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Alguns dias se passaram desde que saí daquela dungeon, onde eu, Jin-Ho e Jin-Woo quase morremos e fomos forçados e eliminar aqueles que nos traíram e ameaçaram nossas vidas.

E depois desse tempo que se passou, não me encontrei com aqueles dois, não que eu queira.

Por algum motivo desconhecido, sempre que eu me encontro com o Sung, alguma coisa ruim acontece. Não que eu me importe, desde sempre eu me metia em confusão, bem antes de ser uma caçadora.

Mas algo nele me incomoda, quando estamos perto um do outro, eu me sinto no dever de tirar ele do sério. Talvez seja o fato dele também fazer parte desse sistema, saber que ele também pode evoluir seu poder e ter chance de ficar mais forte.

Eu quero ser a melhor, mas como vou ser a mais forte se existe alguém igual a mim, que diferente dos outros pode evoluir e que possui o meu objetivo nas costas?

Mas tive todo esse tempo pra pensar.

Jin-Ho dividiu os cristais mágicos em três partes, então consegui uma boa quantia de dinheiro, vou poder ficar sem participar de raids por um bom tempo se eu quiser.

Então acabei ganhando um pouco mais de tempo para pintar e desenhar, o que vem me ajudando a relaxar um pouco.

Bom... nem tanto.

Tentei terminar mais um rascunho no meu caderno de forma inconsciente, enquanto minha mente viajava em pensamentos. Depois dos últimos acontecimentos minha inspiração era bem rara, não conseguia me concentrar, todo o meu tempo era consumido pelo sistema e suas quests diárias.

Observei meu desenho e fiquei frustrada vendo que eram apenas rabiscos sem sentido no papel branco, arranquei a folha e a amassei, jogando em um canto qualquer do quarto, onde uma pilha já se formava.

Estava pronta para começar do início outra vez, mas o barulho de alguém batendo na porta chamou minha atenção.

- Min-ji. - Hyun apareceu com uma feição confusa - Você conhece algum Jin-Ho Yoo?

- Que? - Joguei o caderno no cama e me levantei - O que ele quer?

- Ele está procurando por você no telefone. - Hyun franziu a testa - Quem é ele?

- Um conhecido. - Coloquei minhas pantufas, não posso mentir dizendo que não estou curiosa - Onde está o meu telefone?

- Não sabia que tinha amigos. - O moreno diz com um sorriso divertindo, me fazendo fechar a cara.

- Desde quando você pensa que eu não tinha amigos? - Perguntei ofendida.

- Você nunca mais saiu com ninguém desde que se formou na escola, e... - Ele riu - Também desde que você quebrou o nariz daquele garoto, só porque ele disse que você estava bonita na formatura.

- Ele estava me assediando!

- Foi apenas um elogio.

- Um elogio com segundas intenções, tô certa. - Rebati constrangida.

Confesso que nunca soube lidar bem com elogios, principalmente com a minha aparência. Desde que me entendo por gente, a cor do meu cabelo e dos meus olhos sempre foram algo incomum pela sociedade. E coisas diferentes e fora dos padrões chamam muita atenção, na maioria das vezes não pelo lado bom.

E crianças podem ser bem mais maldosas que os adultos quando elas querem.

Acho que não passei todos os anos de escola sofrendo bullying, porque os garotos tinham medo de ficar com o nariz ou os dentes quebrados. Como eu já disse, minha personalidade não era umas das melhores.

E como eu já chamava a atenção das pessoas por causa da minha aparência, eu tentava a todo custo ser melhor que elas na maioria das coisas.

Melhores notas, melhor desempenho nos esportes e várias detenções por quebrar regras. Isso me tornou popular, com pessoas ao meu redor com interesses o tempo todo, não amigos de verdade.

- Naquele dia eu estava muito nervosa, é isso.

- Hum... se você está dizendo. - Ele riu da minha cara, me dando passagem na porta.

...

Vesti uma roupa casual e fui o mais rápido possível até o "Cafe Pene", o lugar onde Jin-Ho marcou de me encontrar. Devo confessar que estou me mordendo de curiosidade, não consigo evitar, sempre fui assim.

Pensei em nunca mais ver o Yoo outra vez, ele teria motivos é claro. A alguns meses atrás se por acaso eu conhecesse dois assassinos psicopatas, eu acabaria os desafiando e morrendo, ou eu faria o possível para ficar o mais longe que me permitissem.

Cheguei no restaurante e apreciei ser um lugar bem bonito, sendo o Jin-Ho filho de um milionário, não é uma surpresa ele frequentar um lugar assim.

Entrei e rapidamente pude escutar a voz alegre do mais novo, que se levantou da cadeira em que estava sentado e acenou com a mão tentando chamar minha atenção, suspirei aliviada quando vi que ele estava sozinho.

- Chefinha! - Ele sorria - Que bom que você veio.

- Pensei que você nunca mais ia querer me ver outra vez. - Forcei um sorriso, pra falar a verdade eu até que estava bem feliz de ver o Yoo de novo - Depois do que você viu, eu até entenderia e daria razão.

- Por que eu não gostaria de te ver outra vez? - Jin-Ho puxa a cadeira para eu me sentar, como um verdadeiro cavalheiro, devo dizer que eu gostei, não é todo homem que faz isso - Você e o Chefinho salvaram minha vida.

Fechei a cara quando o garoto mencionou o Sung, eu sei que não há motivos para o meu comportamento, mas eu definitivamente não gosto dele.

- Digamos que não é dessa forma que de gostaria de salvar as pessoas... - Cruzei os braços e estremeci só em lembrar da sensação de separar a cabeça de Hwang do corpo.

- Aceita um café? - Ele ofereceu mudando de assunto.

- Eu aceito. - Assenti e ele chamou um garçom - Bem forte e com bastante açúcar, por favor.

Enquanto esperávamos nosso café, ele batucava os dedos na mesa de madeira frenetica, mostrando estar bem nervoso.

- Então... como você conseguiu o meu número? - Perguntei.

- Eu tenho alguns contatos na guilda. - Jin-Ho respondeu com um sorriso divertido.

Logo depois senti um frio na espinha seguido de uma sensação ruim, e então Jin-Ho olha para a entrava e se levanta, acenado da mesma forma que fez quando cheguei.

- Bem aqui, Chefinho!

Fechei os olhos e soltei um suspiro cansado, seria bom demais se o Yoo só tivesse me chamado. Senti a presença do Sung ao meu lado e ele se sentou na cadeira vazia entre mim e Jin-Ho na mesa redonda. O garçom chegou com o nosso café e logo tratei de dar um gole para aliviar o estresse.

- Como consegiu meu número?

- Ele tem contatos na guilda. - Tomei mais um gole do meu café, que por acaso estava ótimo, sentindo o olhar analítico do moreno em mim.

- Quer café?

- Eu estou bem. - Jin-Woo recusou - Eu não esperava encontrá-los de novo.

- Pois é. - Corcordei.

- Como eu disse antes para a Min-ji, vocês salvaram a minha vida. - Jin-Ho diz, olhando para nós dois

- Bom, você dividiu todos os cristais de mana conosco, então eu ganhei um pouco de dinheiro. - Jin-Woo diz com um sorriso simpático - E também, já que você não disse nada, não houve problemas até agora.

- Aqueles caras tentaram nos matar primeiro, somos caçadores, então não podemos morrer tão fácil... - Jin-Ho diz seriamente - Foi uma luta entre caçadores.

Ele abaixou o olhar e fechou as mãos mãos punhos, franzi a testa confusa e chamei a atenção dele novamente.

- Jin-Ho, por que você queria nos ver? - Perguntei.

- Chefinhos. - Ele nos olhou de uma forma determinada - Eu estou planejando criar uma equipe pessoal...

Soltei uma risada, olhando para o Yoo com humor e estranhei que ele ainda estava com uma feição séria.

Não era uma piada.

Eu não posso acreditar que mesmo depois das cenas horríveis que presenciamos ele ainda tem coragem de querer um grupo pessoal para as raids.

- Isso é sério mesmo? - Perguntei desfazendo meu sorriso.

- Eu recuso. - Jin-Woo negou, indiferente.

- Mas eu nem terminei minha frase...! - Jin-Ho se desesperou quando o mais velho se levantou.

- Eu não preciso ouvir.

- Chefinho! - Jin-Ho se levanta desesperado.

- Deixa ele falar, Sung. - Me levantei também - Você não consegue deixar essa sua pose de super-emo uma vez na sua vida?

- Ele quer criar uma força de ataque e quer que a gente participe, se você quer fazer parte disso, Ryu... então faça o que você quiser.

- Como você consegue ser tão insuportável? - Fiz uma careta.

- Por favor! Me escutem...!

- E olha, Jin-Ho. Você é uma boa pessoa, eu só aceitei vir até aqui porque gostei de você e tenho um pouco de consideração pelo que aconteceu antes. - Me virei para o Yoo, mesmo não querendo concordar com o Sung, isso realmente era uma bobagem - Mas eu não tenho tempo pra perder com essa ideia, se você queria nos chamar apenas pra isso... então acho que já vou embora.

- Eu estava imaginando o que seria, mas eu não tenho nenhuma intenção de ficar brincando por aí com um garoto rico. - Jin-Woo e eu nos viramos na direção da saída.

- Já tô indo se não tem mais nada a dizer.

- Apenas 20 vezes! - Jin-Ho exclamou, antes que nós dois saíssemos do lugar.

- O que? - Franzi a testa, voltando a olhar para o garoto.

- Não! Me acompanhem pelo menos 19 vezes! - Se corrigiu.

- Onde? - Jin-Woo pergunta - Em dungeons?

- Isso! - Ele concordou tirando algo do bolso - Lhes darei suas partes apropriadamente.

- Você deveria saber, baseado no incidente passado. - Jin-Woo me olhou de relance e depois voltou sua atenção no Yoo - Caçadores não matam apenas monstros, mas humanos também na maior facilidade. Raids não são esportes radicais.

- Isso não é brincadeira e você ainda quer criar uma grupo pessoal? - Neguei com a cabeça desacreditada - Você não bate bem da cabeça, mesmo depois de ver tudo aquilo? Será possível que...

Parei de falar e arregalei os olhos desacreditada, olhei para o Sung que estava igualmente surpreso.

- Ele quer ser um mestre de Guilda. - Jin-Woo diz.

- É isso mesmo que você quer? - Perguntei.

- Isso mesmo, Chefinhos! - Jin-Ho assentiu - É como disse, eu quero receber uma licença para me tornar um mestre de Guilda.

- Não é difícil caçadores receberem uma licença. - Estreitei os olhos.

- Sim, o caçador deve participar de pelo menos 20 raids. A primeira eu já passei da última vez, agora me faltam 19 raids para passar. - O mais novo diz, e depois sorri - É claro que tem um exame, mas se eu não fosse bem esperto, eu não teria como herdar a empresa, então estou bem confiante.

- Hum. - Jin-Woo murmurou com tédio.

- Você é bem seguro de si, Yoo. - Sorri divertida, vendo o garoto coçando a nuca com nervosismo.

- Parando pra pensar, você é o segundo filho da construtora Yoo-jin. - Jin-Woo diz.

- Isso. Eu me tornar um mestre de Guilda, é na verdade relacionado a nossa companhia também - Jin-Ho explica - Meu pai quer criar uma guilda.

Tanto a mim, quanto Jin-Woo ficamos surpresos. Tinha pensado em alguns motivos do garoto querer se tornar uma mestre de Guilda, mas ser pelo motivo do pai dele criar uma guilda não tinha passado em nenhum instante na minha cabeça.

- A construtora Yoo-jin quer construir uma Guilda?

- Foi exatamente o que ele disse, gênio. - Revirei os olhos e me diverti vendo a carranca se formando no rosto do Sung - Mas até que faz sentido seu pai querer uma guilda, Jin-Ho.

- Dungeons são perigosas, mas em proporção a isso, elas possuem montanhas de tesouros. - Jin-Woo diz enquanto nos sentavamso novamente - Núcleos mágicos e cristais de mana são apenas alguns deles, os corpos dos montros são usados como material também.

- Então não há nada de inútil nas dungeons, é claro que as outras empresas participam. - Me encostei na cadeira - Querer criar uma guilda para coletar esses tesouros é um ótimo investimento.

- Aí os caçadores que trabalham para a empresa completam a dungeon, e a empresa fica com as recompensas. - Jin-Woo diz - Então eles estão planejando se tornar autossuficientes.

- Exatamente, Chefinhos! - Jin-Ho concorda - Meu pai está planejando contratar um caçador de rank S e colocá-lo como o mestre, meu irmão se tornará o vice e comandará a guilda sobre a fachada de contribuinte.

Se não me engano, só há nove caçadores se rank S no nosso país, encontrar um deles e conseguir contratá-lo seria um bom desafio. Jin-Ho e sua família teriam que rebolar muito pra conseguir um desses.

Bom, se eles estiverem planejando contratar um rank S sem registro, sobra apenas o caçador Beong-Gyu. Mas ele está aposentado.

- Mesmo que o seu irmão vá se tornar o vice, a diferença de autoridade é muito grande. - Sung diz - É provável que o atrito entre os dois não terá como ser impedido.

Fiz uma careta quando bebi um gole do meu café, que agora estava frio. Toda essa conversa de politicagem e planejamento também já estava me enjoando.

- Sim. - Jin-Ho concorda - Meu irmão é talentoso, mesmo sem o despertar duplo, ele é forte o bastante para o assento de mestre da guilda.

- Mas alguém como você, de rank D, pouca idade e sem experiência, não poderia participar. - Conclui.

- Está planejando ganhar um pouco de experiência e aí consultar o seu pai? - Jin-Woo perguntou logo depois.

- Sim. - O Yoo concordou, fechando as mãos em punhos em cima das pernas, uma mania que percebi que ele sempre fazia quando estava nervoso - É isso mesmo.

- Ah! - Sorri com diversão - Agora eu entendi o que você quer, espertinho. Mas por que você...?

Jin-Ho as levanta de súbito me interrompendo, com uma feição determinada e séria.

- Pelo fato de vocês serem ranker fal...! Digo. - Ele se mesmo se corrigiu de imediato, quando viu a feição questionadora do Sung - O fato de vocês esconderem suas habilidades será mantido em segredo por mim, pra sempre!

Arregalei os olhos olhando ao redor, vendo se alguém estava nos escutando, graças ao garoto que estava falando, berrando, alto demais. Mas felizmente, todos estavam ocupados em suas próprias conversas.

- Se planejam ir em uma raid e esconder suas habilidades, vocês não vão precisar de um grupo?!

- Fala baixo, porra! - Puxei o garoto para se sentar novamente e ele tapou a boca envergonhado.

- Desculpa. Continuando... - Ele diz ainda constrangido - Comparado a uma caçada em grupo, com um caçador de alto rank, o sucesso de completar uma raid em segurança com um caçador de rank E, muito melhor.

Eles nos encarou com uma gota de suor descendo de sua testa e sorri cruzando os braços.

- Então você quer que a gente participe. - Afirmei.

- O que ganhamos se participarmos? - Jin-Woo pergunta.

- Isso. - Ele nos passou alguns papéis e logo tratei se ler.

Depois de poucos segundos, meu rosto mostrava a mais pura surpresa.