TRIGÉSIMO QUARTO
Eu estava preparado para o inevitável. Se os lobos ousassem cruzar nosso caminho, eu os faria se arrepender. Não era a primeira vez que enfrentávamos criaturas estúpidas o suficiente para testar nossos limites, e provavelmente não seria a última. Mas desta vez, a raiva em meu peito queimava mais forte. Não era apenas uma questão de território — era sobre controle. Poder. Sobre mostrar a eles que não éramos os tipos que se afastavam.
Alice falava enquanto eu ouvia em silêncio, meus olhos fixos, minha mente girando como uma máquina implacável. Sua visão estava repleta de detalhes, mas faltava o principal: eles. Nada de lobos. Nada de confronto direto, apenas uma preparação nossa, como se estivéssemos sendo manipulados a reagir. Era incoerente, irritante, e apenas aumentava minha suspeita. Claro que eram eles. Só poderiam ser. Malditos lobos, sempre tão previsíveis, tão impulsivos.
Minha mão apertava a borda da mesa, e o som da madeira cedendo sob a pressão era quase tranquilizador. Algo precisava quebrar — de preferência eles.
— Bom, eu acho que deveríamos comemorar. — A voz de Emmett cortou meus pensamentos como uma lâmina, me puxando de volta.
Minha cabeça se virou na direção dele, junto com todos os outros. Ele estava lá, despreocupado, aquele sorriso despretensioso que sempre parecia zombar da seriedade do mundo ao seu redor.
— Você vai casar, Carlisle. Temos uma nova integrante. E antes da guerra começar, nada mais justo do que comemorarmos. — Ele deu de ombros, como se o peso do universo não fosse nada além de poeira para ser varrida.
Uma nova integrante.
Grace.
O nome dela era uma lâmina em minha mente, cortando através da escuridão que pairava sobre nós. Ela era minha. Já era. E ela seria nossa — parte de nós, parte de mim. O pensamento de tê-la aqui, finalmente, trouxe um sorriso aos meus lábios.
Mas a realidade era que, antes de qualquer celebração, eu precisava lidar com o que estava diante de nós. Não haveria paz enquanto essa ameaça pairasse. Se os lobos fossem estúpidos o suficiente para fazer um movimento, eu os esmagaria. Não com pressa, não com raiva cega. Com precisão. Cada ato, cada palavra, cada golpe seria meticulosamente calculado para garantir que eles nunca esquecessem quem éramos.
Eles acham que são predadores. Vou lembrá-los do que significa ser a presa.
Alice sorriu prontamente, aquela expressão iluminada que, por um instante, parecia capaz de dissipar qualquer sombra ao nosso redor. Ela estava mais animada do que deveria, considerando a tensão pairando sobre todos nós, mas talvez fosse exatamente disso que precisávamos. Uma distração. Algo que nos lembrasse que a vida ainda poderia ter um gosto doce, mesmo em meio ao amargo do caos.
E, no fundo, eu sabia que ela estava certa. Grace amaria a ideia, especialmente se viesse de Emmett. Ele tinha uma habilidade peculiar de transformar qualquer momento sombrio em algo mais leve, quase suportável.
— Por que não? — perguntei, permitindo que um sorriso brincasse em meus lábios. Talvez eu também precisasse disso mais do que queria admitir.
— Ótimo! — Alice exclamou, batendo levemente as palmas das mãos, sua animação contagiando até mesmo os mais relutantes na sala.
Segurei o celular em minhas mãos. Enviei uma mensagem para Grace, curta e direta. Avisando que passaria para buscá-la, caso quisesse vir.
Mas eu sabia.
Ela viria. Ela sempre vinha. E mesmo em meio ao caos que ameaçava engolir tudo, a ideia dela ao meu lado era o suficiente para me fazer desejar por mais. Mais dela. Mais de tudo.
Alice estava radiante, como sempre. Ela parecia se alimentar da energia do momento, como se já pudesse ver todos os detalhes do que viria a seguir, e isso a deixava ainda mais animada.
— Ah, vai ser perfeito! — ela disse, deslizando até o centro da sala, os olhos brilhando. — Uma festa simples, mas cheia de significado. Nada extravagante, claro, mas o suficiente para criar memórias antes de tudo isso... acontecer. — Sua voz hesitou no final, mas ela rapidamente recuperou o tom animado. — Grace vai adorar!
— Ela vai, com certeza. — Emmett riu, cruzando os braços e me lançando um olhar provocativo. — Aposto que ela nem sabe no que está se metendo.
Meu sorriso não desapareceu, mas meu olhar encontrou o dele.
— Grace sabe exatamente no que está se metendo. — Minha voz saiu baixa, mas firme. Era mais uma declaração do que uma explicação. Ele ergueu as mãos em um gesto de rendição, ainda rindo, mas sabia que não era o momento de continuar.
Alice interveio, mudando o foco de volta à ideia da celebração.
— Ok, ok, já que o papai sombrio aqui aprovou a ideia, precisamos decidir os detalhes. — Ela girou no lugar, olhando para todos na sala. — Comida, decoração... música. Jasper, você pode cuidar da playlist, certo?
Jasper, que até então permanecera em silêncio em um canto da sala, assentiu, um sorriso discreto aparecendo em seus lábios.
— Claro.
Alice revirou os olhos, mas sorriu.
Enquanto eles discutiam, olhei para meu celular novamente. A mensagem enviada para Grace estava marcada como não lida. Um traço de impaciência cresceu em mim, e antes que pudesse me impedir, digitei outra mensagem.
"Estou a caminho. Vista algo especial. Quero você aqui comigo."
Enviei antes de reconsiderar. Não era um pedido, e Grace saberia disso. Ela entenderia.
Olhei para o celular mais uma vez, uma sensação incômoda crescendo no peito. Grace nunca demorava para responder. Ela era rápida, quase como se estivesse esperando por cada mensagem minha. Mas agora, o silêncio do outro lado era insuportável, quase ensurdecedor.
Impaciente, pressionei o nome dela na tela, iniciando a ligação. O som frio dos toques ecoou no silêncio da sala. Uma, duas, três vezes. Sem resposta.
Isso não é normal.
Tentei de novo, dessa vez pressionando o aparelho contra o ouvido como se a força pudesse mudar o resultado. Nada.
— Algum problema? — A voz de Jasper me chamou.
— Grace não está atendendo. — Minha resposta foi direta, fria.
— Talvez ela esteja ocupada? — Alice sugeriu, mas havia hesitação em sua voz. Ela sabia, tanto quanto eu, que aquilo não fazia sentido.
Sem responder, liguei novamente, a mandíbula apertada enquanto ouvia os toques intermináveis. Mais uma vez, o mesmo silêncio no final da linha.
O celular quase cedeu sob a força de minha mão quando a tela escureceu após a terceira tentativa fracassada. Um calor sombrio começou a subir pela minha espinha, misturado com algo que eu costumava admitir sentir: preocupação.
Alice deu um passo à frente, suas sobrancelhas franzidas.
— Carlisle, está tudo bem? — perguntou, a tensão evidente em sua voz.
— Não. — Respondi, encarando o celular como se pudesse forçá-lo a me dar uma resposta. — Isso não é típico dela. Grace sempre responde.
— Talvez seja só... — Emmett começou, mas sua frase morreu ao encontrar meu olhar. Ele sabia que não era "só" nada. Não com Grace.
Sem esperar mais, peguei meu casaco e comecei a me mover em direção à porta.
— Onde você vai? — Alice perguntou, sua voz cheia de ansiedade.
— Buscá-la. — Respondi sem olhar para trás, minha mente já correndo com possibilidades. Algo está errado. Algo está muito errado.
Dirigi com firmeza, minhas mãos apertando o volante enquanto meu pé esmagava o acelerador. A paisagem de Forks passava como um borrão, mas minha mente estava fixa em uma coisa: Grace.
Olhei novamente para o celular, equilibrando-o em uma das mãos enquanto enviava mais uma mensagem, os dedos pressionando as teclas com mais força do que o necessário.
"Grace, responda. Agora."
Nada. Nenhuma resposta. O silêncio dela era um peso insuportável, pressionando contra meu peito como uma pedra. Grace nunca fazia isso. Nunca. Ela sempre respondia, não importa o que estivesse acontecendo.
Eu sabia que algo estava errado. Não era paranoia, era certeza. Uma sensação gelada corria pela minha espinha, e eu odiava isso. Odiava sentir que estava fora de controle.
Minha mandíbula estava tensa. Eu só conseguia pensar em chegar até ela. Cada segundo de silêncio era uma tortura que eu não estava disposto a suportar por mais tempo.
O motor rugiu quando pisei ainda mais fundo no acelerador, os pneus cantando contra o asfalto molhado pelas ruas de Forks. O carro parecia reclamar da minha agressividade, mas eu não tinha paciência para ser gentil agora.
Minhas mãos apertaram o volante novamente, enquanto meu olhar escaneava a estrada à frente. Cada casa, cada esquina parecia igual, mas eu sabia exatamente onde estava indo. Cada curva era uma contagem regressiva.
— Droga, Grace... — murmurei para mim mesmo, a frustração crescendo junto com a preocupação.
Apenas alguns minutos depois, avistei a casa dela ao longe, a luz fraca da varanda parecendo zombar da minha pressa. Estacionei o carro com um movimento brusco, mal me preocupando em desligar o motor antes de sair.
A porta da frente estava fechada, mas isso não significava nada. Meu instinto gritava que algo estava errado, e quando eu entrasse ali, não sairia sem respostas.
Bati na porta com força, a madeira vibrando sob os nós dos meus dedos. Não tinha paciência para esperar, e quando finalmente o rosto de Charlie apareceu, abri caminho antes que ele pudesse sequer pensar em me impedir.
— Boa noite, Charlie. — Minha voz saiu firme, fria, enquanto eu cruzava o limiar da porta e caminhava para o meio da sala, meus olhos insaciáveis vasculhando cada canto.
Ele girou o corpo para me encarar, ainda segurando a porta aberta, confuso e claramente incomodado com a minha entrada abrupta.
— O que está fazendo na minha casa a essa hora? — Ele perguntou, cruzando os braços em um gesto defensivo, mas a tensão em sua voz era evidente.
A verdade é que nunca tínhamos conversado diretamente desde que Grace lhe contou sobre nós. Essa era a primeira vez que o via como... meu sogro. E agora, tudo o que eu conseguia sentir era um nó apertando meu estômago, crescendo com cada segundo de incerteza.
— Estou à procura da Grace. — Falei, interrompendo qualquer formalidade. Minha voz era direta, carregada de preocupação. — Ela não atende minhas ligações, não responde minhas mensagens.
Vi o choque atravessar o rosto dele como um raio. Ele deu um passo à frente, o olhar fixo em mim, franzindo o cenho.
— Como assim? — Ele balançou a cabeça, tentando processar. — Ela não está com você?!
Aquelas palavras atingiram como um soco. Minha mente congelou por um momento, mas apenas para dar lugar a algo muito mais escuro. Minha visão começou a escurecer, e a única coisa que eu conseguia enxergar era... vermelho.
— Ela não voltou para casa, Carlisle! — Charlie rebateu, sua voz elevando-se num grito cheio de acusação e desespero. — Essas horas eu estava tranquilo pensando que minha filha estava com você! Mas agora você bate aqui e me diz que não sabe dela?!
Seus gritos ecoaram pela sala, mas tudo o que eu conseguia ouvir era o som da minha fúria, rugindo em meus ouvidos. Levei as mãos ao rosto, tentando controlar o turbilhão que se formava dentro de mim. Meus dedos estavam tremendo levemente, um traço da tensão que se acumulava, ameaçando explodir.
— Está me dizendo que a... — minha voz falhou, o nome dela trancando na minha boca, como se pronunciá-lo tornasse tudo mais real, mais terrível. Apertei os olhos por um momento antes de encará-lo novamente, minha voz mais rouca, mas carregada de incredulidade. — Que a Grace desapareceu?
Charlie pareceu hesitar por um segundo, mas seu rosto se contraiu com a mesma raiva impotente que eu sentia.
— Eu não sei! — Ele exclamou, os braços se movendo num gesto de frustração. — Tudo o que sei é que ela disse que ia te encontrar!
Eu não podia racionar, nada fazia sentido para mim. Grace, a minha Grace, havia sumido. O peso desse pensamento parecia esmagar meu peito, enquanto a fúria comandava meus pensamentos com uma intensidade quase incontrolável. Cada fibra do meu ser estava em alerta, pronto para destruir qualquer coisa que estivesse entre mim e ela.
— Eu vou achá-la. — Minha voz saiu baixa, quase um rosnado, enquanto eu caminhava para fora, minha mente já se fixando no único objetivo que importava.
— Espera, Carlisle! — Charlie chamou, sua voz repleta de urgência, mas eu não parei.
Minhas mãos tremiam levemente enquanto eu segurava a porta, minha visão embaçada por uma raiva que não me abandonava. Girei a cabeça lentamente, encarando-o com olhos frios e determinados.
— Eu vou achá-la nem que eu tenha que matar todos no processo. — As palavras saíram afiadas, sem hesitação, porque eram a mais pura verdade.
Eu saí, a porta batendo atrás de mim com força suficiente para estremecer as paredes. Meu corpo inteiro parecia eletrizado, minha mente girando com possibilidades e suspeitas. Grace estava lá fora, e eu não sabia onde, mas sabia uma coisa: o mundo inteiro poderia queimar antes que eu desistisse dela.
Meus olhos se fixaram nas paredes de pedra à minha frente, sombrias, úmidas, cobertas por musgo que parecia tão velho quanto o próprio tempo. Cada rachadura, cada mancha suja, parecia contar histórias de sofrimento que eu preferia não ouvir. Meu peito subia e descia pesadamente, o cheiro metálico e rançoso do lugar tornando minha respiração quase insuportável.
Apertei os punhos com tanta força que senti minhas unhas afundarem na carne da palma das mãos, uma dor sutil e familiar que, de certa forma, me mantinha no presente. Era a única coisa que eu podia controlar naquele momento.
As algemas apertavam meus pulsos como uma armadilha de aço viva, queimando contra minha pele já ferida. O metal parecia pulsar, cada movimento meu apenas piorando a sensação. Meu corpo inteiro doía, uma dor latejante que parecia correr por cada músculo, cada osso. Era como se meu próprio corpo estivesse me traindo, cedendo ao peso do cansaço.
E então, o enjoo voltou. O mesmo mal-estar que me atormentara na noite anterior. Um redemoinho no estômago que subia pela garganta, trazendo consigo a urgência de colocar tudo para fora. Fechei os olhos por um instante, tentando me concentrar em outra coisa, em qualquer outra coisa, mas era inútil.
— Meu Deus... — A frase escapou de meus lábios em um sussurro rouco enquanto tentava puxar meu braço, desesperado para me livrar das algemas. O movimento foi um erro. A dor que veio em seguida foi insuportável, uma onda brutal que irradiou de meus pulsos para todo o meu corpo, arrancando um gemido involuntário.
— Droga... — Sussurrei, minha voz carregada de frustração, raiva e algo mais sombrio: medo.
Soltei o braço, deixando-o cair no meu colo, e levei as mãos ao rosto, o frio do metal pressionando contra minha pele. Respirei fundo, ou pelo menos tentei. Minha mente lutava para encontrar uma saída, qualquer saída, mas a realidade parecia uma prisão tão impenetrável quanto as paredes ao meu redor.
Estava presa. Literal e figurativamente. E a única coisa que eu podia fazer era esperar que algo mudasse. Ou que eu encontrasse uma maneira de mudar aquilo com minhas próprias mãos.
A voz dele ecoou pela sala, baixa e cortante como um trovão abafado.
— Não tente. Será pior.
O som fez meu coração disparar. Mesmo antes de abrir os olhos, eu sabia que aquela voz não era de Carlisle. Não era familiar, não era segura. Era algo diferente. Algo perigoso.
Levantei o rosto, o corpo ainda mole e dolorido, e meus olhos encontraram uma figura que parecia ter saído de um pesadelo. Ele era imenso, como uma muralha de pedra viva, preenchendo o espaço com uma presença tão avassaladora que parecia consumir o pouco ar que havia ali. A luz fraca que entrava por entre as grades iluminava partes de seu rosto, revelando feições duras, quase esculpidas, como se ele fosse feito de puro mármore negro.
Minha respiração ficou presa na garganta.
— Quem... — Minha voz saiu fraca, quase inaudível, e desisti antes mesmo de terminar a pergunta. Não precisava saber quem ele era. Apenas sabia o que ele era. Um dos vampiros de Aro.
Seus olhos encontraram os meus, frios e vazios, como se olhar para mim não fosse diferente de olhar para um objeto quebrado. Meu corpo inteiro tremia, mas tentei escondê-lo, manter algum resquício de dignidade, mesmo que tudo dentro de mim estivesse desmoronando.
Ele deu um passo à frente, e o som pesado de suas botas contra o chão de pedra fez meu coração martelar ainda mais forte.
— Você está me ouvindo, humana? — Sua voz era baixa, mas carregada de um poder que fazia cada palavra parecer uma sentença.
Assenti, porque falar parecia impossível. Meu corpo doía demais, os pulsos latejando contra as algemas, como se o metal estivesse se fundindo à minha pele.
Ele inclinou a cabeça, um sorriso frio surgindo em seus lábios.
— Muito bem— O tom de sua voz fez meu estômago revirar, como se aquelas palavras fossem uma marca invisível que ele acabara de cravar em mim.
Eu queria gritar, queria correr, mas sabia que não havia para onde ir. Meu corpo estava preso, mas minha mente ainda lutava, ainda se agarrava à esperança tênue de que Carlisle estava a caminho. Ele viria. Ele tinha que vir.
A figura imensa deu outro passo, e o frio do pânico me atravessou, congelando cada músculo.
— Você vai aprender rápido como as coisas funcionam aqui. — Ele se abaixou ligeiramente, seus olhos queimando nos meus.
Meu peito subiu e desceu rapidamente, e senti o gosto amargo do desespero subir pela minha garganta. Eu precisava ser forte. Precisava acreditar que isso não era o fim.
Carlisle... onde você está?
— O que vocês querem comigo!? — Minha voz saiu entrecortada, carregada de cansaço e desespero. As palavras se arrastaram por minha garganta seca, quase como se custassem o pouco ar que eu conseguia respirar.
Ele inclinou a cabeça, aquele sorriso cruel ainda nos lábios. Era um sorriso que não tinha nada de humano, nada de calor, apenas desprezo e malícia.
— Como você ainda não percebeu? — Sua voz era quase casual, como se estivesse explicando algo trivial, mas o tom gelado me fez estremecer. Ele deu mais um passo à frente, parando tão perto que eu podia sentir sua presença como uma sombra sufocante. — Você está grávida.
As palavras dele me atingiram como um golpe, e por um momento, o mundo ao meu redor pareceu girar. Meus olhos se arregalaram, e um frio gelado subiu pela minha espinha.
— O quê? — Sussurrei, mal reconhecendo minha própria voz.
O sorriso dele se alargou, cruel, triunfante.
— E o Aro — continuou ele, cada palavra mais lenta e cortante — vai abrir seu corpo em duas partes para retirar essa criança.
Minha respiração parou. Era como se ele tivesse arrancado todo o ar da sala com aquelas palavras.
— Não... — murmurei, minha cabeça balançando quase involuntariamente. Não podia ser verdade. Não podia.
— Aproveite sua vida enquanto ainda a tem. — Ele terminou com um tom quase zombeteiro, dando um passo para trás, como se já tivesse dito o suficiente.
A dor em meu corpo parecia insignificante comparada ao peso das palavras dele.
Grávida.
Aro.
Abrir seu corpo em duas partes.
Fechei os olhos, tentando organizar os pensamentos, mas só conseguia ouvir o eco das palavras dele. Meu coração batia como um tambor descompassado, e tudo dentro de mim gritava por Carlisle.
Segurei as algemas com força, ignorando a dor nos pulsos, e levantei o olhar para aquele monstro que ainda me encarava com um sorriso satisfeito.
— Você está mentindo. — Minha voz saiu baixa, mas havia uma firmeza que nem eu sabia que tinha.
Ele riu, um som grave e cortante que fez minhas entranhas se revirarem.
— Ah, querida... — Ele disse, inclinando-se levemente para mim, seus olhos frios brilhando como se saboreasse meu sofrimento. — Você vai descobrir em breve que eu nunca minto.
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