𝐒𝐄𝐀𝐒𝐎𝐍 𝐎𝐍𝐄; chapter five
Passamos a manhã toda tentando convencer Eli e Demetri a lutarem caratê, mas Demetri só fez comentários irônicos e Eli nem ao menos abriu a boca. Meu pai cancelou o treino hoje então eu fiquei em casa enquanto ele estava sei lá aonde.
Ouvi batidas na porta e assim que abri Miguel entrou com um computador nas mãos e foi até a sala se sentando no chão, apoiando o computador na mesinha.
— Acho que você e seu pai vão gostar muito disso. É uma página do Cobra Kai. Fiz na escola, clica na cobra.
Eu me sentei ao lado dele ainda meio sem animação, mesmo que estava surpresa que ele tenha feito um site sozinho. Apertei no símbolo do cobra Kai e fez um som de cobra, passando para a página de login.
— Pensei em a gente fazer um aplicativo para montar o progresso, fazer uma campanha nas redes sociais, alcançar a escola toda.
— Você fez isso sozinho? Caramba... — O olhei por um tempo, não sei o que era que me prendia tanto no olhar inocente dele. — Me espera na escola 00:00. Você vai ser melhor que eu no caratê, eu prometo.
— Que? Jura? Mas e o seu pai?
— Ele vai ficar feliz por você gostar de rock dos anos 80 e ainda mais vai adorar saber que eu quem te ensinei tudo o que eu sei.
Mal esperei receber um abraço do Miguel, mas recebi. Nosso primeiro abraço, a única pessoa que eu costumo abraçar é minha mãe, e eu amo abraços.
Enterrei o rosto na curva do pescoço do Miguel e ele fez o mesmo comigo, o abraço durou poucos segundos quando a porta do apartamento se abriu.
— Vocês tão se pegando? Na minha sala? — Meu pai deixou a mochila sobre uma cadeira.
Nos afastamos.
— É só um abraço pai! — Resmunguei. — Vamos com a gente meia noite na escola hoje? Vou ensinar Miguel a chutar, e sem sua presença não vai ser a mesma coisa.
— Se você acha que ele está pronto. Não vejo por que não.
...
Alguns meses se passaram após aquele dia. Miguel aprendeu a chutar e pensar com as pernas e não com as mãos. Mas aparentemente não soube usar muito bem as novas habilidades no baile de halloween.
Estou sentada no sofá da casa dele segurando um saquinho de gelo no seu rosto enquanto ele segura outro na costela.
— Miguel, por que não me conta quem fez isso? Eu ligo na escola, eles podem te ajudar. — Carmen disse.
— Só vai piorar as coisas, mãe.
— Pior do que isso?
— Não é culpa do Sensei Lawrence, eu não estava pronto.
— Não. Chega de caratê.
Isso fez eu olhar para ela. Por que tirar a única coisa que o filho dela realmente gosta de fazer e que pode ajudar ele.
A mãe é a avó dele começaram a discutir, provavelmente sobre meu pai já que ouvi a mãe dele soltando um "ele é um perdedor."
Meu celular começou a tocar e eu saí do sofá indo para o quarto do Miguel e me sentando na cama, colocando o aparelho no ouvido e me inclinando para frente, tampando o rosto com a mão.
— Alô?
— Coraline? É a Carla Jenkins da escola do seu irmão. Conversamos a alguns dias.
— Sim, eu me lembro.
— Desculpe interromper a viagem a canoa.
— Viagem de Canoa?
— Por mais que eu aprecie dois irmãos viajando juntos pelo Colorado. O bilhete do seu pai dizia suas semanas, e já faz quase um mês.
— Espera, o Robby está fora da escola há um mês?
— Sei que é fácil perder a noção do tempo no rio, cresci no delta do Mississipi. Mas se seu irmão não voltar para a escola essa semana, ele poderá repetir um ano.
— Ele vai voltar. Não se preocupe.
Desliguei o telefone, saindo do quarto.
— Querida, tá tudo bem? Parece que está prestes a explodir.
— Eu to bem, Carmen. Só tenho que resolver uma coisa do meu irmão. Posso voltar depois?
— Pode voltar sempre que quiser, Cora. — Ela sorriu e me deu um beijo na bochecha.
Me despedi do Miguel com um beijo na testa e sai correndo do apartamento e peguei o carro, dirigindo até onde imaginei que Robby estaria com os "amigos": a casa da mãe dele.
Estou batendo na porta a um bom tempo, mas duvido que com essa música alta eles ouviriam algo.
— Desculpa interromper a tarde das garotinhas.
— Não sabe bater não? — Um garoto abaixou a tela do computador quase que imediatamente ao me ver.
— To batendo a mais de cinco minutos mas com essa música lixo vocês não ouviriam nunca.
— O que você tá fazendo aqui? — Robby franziu o cenho.
— A diretora me ligou. Fiquei sabendo sobre a nossa "viagem a Colorado".
Ele riu.
— Eu não sabia como era uma viagem de irmãos então usei a imaginação. Se quiser pode escolher para onde a gente vai da próxima vez.
— Não é sobre a gente, você deveria estar na escola, não com esses idiotas. Sua mãe tá aqui?
Ele não respondeu, abaixou a cabeça. Me sentei ao lado dele.
— Claro que não né? Eu entendo ta? A escola é chata mas você tem um futuro pela frente.
— Ah... então quer dizer que eu posso crescer e ter meu próprio Dojô com meu papaizinho?
— Não to falando do pai e nem de mim. Você pode ser alguém na vida.
— Que nem o amiguinho de vocês Daniel Larusso? Deve ser ótimo ser um vencedor.
Cruzei os braços. Era claro na minha cara que eu estava cansada dessa relação lixo com meu irmão.
— Quer saber? Que se dane! Se vai pra escola ou não é problema seu.
— Eu não vou pra escola eu desisti. E minha mãe concorda comigo então você pode ir embora.
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