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Capítulo 45: 'Brigas'


/ Lisa /

- Estão todos aí? - Chanyeol, o pintor galanteador que frequenta a biblioteca há algumas semana me pergunta, olhando de cima.

- Sim, estão. - Respondo após checar uma última vez a pilha de livros. - Mais alguma coisa, senhor Chanyeol?

O rapaz sorri de ladino para mim, fazendo-me suspirar com falso cansaço.

- Já te contei sobre minha nova exposição?

- Não, não contou. - Desvio minha atenção para caixa velha que senhora Min chama de computador, sabendo que Chanyeol irá estender o assunto até notar que não estou realmente interessada.

- Pois então, estou te convidando. Entrada vip, baby.

- Eu adoraria, mas ando tão ocupada que não sei se poderei comparecer.

- Tenho certeza que irá. - Ele apoia uma das mãos na ponta da mesa, ainda me olhando. - Aliás, você ainda não me disse se vai sair comigo.

Respiro fundo, ainda com os olhos na tela do aparelho velho.

- Disse, sim. Eu não vou sair com você, eu tenho namorado.

- E eu por acaso convidei-o para o nosso encontro?

- Não, e nem vai. Ele esmagaria você. Agora, se me der licença, preciso trabalhar.

Soltando um suspiro derrotado, Chanyeol se afasta em direção a saída, apontando o dedo para meu rosto antes de sair, gritando:

- Um dia, eu te levarei para sair, e você não irá se arrepender.

A porta bate antes que eu possa retrucar, então decido apenas voltar ao trabalho.

(...)

Terminando de arrumar os livros em ordem alfabética, e depois de limpar as prateleiras, - o que me rendeu uma tarde toda - alongo os braços e curvo as costas, ouvindo o estralo dos ossos e músculos devido a tensão.

- Lisa?

Eu me assusto com a voz, girando e encontrando Jungkook parado ao meu lado, encostado na prateleira e com um olhar cheio de diversão.

- Surpresa? - Ele ri de modo rouco, aproximando-se e descruzando os braços.

- Um pouco. - Admito, notando que minhas mãos descansam sobre o ponto acima do meu coração.

Os braços de Jungkook me enlaçam pela cintura e seus lábios pousam sobre os meus, como um predador provando sua presa antes do ataque.

- Senti saudades. - Ele murmura, deixando mordidinhas em torno do meu lábio inferior antes de puxá-lo suavemente entre os dentes.

- Eu também. - Quase me derreto, abrindo as mãos contra seu peitoral coberto. - Você não apareceu mais cedo. - Minha afirmação soa mais como uma pergunta.

- Fiquei até mais tarde conversando com o pessoal do Grêmio. E precisava resolver algo com senhora Min, mas estou aqui agora.

- O que precisava falar com a senhora Min?

Os cantos dos lábios de Jungkook se erguem, e ele se afasta, batendo o indicador levemente na ponta do meu nariz.

- Isso é segredo.

- Como é?

Ainda sorrindo, Jungkook se afasta completamente, andando na direção oposta enquanto eu o sigo.

- Ei! Volta aqui! O que você quer dizer com isso?

(...)

O carro de Jungkook parou em frente ao prédio onde Chaeyoung e Kim moravam. Contei que não demoraria e que a visita apenas se tratava de uma rápida conversa com Chae.

O porteiro liberou minha passagem assim que me viu, deixando que eu usasse os elevadores para subir até o apartamento de Jisoo.

Foram necessárias apenas duas batidas na porta antes que Chaeyoung atendesse, puxando-me para dentro com uma força bruta.

Além de Chaeyoung, notei a presença de Jennie na sala, mas nenhum sinal de Jisoo.

- Onde ela está? - Perguntei, ainda olhando em volta.

- Ainda não chegou. Melhor. Assim poderemos conversar. - Chaeyoung senta-se no sofá no momento em que Jennie faz um impulso para se levantar.

- Jisoo falou comigo enquanto estava bêbada. Ela não está apenas chateada com vocês duas, - Deu uma pausa, apenas para analisar nossas expressões surpresas antes de continuar - mas está frustrada, emocionalmente e fisicamente. Está descontando todo o peso em bebidas e trabalho.

Chaeyoung olha para mim, com um semblante culpado, o meu não se difere tanto.

- Eu temo que isso seja uma porta para um alcoolismo desenfreado.

O som da porta se abrindo faz nós três entrarmos em alerta. Na entrada, Jisoo nos observa com um olhar vazio.

- O que estão fazendo aqui?

Silêncio preenche o ar por um par de segundos, até que Jisoo parece perder a paciência e uma faísca se acende em seus olhos.

- O que é? Ficaram mudas?

Engolindo em seco, Chaeyoung é a primeira a se pronunciar:

- Precisamos conversar, não acha?

- Conversar sobre o quê? - Jisoo cospe, arqueando as sobrancelhas. - Não tenho nada para conversar. - Seu olhar então para em mim, e seus lábios apertados se desfazem em um sorriso cheio de ironia. - Ah, obrigado por ter finalmente vindo, Lalisa.

- Jisoo, precisamos conversar. - Consegui dizer, mas não recebi nada mais que um olhar duro e de desprezo.

Chaeyoung se levantou, um pouco ofegante.

- O que está acontecendo com você? - Arfou. - Mal fala com a gente, e quando fala está entupida de álcool!

- Eu não falo com vocês? - Jisoo fala, gargalhando em seguida. - A única que você sabe falar é sobre sua vida e seu namorado perfeito! Eu realmente não ligo! E...e eu bebo o quanto eu quiser!

- Isso não faz bem para você, Jisoo. - Murmuro, tentando me aproximar.

Jisoo no entanto se afasta, empurrando minha mão antes que eu a toque.

- Quem é você para dizer o que é bom ou não para mim? - Vocifera. - Você não sabe de nada! Apenas se importa com sua própria vida. Volte para sua biblioteca para arrumar seus livrinhos e esperar o seu príncipe encantado. Você ganha mais com isso do que ser amiga de uma bêbada!

Minhas mãos tremem, e eu não espero nenhum segundo a mais antes de simplesmente arrumar a alça da bolsa em meu ombro, andando em direção por onde eu havia entrado minutos antes.

- Lalisa.

Ouvi a voz abafada de Jisoo dizer assim que bati a porta. Corri para os elevadores, ouvindo o som de passos atrás de mim.

- Lisa, espera!

Chaeyoung parou ao meu lado, segurando meu ombro.

- Jisoo está nervosa, não sabe o que está dizendo.

- Olha, eu sei que não fui uma boa amiga nos últimos meses, eu sinto muito.

- Lali...

- Diga a Jisoo que eu sinto muito, mas eu preciso ir para casa agora.

/Jungkook/

Lalisa entrou no carro com os lábios apertados e olhos marejados, fazendo-me entrar em alerta.

- O que aconteceu? - Perguntei, vendo seus dedos nervosos e desajeitados tentando colocar o cinto de segurança.

- Nada. - Sua voz soou baixa.

Parei com as perguntas, sabia que a deixaria ainda mais nervosa se continuasse a questionar.

A viagem até em casa foi silenciosa, com apenas o barulho baixo do rádio e das ruas preenchendo o vazio entre nós.

Quando paramos a carro em frente a garagem, Lalisa não se moveu, ficou por um bom tempo com o rosto impassível e disperso. Apenas consegui chamar sua atenção quando toquei uma mecha de seus cabelos com a ponta dos dedos, colocando-os atrás de sua orelha.

- Seja lá o que aconteceu, eu vou estar aqui. - Murmuro.

Sua mão envolve o meu pulso, e seu rosto descansa sobre a palma da minha mão. Eu a acaricio, me inclinando para beijar sua testa.

- Eu amo você, Lalisa.

- Ama? - Ela pergunta, sorrindo pela primeira vez.

- Amo. Vai ficar tudo bem.

Ainda me olhando, Lalisa se solta do cinto de segurança, subindo em cima de mim para se aninhar em meu peito.

- Obrigada por se importar.

- Eu te amo, loirinha. - Acaricio sua bochecha com o polegar.

- Eu também te amo, Jungkook.

Capítulo revisado ✅

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