
22. As Cruéis Dúvidas
Roslindale, Boston
26 de dezembro, 8h
C H R I S
Eu estava exausto. Tão cansado que sequer conseguia ou queria levantar. A ressaca já havia me abalado, e era muito cedo. Sabia disso porque não ouvia as crianças gritando ainda. Também me sentia suado, muito, e sentia uma dor intensa entre as pernas… Bom… Lá. A ereção matinal estava me matando, e foi só por isso que eu levantei. Precisava de um bom banho gelado.
Scarlett não estava no quarto. O vestido que ela havia usado ontem a noite estava dobrado sobre a poltrona. Vê-lo me lembrou da noite passada, do quão linda ela estava, de como aquele vestido havia ressaltado as curvas dela, a sua pele, o cabelo... Ela estava perfeita.
E também me lembrou do nosso contato. Aquele beijo foi um dos melhores que já provei. Os lábios dela ficaram tão impregnados na minha mente que eu havia sonhado com ela. Com os toques dela, o beijo, a voz, os arfados, as unhas na minha pele.
Tudo que eu lembrava desse sonho mexia mais comigo, e conforme eu me despia para tomar banho, eu encarava minha ereção. Pensava nos prós e contras, na vontade que sentia, no que queria ter feito com ela ontem mas não fizemos…
Não tinha mal em fazer isso, tinha? Não… Era bobagem. Era uma necessidade humana. Certo? Certo. Então eu comecei.
No box, ainda com o chuveiro desligado, levei a minha destra ao meu membro, envolvendo meus dedos por meu comprimento, e comecei os movimentos. Foi quase imediato. Senti os arrepios percorrendo o meu corpo e fechei os olhos, sentindo o prazer me consumir. Apoiei a mão esquerda na parede, concentrando meus movimentos na destra.
Eu precisava daquilo. E inconscientemente lembrava dela. Do sonho, da noite. E descontava isso na pressão que colocava na minha mão, me apertando. Os nervos do meu corpo já davam uma resposta positiva com espasmos e contrações musculares. Eu estava ofegante, controlando os gemidos, e esperando que não fizesse barulho ali.
— Chris? Está aí? — Ouvi Scarlett chamar, batendo na porta do cômodo.
— Estou. — Respondi, com certa dificuldade, continuando os movimentos.
— Ok. Estou te esperando aqui no quarto.
— Está b-em.
Me amaldiçoo por gaguejar, mas não paro. O sonho havia me deixado perto do limite. Por muito pouco eu não havia acordado após o êxtase. Eu estava quase lá, só precisava de um pouco mais. Só um pouco mais.
— Você está bem? — Ela perguntou, e eu só murmurei em afirmação.
Liguei o chuveiro, tentando disfarçar, e continuei. Não demorei a sentir os arrepios pelo corpo. Contraí ainda mais os músculos das pernas e trinquei o maxilar, reprimindo qualquer gemido, arfado ou ofego. Diminuí os movimentos da mão e relaxei, atingindo meu clímax.
Aquilo me fez sentir muito melhor. Sem a dor ou o latejar que tanto me incomodavam antes. Comecei o banho, e não demorei. Lavei o cabelo rapidamente e o corpo, e puxei a toalha do pendurador, me secando. Ouvi novamente as batidas na porta e Scarlett me chamando.
— Está aberta. — Disse, abrindo a porta do box após enrolar minha toalha na cintura.
— Oi, é só o meu celular. Eu deixei... aqui! Valeu. — Ela diz, e me encara brevemente, mas percebo que hesita ao olhar para o meu corpo.
— De nada. — Digo, sorrindo, sabendo o mínimo efeito que causava nela. Me aproximei mais, abrindo a bolsa na pia e tirando escova e pasta.
— Ahm.. Sua mãe perguntou que horas nós vamos voltar. — Ela diz, se afastando, encostando o corpo na porta.
— E o que você disse?
— Que não sei. Vim te perguntar.
— Se quiser podemos ir após o café. — Respondo, enquanto escovo os dentes.
— Não quer ficar mais? Podemos passar a tarde, voltamos às quatro, ou cinco. — Ela sugere, e eu arqueio a sobrancelha. — É que... Aqui é legal. Me distrai um pouco dos problemas, do trabalho.
— Então ficamos. Mas você volta dirigindo.
— Fechado.
— Eu.. Vou te esperar na sala.
— Relaxa, eu me visto no banheiro. — Respondo, tirando uma troca de roupas na bolsa.
Scarlett sentou na cama, mexendo no celular, e eu voltei para o banheiro, fechando a porta atrás de mim. Vesti a roupa e baguncei o cabelo, voltando ao quarto. Passei um rápido perfume e peguei o celular, estendendo a mão para a loira.
Descemos juntos, de mãos dadas, e encontramos meus irmãos, pais e sobrinhos na sala de estar. Conversamos um pouco sobre a noite de ontem, e fomos tomar café, sozinhos, já que todos já haviam comido.
— Nós fomos no mercado, eu trouxe alguns salgados e pães doces. O que você quer? — Scarlett pergunta.
— "Nós" quem?
— Sua mãe e eu.
— Oh... Pode ser salgado. — Opto, vendo-a pegar duas embalagens. — Conversaram no caminho?
— Sim. Ela gosta de conversar e eu sou uma boa ouvinte, então...
— Entendi. Estão bem próximas, não é?
— Bastante. Ela é uma boa pessoa. E você estava certo, ela não descansou até encontrar algum presente para mim. — Ela diz, e eu sorrio. Já imaginava que aquele havia sido o motivo pelo qual minha mãe tinha ido com ela para o centro.
— O que ela te deu? — Pergunto, e ela me mostra uma pulseira com pingentes de ramos e flores. — Fofo. Combina com você, e com essa outra... Isso é um bebê?
— É. Foi um presente do Tristan. O bebê é ele, a boneca sou eu. — Ela diz, com um brilho no olhar. Era incrível como eu a achava perfeita em tudo. — Que sorrisinho é esse?
— Só achei o presente fofo. Então conseguiu se encontrar com Elsa? — Mudo de assunto, mordendo o salgado e focando nela novamente.
— Sim. Vi as crianças, ela, entreguei os presentes...
— Legal. É bom que esteja se esforçando. — Digo, e sorrio.
— Hm, droga, esqueci do suco. Já volto.
Scarlett correu mais rápido do que as palavras saíram da minha boca. Eu iria dizer a ela que preferia café para tomar pela manhã, mas não pude negar o suco quando ela me ofereceu. Scar estava empenhada naquele café. Na verdade, ela parecia extremamente animada hoje. E isso me levava a outro questionamento.
Ela estava daquela forma pelo mesmo motivo que eu? Estava se lembrando de nós na noite passada? Eu.. Eu queria conversar com ela sobre isso. Sobre o que ela disse. Eu podia estar bêbado na hora, mas lembro bem de cada palavra. "Teremos outra chance depois". O que isso significava? Eu nunca sei. E sempre surto demais.
Mas como eu não poderia ficar preocupado? Era uma possível promessa de ter algo com ela futuramente. Eu também não sabia o motivo de estar tão empolgado, mas estava. Pensar nela me deixava assim. Sempre. Por Deus, eu preciso me acalmar!
S C A R L E T T
A manhã estava sendo animada para mim. Os Evans realmente haviam me acolhido muito bem, e ao me ver acordar tão cedo sozinha, Lisa me chamou para a acompanhar numa ida ao mercado, mal sabendo ela o motivo do meu pouco sono.
Conversamos muito no caminho. Sobre tudo. Ela foi muito aberta para ouvir sobre o motivo de eu ter passado o Natal sozinha, mesmo que eu tenha resumido muito a história, e eu ouvi muito sobre a infância de Chris.
Agora estávamos juntos na frente da casa, todos. As crianças brincavam com Chris e Dodger, correndo na neve, e no pouco sol que fazia. Eu estava sentada ao lado de Scott, enquanto ele conversava comigo e massageava os pés da irmã.
Nos tirando a atenção da conversa, um carro estacionou na frente da casa. Um casal desceu, caminhando até nós. Ela parecia mais jovem que ele, e ambos eram bonitos juntos. Ao vê-los, Chris pareceu extremamente feliz. Aliás, vários dos Evans. Isso me fez pensar que eram amigos da família.
— Ela é a melhor amiga dele. — Scott diz, atraindo a minha atenção.
— O quê?
— Ela. É que… Você ficou meio… Achei que estivesse com ciúmes.
— Não, por deus, não! Não tenho nada com o seu irmão, muito menos ciúmes.
— Oh… Eu só entendo tudo mal!
— Relaxa. Realmente parece que estamos escondendo, mas garanto que não estamos.
— Bom, que fique claro que eu adoraria que estivessem. — Ele diz, me fazendo rir. — Chris está te chamando.
Olho na direção do loiro e me levanto, caminhando até ele e o casal. Me aproximo, e Chris segura minha cintura, me puxando para mais perto. O toque me deixa.. Inquieta, por dentro. E quente.
— Scar, esses são Tara e Jason Bidwell. Ela é minha melhor amiga de infância e ele é como um irmão. Essa é a Scarlett, minha... Hm...
— Chefe, amiga... — Digo, percebendo o quão desconcertado Chris estava. — Prazer em conhecer vocês! — Completo, abraçando ela primeiro, ele depois.
— O prazer é meu! — Tara diz, sorridente. — Já ouvi tanto sobre você.
— Ah, imagino…
— Tara! Quanto tempo!
— Lisa!
As duas se afastam, enquanto a mãe de Chris provavelmente arrasta a mulher e o marido para conversar com o restante da família. Chris segura a minha mão, me puxando de volta para as cadeiras onde eu estava antes, e seus irmãos também.
Mal sentamos e Chris logo teve de levantar, sendo chamado e requisitado pelos sobrinhos. Voltei minha atenção para Scott, Shanna e a conversa, e logo Tara se aproximou, entrando no assunto, que logo passou a ser Evans e eu.
— É sério. Vocês não tem nada mesmo? Nada? — Shanna perguntou.
— Nada.
— Nunca rolou nada? — Ela insistiu.
— Nem um beijinho? — Scott questionou.
— Já.
— Então.. Como é que... Explica. — Scott pede.
— Nos beijamos duas vezes. Não vou dizer em que circunstâncias, mas aconteceu.
— E você quer algo mais? — Tara pergunta. — Porque está na cara que ele quer.
— É só impressão. Nós estamos mais próximos ultimamente, é só isso.
— Não é não, gatinha. Ele é meu irmão, eu o conheço por toda a minha vida. Sempre soube quando ele estava todo cachorrinho por uma mulher, e ele está por você. — Scott diz, e Shanna concorda, fazendo um high five com ele.
— Ele está gamadinho em você. Aquela puxada na cintura? Uau. — Tara diz, e eu me sinto corar levemente.
— Acham mesmo?
— Óbvio.
— Está na cara dele.
— O que você sente por ele? — Shanna pergunta.
— Não sei. Acho que... Atração. Física. Sendo extremamente sincera, eu não me envolvo com ninguém há um tempo, e muita gente vem insinuando sobre tentar algo com ele... Isso meio que está na minha cabeça agora, e eu... Acho que quero tentar.
— E porque não tenta? — Tara pergunta.
— Não sei. É como se sempre me desse um bloqueio. Eu não consigo. Simplesmente não dá.
— Talvez seja o medo de ter algo com alguém do trabalho?!
— Talvez porque temos a nossa relação de ódio, mas... É... Sua opção é muito mais aceitável. — Digo, assentindo para a morena.
— Olha... Eu apoio você tentar, mas com cuidado, e deixando tudo bem claro. Chris não é muito de conversar, então a relação pode evoluir sem que vocês percebam. — Shanna aconselha.
— Uou, calma. Eu não quero nenhuma relação.
— Uh, então é complicado. Ele claramente já tem sentimentos, você só quer sexo... Isso vai ser difícil.
— Quer saber? É melhor nem tentar. Não vai dar certo. Eu não quero envolvimento emocional e... E saber que ele já está sentindo algo é ainda pior. — Digo, batendo o martelo por minha própria decisão.
As trocas de carinho com Chris estavam sendo boas, mas se para ele estava significando algo mais, eu não podia continuar. Não podia dar a ele a esperança de sentimentos e uma relação que eu não podia ou sequer queria fazer parte.
Nunca gostei de jogos de sentimento e não podia fazer isso com ele. Não, com Chris não. Ele merecia mais que isso, algo melhor. Alguém melhor. Alguém que pudesse dar a ele o sentimento que ele possivelmente espera de volta de mim. Mas só de pensar em me afastar eu já me sentia mal.
Droga. O que eu vou fazer?
▰▰ // ▰▰
Oie!
Capítulo fresquinho, e esse realmente fazendo jus ao título. Muita coisa acontecendo ao mesmo tempo que não parece ter nada.
O próximo é outro quase assim, mas o final..
Sem spoilers.
Nós vemos segunda,
Até lá, beijoss;
🌷
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