles tinham brigado.
Por um lado, não tinha gostado disso, vê-la triste o incomodou. A acompanhou desde o dia que ela nasceu, presenciou momentos alegres, mas também, momentos tristes na vida da garota. E ver que ela estava sofrendo, o fez sofrer também.
Mas por outro lado, sabia que isso era o certo a se fazer. Ter um relacionamento profissional com o caçador Jin-Woo era uma coisa, mas se envolver demais, ter uma amizade, sabia que isso não tinha futuro. Jin-Woo Sung, não teria futuro.
- Qual o problema?
- Nada. - Ela respondeu rapidamente, com a voz rouca.
- Sou seu conselheiro, Min-ji. - Castiel diz - Você sabe que pode contar comigo pra qualquer coisa, não sabe?
Min-ji encolheu os ombros e suspirou, vendo o céu, através do vidro do para-brisa, as nuvens escuras já se formavam em abundância bem rápido, não demoraria pra começar a chover. Escutou o anjo coçar a garganta, esperando uma explicação e engoliu em seco e murmurando baixinho.
- Sung...
- Eu sabia. - Castiel revirou os olhos - Esse rapaz só trás problemas. O que ele fez?
- Você sabe o que ele fez, Castiel. - Apertou o volante - Ele... matou o Kim-Chul, você viu a forma que ele fez isso, parecia algo normal pra ele.
- Você sempre foi alguém sensível com esse assunto, não é? - Castiel perguntou, vendo ela engolir em seco - A vida é sim, uma coisa preciosa, não tiro sua razão. Mesmo que seja alguém que você não goste, ter que tirar a vida de alguém é algo inadmissível pra você.
- Kim-Chul era um idiota, um babaca, mas... - Min-ji mordeu o lábio inferior - E se ele tiver uma família, alguém esperando ele voltar pra casa, Castiel? Ele é filho de alguém, um irmão, um sobrinho. O que eles vão sentir quando alguém da Tigre Branco aparecer na porta deles e dizer que Kim-Chul está morto?
Castiel a observou minuciosamente e depois negou com a cabeça, soltando um longo suspiro cansado.
- O Sung já matou outras pessoas antes, e você não ficou tão abalada assim.
- Era diferente antes, o que ele fazia, eu não concordava, mas eu não me importava com as consequências que ele sofreria. - Min-ji murmurou com a voz trêmula - Eu só tentava me manter o mais afastada possível, ignorei as vezes que eu sentia estar me aproximando, mas então... eu percebi...
- Percebeu? - Castiel perguntou desconfiado e inquieto, tendo um mal presentemente.
- E-Ele... ele me beijou, Castiel. - Min-ji respondeu baixinho, sentindo suas bochechas corarem quando lembrou da sensação da boca de Jin-Woo Sung na sua
Não olhou para o cachorro, mas pode prever o espanto que ele sentiu, já que nunca escutou um cachorro soltar um gritinho desacreditado em toda a sua vida.
- Ele fez o que?! - Castiel exclamou.
- Ele me beijou, tá legal?! - Min-ji respondeu envergonhada - E eu... correspondi.
- Meu ser celestial, por que tudo é tão difícil pra mim? - O anjo lamentou olhando para o céu nublado.
- O que isso tem haver com você, Castiel?! - Ela questionou e voltou a prestar atenção apenas na rua - Ele me beijou, ou pior, nos beijamos, já que a tonta aqui não pensou duas vezes antes de quase enfiar a língua na boca dele.
- E por que você gostaria de enfiar a linha na boca dele? Que nojo. - Castiel fez uma careta e ela praguejou baixinho - E esse beijinho fez você ver que vocês dois estão próximos, bem mais do que pensava.
- Isso é tão constrangedor... - Min-ji murmurou, vendo que estava desabafando com um cachorro, um cachorro celestial falante - Eu não sei ao certo, mas... eu realmente não quero me envolver demais, você entende? Eu não percebi que... tínhamos avançado tanto na amizade.
- Eu entendo, e concordo com a sua decisão de se afastar. Assim como o sistema, não dependa apenas dele, e não transforme Jin-Woo Sung em alguém importante na sua vida, Min-ji. Não quero que se machuque, outra vez.
- O que o sistema tem haver com a minha decisão de me afastar? - Min-ji franziu a testa curiosa e Castiel tombou a cabeça para o lado - Na verdade... por que você quer tanto que eu não dependa do sistema? Não é ele que está me fazendo evoluir?
- Primeiramente, você é alguém inteligente, já deve saber que esse sistema não apareceu para vocês por acaso. - Castiel diz e Min-ji assentiu, isso era bem óbvio, algo assim não surgiria do nada - Alguém... criou esse sistema. Mas o motivo dele ter aparecido pra você, é diferente do motivo de Jin-Woo Sung também ter se tornado um jogador.
- Como assim? O que querem com a gente, Castiel?
- Pra você entender, pra começo de conversa, você precisa saber que... o seu pai, ele foi um homem...
- O que esse cara tem haver com isso? - Min-ji questionou com a testa franzida, quando escutou seu conselheiro falar sobre seu progenitor, mas logo depois arregalou os olhos - Foi ele?! Ele criou o sistema?!
- Não, não foi ele. - Castiel negou, vendo ela suspirar aliviada - Mas foi por ele, que você também é uma jogadora.
Min-ji travou, quando processou as palavras de Castiel. Parou o carro e o estacionou em uma vaga vazia, o que não era difícil, já que não tinha tantos carros na rua, sendo que ainda era muito cedo.
Suas mãos tremiam e sua respiração estava ofegante.
A muito tempo não pensava naquele cara, na verdade, tentava a todo custo ignorá-lo, ele não era digno de estar em seus pensamentos. Preferia fingir que ele não existia.
Era um qualquer no mundo, alguém que nem sabia como se parecia, já que graças aos céus, fisicamente era uma cópia fiel de sua mãe. Os cabelos, os olhos e até mesmo o tom de pele, tudo tinha puxado da mulher que lhe deu a vida.
- Eu estou no sistema por causa dele?! - Min-ji perguntou com a voz repleta de ressentimentos - É isso mesmo?!
- Sim. - Castiel assentiu - Através do sistema que foi possível te devolver o que lhe foi tirado, claro, para a sua proteção.
- Proteção... - Ela riu de escárnio - O que, aquele cara, sabe sobre proteção?
- Aquele cara, é o seu pai.
- Ele não é meu pai! - Min-ji exclamou irritada - Meu pai se chama, Hyun Ryu!
- Isso não muda o sangue que corre nas suas veias.
- Eu não me importo. O homem que me criou, que me deu amor, uma família, aquele que esteve comigo no meu momento mais difícil... não possui meu sangue, mas não há genética que mude a forma como eu o vejo. - Min-ji sentiu seus olhos marejados - Já aquele outro... que contribuiu para que eu exista, aquele que eu divido o meu sangue, poderia passar na minha frente em um dia qualquer na rua... e eu não o reconheceria.
Castiel permaneceu em silêncio depois disso, enquanto Min-ji dava partida mais um vez, voltando a seguir caminho até sua casa. Ela apertava o volante de uma forma que fazia a ponta de seus dedos ficarem brancos, descontando a raiva e mágoa que nutria e acumulava desde o dia em que começou a compreender as coisas.
- Ele seria apenas um estranho, que passou no meu lado. - Min-ji diz com a voz cheia de recentementos, estava irritada, tinha até mesmo esquecido do maldito caçador de olhos azuis sombrios - Eu não quero nada que venha desse homem, nada.
- Eu... entendo. - Castiel murmurou baixinho.
- Então foi graças a esse cara, que eu fui colocada nesse sistema, não é? - Min-ji perguntou seriamente, olhando de relance para o seu conselheiro - Então... vou fazer como me pediu, Castiel. Não preciso da proteção dele, não preciso do sistema.
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