07
A casa de Anna era acolhedora, o tipo de lugar que parecia ter histórias escondidas em cada canto. A decoração simples, com quadros de família nas paredes e móveis que pareciam ter sido cuidadosamente escolhidos, passava uma sensação de calor familiar. Assim que entramos, o aroma doce de algo assando no forno me fez perceber que aquele lugar era o oposto do ambiente impecável e quase estéril em que eu cresci.
Sua mãe surgiu da cozinha com um pano de prato em mãos. Ela parecia o retrato de alguém que sabia exatamente como cuidar das pessoas à sua volta. Seu sorriso era tão sincero que me senti imediatamente à vontade.
— Você deve ser a Renesmee! — disse ela, aproximando-se para me cumprimentar. Sua voz era calorosa, e o beijo rápido em minha bochecha me pegou um pouco desprevenida, mas respondi com um sorriso educado.
— Sou sim, é um prazer conhecê-la. — Minha resposta saiu firme, embora eu estivesse levemente nervosa.
Enquanto sua mãe voltava para a cozinha, Anna já havia tomado conta da sala, jogando sua mochila no chão e indo direto para a fruteira. Pegou uma maçã com a naturalidade de quem fazia aquilo todos os dias, mordeu um pedaço e continuou mastigando enquanto me lançava um olhar cúmplice.
Eu me sentia uma visitante num mundo completamente novo, mas havia algo confortável na forma como tudo acontecia ali. Era um lar de verdade, cheio de vida. Enquanto eu olhava ao redor, notando pequenos detalhes como os vasos de plantas nas janelas e os desenhos infantis presos na geladeira, Anna começou a falar sobre a festa novamente.
— Vocês vão para onde, meninas? — perguntou sua mãe, espiando da cozinha com um olhar de curiosidade tranquila.
Anna, sem perder a compostura, deu mais uma mordida na maçã antes de responder:
— Só um encontro com alguns amigos, nada demais.
Eu senti meu coração acelerar com a facilidade com que ela mentia. Era tão convincente que até me perguntei se era uma habilidade natural ou fruto de prática.
— Certo, mas cuidado, está bem? — disse sua mãe, entregando as chaves do carro. — E voltem cedo.
Anna pegou as chaves com um sorriso travesso.
— Pode deixar, mãe!
Eu observei enquanto ela segurava as chaves, um brilho de excitação nos olhos. O que quer que estivéssemos prestes a fazer, estava claro que Anna adorava esse tipo de aventura.
Saímos pela porta principal, e o ar frio do lado de fora me fez puxar a jaqueta do uniforme para mais perto do corpo. Anna não parecia se importar. Ela já estava a caminho do carro, me chamando com a mão para que eu apressasse o passo.
O carro era um modelo antigo, mas ainda assim tinha personalidade. Assim que nos acomodamos nos bancos, Anna ligou o motor com uma confiança que parecia natural para ela.
— Nem precisamos trocar de roupa — disse ela, rindo. — Esse uniforme é bonitinho o suficiente, né?
Eu ri nervosamente, ainda ajustando o cinto de segurança.
— Acho que sim.
Anna acelerou e, enquanto o carro deslizava pela estrada, eu olhava pela janela, tentando organizar meus pensamentos. Eu estava prestes a ir para a minha primeira festa, e não fazia ideia do que esperar.
Eu sabia que estava prestes a sair completamente da minha zona de conforto, mas, ao mesmo tempo, era impossível não sentir uma pontada de adrenalina por estar fazendo algo tão... normal.
Anna parecia estar no auge da animação, cantarolando cada palavra da música como se fosse a maior fã da cantora. Ela fazia caretas exageradas enquanto cantava, e o som alto fazia o carro quase vibrar. Eu não conseguia segurar o sorriso. Era impossível não rir daquela energia contagiante, mesmo quando ela começou a tentar me arrastar para sua loucura, colocando as mãos em meus ombros e me balançando de leve, como se isso fosse me convencer a dançar.
— Vamos, Nessie, mexa esse corpo! — Ela gritou, rindo enquanto me sacudia levemente.
Eu apenas encolhi os ombros, segurando o riso enquanto ela voltava a cantar com ainda mais empolgação. Era impossível não se divertir ao lado dela, mesmo quando eu tentava manter um pouco de compostura.
O carro seguia firme, e a estrada começou a mudar. As árvores de Forks, com suas copas densas, começaram a se afastar, abrindo espaço para algo mais vasto e desconhecido. O mundo familiar da cidadezinha parecia estar ficando para trás, e com ele, um pouco da segurança que eu sempre conheci.
Olhei para a placa de saída de Forks passando rapidamente, e meu estômago revirou por um instante. Não era medo exatamente, mas uma ansiedade crescente, uma espécie de euforia nervosa que fazia meu coração bater um pouco mais rápido.
Peguei meu celular e digitei uma mensagem rápida para minha mãe: "Estou com Anna, estudando. Está tudo bem."
Enquanto meus dedos corriam pelas teclas, senti o peso da mentira. Não era algo que eu fazia com frequência. Na verdade, mal sabia mentir, e aquele era um dos momentos em que precisava aprender na prática. Respirei fundo antes de enviar a mensagem e apertei o botão com um leve tremor nas mãos.
Anna percebeu meu silêncio e olhou rapidamente para mim, com um sorriso despreocupado no rosto.
— Relaxa, Nessie. Você parece que vai desmaiar! É só uma festa, nada demais.
— Não é a festa — murmurei, guardando o celular no bolso. — É minha mãe. Ela vai perceber.
— Perceber o quê? Que você está finalmente vivendo um pouco? — Anna riu, voltando sua atenção para a estrada. — Nessie, às vezes, as mentiras brancas são necessárias. Você não vai fazer nada de errado, vai só... se divertir um pouco.
Eu olhei pela janela, observando as árvores passando rapidamente. Ela estava certa em partes. Não era como se eu fosse fazer algo tão terrível assim, mas o peso da mentira ainda estava lá.
A música continuava tocando, e Anna aumentou o volume ainda mais, gritando o refrão com toda a força enquanto ria de si mesma. Eu sorri novamente, sentindo uma faísca de liberdade que, apesar da preocupação, era incrivelmente emocionante.
O castelo apareceu lentamente em nossa visão, escondido pela curva da estrada. Mesmo de longe, ele era imponente, erguendo-se contra o céu como algo saído de uma pintura antiga. Suas paredes de pedra estavam marcadas pelo tempo, com rachaduras e musgo cobrindo partes das superfícies, mas não parecia tão abandonado quanto Anna havia descrito. Na verdade, havia uma certa grandiosidade melancólica naquele lugar, como se tivesse histórias demais para contar.
O castelo ficava estrategicamente posicionado no topo da montanha, e a estrada estreita que levava até ele parecia algo saído de um filme de terror, exatamente como Anna havia prometido. As árvores ao redor balançavam suavemente com o vento, criando sombras inquietantes na luz que começava a diminuir.
Anna, em sua habitual euforia, acelerou o carro com uma confiança que só ela parecia ter, seus olhos brilhando ao ver o destino final. Eu, por outro lado, me peguei segurando um pouco mais forte o apoio da porta, enquanto a estrada estreita e sinuosa parecia ameaçar cada curva.
— Olha isso! — Anna disse, gesticulando animadamente em direção ao castelo. — Fala sério, Nessie, não parece que estamos entrando em um filme de terror?
— Parece, mas... um filme caro, talvez — respondi, rindo nervosamente.
A música começou a ficar mais alta conforme nos aproximávamos, e logo avistamos uma fila desordenada de carros estacionados ao longo da entrada. Alguns eram cobertos de poeira, como se tivessem sido largados ali há anos, mas outros estavam claramente limpos e modernos. A festa estava acontecendo, e a música ecoava pelas paredes do castelo, escapando pelas janelas quebradas e pela porta aberta como uma espécie de convite para o desconhecido.
Anna diminuiu a velocidade, procurando um lugar para estacionar.
— Tá vendo? Não é tão assustador assim — ela disse, piscando para mim enquanto desligava o carro.
Saí do carro devagar, meus olhos fixos na enorme construção à nossa frente. As janelas estavam escurecidas, algumas com vidros quebrados que refletiam o que restava da luz do dia. A entrada era grandiosa, com portas enormes de madeira parcialmente abertas, revelando um vislumbre de luzes coloridas piscando lá dentro.
— Eles realmente decoraram isso — murmurei, impressionada.
Anna deu de ombros, sorrindo.
— Quem diria que adolescentes podiam transformar um lugar abandonado em algo tão... convidativo, né?
Enquanto eu observava a movimentação de pessoas entrando e saindo, senti um nervosismo. Este era o tipo de situação que minha mãe definitivamente reprovaria, mas também era algo que eu nunca tinha experimentado antes. Algo que parecia prometer liberdade, aventura e, quem sabe, histórias para contar depois.
— Vamos? — Anna perguntou, já caminhando em direção à entrada.
Respirei fundo, ajustando minha saia e seguindo-a.
Assim que desci do carro e meus pés tocaram o chão, senti um leve frio subir pela espinha, mas não de medo, e sim de curiosidade. Um grupo de alunos estava próximo à porta de entrada, rindo e conversando animadamente, como se aquele cenário não fosse um antigo castelo no meio do nada, mas apenas o quintal da escola. Anna, com sua confiança inabalável, acenou para eles e trocou algumas palavras enquanto eu os observava de longe. Eles pareciam tão à vontade.
Quando finalmente entramos, a visão me deixou sem palavras. O interior era ainda mais impressionante do que o exterior. As paredes, embora antigas e um tanto gastas, tinham cores ricas e profundas, como se alguém tivesse tentado restaurá-las em algum momento. Os quadros pendurados nelas mostravam figuras de épocas passadas, com olhares que pareciam acompanhar cada movimento. Alguns móveis estavam espalhados pelo salão principal, cadeiras antigas de madeira escura, um sofá rasgado aqui e ali, mesas que pareciam ter resistido a décadas de uso.
Não havia nada de assustador naquele lugar. Na verdade, era fascinante, como um pedaço de história que havia sido esquecido, agora preenchido com música alta, risadas e jovens explorando cada canto.
Meu olhar se fixou nas escadas antigas que levavam aos andares superiores. Cada degrau rangia sob o peso das pessoas que subiam e desciam, mas a estrutura parecia resistir com uma dignidade teimosa. Inclinei a cabeça para trás, tentando ver o topo do castelo, mas ele desaparecia nas sombras lá em cima, escondendo mistérios que talvez ninguém tivesse coragem de descobrir.
Anna já estava completamente à vontade, como se fosse a anfitriã da festa. Ela foi direto até a mesa improvisada com bebidas, pegando dois copos plásticos enquanto trocava risadas com alguns colegas. Um sorriso involuntário surgiu em meu rosto ao vê-la. Ela tinha essa energia contagiante, essa capacidade de se misturar sem esforço, de transformar qualquer ambiente em algo mais leve.
Meu sorriso se alargou ainda mais quando percebi um garoto se aproximando dela. Ele parecia um tanto hesitante, mas claramente determinado a chamar sua atenção. Claro, pensei comigo mesma, eles não perderiam a oportunidade. Anna tinha essa maneira única de atrair as pessoas, como se fosse impossível ignorá-la.
Enquanto ela começava a conversar com o garoto, deixei meus olhos vagarem novamente pelo salão.
— Ei, Nessie, vem! — a voz de Anna se destacou acima do burburinho da multidão. Ela estava cercada por algumas garotas, rindo e gesticulando animadamente, completamente integrada na pequena multidão que se formava perto da mesa de bebidas.
Olhei para ela e dei um sorriso leve, mas balancei a cabeça em negação. Não era que eu não quisesse participar, mas havia algo naquele lugar que me chamava, como se o castelo estivesse guardando segredos que eu precisava descobrir.
— Vou dar uma olhada nos andares de cima! — respondi, já colocando o pé no primeiro degrau da escada.
Anna arqueou as sobrancelhas, surpresa com minha decisão.
— Tá bom, aventureira! Mas não desaparece, hein! — ela gritou de volta, antes de ser puxada de volta para a conversa pelo garoto que ainda tentava chamar sua atenção.
Os degraus de madeira rangiam sob meus passos, cada som ecoando pelo espaço vazio acima. A música e as vozes começavam a se dissipar à medida que eu subia, e um silêncio quase reverente tomava conta do ar ao meu redor.
O andar de cima era completamente diferente. Não havia mais música, apenas um corredor estreito, iluminado pela luz pálida que entrava por janelas cobertas de poeira. As paredes aqui eram mais velhas, marcadas pelo tempo, com pedaços de papel de parede descascando e revelando camadas de história que pareciam querer se libertar.
Eu caminhei devagar, meus dedos roçando a madeira das portas antigas enquanto passava por elas. Algumas estavam entreabertas, revelando quartos vazios e escuros, enquanto outras permaneciam fechadas, guardando segredos que eu não sabia se queria desvendar.
Uma porta em particular chamou minha atenção. Era diferente das outras, maior e mais trabalhada. Havia algo estranho nela, uma sensação de expectativa, como se estivesse esperando por alguém. Por mim.
Respirei fundo, minha mão hesitando na maçaneta fria.
Assim que girei a maçaneta, ela rangeu suavemente, como se protestasse contra o movimento, e a porta se abriu com um leve empurrão. Meus olhos foram imediatamente atraídos para o interior do quarto. Diferente dos outros cômodos pelos quais eu havia passado, este parecia... intacto. Havia uma atmosfera estranha ali, algo que fazia a pele do meu braço arrepiar enquanto eu avançava.
Uma luz fraca atravessava a fresta de uma janela no canto, iluminando parcialmente o espaço. As cortinas estavam gastas, quase translúcidas, mas ainda bloqueavam a maior parte da claridade. A cama, posicionada no centro do quarto, chamou minha atenção imediatamente. Diferente do resto da casa, parecia limpa e arrumada, como se alguém ainda cuidasse dela. Os lençóis eram brancos, sem um único sinal de poeira ou desgaste, um contraste perturbador com o ambiente em volta.
Olhei ao redor, tentando processar o que via. As paredes eram cobertas por papel de parede escuro, com um padrão floral apagado pelo tempo. Algumas partes estavam descascando, revelando a madeira antiga por baixo. Um armário pesado, esculpido em madeira maciça, repousava contra a parede oposta, sua porta entreaberta revelando sombras indistintas. Uma poltrona estofada, desgastada mas estranhamente elegante, estava posicionada ao lado da cama, como se esperasse por um visitante.
Fiquei ali, imóvel, tentando decifrar por que aquele quarto parecia tão... diferente. Era como se não pertencesse ao resto do castelo, como se alguém o mantivesse em perfeito estado enquanto o restante da casa desmoronava com o tempo.
Minha curiosidade crescia a cada segundo, mas junto dela, uma inquietação começou a surgir. Eu dei um passo hesitante para dentro, os pés afundando levemente no tapete antigo que cobria o chão. Era macio demais, outro detalhe que não fazia sentido. Parei ao lado da cama, meus olhos ainda varrendo cada detalhe do cômodo. Algo ali não estava certo. Não era apenas a aparência impecável, era a sensação de que, de alguma forma, eu não estava sozinha.
O som da porta se fechando ecoou pelo quarto, baixo e prolongado, mas suficiente para me fazer gelar por dentro. Meus olhos acompanharam o movimento instintivamente, até se encontrarem com o rosto de um homem que eu já tinha visto antes. Ele estava ali, parado, empurrando a porta com calma, o gesto deliberado e quase teatral.
— Você... — Minha voz vacilou, enquanto minhas lembranças se embaralhavam.
Ele sorriu de canto, mas aquele sorriso não trazia conforto. Era mais como se ele tivesse acabado de confirmar algo que já sabia, algo que eu ainda não tinha percebido.
— Sim, pequena Cullen. — Ele falou, com a mesma calma que usara antes.
Minha mente corria. Por que ele estava aqui? O que queria de mim? Ele deu mais um passo, e eu senti meus joelhos encostarem na cama atrás de mim. A sensação de estar encurralada fez minha respiração acelerar, mas eu me forcei a manter a cabeça erguida.
— O que você está fazendo aqui? — Perguntei, desta vez tentando parecer mais confiante, mesmo que meu coração estivesse batendo como um tambor no peito.
Ele riu, um som baixo e quase zombeteiro, e balançou a cabeça.
— A pergunta certa seria: o que você está fazendo aqui, na minha casa? — Ele respondeu, os olhos brilhando com algo que parecia divertimento. — Eu imaginei que você fosse esperta o suficiente para evitar lugares como este.
— Sua casa? — Repeti, minha confusão se misturando ao medo que tentava ignorar. — Isso não faz sentido. Esse lugar está abandonado há décadas.
Ele arqueou uma sobrancelha, como se minha resposta fosse fascinantemente ingênua.
— Nem tudo o que parece abandonado está vazio, Renesmee.
O som do meu nome nos lábios dele fez meus músculos se contraírem.
— Por que você está me perseguindo? — Minha voz saiu firme, embora eu pudesse sentir meu coração batendo como um tambor no peito. Seus olhos fixos nos meus, tão intensos que pareciam querer me despir de todas as minhas defesas.
Ele riu, um som rouco e cheio de sarcasmo, enquanto inclinava a cabeça ligeiramente. Ele começou a caminhar na minha direção, as mãos nos bolsos, o sorriso irônico se alargando a cada passo.
— Você não percebe? — Ele perguntou, como se fosse óbvio, a voz baixa e provocativa. — Cedo ou tarde, você volta para mim.
— Voltar? — Dei um passo para trás, tentando manter distância enquanto cruzava os braços em uma tentativa falha de parecer durona. — Você é um louco.
Ele parou, inclinando-se ligeiramente para me observar com aquele olhar predatório, como se estivesse saboreando minha confusão. O sorriso se tornou uma linha fina, mas seus olhos ainda brilhavam com arrogância.
— Louco? — Ele balançou a cabeça lentamente, como se minha resposta fosse uma piada sem graça. — Ah, pequena Cullen, você sabe exatamente quem eu sou. Só não quer admitir.
Minha garganta secou, mas eu me recusei a desviar o olhar. Ele inclinou-se mais, tão perto que podia sentir seus lábios encostando em minha orelha, e seu sorriso voltou, dessa vez mais sombrio.
— Não importa o quanto você corra ou o que diga para si mesma. — Ele murmurou, a voz baixa e provocante. — No fundo, você sabe que sempre acaba onde eu quero que esteja.
Suas palavras me atingiram como um golpe.
Ele se encostou na porta, cruzando os braços de forma casual. Seus olhos me analisavam de cima a baixo, lentos e provocadores, como se cada pedaço de mim fosse um quebra-cabeça que ele já tinha desvendado.
— Você se lembra da última vez que nos vimos? — A pergunta saiu, seu tom era baixo, mas ecoava no silêncio do quarto.
Neguei com a cabeça, mesmo sabendo que era mentira. A memória ainda estava viva na minha pele.
— Então me deixe te lembrar... — Ele deu um passo à frente, a luz fraca acentuando as linhas afiadas de seu rosto. — Eu fiquei de joelhos na sua frente. — Sua voz ficou mais baixa. — Minha boca tocando sua coxa, minha língua implorando para senti-la. Seu corpo... — Ele pausou, seus olhos fixos nos meus, intensos. — Se arrepiando lentamente, mesmo sem saber, pedindo por mim.
Cada palavra dele parecia invadir minha mente, trazendo à tona um momento que eu queria desesperadamente enterrar. Ele sabia disso, claro. Ele estava se alimentando da minha reação.
— Para com isso. — Minha voz saiu mais baixa do que eu gostaria .
Ele soltou uma risada baixa, um som que fez minha pele se arrepiar de novo, mas dessa vez não pelo motivo que ele insinuava. Ele deu mais um passo, mas parou a uma distância segura, mantendo seu olhar fixo em mim.
— Para com isso? — Ele repetiu, como se estivesse saboreando as palavras. — Não minta para mim, pequena Cullen. Você quer que eu continue. Quer que eu diga mais, que eu descreva cada detalhe, cada segundo em que você esqueceu o mundo lá fora e só existiu para mim.
Eu abri a boca para responder, mas nenhuma palavra saiu. Ele sabia que tinha me encurralado, e o sorriso dele só crescia, triunfante.
— Isso te assusta, não é? — Ele inclinou a cabeça, o tom de voz suavizando. — O fato de que eu estou aqui, e você não consegue decidir se quer correr ou ficar.
Minha mente gritava para eu sair dali, para não deixar que ele tivesse mais poder sobre mim do que já tinha, mas meu corpo não se movia. E ele sabia disso. Ele sempre soube.
Ele se afastou da porta. Seus passos eram lentos, como se ele estivesse me dando tempo suficiente para processar o que estava prestes a acontecer. O espaço entre nós diminuía.
— Você finge que me esqueceu, mas seu corpo não mente, querida. — Ele parou a poucos passos de distância, suficiente para que eu pudesse sentir a intensidade do olhar dele sem precisar levantar os olhos. — Toda vez que você tenta afastar isso da sua mente, volta. Não porque eu quero. — Ele riu baixinho, um som rouco, cheio de ironia. — Mas porque você quer.
— Você está louco. — Consegui dizer.
— Louco? — Ele arqueou uma sobrancelha, divertido, como se eu tivesse acabado de contar uma piada particularmente boa. — Não, pequena Cullen. Louco seria se eu tivesse esquecido como foi. Como você me olhava naquele dia, como seus lábios tremiam, tentando decidir se deveria me parar ou me puxar ainda mais para você.
Eu dei um passo para trás, sentindo minhas costas encostarem na beira da cama. Foi instintivo, mas agora parecia que eu tinha me colocado exatamente onde ele queria. Ele notou, claro. Os olhos dele brilharam com aquela familiar faísca de triunfo, e ele deu mais um passo, diminuindo ainda mais o espaço entre nós.
— O que você quer de mim? — Perguntei, tentando manter minha voz firme, mas cada palavra parecia sair mais fraca do que a anterior.
Ele inclinou a cabeça, como se estivesse analisando minha pergunta. Um sorriso torto surgiu em seus lábios, e ele estendeu a mão, mas não para me tocar. Era quase um gesto de provocação, a ponta dos dedos pairando no ar, perto o suficiente para que eu sentisse a presença dele, mas longe o bastante para manter aquela tensão insuportável.
— O que eu quero? — Ele repetiu, como se estivesse saboreando a pergunta. — Eu quero você.
Meu coração batia tão rápido que eu tinha certeza de que ele podia ouvir. Cada palavra dele parecia me prender mais naquele quarto, na presença dele, na memória que eu tentava esquecer. E enquanto ele me observava, esperando por uma resposta, eu percebi que ele não precisava de palavras.
Ele se aproximou mais, como se estivesse saboreando aquele momento. Seus olhos vermelhos brilhavam, intensos, fixos em mim como se eu fosse uma obra de arte. Meu coração martelava no peito, minha respiração descompassada enquanto eu tentava decidir se deveria recuar ou enfrentá-lo.
Mas ele não me deu escolha.
— O seu cheiro... — Ele murmurou, a voz baixa, rouca, quase um sussurro, mas que parecia ecoar em cada parte de mim. Seus dedos frios roçaram minha pele, afastando suavemente os fios de cabelo que caíam sobre meu rosto. — Me fascina.
Seus olhos seguiram o movimento de sua própria mão, traçando um caminho lento ao longo da minha bochecha.
— E o seu gosto? — Ele continuou, um sorriso se formando no canto de seus lábios, fazendo com que ele fechasse seus olhos — Consigo imaginar...
Seus dedos deslizaram até meus lábios, parando ali como se ele estivesse testando minha reação, provocando. Era um gesto pequeno, quase insignificante, mas eu sentia como se cada centímetro de pele que ele tocava fosse marcado. Meus lábios tremeram sob seu toque, e eu vi o sorriso dele se alargar.
— Deve ser ainda melhor do que eu pensava... — Ele sussurrou, inclinando o rosto ainda mais próximo.
Seus dedos desceram lentamente pelo meu braço, provocando arrepios por onde passavam. Ele alcançou minha jaqueta e, com um movimento rápido, começou a deslizá-la para longe do meu corpo. Eu não conseguia me mexer, incapaz de me afastar.
Quando minha jaqueta caiu sobre a cama, ele voltou a tocar minha pele, os dedos agora descobrindo a parte exposta do meu braço. Era como se o frio que emanava de suas mãos queimasse, mas não de uma forma que eu quisesse evitar.
— Q-Qual o seu nome? — Minha voz soou baixa.
Ele inclinou a cabeça, movendo-se lentamente até que seus lábios pairassem sobre o meu pescoço.
— Demetri... — Ele finalmente respondeu, a palavra saindo como um sussurro. Seus olhos não encontraram os meus desta vez, estavam fixos em meu pescoço enquanto suas mãos continuavam a traçar linhas invisíveis sobre minha pele.
Eu fiquei paralisada. As palavras de Demetri ainda ecoavam em minha mente enquanto seus dedos frios escorregavam pela minha mão, traçando um caminho calmo até minha coxa.
Ele não desviava o olhar. Seus olhos permaneciam nos meus, como se cada movimento fosse feito para testar meus limites, para ver até onde eu permitiria que ele fosse. Meu coração batia descompassado, cada pulsação ecoando pela minha pele sensível ao toque dele.
De repente, ele se moveu, abaixando-se lentamente até ficar de joelhos à minha frente. Meu corpo inteiro ficou tenso, cada músculo reagindo.
Seus lábios se aproximaram de novo, tocando a pele da minha coxa com uma suavidade quase cruel. O frio de sua boca se misturava ao calor que subia dentro de mim.
Eu não conseguia desviar os olhos dele. Cada pequeno gesto parecia calmo, quase como uma dança, e eu estava completamente cativa. Minha respiração saiu trêmula quando ele parou por um instante, seus olhos brilhando.
— Demetri... — murmurei seu nome, a palavra escapando de meus lábios antes que eu pudesse me conter.
Ele sorriu. Seu olhar continuava fixo, como se ele estivesse memorizando cada expressão minha, cada suspiro, cada reação. E então, sem pressa, ele voltou a se mover.
Eu fiquei completamente estática, meu corpo vibrando com cada palavra que escapava de sua boca. Ele beijava a parte interna da minha coxa com uma precisão lenta, quase cruel.
— Você é muito ingênua... — ele sussurrou. — Vou ter o prazer em te ensinar cada detalhe...
Minhas mãos tremiam, e eu podia sentir meu coração batendo tão forte que parecia querer escapar do meu peito. Seus olhos subiram para encontrar os meus, e a intensidade de seu olhar me prendeu no lugar. Ele sabia exatamente o que estava fazendo, e o sorriso que ele deu provava isso.
— Você vai ter o seu primeiro orgasmo comigo, minha linda... — ele continuou, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Minhas pernas cederam levemente sob seu toque, e eu me odiei por isso, mas também não conseguia me afastar. A forma como ele falava, a forma como ele me olhava, fazia com que meu corpo falasse com ele.
Sem pressa, ele segurou a lateral da minha saia, os dedos deslizando pelo tecido com uma precisão que me fez prender a respiração. O som do material subindo parecia ensurdecedor no silêncio do quarto, e eu senti minhas bochechas queimarem.
— Olha para mim — ele ordenou, a voz firme, mas baixa, como se ele não precisasse falar alto para ser obedecido.
Meus olhos, hesitantes, encontraram os dele.
— Você fica linda assim, sabia? — ele continuou, inclinando a cabeça levemente enquanto seus olhos percorrendo meu rosto, como se estivesse memorizando cada reação minha. — Tão corada... tão inocente.
Suas palavras pareciam derreter qualquer resistência que eu pudesse ter. Era irritante e fascinante ao mesmo tempo, como ele conseguia fazer cada gesto parecer uma provocação, cada palavra um desafio que fazia meu corpo responder antes mesmo que minha mente pudesse processar.
Com a saia agora erguida, sua mão fria roçou contra minha coxa novamente, o contato arrepiando minha pele de maneira quase insuportável.
— Você está tremendo — ele notou. — Está com medo ou... é outra coisa?
Eu desviei o olhar, tentando esconder o quanto ele me desarmava, mas sua mão subiu até meu queixo, virando meu rosto de volta para ele.
— Eu mandei não desviar o olhar! — Ele segurou meu queixo.
Enquanto eu observava, meu próprio desejo aumentando a cada momento que passava, senti o olhar intenso de Demetri queimando em mim. Seus dedos permaneceram na minha pele, enviando arrepios pela minha espinha enquanto deixavam rastros de calor. Com um rosnado baixo e estrondoso que enviou vibrações pelo meu corpo, Demetri me jogou contra a cama e separou minhas coxas, me expondo por completo ao seu olhar penetrante. Suas mãos deslizaram pela parte interna das minhas coxas em movimentos lentos, dançando pela minha pele com uma sensualidade que me deixou sem fôlego.
Eu tremi quando seu lábios passaram como um fantasma pela minha intimidade, o frio antecipatório rapidamente substituído por arrepios de prazer. A língua de Demetri disparou, chicoteando cada parte de mim que me fez arquear para fora da cama. O primeiro toque de sua boca foi elétrico, enviando ondas de choque de êxtase pelo meu corpo.
Sua língua mergulhou mais fundo. Eu podia sentir o calor de seu toque penetrando em meu próprio ser, cada carícia acendendo uma faísca dentro de mim que ameaçava me consumir por inteiro. Enquanto ele me abria com sua língua experiente, senti meus músculos se contraírem e tremerem, meus quadris sacudindo involuntariamente contra seu toque. Demetri sorria com minhas reações. Com cada golpe de sua língua, Demetri mapeava meus pontos de prazer com precisão, determinado a me desvendar completamente. Suas palavras, um elogio baixo e rosnado, só serviam para atiçar as chamas do meu desejo.
— Goze para mim Renesmee... — Ele pediu. — Me deixe ser seu primeiro e último homem.
O rosto de Demetri estava enterrado entre minhas coxas abertas, seu foco inteiro fixo no meu sexo que pulsava em sua boca. Eu não sentia mais nenhuma pontada de vergonha, apenas prazer enquanto ele trabalhava para me desvendar com seus dedos inteligentes. Ele roçou os lábios na minha buceta com movimentos leves como penas, a sensação enviando choques por minhas veias. Meus quadris empinaram reflexivamente, esfregando contra sua palma enquanto eu choramingava e gemia, completamente à sua mercê.
Os dedos de Demetri continuaram sua dança lenta e provocante, provocando meu clitóris trêmulo com uma gentileza enlouquecedora. Cada passagem enviava tremores secundários ondulando através de mim, me deixando agarrada aos lençóis e ofegante por ar. Eu era uma escrava da sensação, minha mente embaçada com a necessidade desesperada de liberação, mesmo enquanto meu corpo tremia como uma folha.
Os rosnados roucos de Demetri contra meu sexo só alimentaram as chamas da minha excitação. Eu era dele naquele momento, uma bagunça trêmula e desesperada enquanto ele extraía tudo de mim.
Minhas mãos voaram para o cabelo de Demetri, agarrando as mechas firmemente enquanto eu o puxava para mais perto, sua risada vibrando contra minha carne. Quando não consegui mais me conter, um grito primitivo saiu da minha garganta enquanto eu gozava forte em sua língua.
Meu estômago se apertou em contrações cruéis, minhas pernas tremendo incontrolavelmente enquanto as primeiras ondas de êxtase caíam sobre mim. Calor floresceu em minhas bochechas, meu corpo inteiro sacudido por tremores poderosos enquanto a língua implacável de Demetri trabalhava para extrair cada último pulso de prazer. Eu me senti desvendar, minha mente confusa com a intensidade do clímax enquanto eu cavalgava os tremores secundários, meu aperto em seu cabelo vacilando enquanto os tremores finais diminuíam.
— Uma delícia como sempre imaginei... — Ele sorriu, se afastando de mim e passando sua língua pelos lábios.
Eu assisti, paralisada, enquanto o olhar de Demetri permanecia em meu rosto antes que ele se virasse para desabotoar os botões de sua camisa social preta com lentidão. Seus ombros largos e peito musculoso revelados centímetro por centímetro tentador. Assim que eu estava perdida na visão dele, um grito estridente perfurou o ar, me fazendo estremecer de susto.
— Nessie!? — A voz em pânico de Anna quebrou o momento, e eu senti um arrepio percorrer minha espinha quando a realidade voltou.
Com as mãos trêmulas, juntei minhas roupas espalhadas, meus olhos nunca deixando o rosto de Demetri quando ele finalmente olhou para mim, um sorriso sutil brincando em seus lábios.
— Estarei aqui sempre que você precisar de mim — ele prometeu.
As palavras me arrepiaram, mesmo sabendo que tinha que fugir. Eu não podia ficar naquele quarto, não com Anna me procurando. Com um último e intenso olhar para o homem que abalou meu mundo, virei-me e fugi, meu coração batendo forte nos ouvidos enquanto eu rezava para que ele cumprisse sua palavra e voltasse para mim algum dia.
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