26. Entrando Em Acordo
North End, Boston
28 de dezembro, 00h
S C A R L E T T
Estávamos há um bom tempo ali, deitados. Eu demorei a recobrar fôlego e força, e minhas pernas levaram um tempo considerável até parar de tremer. Estava extremamente satisfeita, a única coisa que continuava a me assolar era a fome, agora ainda mais. Encarei Chris, que descansava ao meu lado, encarando a TV, e ao perceber ser observado, devolveu o olhar para mim.
— Está com fome? — Pergunto, e ele assente.
— Não jantei. Só… Cheguei em casa, tomei um banho e vim ver você.
— Devia ter me dito antes. Tem jantar pronto. — Digo, tomando impulso para levantar, sentindo ele segurar minha cintura assim que cruzei seu corpo.
— Fez até jantar e continua mentindo dizendo que não estava me esperando. — Sorri provocativo.
— Continua pensando que foi isso. Se isso vai te fazer dormir tranquilo… — Digo, levantando, e ele sorri mais, me dando um leve tapa na bunda. — Vem.
Visto o vestido de seda e o robe, e Chris veste apenas a box preta, descendo comigo. Puxo sua mão, indo para a cozinha, e tiro dois pratos do armário e mais uma taça. Sirvo o jantar. Batatas temperadas, molho branco com queijo e vinho branco, e a carne assada no forno. Se antes eu já me sentia bem para ter um jantar daquele porte, agora estava ainda melhor.
— Você quem cozinhou tudo? — Chris pergunta, levando a comida na bandeja, de volta para o quarto.
— Sim. Não sei qual bicho me mordeu, mas tive coragem. — Digo, sorrindo pela expressão que me veio a cabeça por tanto ouvir Margot falar.
— Está ótimo. — Ele diz, de boca cheia, pegando o prato.
— Obrigada, obrigada. — Agradeço, voltando a atenção para a TV, bebendo um gole do vinho. — O que te fez vir aqui? — Pergunto, e ele bebe um gole da sua taça, como se tomasse coragem.
— Fiquei pensativo. Nós.. “brigamos” quando voltamos da viagem. Eu fiquei irritado, você ficou irritada… Eu sabia que a gente precisava de um tempo para respirar depois do que aconteceu naquela noite, mas eu não consegui pensar em outra coisa depois de passarmos o dia inteiro sem nos falar.
— Nós nos falamos. Você me ajudou com a crise.
— Foi o melhor momento do meu dia. — Revela.
— Obrigada por hoje.
— Pela ajuda ou pelo sexo?
— Pela ajuda, idiota! — Digo, lhe dando um leve tapa no peitoral.
— Quando precisar, gatinha. — Sorri bobo e aperta minha coxa. — Isso… Foi um lance de uma vez só?
— Pode perguntar o que você quer de verdade, Evans.
O encorajo, e ele suspira. Ponho meu prato vazio sobre o seu e ele põe os dois na bandeja, deixando sobre a poltrona do quarto. Finalizo o vinho, deixando a taça na mesa de cabeceira e o encaro, vendo o loiro voltar para a cama. Apago a luz pelo controle e me deito.
— Qual é a nossa situação agora? — É direto, e eu suspiro, sabendo que a pergunta seria essa.
— Quer levar a frente?
— Existe essa opção?
— Ser colegas de trabalho com benefícios não parece tão mal assim. — Dou de ombros, e ele me encara.
— Não quer relacionamentos, não é?
— Sabe que não. Não estou disponível emocionalmente, apenas sexualmente. E sei que preciso deixar isso claro então… Estou deixando. — Digo, vendo ele assentir.
— E o que podemos e não podemos fazer?
— Podemos nos encontrar, rotineiramente, fora do trabalho. Não vejo mal. Quando um quiser sexo, manda mensagem para ver se o outro está disponível.
— Exclusividade?
— Não tenho outro pretendente, nem quero. Posso me satisfazer com você. Mas se quiser ver outra mulher, está livre. Não se prenda a mim.
— Nunca achei que teria esse tipo de responsabilidade afetiva com você… Sabe… Deixar claro o que você quer é bem importante, mesmo que sejamos só…
— Ficantes. — Digo, e ele assente. — Tem razão. Mas eu já sou cheia de problemas para me dar mais um. — Completo.
— Tem razão. — Ele diz, e eu bocejo. O sinto me puxar para perto, me fazendo deitar com a cabeça em seu peito, e ele logo começa a acariciar meu cabelo e couro cabeludo. — Boa noite, Scar. — Deseja, depositando um beijo na minha testa.
— Boa noite.
↢ ❦ ↣
Downtown, Boston
28 de dezembro, 09h
O dia havia começado corrido para mim. Após provocações e um segundo round com Evans, sequer tive tempo de tomar café. Ao levantar, tomei um banho e comecei a me arrumar, me despedindo de Chris ainda bem cedo. Ele foi para casa e eu continuei aqui, me vestindo e recebendo informações, andando de um lado para o outro como uma barata tonta.
Ao sair, mandei mensagem para Margot, pedindo para ela comprar um machiatto e algum salgado para que eu tomasse café no fórum. Não seria bom passar o dia sem comer.
Depois tive que seguir para a delegacia 55. A equipe interna havia mapeado todos os caixas eletrônicos em que os depósitos suspeitos eram feitos e retirados, ambos seguiam um padrão hexagonal, e pouco se afastavam do bairro, mas coincidentemente todos estavam com as câmeras de segurança quebradas.
Após pegar todas as informações que me foram passadas é que pude, finalmente, ir para a promotoria. Dava longas passadas na rua. A saia me fazia congelar de frio, mas não havia muito o que fazer. Com a viagem, não pus roupas para lavar e todas as minhas calças estavam sujas. Então, ali estava eu, com uma saia lápis preta até a metade da coxa, blusa vermelha de manga longa e gola média, e sobretudo preto, tentando me esquentar minimamente.
Subi os andares pelo elevador, e ignorei os olhares quando cheguei ao principal. Vi Margot correr na minha sala após me ver entrar, e trazer as sacolas de comida consigo, fechando a porta ao passar. Me sentei, deixando a bolsa na mesa e relaxando na cadeira, no aquecedor da sala.
— Você está bem? — Ela pergunta, abrindo a sacola e tirando um muffin de dentro, para si.
— Ótima. — Rebato, dando de ombros, abrindo a sacola e tirando o copo e o pão de dentro.
— Como foi a noite? — Ela pergunta, semicerrando os olhos na minha direção.
— O que você sabe?
— Seu humor nunca me engana. Está “ótima” num dia que chegou aqui exausta, com frio e com fome? Conta outra.
— É sério, termina a sua faculdade que eu te dou um cargo de detetive aqui. — Digo, e ela sorri, sabendo que estava certa. — Sim, eu finalmente fiz sexo depois de meses. Satisfeita?
— Não. Quem é a pessoa?
— Não posso dizer.
— É o Evans? Você disse que iriam conversar.
— Não. Eu disse que não posso dizer.
— Sem graça... Foi bom? Fizeram mais de uma vez? Teve jantarzinho, vinho? Vão se ver de novo? — Ela pergunta, como uma metralhadora, mas eu não ligo.
— Sim, sim, sim, e sim. — Digo, e ela entra em êxtase, gritando de felicidade e com um sorriso largo.
— Quantas vezes?
— Duas. Uma ontem a noite, uma hoje cedo. E quebramos duas taças que ficaram na mesinha de cabeceira. — Dou detalhes, e ela se joga na poltrona, exasperada, me fazendo rir.
— E vão se ver de novo, é? Quem diria, dona Scarlett.
— Combinamos de ser só sexo. Eu sei que não estou e não pretendo ficar envolvida emocionalmente.
— E a pessoa?
— Não sei. Talvez a pessoa sinta algo, mas omitiu. Não estou preocupada também, nem pretendo ficar pensando nisso. Os sentimentos dela são problemas dela, não meus.
— Está certa. É só o bom e velho sexo. Ah, estou orgulhosa de você.
— Obrigada, obrigada. Agora anda, me atualiza do que temos, já atrasei demais.
— Vou buscar os papéis!
Organizei toda a mesa liguei o computador, continuando a comer, finalmente sentindo o meu estômago me agradecer. Ouvi vozes do lado de fora e logo a porta foi aberta. Margot entrou, e atrás dela, vieram Hemsworth e Evans. Ambos se davam sorrisos, mas ficaram sérios ao entrar na sala.
— Então, a equipe tática mapeou as casas de Yamada usadas como cenas de crime, e pelo mapeamento, conseguimos três possíveis casas para ser o foco do próximo assassinato. — Evans explica.
— E então? Encontraram algo?
— Não. Mas são boas pistas. E lembra quando a equipe de perícia disse que as cenas pareciam montadas?
— Lembro. Essa sempre foi a principal ideia.
— Exato. As equipes estão a paisana, vigiando as possíveis casas. Qualquer aproximação suspeita terá uma abordagem. Já é algo. — O loiro diz, e eu assinto.
— Ótimo. Então temos notícias boas hoje. Os caixas eletrônicos também estão mapeados. Depósitos e retiradas suspeitas, por qualquer uma daquelas contas fantasmas, também darão alerta para a Central. — Explico, os atualizando das notícias que eu tinha, mostrando o mapa.
— Perfeito. Estamos alguns passos a frente. — Hems diz, sorridente. — Que dia, meus amigos! — O loiro se anima, encarando Chris.
Eles conversaram. E eu sei exatamente sobre o que era.
Após eu os liberar, Margot saiu, deixando todos os papéis comigo. Hems saiu logo atrás, alegando que iria estudar mais o caso, e fechou a porta ao sair, ao ouvir Evans dizer que tinha mais coisas "daquele assunto confidencial" para revisar, aqui, comigo. Uma mera desculpa esfarrapada.
Eu não os olhei, não dei qualquer sinal de que estava interessada no que eles estavam falando, por isso Hemsworth foi embora tranquilamente. Continuei organizando os papéis, observando por cima, tentando chegar à alguma informação a mais, mesmo que já estivesse bastante satisfeita com a nossa evolução.
Pelo olhar periférico, vi Evans cercar minha mesa e se aproximar lentamente. O loiro mantinha as mãos no bolso e um sorriso cafajeste completando o olhar lascivo no meu corpo. Não relutei quando ele se aproximou, e logo senti suas mãos na minha cintura, puxando o tecido da saia. Evans subiu a destra por minhas costas, parando na minha nuca, onde puxou os curtos fios dali, unindo meu corpo ao seu.
— É sério que logo hoje você vem de saia? — Pergunta num sussurro, me fazendo sorrir.
— Acha mesmo que eu vim de saia por causa de você?
— Se não veio, foi uma deliciosa coincidência. — Diz, massageando meu quadril. — Eu sempre me imaginei fodendo você aqui, sabia? Te debruçando na sua mesa, te fodendo até você esquecer como andar.
— Chris, não começa. — Peço, mas minha voz sai mais num gemido do que em um tom autoritário.
— Porque? Tem medo que alguém entre e te veja aqui, entregue pra mim, gemendo gostoso no meu ouvido, como você fez hoje cedo? É isso, Scarlett? Esse é o seu medo, amor?
— Por mais que seja tentador e excitante, agora eu tenho muito o que fazer. E você também. — Digo, puxando a mão dele e girando meu corpo.
— Estraga prazer. — Ele responde, mas se aproxima e puxa meu rosto para si, me beijando.
O toque é bom, e eu retribuo. Puxo Evans pela gola da camisa social e o percebo sorrir. Cessamos nosso contato quando eu ouço alguém bater na porta, e empurro Evans para longe. Ele corre, voltando a se sentar na poltrona, e eu mando que entre, vendo a Marg passar.
— Oi Robbie. — A chamo, e ela se aproxima mais da mesa.
— Desculpa, só esqueci a agenda. Com licencinha.
Ela diz, pegando a tal agenda e saindo tão rápido quanto chegou. Maneei a cabeça em negação, encarando o loiro, que tocava os próprios lábios, e o vi sorrir e piscar pra mim.
— Vai ler esses papéis e some da minha frente. — Mando, lhe entregando mais sobre o caso.
— Você não facilita pra mim, não é?
— Nem no seu melhor sonho. — Digo, e ele maneia a cabeça em negativa, pegando os papéis da minha mão. — Passa na minha casa mais tarde.
— Já que insiste.
— É para pegar as provas antigas e anotações para as suas provas.
— Claro, claro. Vamos fingir que é pra isso sim. Sua tarada.
— Some, Evans.
— Fui!
▰▰ // ▰▰
Olaa
Mais um cap fresquinho pra vocês, bem simpleszinho.
As coisas agora vão misturar mais romance e investigação, e eu já tô ansiosa pra postar os próximos capítulos...
Espero que estejam gostando,
nos vemos no próximo!
Até mais, beijoss
🌷
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