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31. O Intenso Refrão


North End, Boston
31 de dezembro, 18h

S C A R L E T T

Decidir o que cozinhar nunca era uma tarefa fácil, muito menos para mim. Mas decidir a refeição de réveillon era ainda pior. E agora para dois. Assim como o Natal, eu sempre passava o réveillon sozinha, mas tudo estava diferente agora. Eu tinha ele, a família dele, estava incluída em mais planos, e não estava mais sozinha.

Mas… Os imprevistos aconteceram, e agora Chris estava no telefone com a mãe dele por cerca de dez minutos, tentando convencê-la de que não poderíamos ir a Roslindale. Nós sabíamos que as chances de acontecer mais algum imprevisto daqueles era baixa agora, mas estávamos cansados para viajar. E por decisão dele, preferimos ficar.

— Eu sei, mãe. Mas… Ok. Está bem. — O loiro afasta o celular do ouvido e me entrega. — Ela quer falar com você.

Pego o aparelho, levando ao ouvido enquanto encaro o armário aberto e continuo pensativa.

— Lisa?

Oi, Scar! Como você está, meu amor?

— Estou ótima, e você? Como está aí?

Estou bem, todos estão bem.

— Que bom. Olha, sinto muito por não podermos ir. A situação aqui está bem apertada para nós.

Não se preocupe! Eu entendo perfeitamente. Vocês passarão a noite juntos? — Ela pergunta, e eu encaro Chris, mordendo o interior da bochecha. Sabia o que aquela pergunta significava, estava implícito, mas ela queria saber.

— Sim. — Respondo, e posso ouvir um ligeiro suspiro dela.

Que ótimo! Bom, uma boa noite para você, querida. Cuide bem do meu bebê! — Ela diz, e eu sorrio.

— Pode deixar! Boa noite e boa festa a vocês!

Ela desliga a chamada e eu entrego o celular para Chris. Me sento no balcão, balançando as pernas e encarando o teto, e vejo de relance o loiro se levantar e caminhar até mim. Ele apoia as mãos na minha cintura e beija meu pescoço, parando apenas quando o seu celular vibra novamente.

— O que ela te disse?

— Nada demais. Perguntou como eu estava, se passaríamos juntos… — Digo, vendo-o digitar rapidamente no aparelho.

— Ela está louca pra saber se estamos juntos. — Evans diz, e eu sorrio, sabendo que havia sanado sua dúvida a pouco. — Olha… Tem um lugar que poderíamos ir, se não quiser passar em casa. — Ele começa, eu assinto para que continue. — Lembra daquele Robert que você conheceu na festa de natal?

— O que tem cara de playboy? Lembro.

— Ele vai dar uma festa na cobertura dele em West End e nos convidou.

— Nós dois?

— Sim. Bom, ele esqueceu seu nome, mas disse “a loirinha juíza que você, com certeza, está namorando em segredo”. — Chris diz, e eu não controlo o riso. — Eu neguei porque iríamos passar em Roslindale, e lá com certeza vai estar bem cheio, mas… É uma opção, se você quiser.

— Eu topo.

— Mesmo?

— Mesmo. Sei que seus amigos são animados e eu gostei deles. — Digo, dando de ombros, e Chris apoia a mão na minha testa, checando se estou febril. — É sério, Chris! Que horas seu amigo marcou lá?

— Começa as nove, ainda temos três horas. Quase duas.

— Ótimo. Então eu vou pegar uma roupa e vamos para a sua casa. É mais perto da entrada de West End.

— Ok.

Desço do balcão, mas o corpo de Chris em frente ao meu me impede de andar, quase de me mover. Os braços largos me cercam, me deixando realmente presa ali, e ele me encara com um olhar divertido.

— Qual a senha? — Pergunta, me fazendo lhe dar um selinho. — Pode passar.

Sigo para o quarto e ele me segue. Abro a mala que havia feito ontem, e pego uma roupa simples, os saltos e o vestido que havia separado para a noite. Pus tudo em uma bolsa menor, junto a produtos de higiene e maquiagem, carregador do celular, carteira e chaves. Com tudo pronto, nós saímos. Eu dirigi de volta para a casa dele e deixei o carro na frente, estacionado atrás do seu.

— Vai tomar banho, vou arrumar a sala de estar para deixar o Dodger. — Ele diz, pondo minha bolsa em cima da cama. — Não demoro.

— Tudo bem.

Pego toalha e produtos de higiene e sigo para o banheiro da suíte. Tomei um banho tranquilo, lavando bem o corpo e cabelo. Assim que eu terminei, Chris chegou. Enquanto ele tomava banho, eu secava o cabelo, e comecei a maquiagem. Não fiz nada pesado, deixei tudo simples, e o cabelo solto. Passei um pouco de perfume e voltei ao quarto. Vesti a calcinha de renda e o vestido, o ajustando no corpo.

(N/a: vestido da mídia de cima)

— O vestido está transparente? — Pergunto, virando de frente para o loiro. Ele estava vestido apenas com a box e secando o cabelo com a toalha.

— Nos seios? Não. Ele é forrado?

— É, mas achei estranho.

— Não está. — Ele garante, usando o flash do celular. — Esse seu decote é imoral.

— Gostou, bebê? — Questiono, virando de costas e sentindo seu tapa estalado na minha bunda.

— Vai chamar atenção. É perfeito. — Ele diz, sorrindo.

— Vai se vestir, estou pronta.

— Sim senhora, meu benzinho.

Me sento, calçando os saltos e esperando Chris. Ele veste a calça jeans escura, blusa básica preta e jaqueta de couro. Calça os sapatos e arruma o cabelo rapidamente. Ele pega a carteira e celular e estende a mão para mim. Saímos juntos, e nos despedimos de Dodger antes de ir. Chris pediu um táxi, dando o endereço do amigo quando o carro chegou.

No táxi, Chris foi conversando com o motorista, e eu descansei, apoiada no seu ombro. Me sentia um pouco sonolenta, mas sabia que passaria após o primeiro gole de álcool. Entramos em West End e seguimos para o prédio que dava vista para o rio Charles. O prédio era modesto por fora, poucos andares considerando os que haviam mais para o centro, mas era luxuoso.

Chris pagou a corrida e nós entramos quando ele liberou o portão pela senha. Subimos, e ao sair do elevador já podíamos ouvir o som alto de dentro do local. Chris liberou a entrada com a senha que Robert o havia enviado, e entramos. Não estava tão cheio assim, e havia começado há cerca de uma hora. O que era bom, eu estava disposta a conhecer pessoas mas se não tivesse que fazê-lo era ainda melhor.

— Heyy! Não sabia que você vinha! — Um dos amigos de Evans se aproxima, e ele solta minha mão para abraçar rapidamente o rapaz.

— Digo o mesmo. Sua mãe sabe que você está aqui, Holland?

— Haha, muito engraçado. — O garoto diz. Ele realmente parecia bem jovem.

— Tom, essa é Scarlett Johansson, minha amiga. Scar, esse é Tom Holland, é afilhado do Robert. — Chris nos apresenta.

— É um prazer conhecer. — O jovem diz, sorridente.

— O prazer é meu!

— Vem, o Rob está na sacada com o pessoal.

O pessoal. Aquilo me assustou um pouco, e ver tantas pessoas na sacada da cobertura ainda mais, mas além de Mark, Brie e Josh, que eu havia conhecido antes, e Tom Hiddleston, que eu havia conhecido na festa dos gêmeos Hemsworth, quem complementava o grupo eram apenas Elizabeth Olsen e Tessa Thompson, e eu fui apresentada a ambas como amiga de Chris, mas recebendo olhares engraçados de todos. Estava óbvio que não éramos só isso.

— O que quiserem beber, tem a adega, a cozinha, podem pegar. — Robert diz, abraçado a Susan.

— O que você quer?

— Eu vou com você. — Digo, me levantando e sentindo ele segurar minha mão.

— Tem os quartos no andar de cima também. — Robert sugere, recebendo um dedo do meio de Chris.

Seguimos para a cozinha e Chris serve vodka saborizada no meu copo, pondo gelo de água de côco, e pega uma cerveja para si. Voltamos para a sacada e ele se senta no sofá, me puxando para sentar ao seu lado. Os amigos nos incluem na conversa e começamos a papear, comer e beber. Vi quando alguém ofereceu um cigarro a Evans, e ele pegou um pouco relutante, logo se virando para mim.

— Se importa? — Perguntou.

Eu maneei a cabeça em negativa, ele levantou, ficando de pé atrás de mim, evitando que a fumaça pegasse em mim ou outro dos seus amigos que estavam sentados. Aos poucos mais pessoas foram chegando, e Robert ia recepcionando, mas aquele grupo parecia fechado, ninguém mais entrava.

— ...óbvio que o grupo está aumentando. — Mark diz. — Tomzinho está namorando, logo a namorada também está incluída.

— Aliás, a Z não vem? — Rob pergunta, e o rapaz nega, bebericando da cerveja.

— Não, vai passar com a mãe.

— Bom, na próxima festa ela tem que vir. Até a namorada do Chris já veio. — Ruffalo pontua, e eu rolo os olhos em divertimento, sorrindo. — Oh, desculpa, "amiga." — Ele se corrige.

— Não sei a quem querem enganar. — Brie diz, observando Tom e Josh jogarem pebolim.

— Larson está certa. Podem falar a verdade para nós.

— Já falamos. — Digo, um pouco mais aberta. Vantagem da bebida. — Somos amigos.

Agradeço quando o assunto deixa de ser nós e passa a ser a contagem de minutos para a virada. Estávamos há alguns minutos. O álcool já estava funcionando bem no meu corpo, me deixando muito menos tímida, mas atacando a minha libido. O perfume de Chris invadia meu nariz ferozmente, e eu tinha de me controlar muito para não me deixar levar. Não aqui, não com os amigos dele por perto.

— Quer algo? Mais bebida? — O loiro oferece, falando ao meu ouvido. A essa altura, o som já estava quase nos ensurdecendo.

— Preciso de algo mais forte. E molhar o rosto. — Peço, e ele levanta, puxando minha mão.

Saímos do terraço, nos perdendo no meio das pessoas na sala de estar, cozinha, escada e andar superior. A cobertura era mais como uma balada do que um apartamento, os quartos de baixo foram reformados para parecerem salas de festa mais fechadas, reservadas, e os quartos de cima eram todos trancados.

Entramos em um dos banheiros e Chris trancou a porta, ficando encostado na mesma. Molhei levemente o rosto, agradecendo por ter usado maquiagem a prova d’água, e secando o rosto e mãos com papel. O vi se aproximar quando eu estava arrumando meu cabelo de frente para o espelho, e ele me abraçou por trás, passando a destra pela parte nua do vestido na minha cintura, e subindo a canhota pelo decote.

— Tanta gente te olhando, olhando isso aqui...

— Está com ciúmes? — Provoco, vendo seu olhar levemente possessivo.

— E se eu estiver?

— Não deveria. Sabe que não temos exclusividade, não sabe? — Atiço, vendo ele segurar minha cintura com as duas mãos firmemente, empurrando meu torso para ficar sobre a pia.

— Eu sei, Scarzinha. Mas também sei que eu te satisfaço muito bem, não é? — Entra no jogo, me encarando pelo espelho. Sinto sua mão esquerda passear por minha bunda, alisando e apertando o local.

— Veremos até quando isso vai durar. — Mordo o lábio, vendo o seu olhar perdido em mim.

É uma questão de segundos até eu sentir o tapa forte onde ele alisava. Chris vira meu corpo, pressionando sua ereção contra a minha cintura, pela nossa diferença de altura, e eu sorrio para o loiro, sabendo que minhas provocações haviam surtido um excelente efeito.

— Eu vou ter que sair daqui duro por você, porque eu não posso te comer aqui, agora. — Ele diz ao meu ouvido e se aproxima mais, se é que era possível. — Mas eu sei que você me provoca de propósito, Johansson. Vou te dar o que você quer mais tarde.

— Não pode esquecer. — Digo, vendo o loiro rolar os olhos.

— Vem logo, tarada.

Saímos do banheiro, seguindo para a cozinha, onde eu preparei um drink mais forte e Chris pegou mais uma cerveja. Voltamos para a sacada ignorando os olhares dos amigos deles, afinal não havia acontecido nada demais além de uma promessa de sexo.

— Que bom que você chegou, estávamos precisando tanto de mais mulheres nesse grupo. — Olsen diz.

— Ah é. Isso porque o grupo nem está completo, isso aqui é de passar mal com tanto homem idiota reunido. — Robert diz, levando um tapa de Mark na cabeça, Chris ri ao meu lado.

— As coisas estão se equilibrando. — Hiddleston diz, olhando no relógio. — Contagem regressiva? Faltam segundos.

— Abaixa a música. — Susan pede, e Robert o faz pelo controle.

Nos guiando pelo relógio do Tom mais velho, começamos a contagem aos dez segundos. Eu havia esquecido a intensidade daquele momento. Estar com outras pessoas era bom, viver era bom. Ver os sorrisos e abraços quando o relógio bateu meia noite em ponto fez meu coração se aquecer um pouco mais, em pura felicidade.

E o melhor veio depois.

Senti as mãos de Evans na minha cintura, me puxando para mais perto, e logo depois subiram para o meu rosto, me beijando. Foi como… O exato momento em que a sua música preferida faz uma pequena pausa antes do último e mais intenso refrão, aquele onde todos os sentimentos são expressados, onde a música toca mais alto e a voz ressoa por todos os lados.

Aquilo era o que eu estava sentindo agora. Aquela emoção boa. Aquele momento foi um dos melhores que passei, e jamais admitiria isso novamente. Acabou quando os fogos de artifício diminuíram, e com gritos, assobios e champagne recém aberto sendo sutilmente jogado em nós.

— Peguem logo uma taça aí, “amigos”. — Brie caçoa, sorrindo e estendendo as taças de vidro para nós dois.

— Nunca me enganaram! —  Mark diz alto, claramente alterado.

— Nós não mentimos, somos amigos. — Chris diz, apertando minha cintura.

— Mas não somos ó isso.

— Um brinde ao casal engraçadinho então! E feliz ano novo!

▰▰ // ▰▰

Mais um dia cadelando por esses dois. Não aguento mais.

Espero que tenham gostado.

Nos vemos sexta com mais um, e eu aviso:
Vem coisa grande por em? O desenrolar dos próximos capítulos vai ser muito bom...

mais! Beijos
🌷

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