24. Pequenos Detalhes
Downtown, Boston, Massachusetts
27 de dezembro, 18h
S C A R L E T T
O dia não foi muito produtivo. De novo. Não tínhamos quase nenhuma prova para fazer mais investigações, só recebíamos informações sobre Lilian e Brendon, e as notas que a perícia mandava, sobre os corpos que chegaram para eles.
Eu segui estudando os casos, e relendo outros casos de golpes de seguro, tentando chegar à algum ponto que me provasse estar certa sobre Lilian. Meu sexto sentido nunca mentia. Eu sentia, e eu estava certa. Precisava apenas dos papéis que havia solicitado e então conseguiria provar.
Finalizava o trabalho do dia, e já desligava o computador e guardava todos os papéis na pasta, para reler depois. Guardei celular e carteira na bolsa e peguei tudo, saindo da sala. O andar já estava quase todo vazio, restando só Margot, Betty e, agora, o sargento da 55, que não vinha com boas expressões.
— Juíza... O capitão pediu para vir lhe trazer mais informações sobre o caso.
— Ele deveria ter ligado. O que aconteceu?
— Ahm, duas das quatro vítimas do programa de proteção estão desaparecidas. Uma ontem e uma hoje.
Eu me apoio na mesa da Margot, totalmente desacreditada do que ouvira. Não era possível que a polícia fosse tão incompetente à esse ponto. Perder duas protegidas, em dias seguidos. Aquilo só podia ser brincadeira de muito mal gosto.
— Isso é sério?
— Sim senhora. Angeline Forbes.. Hm.. Fugiu. Saiu para encontrar o namorado, mas sequer chegou a vê-lo. Ele quem fez a denúncia do desaparecimento. E Samantha Brown, desapareceu hoje. Solicitou compras a um dos guardas e, seja quem for que estiver fazendo isso, matou um dos nossos policiais, o que ficou na casa. — O sargento explica.
— Então... Perdemos duas? Porque é óbvio que não vamos mais achá-las. Nunca achamos.
— Nós já pusemos a nossa equipe especial nisso assim que a primeira denúncia foi emitida. Estão buscando pelas duas.
— Mas não vão achar, sargento. Essa porra de equipe especial não serve de nada, porque eles nunca acham ninguém!
— Juíza, por favor.
— Não. Sem essa. Perdemos duas inocentes. Não temos qualquer pistas de onde estejam, e eu duvido muito que teremos nos próximos sete dias, até acharmos as duas mortas em mais alguma casa qualquer dessa porcaria de cidade! Essa sua polícia é um lixo!
— A senhora precisa se acalmar.
— Me acalmar?
— O quê está acontecendo aqui? — Ouço Evans chegar na sala, com sua bolsa e sobretudo nos braços, curioso.
— Tira ela daqui, por favor. — Margot pediu, ao me ver trêmula.
Evans, sem entender, apenas obedeceu, me puxando para o corredor que dava para a sala dele. Entramos na mesma e eu permaneci de pé, com a minha mente divagando em pensamentos, em achismos. Antes estivesse ainda sem qualquer pistas, mas com elas a salvo.
— Scar, ei, olha pra mim! Respira devagar. Comigo.
Ele respirava lentamente, e segurava firme nas minhas mãos. O olhar de Evans me acalmava, aquele azul claro como o céu me passava tanta paz, e eu acompanhava sua respiração, parando pouco a pouco de tremer. Mas a crise recente ainda estava aqui. Eu sentia. Isso Não estava funcionando tanto como deveria. Eu iria piorar logo.
— Ei, olha, eu vou te fazer umas perguntas, e você vai me responder tudo, ok?
— Chris, agora não é o momento.
— Por favor, só responde. — Ele pede, e eu assinto. — Me diz 5 coisas que você consegue ver.
— Hm.. Seu computador, sua bolsa, a poltrona, sua pasta e.. Você.
— Ok. Agora me diz 4 coisas que você pode tocar.
— Meu celular, seu sobretudo, a prateleira, e o livro. — Digo, tocando cada um deles.
— Ótimo! Agora me diz 3 sons que pode ouvir.
— Três?
— É. Se concentra.
— Ok, ok.. Saltos no corredor, buzinas na avenida, e uma sirene. Polícia ou ambulância.
— Está indo bem. Agora 2 cheiros que pode sentir.
— O meu perfume e o seu.
— Me diz uma coisa que consegue sentir o sabor. — Ele pergunta, passando as mãos por minha cintura, aproximando mais nossos corpos.
Eu me sinto tentada. Sabia bem o que eu queria sentir o sabor agora, mas não podia. Não podia mesmo. Não agora. Droga.
— Bala de goma. De morango.
— Comeu balinhas sem mim?
— Margot me deu.
— Como você se sente?
— Bem... Bem. Obrigada, Chris. — Afirmo, me apoiando na mesa do loiro.
— Tudo bem, não se preocupa. Estou aqui para ajudar.
— Onde aprendeu essa técnica? É bem útil.
— Li um pouco sobre síndrome do pânico e ansiedade recentemente, aí descobri essa quando estava procurando mais. Mentalizei, imaginei que em algum momento seria útil.
— E foi. Me distraiu sem que eu percebesse.
— Viu só? Sou um bom ajudante.
— Um ótimo. — O corrijo, sorrindo.
— O que aconteceu lá? Sua crise bateu bem rápido.
— Mais duas desapareceram. A equipe especial está trabalhando nisso mas... Você sabe. É difícil, e vem a sensação de insuficiência...
— Vai ficar tudo bem, Scar. Vamos achá-las. — Ele diz, me confortando com um abraço. — Não se preocupa com isso. As duas vão ficar bem, ok?!
— Ok.
— Promete pra mim que não vai ficar pensando nisso?!
— Você é muito chato.
— Anda, promete.
— Prometo, insuportável.
— Vou até ignorar o xingo. Vem, vamos. Já está bem tarde.
Chris me guiou pelo corredor até chegarmos na sala principal. Margot ainda estava lá, mas Betty já havia ido embora. Chris só sossegou quando ela também terminou tudo e desceu conosco. Não quis deixar nenhuma sozinha no último andar.
— Se eu as vezes tenho medo de ficar sozinho aqui, não imagino vocês. — Ele diz, apertando o botão para fechar a porta do elevador.
— É bem esquisito, mesmo com os seguranças. — Margot diz, ajustando a bolsa. — Você está bem, Scay?
— Estou, bebê. Não se preocupa. O Chris me ajudou.
— Obrigada. — Ela diz para ele, que assente. — Vai dar certo, vamos conseguir achar elas. — A loira diz, apertando minha mão, e eu sorrio leve.
Vai dar certo. Pensamento positivo.
Lá embaixo, nós nos despedimos, e eu segui para o meu carro. Dirigi até o mercado, onde comprei ingredientes para completar o que eu tinha em casa, e mais uma garrafa de vinho. Segui para casa, e parei na recepção ao ver o segurança da portaria acenar para o carro.
— Boa noite, Srta. Johansson.
— Boa noite, Shelly. O que houve?
— Chegou uma encomenda para a senhora. Entregaram aqui porque não deixamos passar.
— Esqueci de avisar que iria chegar. Na verdade, esqueci que comprei. — Digo, pegando a caixinha. Sabia bem o que era aquilo. — Obrigada, Shel.
— Por nada. Boa noite!
— Boa!
Segui o caminho e deixei o carro na frente de casa, levando minhas coisas comigo. Entrei, ainda carregada de preguiça, e antes de subir, pus a água das batatas para ferver, e guardei as compras. Ao subir, deixei a bolsa na poltrona, sobre as pastas, e segui para o banheiro
Tomei um banho tranquilo, lavando bem todo o corpo na água quente. Deixei o cabelo solto, e segui para o closet, me secando, e vesti apenas uma vestido e robe de seda*, o presente que Chris havia me dado de Natal, descendo para a cozinha. Cozinhei as batatas enquanto bebia do vinho, dessa vez numa taça, e fiz todo o molho branco e a carne.
(N/a— *= mídia)
Já havia bebido quatro taças ou mais quando reparei na caixinha em cima do balcão. Eu nem conseguia acreditar que havia mesmo comprado aquilo. A influência de Margot foi grande, e realmente se ela não tivesse me enviado o link, eu não teria procurado por um produto daquele nem tão cedo.
Naquele momento, a única dúvida que pairava na minha mente era quando eu usaria aquilo. Eu não tinha o costume de me tocar. Raramente fazia isso. E realmente, meu último orgasmo havia sido há oito meses. Aquilo, de alguma forma, me fez pensar. Eu sabia que precisava de algo para distrair meu corpo e mente, e aquela era a perfeita oportunidade para isso.
Sem pensar mais, abri a caixa, revelando a caixinha do aparelho dentro. A abri, tirando o plástico de fora e o de dentro. O aparelho tinha diversas funções e um formato até engraçado. Mas... Na cozinha? Não.
Peguei a taça de vinho, que com certeza estava agindo na minha mente, e subi para o quarto. Entrei, deixando as luzes apagadas, e fui direto para a cama. Subi o tecido folgado do vestido, e comecei à me tocar. Certos pontos me deixavam acesa, e eu os explorei bem antes de começar a usar o aparelho.
Ativei a parte de sucção, e o posicionei sobre meu clitóris. Fechei os olhos, começando a sentir os arrepios por meu corpo. Massageava os seios e controlava os gemidos e arfados, mesmo que ninguém pudesse me ouvir. Sentia meu coração acelerar gradativamente, e um prazer intenso se instalar em mim.
Até minha mente começar a brincar comigo, a me torturar. Eu comecei a lembrar do cheiro de Chris. Do sabor dos lábios dele, e do quanto eram macios. De como suas mãos apertavam bem meu corpo, quase de forma perfeita, como se encaixassem em cada parte de mim. Suas mãos na minha cintura, me aquecendo... Sua voz falha, tensa, carregada de luxúria.. Tudo isso me deixava cada vez mais insana.
Eu nunca havia me tocado por nenhum homem, mas agora estava ali, pensando nele. Lembrando de cada parte do corpo dele molhado, seminu, acabando de sair do banho, com as bochechas rosadas, o cabelo bagunçado e o olhar preso em mim. Eu queria aquele olhar em mim nesse momento. Queria seus toques. Queria que fosse ele ali, me levando para o ápice que já batia à minha porta.
Apertei os dedos dos pés, contraindo os músculos das pernas em conjunto, e senti um intenso tremor atingir meu corpo. Segundos depois me senti leve, muito mais calma. Aos poucos fui relaxando na cama, sentindo as batidas insanas do meu coração diminuírem. Eu realmente precisava daquilo.
Deixei o aparelho de lado e levantei, prendendo o cabelo pelo calor. Me assustando, a campainha de casa tocou, e eu encarei o relógio de imediato, checando as horas. O momento era péssimo, mas talvez fosse alguém do condomínio precisando de algo... Resolvi descer e parar de fingir que não estava em casa.
Amarrei o robe, escondendo mais do meu corpo, e desci as escadas, controlando a minha respiração por ainda estar ofegante. Lá embaixo, o cheiro de massa quente, queijo e carne estava instalado, e já me dava vontade de cortar qualquer que fosse a conversa que eu estava prestes a ter para ir finalmente ter um jantar de verdade, e sozinha dessa vez.
Ao chegar na porta, olhei no olho mágico, e me senti tensa ao vê-lo ali, parado, apenas me esperando. Estava com uma roupa diferente. O cabelo molhado, e o perfume tão forte que eu conseguia sentir de onde estava. Abri a porta com a senha por estar sem chave, e o encarei, vendo ele me encarar de volta e correr os olhos por meu corpo. Ele estava quieto demais, e parecia querer falar, mas não sabia o que.
— O que está fazendo aqui, Chris?
— Eu... Precisava vir. Eu precisava falar com você. Ver você.
— Porque? O que aconteceu?
— Por que eu não aguento mais. Foi 24 horas muito distante de você, exceto pelo momento no escritório, mas eu já não aguento mais fingir que não me importo, muito menos fingir que estar distante de você não me afeta. Num sentido de amizade, ódio ou qualquer outro. Você me afeta. Só você.
— Onde quer chegar com isso? — Questiono, cruzando os braços.
— Duas noites atrás. — Responde direto. — Sempre estivemos em guerra por todo o tempo, e era bom, era uma amizade diferente. Uma das melhores que tinha. As trocas de farpas unem nós dois. Vivemos para isso. Somos ótimos amigos, e perfeitos inimigos. Mas beijar você acabou comigo.
— Foi um erro. Não deveria ter acontecido.
— E você queria tanto quanto eu.
— Eu não-
— Não mente. Não pra mim. Eu sei o que você queria aquela noite, porque eu também queria, e... — O corto, vendo que ele se aproximava.
— Porque quer tanto conversar sobre isso? Insiste tanto nisso, mesmo eu já tendo dito que não significou nada para mim.
— E se eu disser que não significou nada para mim também? Foi só um beijo, afinal.
— Então.. O que está fazendo aqui, a essa hora?
— Eu... Eu gostei, Scarlett. — Diz, sem sequer pensar. — Eu gostei daquela droga de beijo. E você também gostou. Eu sei que sim.
— Nós dois estávamos bêbados!
— Não. Eu não fiz porque estava bêbado, ou porque estávamos debaixo do visco e qualquer dessas desculpas bobas que você insiste em inventar. Eu fiz porque eu quis. Porque eu já queria fazer há algum tempo. Porque por mais que eu pense em você como a minha chefe, como alguém que eu odeio com todas as forças do meu ser e corpo, eu não consigo tirar aquele beijo da cabeça. Eu não consigo tirar você da cabeça, Scarlett.
— Chris..
— Não hesita. Não pensa. Não mente. Porque o seu corpo não mente pra mim. Mas eu preciso, e quero ouvir você dizer. Você me quer?
— Quero.
▰▰ // ▰▰
Olha, é uma sacanagem parar o capítulo aqui.
Mas pensem pelo lado bom, só terão que esperar até segunda! 3 diazinhos só, vai!
Eu já aviso de antemão, não sei se alguém aqui não gosta de ler esse tipo de coisa, mas o próximo capítulo é hot. Eu escrevi ele um tanto intenso, mas sem uma linguagem tão explícita como costumo fazer nos outros livros. É um hot médio. Fica aí o aviso!
Nos vemos no próximo,
Até lá, beijos;
🌷
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