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BÔNUS

O ano era 1260 antes de Cristo. A tempestade rugia sobre nossas cabeças, o céu rasgado pelos trovões que pareciam dar voz à ira dos deuses antigos. A chuva, pesada como uma bênção indesejada, escorria pelas minhas vestes, mas não podia nos deter. Precisávamos saciar nossa fome, e, depois de dias caminhando sob as sombras das montanhas, o destino enfim nos brindara com uma aldeia esquecida no vale.

O cheiro de madeira molhada misturava-se ao de carne humana, quente, vivo. Era inebriante. Meus companheiros e eu nos detivemos na beira de uma colina, ocultos pelas árvores que choravam com a chuva. A lua, redonda e cheia, dançava entre as nuvens, banhando as humildes cabanas à frente com sua luz prateada.

— Finalmente, — murmurei, sentindo o sangue pulsar sob minha pele fria. — Talvez esta noite os deuses tenham piedade de nós.

Ivar, ao meu lado, inclinou a cabeça para a aldeia. Seus olhos brilhavam como pedras preciosas sob o luar, mas não com admiração. Ele via possibilidades, tal como eu. Vidas frágeis, desconhecendo o predador à porta.

— Eles não nos verão chegar. — Sua voz era baixa, quase um rosnado.

Me aproximei, cruzando os braços enquanto observava as casas simples. Telhados de palha e muros de barro. Não havia muralhas, não havia guardas. Apenas a calmaria ilusória dos que não conhecem o perigo.

— Cegue os habitantes, Ivar. — Minha voz cortou o silêncio entre nós. — Roube-lhes as lembranças, apague a noite de suas mentes.

Ele me olhou por um momento, um brilho de diversão em seu olhar. Sabia que não era um pedido, mas uma ordem. Ainda assim, esboçou um sorriso sutil antes de desaparecer na escuridão.

Os outros esperavam, inquietos, atrás de mim. A chuva escorria por seus rostos pálidos, mas eles não sentiam frio. Não sentiam nada além do chamado da fome.

— Se tudo der errado, partiremos antes que o sol nos encontre. — Minha voz carregava uma certeza. Eles sabiam. Era o pacto que sempre fizemos.

Meus olhos voltaram para a aldeia, onde a fumaça de um último fogo bruxuleava contra o vento. Uma boa refeição. Era só isso que precisávamos antes de desaparecer novamente na vastidão deste mundo que não era feito para nós.

Zeno surgiu da escuridão, a chuva escorrendo por seus cabelos. Em seus braços, uma jovem de olhos brilhantes e sorriso radiante, encantada pela presença dele. A ingenuidade dela era nítida, e o brilho em seu olhar me provocou um desprezo. Ela não sabia o que estava fazendo ali, e mesmo assim, parecia mais do que feliz ao lado de Zeno.

— Ela quer ser uma vampira, Dion, — Zeno anunciou, um sorriso satisfeito brincando em seus lábios. Ele parecia tão orgulhoso, como se tivesse encontrado algum raro tesouro.

Eu não respondi de imediato. Me limitei a encará-lo com desdém, deixando o silêncio pesar entre nós. Então, neguei com a cabeça, de forma firme e sem hesitação.

— Por quê? — Ele questionou.

— Porque você mal a conhece. — Minha resposta foi cortante, simples.

Zeno bufou, apertando a garota mais perto de si como se ela fosse algum prêmio que eu estava tentando tirar.

— Isso não significa absolutamente nada! — Ele protestou, a voz quase um rosnado.

Respirei fundo e dei um passo à frente, meus olhos presos aos dele, meu semblante imutável. Toquei seu ombro, deixando minhas luvas escorregarem para o chão encharcado. O contato da minha pele contra a dele foi instantâneo, e assim que fiz isso, o peso do meu dom começou a se infiltrar em sua mente.

Ah, o dom que a eternidade havia me concedido. Era simples: eu entrava na mente de qualquer um e os moldava à minha vontade. Suas ideias se tornavam minhas, suas ações seguiam meus comandos. Zeno não seria exceção. Ele não levaria aquela garota conosco. Não havia espaço para distrações em nossa irmandade. Ela seria eliminada, e ele o faria.

Os olhos dele piscaram algumas vezes, confusos, mas logo o brilho feroz retornou. Eu podia ver o conflito interno se dissipar, sua vontade dobrada à minha. Ele virou-se para a garota, que ainda sorria, sem entender o que estava prestes a acontecer.

As presas de Zeno surgiram, enquanto ele se inclinava para o pescoço dela. O sorriso dela desapareceu no instante em que a verdade a alcançou, mas já era tarde demais. Aquele era o fim que eu havia escolhido para ela.

Observei em silêncio, impassível, enquanto o som dos dentes perfurando a carne se misturava à chuva. Ela nunca deveria ter cruzado nosso caminho.

A pequena vila estava em chamas, as chamas dançando como demônios libertos, consumindo as frágeis construções de madeira e palha. Era sempre assim. Todas que cruzavam nosso caminho terminavam desse modo, reduzidas a cinzas, como um aviso ao mundo de que nós existíamos.

Cruzei os braços, mantendo-me distante do caos que se desenrolava. Meus olhos estavam fixos em Ivar, que, com sua precisão, movia-se entre os aldeões. Um a um, ele apagava suas lembranças e roubava-lhes a visão, deixando-os vagando como sombras confusas, perdidas em sua própria escuridão. Havia algo fascinante no modo como ele trabalhava, transformando a ordem em desordem com tanta facilidade.

Levi, ao meu lado, limpou a boca com as costas da mão, o sangue ainda fresco escorrendo em um fio fino e rubro. Seus olhos brilhavam à luz do fogo, predatórios.

— Podemos fazer morada aqui quando matarmos a todos, — ele sugeriu, casualmente, como se estivesse discutindo o clima.

— Talvez, — respondi, minha voz baixa, quase um murmúrio.

Minha resposta foi propositalmente vaga. Sabíamos que dificilmente permaneceríamos. Nossa irmandade nunca ficava muito tempo em um lugar. Cada lar que tomávamos acabava como todos os outros: queimado, esquecido, sepultado na história.

Enquanto Ivar terminava seu trabalho, meu olhar vagou pelas chamas que lambiam o céu. Não havia arrependimento em mim, nenhuma sombra de remorso. Apenas a fome satisfeita e a certeza de que, em breve, seguiríamos adiante, como sempre fizemos.

— Dion! Veja só! — a voz de Ivar ecoou, enquanto ele arrastava um homem pelo chão lamacento, segurando-o com a mesma facilidade com que se segura um boneco de trapos.

Meus olhos se voltaram para o pobre infeliz à nossa frente. Ele tremia de raiva, não de medo. Ah, havia ódio em seus olhos, um fogo que poucos tinham coragem de sustentar diante de nós. Ele não era mais do que um garoto, sua juventude traída pela insolência em cada palavra que escapava de sua boca.

— Soltem-me, seus monstros! — ele rosnou, cuspindo ao chão como se isso fosse um golpe de desafio.

Antes que pudesse falar, o tolo avançou. Seus punhos erguidos como se pudesse me ferir, sua expressão cheia de fúria cega. Observei o movimento, lento demais para alguém como eu. Quando tentou me acertar, bastou um passo para o lado. Ele tropeçou no próprio ímpeto, quase caindo.

— Corajoso... — comentei, inclinando a cabeça enquanto o avaliava.

— Eu vou matar cada um de vocês! — ele gritou, sua voz cheia de desespero.

Dei um passo adiante, minha sombra se projetando sobre ele à luz das chamas que consumiam a vila. Meus olhos encontraram os dele.

— Vai? — perguntei, minha voz quase doce, como se estivesse entretido pela ideia absurda.

Ele continuava ali, trêmulo, mas com os punhos cerrados, o orgulho ferido estampado em cada linha de seu rosto.

— Vai me dizer como pretende fazer isso? — continuei, minha voz suave, quase curiosa. Inclinei-me levemente, aproximando meu rosto do dele, deixando-o ver de perto os olhos que nenhum humano deveria encarar por tanto tempo. — Com essas mãos frágeis? Ou com a sua coragem desesperada?

— Você acha que me intimida? — ele rebateu, cuspindo as palavras com um ódio que mal disfarçava o tremor em sua voz.

Ri baixo, um som que não carregava alegria, mas zombaria. Aquele tipo de tolo sempre tentava se agarrar à última fagulha de dignidade, mesmo quando estava prestes a ser consumido.

— Acho que intimido, sim, — respondi, endireitando-me e cruzando os braços novamente. — Se não fosse assim, você não estaria tentando tanto parecer valente.

Ele deu um passo adiante, e eu percebi que suas pernas tremiam.

— Eu vi o que vocês fizeram. As chamas, os gritos... Vocês não passarão impunes! — bradou, apontando um dedo trêmulo para mim.

— Ah, impunes... — repeti, degustando a palavra como se fosse um vinho raro. — E quem nos julgará? Você? Ou os deuses que abandonaram este lugar há muito tempo?

Ivar, ainda segurando o homem, riu baixinho atrás de mim.

— Dion, talvez devêssemos deixá-lo tentar. Poderia ser divertido.

Olhei para Ivar por um breve momento antes de voltar minha atenção para o garoto. Havia algo nele que me intrigava, mesmo que fosse apenas sua obstinação inútil. Inclinei a cabeça, como se estivesse analisando uma presa exótica.

— Muito bem, então. Vamos fazer assim, garoto. Você quer matar cada um de nós? Aqui estou eu. Comece por mim.

Abri os braços, oferecendo-me, um gesto de puro desprezo. Queria ver até onde ia sua coragem antes que ela se esvaísse completamente

Observei o garoto se afastar pelo chão, seus olhos ardendo em ódio, mas agora tingidos com medo. O tremor em suas mãos denunciava que ele sabia que já estava morto, mesmo que seu coração ainda pulsasse. Um sorriso lento se formou em meus lábios. Talvez houvesse algo mais interessante a fazer com ele do que simplesmente matá-lo.

— Você é um espetáculo, garoto, — murmurei, quase para mim mesmo. Meus olhos se voltaram para Ivar e os outros. — Essa fúria... tão inútil, mas tão fascinante. Por que desperdiçá-la aqui, em uma poça de lama?

O garoto tentou se levantar, cambaleando, e gritou:

— Faça o que quiser comigo, mas eu vou voltar. E vou matar você! Vou destruir cada um de vocês!

Ah, a promessa de vingança. Tão clichê, mas tão deliciosa. Aproximei-me dele, movendo-me com a graça que ele jamais poderia igualar, até que estava diante de seus olhos. Ele tentou recuar, mas eu o segurei pelo queixo, forçando-o a me encarar.

— Você quer me matar? Destruir a todos nós? — sussurrei, cada palavra escorrendo de meus lábios como mel envenenado. — Então vou lhe dar uma chance, garoto. Uma que você jamais esquecerá.

Ele franziu o cenho, confuso, enquanto meu sorriso se alargava.

— Vou transformá-lo, — declarei, sentindo a surpresa e o horror tomarem conta de seu rosto. — Vou lhe dar a eternidade que você tanto deseja. E, em troca, prometo algo: eu vou persegui-lo.

Zeno soltou uma risada baixa.

— Sempre uma peça de teatro, Dion.

Ignorei-o, focando-me apenas no garoto.

— Escute bem, mortal. Transformarei você em algo além da sua compreensão. Mas saiba disso: nunca terá paz. Nunca terá liberdade. Eu serei sua sombra, sua maldição. Onde quer que vá, eu estarei lá, lembrando-o de que sua vida me pertence. E quando você estiver fraco, cansado, implorando para que isso acabe... eu rirei de você. Porque você pediu por isso. Você quis ser algo além de humano. Agora, aceite as consequências.

Ele tentou protestar, mas sua voz foi engolida pelo vazio entre nós. Antes que pudesse se mover, inclinei-me e cravei minhas presas em seu pescoço. O gosto de seu sangue era selvagem, cheio de fúria e desespero. Quando me afastei, deixei que caísse ao chão, seu corpo tremendo, os últimos momentos de sua humanidade escapando de seus olhos.

— Agora, me diga o seu nome criatura...— Minha voz ecoou fria.

A- Aro...

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