TRIGÉSIMO SEXTO
A porta da mansão bateu com força atrás de mim, como se quisesse conter a tempestade que eu carregava. Cada passo até a sala era um martelo no chão, ecoando pela casa. Alice, Edward, Emmett, e os outros me encaravam, todos petrificados, mas eu mal enxergava os rostos deles. Tudo o que eu conseguia ver era o nome dele — Aro Volturi — gravado em fogo na minha mente. E ela. A Grace. Presa. Sangue.
— Me conte absolutamente tudo sobre a sua visão, Alice. — Minha voz saiu baixa, quase um rosnado, mas a autoridade que carregava a fez estremecer.
Alice hesitou, seus olhos buscando alguma ajuda que ninguém na sala parecia disposto a oferecer. Ela sabia que não havia escapatória.
— Eu vi a Grace... — Sua voz falhou. Ela engoliu em seco e continuou: — Presa. Havia muito sangue... e o rosto do Aro... Ele estava sorrindo. Sempre sorrindo. Era como uma repetição, Carlisle. Uma cena que não parava.
O impacto de suas palavras foi como um golpe no peito. Sangue. A palavra ecoou, perfurando qualquer tentativa de manter o controle.
— COMO ASSIM SANGUE!? — O rugido saiu antes que eu pudesse me conter. A sala tremeu com o som. — Ele está machucando ela!? — Avancei em sua direção, a tensão nos músculos de meu corpo evidente, cada nervo pulsando ódio.
Alice deu um passo para trás, e todos os outros ficaram em silêncio. O medo no rosto dela apenas alimentava minha raiva.
— Eu não sei, Carlisle! — Ela levantou as mãos, defensiva. — Não sei o que significa...
Não havia nada para me conter. Passei as mãos no rosto, meus dedos tremendo levemente, mas não de fraqueza — era pura frustração, pura impotência. Caí de joelhos, a cabeça baixa, sentindo o peso do vazio esmagando meu peito.
Ela estava machucada. Eles tinham ela. A Grace. Minha Grace. E eu não estava lá para protegê-la.
Mas então, a dor deu lugar a outra coisa. Algo mais sombrio. Algo que rugia dentro de mim, faminto por destruição.
Levantei-me de um salto, tão rápido que Alice tropeçou para trás. Meu punho fechou com tanta força que senti o metal do anel pressionando contra a carne.
— Carlisle... — Ela sussurrou, hesitante.
— Eu vou arrancar a cabeça de cada um naquele lugar. — Minha voz era baixa, mas cada palavra carregava a promessa de violência. — Até encontrá-la.
— O que você vai fazer!? — Isabella tentou intervir, sua voz carregada de preocupação.
Eu a encarei, e ela recuou diante do que viu em meus olhos.
— Vou até eles. — Declarei, cada palavra como uma lâmina.
Sem esperar mais perguntas, virei-me para a porta. Cada célula do meu corpo exigia ação. Não havia plano. Não havia estratégia. Só havia Grace e o que eu faria com quem ousasse tocá-la.
O inferno havia se soltado, e eu estava pronto para ser sua tempestade.
Edward me encarou como se eu tivesse acabado de sugerir me jogar em um poço sem fundo.
— Você não pode, Carlisle. — Sua voz era firme, mas seus olhos traiam preocupação. — Indo da forma que você planeja, só vai te fazer morrer sem salvar ela.
Fechei os olhos. Minha mente gritava para eu enfiar meu punho no rosto de Edward, mas eu sabia, no fundo, que ele estava certo. Claro que estava. Edward sempre tinha razão, e isso só me irritava mais.
— Então me dê uma ideia! — Minhas palavras saíram como um rugido, ecoando pela sala. — Não vou ficar aqui de braços cruzados enquanto minha mulher está lá!
Minha mulher. Falar isso em voz alta fazia meu peito doer ainda mais. Grace. Eles a tinham. Meu corpo inteiro queimava com a raiva e o desespero que eu não conseguia controlar.
Edward desviou o olhar para Bella, como se ela pudesse oferecer alguma solução milagrosa. Mas Isabella apenas olhou para ele, depois para mim, sem ter nada a dizer. Seu silêncio foi como um tapa na cara.
— Eles têm a Jane, Alec... — Jasper começou, sua voz carregada de gravidade. — Não teríamos chances se invadíssemos assim.
Parei de andar. Minha mente girava como uma tempestade, cada pensamento se chocando com o próximo. Então, como um raio cortando o céu escuro, uma ideia tomou forma.
— Aro sempre me quis de volta em sua guarda. — Minha voz soou mais controlada do que eu esperava, mas por dentro, tudo era caos. — Se eu me oferecer para ficar ao seu lado como antes, ao menos apenas para saber o que ele planeja com ela...
— Não! — A voz de Emmett interrompeu meu raciocínio, firme e cheia de oposição.
— É perigoso, Carlisle. — Rosalie se aproximou, sua expressão dura suavizada pela preocupação. — Isso é suicídio.
Suicídio. Talvez fosse. Mas o que mais eu tinha? Nada. Grace era tudo para mim.
Passei as mãos pelo rosto, sentindo meus dedos tremerem levemente. Uma sensação que eu não tinha experimentado em séculos.
— Não tenho mais nada... — Murmurei, minha voz quebrada. — Eles levaram tudo, e agora... agora não há mais nada além de vingança e ódio.
Levantei o olhar, encontrando os de cada um deles.
— É a única solução para esse problema. Aro com toda certeza me aceitaria. E comigo lá dentro... posso derrubar um por um.
Houve um silêncio pesado. Eu sabia o que estavam pensando, o que estavam sentindo. Não era apenas a minha vida que estava em jogo, mas também as deles.
— Você está sendo irracional, Carlisle. — Edward tentou, mas sua voz soou mais fraca agora.
— Não estou sendo irracional. — Retruquei. — Estou sendo prático.
Meu tom cortou o ar como uma lâmina, deixando claro que eu não estava pedindo permissão. Eu estava decidido. Grace estava lá fora, presa com monstros que poderiam estar fazendo coisas indescritíveis com ela. E eu não iria parar até trazê-la de volta.
Mesmo que isso significasse destruir tudo no processo.
As palavras de Esme foram como um choque, ressoando pela sala como o som de vidro estilhaçando. Seu tom, normalmente doce e compreensivo, agora carregava uma dureza que eu raramente via. Ela não estava apenas pedindo — estava exigindo.
Fitei seus olhos, e eles refletiam algo mais do que preocupação: uma mistura de medo e frustração que ela raramente deixava transparecer.
— Aro não vai aceitar você, Carlisle. — Sua voz vacilou apenas por um instante antes de recuperar a firmeza. — Ele vai acabar te matando, e você morto não vai servir de nada para ajudar a Grace!
Suas palavras eram um soco direto ao meu orgulho. A racionalidade que ela me cobrava parecia um peso insuportável em meio à tempestade de emoções que me consumia.
— Seja racional ao menos uma única vez e pense em uma forma de salvá-la! Não de se matar! — Esme deu um passo à frente, encarando-me como se sua determinação pudesse segurar meu mundo desmoronando.
Meus punhos se fecharam instintivamente, os nós dos dedos brancos. Queria rebater, queria gritar que não havia outra opção, mas sua convicção me segurou no lugar. Era verdade. Parte de mim sabia que ela estava certa, mas aceitar aquilo era como engolir vidro.
Desviei o olhar, tentando esconder a onda de emoções que subia pela minha garganta como fogo. Passei as mãos pelo rosto, tentando ganhar tempo, tentando encontrar as palavras que me tirariam daquele impasse.
Esme permaneceu ali, inabalável, esperando uma resposta.
Eu a encarei, minha mandíbula tão tensa que parecia que ia se partir.
— Você acha que não estou pensando nela? — Minha voz saiu mais áspera do que eu pretendia. — Cada segundo que eu fico aqui, sem fazer nada, é um segundo em que ela pode estar sofrendo!
Esme não se intimidou. Ela deu um passo à frente, sua expressão firme.
— Carlisle, isso não é sobre o que você sente! — Ela disparou. — Isso é sobre o que Grace precisa! E ela precisa de você vivo, de nós vivos, para tirá-la de lá. Não de um homem cego pelo ódio, disposto a jogar a própria vida fora sem pensar nas consequências.
As palavras dela me perfuraram como estacas. Eu sabia que ela estava certa, mas o ódio dentro de mim não queria ceder espaço para a razão. Minha mente era um campo de batalha entre a lógica e a fúria, e a fúria estava ganhando.
— Então o que você sugere, Esme? — Perguntei, minha voz baixa e gélida, mas ainda carregada de desafio. — Que eu simplesmente sente aqui, esperando por um milagre enquanto Aro brinca com a vida dela?
Ela respirou fundo, seu olhar fixo no meu.
— Eu sugiro que você pare, pense, e trabalhe com todos nós para criar um plano que funcione. — Suas palavras foram firmes, mas havia uma dor genuína em seus olhos. — Porque se você morrer, Carlisle... você não será o único a sofrer.
O peso daquilo me atingiu em cheio, mas eu não conseguia recuar. Não agora.
— Eu não posso perder ela, Esme. — Minha voz finalmente quebrou, deixando escapar a vulnerabilidade que eu tanto tentava esconder. — Eu não posso.
O silêncio tomou conta da sala. Esme deu mais um passo em minha direção, sua mão tocando meu rosto de forma delicada, mas firme.
— Então não a perca, Carlisle. — Ela sussurrou. — Mas também não se perca no processo.
As palavras dela eram como um eco na minha mente. Talvez ela estivesse certa, mas isso não fazia a dor diminuir.
Eu precisava de Grace. E, por mais que odiasse admitir, eu precisava deles também.
O som do uivo cortou o silêncio como uma lâmina. Todos na sala pararam, os olhos se voltando instintivamente para a direção da porta. Meu corpo ficou tenso, ainda alimentado pela adrenalina do desespero. A tensão aumentou quando vi as silhuetas enormes e familiares do grupo de lobos de La Push surgindo sob a luz pálida da lua.
Eu quase rodei os olhos, porque, claro, outro problema era tudo o que eu precisava naquele momento. Mas então, Jacob se destacou do grupo, com Paul ao seu lado.
Jacob ergueu as mãos em um gesto pacificador antes mesmo que alguém pudesse dizer algo.
— Viemos em paz. — Sua voz era calma, mas carregava uma seriedade que ele raramente demonstrava.
Rosalie foi a primeira a sair. Sua postura era rígida, e o desprezo que ela carregava por eles estava estampado em seu rosto. Seus olhos fulminaram os dois lobos enquanto ela cruzava os braços.
— O que querem aqui? — Ela disparou, sem esconder a hostilidade.
Jacob respirou fundo, talvez preparando-se para enfrentar o muro de Rosalie, mas sua resposta foi firme:
— Oferecemos nossa ajuda para localizar a Grace.
Aquilo fez minha atenção redobrar. Jacob Black, oferecendo ajuda? Não era algo que eu esperava, especialmente considerando o histórico entre nós. Ele continuou, sem hesitar, e sua próxima frase revelou suas motivações:
— Pelo Charlie, por elas... E um pedido direto de um dos nossos.
Foi então que seu olhar desviou ligeiramente para Paul. O lobo ao lado dele permaneceu em silêncio, mas seus olhos, sempre tão impetuosos, pareciam diferentes agora. Não havia o sarcasmo ou a agressividade de costume, apenas determinação.
Um pedido direto de um dos deles. Paul.
O que quer que aquilo significasse, senti que havia algo mais profundo ali. Algo que eu ainda não entendia completamente, mas que poderia ser a peça que faltava para encontrar Grace.
Dei um passo à frente, o olhar fixo em Jacob, ignorando o silêncio pesado ao meu redor. Minha voz saiu firme, carregada pela preocupação e pelo cansaço que se acumulava como uma tempestade dentro de mim.
— E o que isso quer dizer, Jacob? — perguntei, minha paciência se desgastando rapidamente.
Jacob ergueu o queixo, o tom em sua voz era sério, quase desafiador, enquanto ele respondia:
— Se para achar a Grace será preciso lutar, iremos fazer.
O gosto do sangue ainda estava na minha boca, mesmo horas depois da última visita daquele vampiro. Era estranho admitir, mas não era desagradável. Na verdade, o gosto parecia ganhar uma nova dimensão a cada vez que eu pensava sobre ele, como se houvesse algo dentro de mim, algo pequeno e ainda em formação, que reagia a cada gota que eu engolia. Meu bebê.
Era como se ele sorrisse silenciosamente toda vez que aquele líquido metálico tocava minha língua. Essa ideia me perturbava e ao mesmo tempo me dava força. Ele estava se alimentando, sobrevivendo. Mas a ideia de que meu filho precisava de sangue para viver era surreal, quase impossível de aceitar.
Nunca, em nenhum momento da minha vida, eu poderia imaginar algo assim. Sempre sonhei com uma família normal, com dias tranquilos e rotinas simples. Mas agora... agora eu carregava em meu ventre um filho de Carlisle Cullen, um bebê que não era humano, e minha realidade estava distante de qualquer normalidade.
Enquanto estava deitada naquele chão frio, cercada por paredes de pedra que pareciam mais antigas do que o próprio tempo, meus pensamentos me consumiam. Mas eles foram interrompidos quando a porta antiga se abriu, o rangido familiar ecoando pelo espaço.
Lá estava ele novamente. O mesmo vampiro que vinha até mim, sempre trazendo as bolsas de sangue. Sempre calado, sempre carregando aquele ar de autoridade misturado com tédio.
Assim que ele entrou, senti algo estranho no meu corpo. Era como se meu bebê já soubesse o que estava por vir. Um calor tomou conta do meu peito, e eu sabia que estava faminta. Não eu, exatamente, mas ele... o bebê.
O vampiro, grande demais para aquele espaço pequeno, não disse uma palavra. Apenas jogou uma nova bolsa de sangue na minha direção, o objeto caindo ao meu lado com um som abafado.
Levantei a bolsa, encarando-a por um momento, antes de olhar para ele.
— Se você vai ficar vindo aqui a todo momento, o mínimo que eu espero é saber seu nome. — Minha voz estava fraca, mas carregava um toque de sarcasmo que nem mesmo minha situação conseguiu apagar.
Ele não respondeu de imediato. Apenas me observou por um instante antes de se sentar ao lado da grade que me separava dele. Mesmo sentado, ele parecia enorme, sua presença preenchendo o espaço de uma maneira quase sufocante.
— Beba. — Ele ordenou, ignorando completamente minha pergunta.
Rolei os olhos, sentindo o peso do cansaço no meu corpo. Mesmo assim, movi-me com cuidado, pegando a bolsa e a levando até os lábios. Meu corpo parecia querer mais antes mesmo de eu dar o primeiro gole.
— Sou Grace Swan. — Disse, quebrando o silêncio enquanto bebia.
A declaração saiu com uma força inesperada, como se, ao dizer meu nome, eu estivesse reafirmando quem eu era, mesmo naquele lugar que tentava me apagar.
Ele me olhou brevemente, seus olhos avaliando, antes de desviar a atenção para frente.
— Felix. — Ele finalmente respondeu, sua voz grave e direta.
E foi isso. Nada mais. Nenhuma explicação, nenhuma pergunta. Apenas o nome dele, ecoando pelo espaço enquanto eu continuava a beber, tentando ignorar o que aquilo significava. Felix.
— Felix... — repeti o nome, deixando que ele se acomodasse em meus lábios como algo estranho, mas inevitável. Enquanto falava, levei a bolsa novamente à boca, o gosto metálico escorrendo por minha garganta.
Era impossível ignorar o quanto meu corpo parecia absorver aquele líquido, como se minha fraqueza fosse temporariamente preenchida por ele. Mas o alívio durava pouco. Assim que terminava de beber, o vazio voltava, acompanhado de uma sensação crescente de fome. Não era minha fome, disso eu tinha certeza. O bebê dentro de mim queria mais. Sempre mais.
Minhas mãos tremiam, talvez pela fraqueza ou pela raiva reprimida. Fechei os olhos por um momento, sentindo o peso esmagador da situação. Respirei fundo, mesmo que o ar naquele lugar não fosse mais do que poeira e desespero.
— Por que ele me quer aqui? — Perguntei finalmente, minha voz saindo mais fraca do que eu queria. Já esperava o silêncio. Felix nunca parecia disposto a me dar respostas, mas o peso da pergunta escapou antes que eu pudesse segurá-lo.
Para minha surpresa, ele olhou para mim. Seus olhos, sempre tão indiferentes, carregavam algo novo, algo que eu não conseguia identificar.
— Ele não quer você. — As palavras saíram lentas, quase arrastadas, mas cada uma atingiu meu peito como um golpe.
Ergui o olhar, encarando-o, esperando por uma explicação que talvez não viesse.
— Ele quer a criança. — Felix finalizou, sua voz tão firme quanto o chão frio sob mim.
Minhas mãos apertaram a bolsa de sangue, agora vazia, enquanto o peso de suas palavras caía sobre mim. Ele não me queria. Eu era apenas um recipiente. Apenas a mãe que carregava o que ele realmente desejava.
Meu coração disparou, a raiva e o medo se misturando em minhas veias.
— Por quê? — Perguntei, sentindo minha voz quebrar. — O que ele quer com meu bebê?
Felix não respondeu. Ele apenas desviou o olhar, sua expressão endurecendo, como se eu tivesse tocado em algo que ele não queria admitir.
Eu sabia que ele não me responderia. Mas, naquele momento, uma coisa ficou clara. Aro não iria parar até conseguir o que queria. E, enquanto isso, meu bebê e eu estávamos presos no meio de um jogo que eu ainda não entendia completamente.
A dor foi repentina, como se um raio tivesse percorrido toda a extensão da minha coluna. Eu tinha tentado me levantar, meu corpo fraco implorando por descanso, mas naquele momento um estalo ecoou, alto e assustador. A sensação foi indescritível, uma onda de dor tão intensa que arrancou um grito dos meus lábios. O som reverberou pelo poço onde eu estava, uma mistura de desespero e puro sofrimento.
Meu corpo caiu de volta ao chão, tremendo, enquanto lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto. A dor era insuportável, queimava como fogo e parecia atravessar minha pele e ossos.
Felix, que até então permanecia imóvel, observando de longe como sempre fazia, se aproximou num piscar de olhos. Ele abriu a cela com um movimento rápido, seus passos pesados ecoando como trovões.
Tudo o que consegui fazer foi gemer de dor enquanto tentava desesperadamente me segurar em alguma parte do meu corpo para aliviar o que sentia.
Felix me segurou com seus braços fortes, erguendo-me do chão como se eu não pesasse nada. Seu olhar passou rapidamente pela minha coluna, e a expressão que surgiu em seu rosto foi de incredulidade.
— Está... quebrada? — Ele murmurou, quase para si mesmo, enquanto seus olhos percorriam minha postura agora completamente errada.
Sim. Minha coluna estava quebrada.
Eu senti o desespero crescendo dentro de mim, alimentado pelo terror de que algo estava terrivelmente errado — comigo, com o bebê. Outro grito escapou da minha garganta, mais alto, mais visceral, enquanto a dor pulsava em ondas.
Ele me pegou em seus braços, com cuidado, mas ainda rápido e determinado. Cada movimento fazia a dor piorar, como se meu corpo inteiro estivesse em chamas. Eu me agarrei ao seu peito, tentando encontrar algo sólido enquanto minha visão começava a falhar.
Felix correu comigo dali, seus passos reverberando como um tambor batendo na minha cabeça, cada impacto intensificando a dor. Eu não sabia para onde ele estava me levando, e naquele momento, não importava. Tudo o que eu queria era que aquilo parasse.
Minha visão ficou cada vez mais turva, as bordas escurecendo enquanto a consciência escapava de mim. Tudo ao meu redor parecia distante, o som dos passos de Felix e o eco do meu próprio grito se tornando apenas um borrão.
E então, tudo se apagou.
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