43. Sinceridade e Sentimentos
Eu não quero te dar a impressão errada
Eu preciso de amor e afeto
E eu espero que eu não esteja soando muito desesperado
Eu preciso de amor e afeto...
Oh, querido, eu não estou pedindo o mundo
Talvez você possa me dar o que eu quero
Querido, me segure firme e quando eu estiver me afogando, salve me
Me dê isso diariamente
Garoto, ultimamente você está se apertando com seu tempo
Me pego imaginando, eu fico imaginando se eu estou
na sua cabeça
Garoto, eu só quero estar sob sua posse
Você diz que eu sou a única que você quer, então venha expressar isso...
— Loveeeeeee Song; Rihanna
Turtle Bay, Manhattan, NY
13 de janeiro, 09h
S C A R L E T T
A manhã de hoje havia sido a mais calma que tive em dias. Acordei disposta, e fiz Chris acordar, vendo sua feição emburrada para mim. Não queria tomar café no hotel. Queria algo melhor. Queria ver mais de Nova Iorque antes de ir embora e demorar muitos outros anos para voltar. E ele aceitou.
Óbvio que aceitaria. Fui bem convincente quando disse que o deixaria aqui sozinho se ele não fosse comigo.
E então nós nos arrumamos rapidamente e seguimos para o térreo, pegando um táxi em direção a uma cafeteria famosa. Era num loft, térreo, primeiro e segundo andar. Chris pareceu ansioso para conhecer quando chegamos, e desceu do táxi, mantendo a porta aberta para mim enquanto eu pagava a corrida.
Entramos e fomos guiados pela recepcionista para o andar superior. Ela pegou uma mesa para nós na área aberta e Chris puxou a cadeira para mim, me acomodando. Pegamos os dois cardápios e começamos a escolher, permanecendo indecisos entre três coisas.
— O que você vai querer? — Pergunto, e vejo Evans encarar o cardápio.
— Estava indeciso entre o crepe ou o bolo. E você?
— Estava entre o bolo e o croissant doce.
— Hm.. Então você pede o croissant, eu peço o crepe.
— E o bolo? Podemos dividir. — Sugiro.
— Pode ser.
Ele acena para o garçom que logo vem recolher o menu e nossos pedidos, avisando que não demoraria a chegar. Nos distraímos entre conversas, comentando sobre como o dia estava quente, e como havia combinado com o nosso ânimo.
Sentia Chris um pouco diferente, mas num bom sentido. A nossa conversa de ontem ainda estava na minha cabeça. As cenas dele me defendendo, me confortando. Eu o olhava com um sorriso bobo no rosto, e sequer havia percebido que ele estava em uma ligação. Estávamos com as mãos dadas sobre a mesa, enquanto ele segurava o celular com a destra e eu observava ao redor, os prédios e a rua.
— …Mas ele havia dito que iria para a casa de Carly quando voltasse, então não sei. — E então uma pausa. — Eu não estou em Boston, mãe. Dodger está com um amigo. — Pausa. — Sim, viajei, mas é rápido... Não, não é a trabalho... É com a Scarlett… Ela está aqui comigo, podemos nos falar depois? Obrigado.
— Não imaginei que ela ficaria tão animada sobre nós dois. — Digo, quando me certifico de que ele desligou a chamada.
— Está brincando? O sonho dela era que eu levasse alguma mulher para um feriado em família. Chegar com você no natal foi o ápice. E ela te adora, então…
— Own, sou a nora perfeita, pode falar.
— Deve ser. Bom, seria se fosse um relacionamento sério.
— Ouch, doeu Chris. — Brinco e o vejo rir e manear a cabeça em negação. — Quem sabe um dia…
— Não me dá esperanças. Você só me ilude. — Ele diz, e eu me calo quando o garçom se aproxima, trazendo nossos pedidos. — Obrigado. — Agradece, e o rapaz devolve com um sorriso.
— Não iludo, bebê. Juro.
— Hmhmm. Vai dizer que você está disposta a um relacionamento sério? Eu te conheço, Scarlett.
— E se eu estiver?
— Com certeza é doença.
— É sério, Chris. E se eu estiver? E se eu quiser tentar? — Pergunto, e o vejo parar de mexer o café. — E se eu quiser exclusividade, e tudo o que já temos, só que público? Melhor?
— O que deu em você?
Sua mudança de humor me deixou em alerta. Mudei a postura imediatamente. Me mantive ereta, séria. Meu coração não sabia se acelerava ou paralisava. Parecia que havíamos invertido os papéis. Eu queria conversar sobre sentimentos e um possível relacionamento, mas ele não. Mal me olhava.
Agora eu sabia como era estar do outro lado da moeda. E doía.
— Desculpa. — Peço.
Volto minha atenção para a comida, mesmo que tivesse perdido todo o apetite agora. Precisava comer antes de voltarmos ao hotel e fazermos as malas para voltar a Boston. Mas eu estava inquieta. As mãos ligeiramente trêmulas, e eu sequer conseguia manter o contato visual com ele.
— Ei, Scar. — Vejo Chris me chamar e hesito para olhá-lo. Eu me sentia tão idiota agora. — Me desculpa ter reagido assim.
— Não. Tudo bem, você está certo. Eu insisti tanto para que fosse só.. Sigiloso e… E, sabe, sugerir isso agora parece loucura.
— Não. Não é, eu só não estava pronto para isso agora. Não imaginei que iria querer isso agora.
Claro que não, você tem seu encontro marcado quando voltar para Boston.
— Está tudo bem, Chris. Vamos continuar assim. Aparentemente é melhor para os dois. — Digo, batendo o martelo sobre o assunto e começando a comer.
E assim foi embora o ânimo que eu sentia naquela manhã. Ele não fala mais nada, não insiste no assunto, e eu sei bem o porque. Ele não queria exclusividade, tinha seus outros contatos e, com certeza, não deixaria só por mim. Eu era muito boba em imaginar que ele faria isso. E ainda mais por estar me sentindo mal por isso.
Tinha que pôr na minha cabeça que não era só porque eu estava disposta que ele também estaria. Só era difícil de imaginar, porque ele sempre quis tanto isso…
Assim que terminei de comer, senti meu celular vibrar no bolso. O peguei, desbloqueando e olhando as notificações que ignorava. Não havia nada demais, e o mais próximo de “importante” era uma mensagem da Margot, perguntando como eu estava.
“Estou melhor. Precisamos conversar quando eu voltar.”
“Sobre o Evans?”
“Também. Revi meus pais.”
“Oh. Volta hoje?”
“Sim. Em algumas horas. Mas conversamos amanhã no trabalho.”
“Tudo bem. Boa viagem de volta, amorr”
“Obrigada, meu bem”
Pus o celular de volta na mesa e tornei a observar a cidade. Sentia o olhar de Chris queimar em mim. Os olhos azuis quase semicerrados, o ciúme, possivelmente por me ver no celular, e sem saber com quem eu conversava.
Eu não dei a mínima. Se estava com o meu orgulho muito bem dobrado e guardado, e o controlando o meu ciúme a rédeas curtas, não via o porque dele não poder fazer o mesmo. Não queria mais encher minha cabeça com problemas. Não quando eu havia finalmente me livrado de um gigantesco.
Eu mereço um pouco de paz.
— A conta, por favor. — Ouço Evans pedir e o garçom assente e sai. — Não vai querer mais nada, vai?
— Não.
Ele assente e desvia o olhar. Eu faço o mesmo. Não era um jogo de desinteresse. Pelo menos não a meu ver. Eu sempre odiei isso, e era um dos motivos de eu sempre me afastar de pessoas indecisas. Mas.. Agora as pessoas indecisas eram nós dois. E pelo jeito, nenhum dos dois queria se afastar.
O garçom trouxe a conta e Evans pagou antes mesmo que eu tivesse a oportunidade de tentar pagar. Nós dois saímos juntos do local e ele estendeu a mão para mim, me fazendo entrelaçar os dedos nos seus, e então começamos a caminhar pela cidade, observando pontos, o céu, as pessoas.
O clima estava ficando gradativamente mais frio, mas não era o suficiente para eu me arrepender de ter saído de vestido e sem casaco. As árvores ainda tinham o brilho da neve recente nelas, mas já tinham um tom de verde brotando entre os galhos secos. Era uma coisa interessante de se observar. Sempre gostei da alusão da natureza com a nossa vida.
— Quer voltar para o hotel agora? — Evans pergunta, continuando a andar.
Não era uma má ideia, sequer estávamos longe. Três quarteirões, e nos aproximando cada vez mais.
— Acho que é o lugar mais apropriado para conversarmos.
— Conversar, discutir, ou chegar lá e fingir que nada aconteceu. Você decide. — Ele alfineta e eu rolo os olhos.
— Você as vezes é tão imaturo. E não entende quando eu finjo que nada aconteceu.. — Digo, continuando a andar.
Era cômico porque estávamos quase na fase em que queremos arrancar o pescoço um do outro, mas continuávamos de mãos dadas.
— Imaturo? Você muda o seu comportamento da noite para o dia e quer que eu lide com isso fácil assim?
— Você não sabe mesmo como um relacionamento funciona.
— Ah, eu? E você sabe, não é? Mestra dos namoros. Até onde eu sei o seu caso mais longo fui eu, eu!
— E está bem perto de deixar de ser. — Ameaço, o encarando, vendo sua feição mudar.
Em completo silêncio, nós dois voltamos a andar. E permanecemos calados e distantes por todo o percurso de volta ao hotel em que estávamos hospedados. Os dois quarteirões me deixaram cansada, então assim que subimos eu fui direto para a cama, me deitando, relaxando, e pegando o celular, trocando mais mensagens com Marg e Elsa.
— Poque sempre que temos a mínima briga você ameaça “terminar”?
— Porque pra mim é a melhor solução.
— Sério? E se isso fosse um relacionamento de verdade? Você jogaria tudo para cima assim, fácil?
— Óbvio que não! Não tem como fazer uma comparação dessas, Chris! Nós somos ficantes, e por mais que sintamos algo um pelo outro, não é comparado com o sentimento de namorados, de um casal de verdade!
— E porque nós não podemos ser um casal de verdade? Me diz? Você já até admitiu que tem sentimentos.
— Por Deus, é óbvio que tenho, seu idiota! Por mais cabeça dura que eu seja, eu sei admitir que já passou de ser só sexo. E mesmo assim, eu teria que sentir algo até para isso. Até para deitar nessa porra de cama e foder com você, eu precisaria sentir alguma coisa.
— Então… Você..
— É, Chris. Eu gosto de você. Porra, eu gosto muito! Eu tirei um peso das minhas costas, eu finalmente consigo me sentir bem. Bem o suficiente para reconhecer o que você já está significando para mim, mas..
— Não, sem mas. Por favor!
— Mas é o momento errado. — Concluo, vendo-o me olhar com as sobrancelhas unidas. — Eu tive você por um tempo, mas não estava pronta. E agora… Você me tem. Mas não só a mim. Eu sei que não.
— Scar… Nós dois combinamos assim, então eu não achei que tivesse problema!
— E não tem! Está tudo bem. Eu disse que não queria que você se prendesse a mim, não disse?
— Disse, mas depois de ouvir tudo isso.. De saber tudo isso… Como acha que eu me sinto?
— Não precisa ficar mal comigo, ou consigo mesmo por causa disso, tá legal? Está tudo bem. Continuamos assim e você pode ter suas outras garotas quando voltarmos a Boston.
— Não são garotas, é só uma pessoa que eu- Enfim, não é como se eu fosse o único. Eu vi você e suas risadinhas para o celular.
— Chris…
— Não, relaxa. E-Eu me incomodei, sim, um pouco. Mas foi como nós combinamos, nós dois podemos fazer o mesmo e-
— Era a Margot e a Elsa. — Intervenho. — Eu conversava com as duas.
— Oh… Tem certeza que não tinha nenhum outro cara?
— Eu estou bem só com você. Não quero outra pessoa. — Digo, o olhando, e vejo o loiro dar um leve sorriso e se aproximar.
— Vamos.. Vamos respirar um pouco, está bem? Você precisa de um bom descanso após sua mente passar por tanto e… E depois nós podemos rever nossa situação. Sabe, o sexo está ótimo. Os sentimentos estão.. Aparecendo. A gente está indo bem. Não é?
— Sim.
Mas… Indo para onde, exatamente?
Sequer tive a chance de questionar. Chris me abraçou e eu devolvi o carinho. Havíamos posto poucas cartas na mesa, mas era o suficiente para eu me acalmar um pouco. Ao menos poderia dormir mais minimamente tranquila sabendo que ele ao menos fazia ideia de que eu não o achava um completo imprestável.
E eu sinto que foi bom para mim me expressar. Pela primeira vez em muito, muito tempo.
Tentaria fazer isso mais vezes. Sentia que finalmente estava indo no caminho certo. Diretamente para amor e afeto. É… Parecia um bom destino sim.
▰▰ // ▰▰
E vamos de DR!
Espero que tenham curtido o capzinho, mesmo com essa montanha russa de emoções.
Sem muitas notas hoje, tô ruinzinha de saúde ainda e preciso descansar.
Té o próximo, bjoo
🌷
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