° Chapter 36 °
Cês pensaram que eu não ia rebolar minha bunda hoje, né?
Sim eu decidi postar esse logo pq já não tava aguentando mais, e como tô meio travada na escrita, nada mais justo que soltar logo um cap grande pra vocês
Sei que querem me matar pela demora mas né 😢 Eu tô dando meu melhor pq sem vocês, mas principalmente sem a escrita eu enlouqueço, então não dá
Tava real precisando postar hehe, pq o cap 37 tá IMENSO REAL e vai recompensar minha ausência além desse, até pq é no 37 que a baby chega né 👀🌚
E detalhe, provavelmente ainda vai ter atualização de Halloween daquele meu book especial (sim, mesmo em dezembro) Não expliquei (eu acho) mas todo Halloween (ou seja, todo ano se eu tiver com criatividade e ânimo) eu pretendo atualizar esse book thiam com os filhinhos pq sei lá, é muito bom, uma alegria e emoção na vida do fanficqueiro até o filme sair e a gente ver thiam se beijando 😭❤️
E SIM EU SURTEI MUITO NO DIA SKWKKWKWMWND SÓ OS DEUSES E MEU WHATSAPP TODO SABEM O QUANTO PIREI e ainda passei mal de chorar por thiam/chrisberry mas valeu a pena, como sempre
Ah e eu mudei o ator do Adam, só pra relembrar pq não sei se todos recebem os avisos que eu posto. Mudei pq tava muito difícil achar foto acessível dele. Era um modelo pouco conhecido e blah blah blah
Enfim CHEGA de enrolação, e bora ler
Espero que vocês gostem 👉👈😔 esse cap já tava pronto faz tempo pra caramba e só digo uma coisa
Usem seus coletes skskss
Boa Leitura! ❤️🐺
~~~~x~~~~
Beacon Hills. (08/02/2017) |Sábado|
As vezes nem sempre tudo muda apenas pelo simples fato de um número se tornar outro no calendário. Vamos saber quando certos detalhes mudaram sem ao menos notar, tratando-se da personalidade ou não, sonhos ou objetivos, o modo como resolvemos encarar os desafios. Tudo tem seu determinado tempo e caminho, e não é um número qualquer que nos fará enxergar isso de outra maneira logo de cara. Pode ser um novo ano, porém com os mesmos problemas pela frente para se deparar e talvez outros novos a adicionar. A única diferença seria a perspectiva que usamos, os pontos bons e que valiam a pena ser ressaltados todos os dias. Nos manter firmes e criar novas motivações nunca é fácil, mas saber a hora de nos mexer e fazer algo sobre é o que importa.
No entanto, outros já haviam perdido essas opções há muito tempo. Tendo que se privar de uma vida digna apenas para proteger aqueles que ama ou por não terem mais nada a perder. Essa de um jeito ou de outro acabava sendo a realidade de muitos sobrenaturais espalhados pelo mundo. Sem rumo, sem oportunidades, sem esperança. Facilmente sujeitos a qualquer tipo de maltrato, principalmente do dela.
— Eu disse pra ter pulso firme, imobilizar e deslocar o ombro dele. Será que não fui clara o suficiente com você?! — Katherine aumentou o tom de voz na última frase, bem próximo ao rosto do garoto que aparentava ter uns quinze anos mas devido a sua altura era facilmente intimidado. O híbrido se encolheu pelo susto, abaixando a cabeça. — Olhe nos meus olhos, criatura. — Disse entredentes e aborrecida, passando a prancheta para o braço esquerdo apenas para levar a outra mão rumo ao maxilar do menor e o segurar com força erguendo-o para cima. Este que gemeu baixo devido a breve dor. Mainsvell olhou intensamente nos olhos castanhos do outro, que mal alcançava seus ombros tratando-se da altura absurda na concepção dela. — Não me obrigue a jogá-lo na ala subterrânea, me entendeu? — Arqueou uma das sobrancelhas.
— S-Sim, senhora. — Gaguejou e logo após engoliu em seco, tentando ignorar a pressão em seu queixo. Sentia seu coração mais acelerado do que nunca e suas pernas meio bambas. Era sempre assim quando a mulher resolvia checar os treinamentos. E querendo ou não, parecia que a cientista havia criado uma cisma com ele. Seu olhar penetrante sempre o fazia errar algum golpe ou defesa.
Josh encontrava-se na porta da sala assistindo, apoiado no batente de ferro e sustentando um leve sorrisinho quase imperceptível enquanto analisava a cena. Havia subido no cargo dentro da base, e agora sua responsabilidade era a preparação dos jovens e as crianças maiores. Não que tenha lutado por essa posição, mas com o passar dos dias não havia mais nada que pudesse fazer. Sua única opção a seu ver fora se jogar de cabeça em todos aqueles planos e estratégias. Pelo menos estaria aumentando a taxa de seres como ele, e outros melhores ainda como próxima geração. Esses foram os pontos positivos apontados depois de muito analisar e debater consigo mesmo junto a equipe que o rodeava.
E a melhor parte de ser treinador daqueles híbridos, era compartilhar e proporcionar um auxílio que não teve quando novo. Comandar e ver todos dispostos a executar suas ordens, progredindo uns com os outros. Tirando as torturas e mortes, é claro. Aquele lugar era a evolução, e demorou para notar. Outrora tivesse enxergado isso quando tentou dar uma de mocinho e salvar quem não merecia seu esforço. Aquela gente da Califórnia não entendia a visão, mas felizmente ele sim. E seu foco atual nesse processo seria apenas; criar soldados competentes. E definitivamente, não era o caso do híbrido encolhido.
Aquele garoto, que chamavam de ítem por ser terminantemente proíbido dar nomes aos híbridos, fracassava e segurava os golpes quase todo o tempo nas sessões, por simplesmente ter uma facilidade incrível em sentir empatia no momento em que precisava agredir o oponente. Progredir seria um belo avanço se ele colaborasse e colocasse a autopreservação em prática, mas sempre resolvia mostrar essa falha na frente de Katherine. Josh se divertia nesses momentos, sem dúvida. Pois aviso não faltou.
— E é bom que eu veja uma mudança nisso. Ou caso contrário terei o prazer de descartar um peso morto. — Ela esbravejou mais uma vez, pressionando o dedo indicador contra o peitoral do mais novo que cambaleava, e fazendo questão de subir o tom próximo a orelha do mesmo que se encolhia assentindo freneticamente.
O garoto era da classe > E, sendo o resultado de umas das milhares espécies inseminadas. Composto por uma parte coiote e a outra kanima, ou seja sua audição tornava-se mais sensível devido ao instinto em se render a algum mestre. Katherine aprendeu a observar estes específicos pontos, colocando em prática orientações valiosas vindas deste beta peculiar. Poderiam não ter uma fraqueza exata, mas com a tecnologia certa e emocional fraco. Se intimidariam facilmente.
— Vamos. — Disse Josh em um comando sério ao ver o garoto se aproximando e passando por ele em passos cautelosos. Ele segurou o híbrido pela nuca com certa força, guiando-o de um modo vago até uma das funcionárias que ficava responsável pelos mais novos naquele andar. — E na próxima, não segura os socos. — Avisou com o habitual semblante neutro, empurrando o mais novo que quase caiu mas fora amparado pela moça de feições delicadas porém séria, que vinha a seu encontro. — Leva ele. — Mandou em um timbre impaciente. Os olhos castanhos sem emoção ao acompanhar os passos dele antes de desviar a atenção para outro canto. Perdendo o momento em que a funcionária revirou os olhos, abraçando mais o garoto.
Katherine ao longe arqueou uma das sobrancelhas em nítido fascínio, enquanto observava a maneira como aquele beta ditava as ordens e se dedicava a cada processo de respectivo híbrido sem resistência. Notara essa mudança de comportamento logo após as primeiras sessões de treinamento, fazendo-a repensar algumas questões. Chegando a conclusão que isso tudo não poderia ser somente por conta da mãe como refém. Havia um motivo a mais, e o mais óbvio.
Ele gostava de agir desse modo tanto quanto ela ao comandar aquele lugar enorme. A mulher esboçou um sorriso ladino com esse raciocínio, caminhando em passos calmos na direção do rapaz que se virou ao notar sua presença.
— Pensei que estivesse de bom humor.. — Ironizou as palavras ditas pela cientista há algumas horas atrás na sala da mesma. Katherine apenas revirou os olhos indiferente, observando Josh cruzar os braços. — Ainda mais agora que as etapas do plano estão definidas. — Ressaltou a novidade mais uma vez, esboçando de modo rápido um sorriso ladino mas logo disfarçando ao desviar o olhar para o corredor. A mulher estreitou os olhos na direção dele com um ar de diversão.
— Acho que.. de todos, você é o mais animado pelo visto. — Acusou cinicamente ao pender a cabeça para o lado, assistindo o outro redirecionar a atenção para seu rosto com a testa franzida. Era sempre assim desde que o deixou vir a este lugar. Apontava algo explícito que rondava sua mente com relação a ele, e o beta se fazia de desentendido. O que era mais que suficiente para uma confirmação muda. — Mas confesso.. estou com o humor excelente, mas não pra essas pestes. — Seu tom mudou radicalmente para um carregado de seriedade na última parte. Josh bufou uma risada despreocupado, enquanto negava com a cabeça.
— Animado é uma palavra muito forte. Acho que estou só.. curioso. — Deu de ombros executando um movimento breve com as sobrancelhas, tentando passar uma postura de indolência. Falhou nitidamente, pois logo arrancou uma risada brusca e desdenhosa de Katherine que levou a prancheta para ocultar sua boca afim de abafar suas risadas contidas. — Nossa.. até rindo é assustadora. — Comentou esboçando uma careta e analisando-a de cima a abaixo. Ela revirou os olhos, sua expressão voltando a habitual carranca ao abaixar a prancheta.
— Você não me engana. Sei que quer atingir aquele chimera tanto quanto eu. — Alfinetou em um tom ríspido, lançando um olhar afiado ao beta que recuou minimamente. Aquelas orbes azuis encarando-o. Intimidavam até a pior das criaturas ele diria. Connor sacudiu a cabeça tentando organizar o raciocínio, focando a atenção a mulher. — Olha, não sei qual é seu joguinho e muito menos me interessa. Só continue o que andou fazendo durante esses meses. — Ditou a ordem em tom baixo, adotando uma expressão satisfeita, porém com um ar de ameaça. — Suas informações foram úteis, acredite. — Esboçou um sorriso ladino, que fez Josh erguer as duas sobrancelhas em um genuíno interesse.
— Mas afinal, o que tem de tão especial naquela criança que você não sossega um minuto? — O beta cruzou os braços elevando a cabeça em uma postura pretensiosa. Katherine mordeu o interior da bochecha em uma feição indecisa, olhando para prancheta em mãos com um ar pensativo antes de erguê-lo novamente.
— Acho que se eu fiz tudo certo nos procedimentos do Theo no passado.. — Ela iniciou devagar, sendo a primeira vez que o beta via um modo decente de conversa vindo daquela mulher. — Pode ser que.. ela seja mais poderosa do que qualquer outro que tenha nascido aqui. — Seu tom carregado de seriedade ao sussurrar em frente a ele, os olhos azuis calculistas. Josh entreabriu os lábios e piscou um pouco devido a surpresa. Ele esfregou o rosto desviando o olhar vagamente antes de redirecionar a Katherine outra vez.
— E cientistas podem achar? — Questionou incrédulo, esboçando um semblante cômico na opinião da mulher. Ela bufou uma risada um tanto arrogante, mudando o peso de uma perna para outra.
— Claro. É o primeiro passo do método científico. Hipótese. — Lançou um vago sorriso ladino em uma postura convencida para o outro antes de mover os calcanhares. Tomando a liderança do trajeto no corredor, notando o lobisomem em seu encalço. — Agora, vamos. Tenho que mostrar os adultos no sétimo andar, e ainda preciso que me fale mais sobre a reserva. — Ordenou a medida que apertava o passo na direção de um dos elevadores.
— Como quiser. — Murmurou indiferente e deu de ombros enquanto seguia a mulher para seu próximo destino.
*
— Como pretende me fazer.. "ativar" meu lado bruxo? — Adam questionou esboçando uma careta incerta, executando aspas com uma das mãos ao termo usado. Havia concordado quanto a receber uma ajudinha, mas tinha esquecido como Stiles poderia ser meio impulsivo as vezes. E com certeza elétrico. Pelo menos fora o que observou. No entanto, era uma boa pessoa de qualquer maneira. — Sabe que não tenho ideia. — Deu de ombros timidamente e desviou o olhar para seus pés. Stiles ao longe riu baixinho negando com a cabeça.
Estavam no andar debaixo fora do prédio próximo a uma mata isolada que encontrava-se nos fundos do loft, precisando apenas descer uma escadaria não muito longa. O campo aberto do terreno era ótimo para o que o humano tinha em mente, e as laterais rodeadas pelas árvores altas ajudavam sem dúvida. Não gostaria que fossem vistos, dependendo do que poderia ocorrer ou não. Derek se ofereceu para acompanhá-los e supervisionar, junto de Isaac. Ambos sentados em uma pedra larga onde uma sombra fresca os refugiava do sol de meio dia. Adam permaneceu de pé parado ao lado de Isaac, observando o humano empenhado a andar de um lado para o outro arrumando algumas coisas, as quais ele não conseguia nem pensar direito em algum propósito.
— E é por isso que vamos tentar até descobrir alguma coisa. — Stiles proferiu como se fosse óbvio, e para ele de fato era. Sua postura relativamente otimista, enquanto se abaixava pegando alguns tocos de madeira que serviriam como pequenas mesas improvisadas afim de apoiar os objetos que trouxe, que até então ninguém viu. Adam franziu a testa curioso e levou a mão esquerda a boca afim de roer as unhas. — Não precisa se estressar, ainda nem expliquei. — O Stilinski abriu os braços em uma pose desentendida, usando seu melhor tom despreocupado. Precisava terminar logo se quisesse ser levado a sério. Respirou fundo ajeitando os quatro tocos de madeira lado a lado e em uma certa distância.
Adam iniciou uma breve tremedeira na perna, seu olhar neutro mudando para um apreensivo. Respirava fundo algumas vezes com o intuito de acalmar seu batimento cardíaco. Parecia que nada desviaria seu foco do cenário a sua frente, que o fazia teorizar as possíveis consequências. Notou sua mente criando diversas situações desastrosas que poderiam ocorrer se usasse seus outros poderes, anteriormente desconhecidos, mais uma vez. Ele engoliu em seco, acompanhando os movimentos de Stiles. Vendo o humano enfim apertar o passo na direção de uma mochila média meio maltrapilha.
— Hey.. fica calmo. — Isaac disse devagar mas isso não impediu o menor de dar um leve sobressalto em reflexo e redirecionar a feição tensa a ele. O cacheado apertou os lábios em uma feição compreensiva, puxando o coiote pela cintura para perto. Aubert sentou-se de lado sobre as coxas do maior, notando seu corpo relaxando quase que de modo automático assim que se acomodou, embora os pensamentos inquietos não ajudassem. Lahey persuadiu o francês a deitar a cabeça em seu ombro. Precisava mantê-lo calmo se quisesse que seja lá o que fariam, começasse nos eixos certos. — Nada grave vai acontecer, okay? Vamos dar um passo de cada vez. — Assegurou em um murmúrio próximo ao ouvido do mais novo. Sentiu o coiote concordar em um aceno mínimo contra seu pescoço. Lahey iniciou afagos nas madeixas castanhas, mantendo os olhos azuis focados no que o Stilinski fazia.
— Stiles, quanto tempo mais vai levar vasculhando essa mochila? — Derek questionou com sua habitual carranca, soando meio entediado. Apoiou o rosto na mão ao ter que aumentar um pouco o tom de voz devido a distância em que o namorado se encontrava, recebendo somente um revirar de olhos como resposta. — Muito explicativo, obrigado. — Não se conteu no sarcástico, pois estavam ali há quase cinco minutos.
— Aprendi com o melhor. — Stiles rebateu em um tom alto, lançando um olhar sapeca na direção do namorado que rosnou baixo estreitando os olhos. O humano riu baixo negando com a cabeça. Arrumando a postura após posicionar tudo no topo de cada toco. — Okay, acho que pra hoje é o básico do que quero testar. — Murmurou praticamente em seu próprio mundo por alguns segundos, esboçando um beicinho pensativo.
Estava fazendo o máximo para reunir em seu raciocínio o que pretendia expor sem se enrolar tanto, e claro ir principalmente direto ao ponto, ou então se lembraria que as horas mal dormidas poderiam ter sido em vão. Talvez tenha agido de um modo compulsivo em suas pesquisas nos últimos dias. Não que Derek ou qualquer um do bando precisasse saber no momento.
— E você vai explicar? — Isaac questionou não aguentando mais conter sua ansiedade. O beta arqueou uma das sobrancelhas, gesticulando minimamente com a mão direita na direção dos objetos postos. Adam retirou o rosto da curvatura no pescoço do maior, observando o que residia em cima da madeira. Fazendo-o franzir a testa relativamente curioso. Derek se levantou aproximando-se devagar em passos calmos, mantendo os olhos atentos.
— Uhm, okay. É o seguinte.. — Stiles esfregou as mãos parecendo animado, rodeando os tocos de madeira e pegando a mochila rapidamente para jogá-la longe afim de retirar do caminho. Ele parou encarando os outros três presentes, sorrindo ladino discretamente por achar adorável ver o coiote encolhido no colo do Lahey. Logo piscou voltando o foco. — Com base a tudo o que li no bestiário, as análises que fiz no Adam e também em alguns livros do Deaton desde a lua cheia do ano passado.. acho que ele, pode ter uma ligação e tanto com os elementais. — Disse de uma vez sem deixar de alternar o olhar entre os rostos dos rapazes em meio ao falatório, e concentrando para controlar o timbre agitado o máximo possível para não alarmar a ansiedade do coiote a sua frente.
Adam não expressou uma reação específica. Nada indicando bom ou ruim, parecia somente surpreso. E com os pensamentos a mil com certeza, pois levou o foco para a grama no chão. Precisava de alguns segundos para processar se pudesse. Derek cruzou os braços contra o peito, olhando vagamente para o namorado que garantiu mais uma vez através do olhar. Voltou os olhos verdes para Lahey logo depois, trocando um breve olhar com o mesmo, que esfregava as costas do francês em seu colo. Poderia parecer assustador e complexo, mas vindo de Stiles só tornava a afirmação mais coerente e com a garantia de alternativas viáveis. Fazia sentido.
— Então... tá dizendo que tem como eu controlar isso? — A voz de Adam soou rouca e hesitante depois de longos segundos, erguendo os olhos azuis para focar no rosto de Stiles que sustentava um semblante quase eufórico porém contido. Mantinha-se calmo sem muito esforço no momento, graças aos carinhos de Isaac. Embora estivesse pensando numa certa Hale também, que andava ocupada e um pouco sumida desde o Ano Novo.
— Não só controlar como também, manipular cada elemento da natureza. — Stiles não ocultou a animação no timbre usado, respirando fundo meio inquieto. Derek fechou os olhos vagamente em meio a um suspiro, seu namorado era hilário. Adam mal piscou ao receber a informação por conta do interesse genuíno, e claro. A esperança como motivação. — Você pode vir aqui? Vou explicar passo a passo o que quero que faça com aquilo. — O Stilinski desviou o foco por hora apenas para apontar para os tocos de madeira. Adam prontamente seguiu o olhar.
Em cada um posicionado verticalmente sobre a grama curta, encontrava-se as representações físicas dos quatro elementos. No primeiro toco possuía um punhado generoso de terra, no do lado um balde com água, no penúltimo uma pena repousava e por último; uma mine fogueira que provavelmente Stiles havia usado um isqueiro elétrico para acender.
O francês assentiu levemente, saindo de forma desajeitada do colo de Isaac que o encorajou através de um murmúrio. O garoto fora caminhando em passos calmos, embora sua feição ainda denunciasse estar na defensiva mas não com relação a Stiles. Isaac ao longe se colocou ao lado de Derek, ambos assistindo com posturas semelhantes. A preocupação era mútua.
— O que tenho que fazer? — Adam questionou baixinho, esfregando as mãos na calça moletom enquanto analisava o fogo ao longe. Algo dentro de si curiosamente respondendo para aquele calor irradiando. Stiles não disse nada a princípio, e apenas se locomoveu para trás do francês. Conduziu o menor pelos ombros até uma posição e distância específica dos elementos a frente que achou ser melhor. Adam se ajeitou e redirecionou a atenção para o humano, que se pôs ao seu lado um segundo depois.
— Primeiro, tire os sapatos. Se for mesmo o tipo de bruxo que cogito, o contato direto com o solo vai ser fundamental. — Stiles disse em um tom impressionantemente gentil, mesmo com toda a agitação e ansiedade corroendo seu corpo.
Adam assentiu engolindo em seco, retirando sem muita cerimônia os tênis all star surrados que trajava. Chutou cada um para qualquer lado, erguendo o olhar novamente para o horizonte. Sentia a grama meio úmida contra seus pés, ocasionando em um formigamento incomum que percorreu suas mãos, quase como leves choques. O francês franziu a testa intrigado, mal notando quando seus olhos começaram a fechar gradativamente. Parecia ter entrado em uma espécie de transe.
— Agora, quero que se concentre nos ruídos a sua volta. E depois me diga, qual foi o mais atrativo para seus sentidos. — Stiles disse de modo cuidadoso, mantendo certa distância. Executava movimentos mínimos diante do outro, apenas para não causar um desvio de foco. O humano trocou um rápido olhar com o namorado e Isaac, apertando os lábios em expectativa para logo após voltar a atenção para Adam. Um breve silêncio peculiar se instalou entre eles.
Mas não para Adam, que permitia seus ouvidos a serem preenchidos pelos sons da mata a sua volta. A ventania calma que ocasionava no farfalhar outrora suave contra a maioria das folhas em abundância nas árvores altas que o cercavam. Passos ágeis de alguns animais pequenos que possivelmente ao passarem por ali quebravam os galhos secos caídos misturados a terra. O francês respirou fundo pendendo sutilmente a cabeça para o lado, aguçando mais a audição ao mesmo tempo tentando se entregar sem relutância às sensações constantes rondando seu ser.
Um ruído em especial o chamou a atenção, fazendo-o tremular a cabeça algumas vezes como se buscasse a direção do som. Logo decifrou sendo o crepitar contínuo da fogueira pequena a alguns metros a sua frente. Adam contraiu os dedos dos pés contra a grama, fechando as duas mãos em punhos sentindo uma onda vibrante e energética em suas juntas que ia se concentrando no centro de sua palma.
— Adam.. o que escuta? — Stiles murmurou ao notar alguns dos sutis sinais após segundos ponderando. Isaac ao longe se aproximou mais em passos cuidadosos, colocando-se ao lado do Stilinski enquanto assistia atentamente afim de analisar a linguagem corporal do mais novo. Derek optou pelo mesmo, firmando-se do outro lado do namorado.
— Fogo.. o crepitar do fogo. — Adam murmurou soando falho, sentindo um calor novo crescendo no interior de suas mãos fechadas como se estivessem sendo mergulhadas em água fervente. Stiles arqueou uma das sobrancelhas, desviando o olhar para um específico toco ao longe.
— Ele tá.. — Isaac mal conseguiu formular a frase. Seu cérebro tentando processar o fenômeno ocorrendo diante de seus olhos. Alternou a atenção entre Adam e o fogo algumas vezes.
— Sim. O fogo tá aumentando. — Stiles completou a fala do cacheado, suas orbes âmbar também arregaladas. O humano deu mais dois passos devido ao fascínio, mas fora impedido de continuar por Derek que colocou o braço esquerdo a sua frente como bloqueio. — Adam, consegue me ouvir? — Ele questionou subindo um pouco o tom de voz. No entanto, não obteve resposta.
Adam parecia não captar mais nada além dos ruídos do fogo. O modo como ele queimava a madeira constantemente. De como o calor ao longe parecia ser absorvido por seu corpo. O lado coiote dentro dele tornando-se inquieto a cada segundo, mas numa sensação diferente do costumeiro descontrole. Era algo a mais, e mostrava-se ser uma força insistente. Ele respirou fundo, relaxando os dedos das mãos e abrindo-as devagar. Nem reparou que suas pálpebras executavam o mesmo.
Adam piscou algumas vezes ao focar sua visão no horizonte, propriamente no fogo que agora encontrava-se numa altura absurda para o que antes era só uma pequena fogueira. Os demais ao redor congelaram no lugar, assim que notaram os olhos do francês sendo realçados pela luz do sol.
Possuía uma coloração laranja e vibrante. Por um momento pensando que ele pudesse estar escorregando para o lado coiote. Mas era diferente de um olho beta, diferente de um cão do inferno. Adotaram nitidamente o aspecto do fogo, o tom alaranjado forte mesclado com um amarelo claro que se assemelhava às chamas.
Ele fora erguendo os braços devagar, exibindo o que antes estava contido e ocultado em suas palmas. Simplesmente faíscas saltavam de sua pele, indicando tal elemento o qual sua ligação estava voltada. A fogueira ao longe crepitou de maneira violenta, levando Adam a elevar a mão direita em um movimento um tanto gracioso e instintivo. As chamas se moveram um segundo depois de acordo com as voltas que o braço do rapaz executava.
De repente, uma bola de fogo se formou. Adam se viu soltando o ar que nem sabia estar segurando assim que a trouxe diante a seu rosto. Ambas as mãos sustentando no ar a fonte de calor em forma esférica. Mal podiam acreditar.
— C-Como.. como eu tô fazendo isso?! — O francês praticamente berrou. Seus olhos ainda brilhantes no forte laranja, encarando vidrados a bola em brasa que de alguma forma causada por ele. Era levitada por suas mãos. Ele ofegou, movendo de leve os braços, no entanto, o elemento quente acompanhava seus movimentos. — Isaac.. — Ele chamou baixinho em uma espécie de socorro, apertando os lábios em seguida.
Lahey deu dois passos para frente, mal piscando suas orbes azuis de tão fascinado e chocado. Ele trocou um breve olhar com Derek, este que ainda mantinha Stiles ao lado dele quase como um cão de guarda. O cacheado suspirou tentando pensar rápido, e então optou pelo improviso.
— Você tá controlando o fogo, certo? — Isaac usou um tom retórico, caminhando devagar para se colocar em frente ao mais novo. No entanto, precisou recuar bruscamente assim que Adam virou o corpo na direção dele, trazendo a bola escaldante junto. O maior respirou fundo. — Qual seria o próximo passo, Stiles? — Aumentou um pouco o tom ao questionar. Sem desviar o foco do rosto do francês, o que parecia estar acalmando o menor.
— Ele precisa sentir o que fazer. Um instinto. — Stiles explicou certificando-se de manter sua voz controlada. Não queria transformar a situação em algo tenso, ou pelo menos mais do que já estava. Isaac franziu a testa gesticulando a mão direita, como se pedisse por mais auxílio. Stiles buscou no fundo de sua mente o mais depressa que pôde. — Assim como ele soube qual movimento executar para a bola de fogo se formar. Ele pode descobrir um jeito guiado pelo instinto para poder desfazê-la. — Segurou o braço de Derek devido a ansiedade. Mentalmente torcendo para que não tenha soado confuso. Não queria sobrecarregar ninguém ali.
— A-Acho que entendi. — Adam murmurou após engolir em seco, analisando de modo minucioso a fonte de calor presa a ele. O menor desviou o olhar para Isaac mais uma vez, sendo encorajado silenciosamente pelo cacheado antes que fechasse os olhos novamente.
— Eu acredito em você. — Isaac disse em um sussurro, dando um passo para trás afim de dar mais espaço para o mais novo. Não deixando de monitorar a frequência cardíaca do mesmo.
Adam firmou os pés na grama, sentindo a terra e algumas pedras minúsculas tocando seus dedos. Percebendo como o calor do fogo não dava indícios de que queimaria seu rosto. Era como se ele fosse imune a essa reação natural. Abriu os olhos outra vez, mentalizando ao direcionar o olhar para o horizonte sobre como queria apagar aquilo. Seu corpo agiu mais rápido do que ele foi capaz de processar.
Ele moveu suas mãos rapidamente como se desenhasse um círculo ao contrário. O elemento girou no mesmo sentido e velocidade, sendo arremessado depressa sem que Adam pudesse cogitar em segurá-lo. O fogo fora de encontro a uma árvore. Ocasionando num incêndio por enquanto pequeno. Aubert entreabriu os lábios chocado.
— Stiles, me diz que você trouxe um extintor? — Derek murmurou entredentes. Seus olhos verdes levemente arregalados ao mesmo tempo em que mantinha-se imóvel, ainda mais quando o fogo começou a se alastrar. O Hale piscou afastando certos pensamentos do passado e tentou pensar sobre o que fazer. Stiles observava o namorado pela visão periférica, sabendo exatamente do que se tratava a pose defensiva do mais velho.
— Pior que não.. — O humano confessou soltando um suspiro cansado querendo se bater mentalmente por isso. Deixou um carinho breve no ombro do lobo, olhando ao redor em seguida com uma estúpida esperança de encontrar qualquer coisa que pudesse conter aquilo tudo que só piorava a cada segundo. Quem diria que chegaria o dia onde nem teria ideia do que fazer após acertar em suas teorias mais uma vez.
— Adam, não precisa fazer.. — Isaac iniciou em um tom cuidadoso ao perceber o francês caminhando em passos firmes e apressados na direção das árvores que incendiou, no entanto, fora ignorado totalmente. — Adam, espera! — Gritou fazendo menção para correr rumo ao mais novo afim de alcançá-lo, mas mal pôde concluir seu ato.
Aubert acabou por apertar o passo em determinado. Ficou em frente aos tocos, direcionando seu olhar rapidamente para o elemento o qual residia num balde. Água fresca. Ele olhou para as duas árvores até o momento sendo engolidas pelas chamas, e sentiu como se algo dentro de si o ordenasse a concertar o erro. Pode ter sido de fato sua culpa, porém uma força maior comandava seus instintos.
Ele fixou o olhar no balde, mantendo-se estático por breves segundos até que as sensações percorrendo seu ser se organizassem. Estava uma pura bagunça desde que topou fazer isso, mas não iria se permitir falhar. Mordeu o lábio inferior encarando determinado a água parada. Seus olhos não demorando a passar por um processo de mudança radical. O laranja forte semelhante ao fogo, sendo tingindo por um azul oceano. Diferente da colocação natural que habita nas orbes do francês. Adam inspirou erguendo a cabeça, notando uma sensação semelhante a ondas geladas trilhando um caminho constante por seus braços.
Ele moveu a mão direita para cima subitamente, executando quase os mesmos movimentos anteriores. No entanto, a reação após isso fora o contrário de desastrosa dessa vez. Isaac, Stiles e Derek só conseguiam assistir tudo com feições abismadas. Era incrível como Adam parecia saber o que fazer naquele instante.
A água parecia ter adquirido uma quantidade abundantemente maior, e fora lançada com força e em diversas direções como se fossem de fato vindas de alguma mangueira. Aparentavam ter vida própria, mas seus movimentos tinham origem, nome e sobrenome.
O francês cambaleou para frente apoiando as mãos nos joelhos devido ao cansaço súbito que atingiu seu físico logo após se exigir. Sua respiração ofegante e raciocínio acelerado demais para reparar de primeira o que havia feito. Um ofegar surpreso chamou sua a atenção, obrigando-o a erguer a cabeça.
— Você apagou! — Stiles gritou animado e gesticulando depressa, conseguindo se afastar com muito custo de Derek que ainda estava em choque para soltá-lo fácil. O humano esboçou aos poucos um sorriso aberto involuntário enquanto dava passos apressados na direção de Aubert. Seus olhos âmbar arregalados encarando as árvores agora meio escurecidas após parar ao lado do menor, no entanto, sem nenhum perigo de levar a área verde às cinzas. — Eu não acredito que testemunhei tudo isso de um híbrido raro.. — Murmurou deixando os lábios entreabertos envidenciando sua comoção. Logo Isaac e Derek apertaram o passo seguindo o humano.
Adam sentia-se quase entorpecido a medida que fora ajeitando a postura devagar, direcionando um olhar misto em cansaço e euforia por se dar conta do tamanho que foi suas ações. Sua mente de alguma forma revirando sem aviso prévio quase todos os momentos de sua vida em uma espécie de flashback. Estava tão sem palavras quanto os outros presentes. Seus batimentos acelerados. Por que seus pais esconderam isso dele? Qual seria o propósito?
— Adam? — Despertou de seus pensamentos ao ouvir a voz rouca e estranhamente calma de Derek próximo a si, juntamente com a mão firme do mesmo pousada em seu ombro. O francês elevou o olhar para o rosto do Hale, nem reparando que seus olhos assumiram uma aura espantada. O mais velho suspirou esboçando uma expressão compreensiva, trocando um vago olhar com Stiles e Isaac. — Até que pra uma primeira vez, você se saiu bem. — O lobo tentou apontar de seu jeito os pontos positivos meio que imperceptíveis no momento. O híbrido emitiu um riso fraco, sem humor.
— Eu.. eu podia ter matado vocês. Mal sei como fiz isso e posso não saber como dominar sem que um de vocês se arrisque.. — Adam disse soando em tom baixo, gradativamente sua voz tornando-se embargada. Seu rosto cabisbaixo ocasionando em um aperto no peito de Isaac.
— Vai saber, e vamos descobrir como ajudar sem que ninguém se machuque no processo. — Derek mantinha o mesmo timbre calmo, a expressão neutra durante as palavras.
Adam somente assentiu não querendo mais argumentar, abaixando a cabeça e se afastando do Hale indo rumo a Isaac que ainda parecia perdido em analisar tudo o que ocorreu ali. Isso antes de sentir o corpo do menor chocando-se contra o dele. Não hesitou em acolher o híbrido num abraço firme que o aqueceu de modo automático. A sensação de segurança confortando o mais novo.
Stiles apertou os lábios em uma feição tristonha por ver o outro naquele estado, a culpa sutil fazendo-se presente em seu peito. Sentiu Derek passando um braço por sua cintura em um abraço de lado acolhedor. Dizendo através daquele ato que nada do que rondasse sua cabeça agora seria verdade. Ninguém possuía culpa. Todos estavam aprendendo em conjunto.
— Vamos subir. Uma pausa seria melhor. — Isaac disse em um tom baixo e cuidadoso, enquanto massageava o couro cabeludo de Adam agarrado em seu tronco com a cabeça recostada no seu peitoral. Parecia mais pequeno do que já era, e tão indefeso. O casal assentiu em silêncio, liderando o caminho para as escadas nos fundos do prédio.
Mal sabiam, que toda aquela energia manipulada havia gerado uma reação, um sinal. Para alguém o qual encontrava-se a quilômetros deles. Uma pessoa que Adam nem fazia ideia de que ainda poderia estar viva.
*
Golpes precisos e rápidos eram desferidos contra o saco de areia pendurado. O homem de estatura forte e intimidante possuía a costumeira postura tensa e concentrada enquanto executava os socos contínuos. Seu olhar sombrio fixo em seu ponto de controle. Era o que mais fazia naquela base, extravasar toda a frustração que seu passado trouxe através de socos e chutes. E com sorte, arrebentando alguém em seus treinamentos.
Um barulho agudo e estridente soou, indicando a entrada de alguém na ala de treinos que há anos atrás conquistou o direito de ir e vir apesar de ainda possuir o ship de rastreamento assim como qualquer prisioneiro dali.
O som o fez arquear uma das sobrancelhas grossas e virar o corpo. Ele jogou os cabelos compridos e ondulados para trás fazendo um coque rápido e desajeitado, sua barba meio cheia roçando sutilmente em seu peitoral exposto devido ao estado maltrapilho do tecido velho que era a regata branca que usava. Seus ombros largos tensionaram no mesmo instante ao ver ela se aproximando de sua área. Fazia um bom e glorioso tempo que a maldita não vinha o atormentar. E pelo visto estava acompanhada de alguém.
Ele cruzou os braços contra o peito, destacando seus músculos definidos no ato. A feição séria enquanto assistia o trajeto irritantemente longo da mulher. O homem franziu a testa ao sentir uma energia diferente invadindo o ambiente. Definitivamente havia algo novo acontecendo naquele inferno o qual fora obrigado a entrar e permanecer.
— E este, é um dos mais fortes por aqui. — Katherine apontou para ele, fazendo-o revirar os olhos esverdeados. Odiava se sentir um objeto, uma mercadoria. Embora deveria ter se acostumado há anos. Nunca daria o braço a torcer. — Esse tem nome. — Ela disse como se fosse uma piada ao dar de ombros e esboçar um sorrisinho de canto. O maior gostaria tanto de poder socá-la.
— Com certeza tem. — Josh disse em um tom divertido ao analisar o homem de cima a baixo, observando não tão disfarçadamente os músculos e aparência peculiar do de cabelos longos, que arqueou uma das sobrancelhas em desconfiança. — Sou Josh. — Murmurou em tom neutro e estendeu a mão, que fora agarrada pelo outro a contragosto. O aperto era forte e isso Connor tinha que admitir.
— Hector Kai. — O mais alto respondeu. Sua voz grossa e intimidade somente evidenciando sua raiva constante. Esboçou um vago sorriso falso, ainda não soltando a mão do outro. Franziu a testa ao terminar de examinar a energia de Josh, seu aperto na mão do mesmo aumentando. — Sobrenatural? — Murmurou arregalando de leve os olhos e boquiaberto. Seu tom carregado de indignação. Sua pulsação acelerou. Ele não podia acreditar na burrice alheia. Katherine lançou um olhar mortal a ele, que fora ignorado.
— Uhm.. sim? — Josh parecia confuso ao soar óbvio demais para o gosto de Hector, que aos poucos formou uma carranca. Seu olhar soturno deixando o lobisomem na defensiva, este que trocou um rápido olhar com a cientista. — Me solta. — Ditou sério ao tentar puxar a própria mão, mas o outro nem ao menos deu uma sutil cambaleada com seu movimento súbito.
Hector deu dois passos encarando de modo profundo os olhos castanhos do beta. Aparentava que iria avançar a qualquer momento. Seus lábios crisparam ao sentir a magia percorrendo suas veias. Os olhos esverdeados adotando um tom neon. Josh engoliu em seco, porém mantendo a compostura.
— Você é burro demais só por ter se aliado a ela, fique sabendo. — Hector disse entredentes, sua voz rouca ameaçadoramente baixa. Ele apertou os lábios com força, soltando de uma vez a mão do lobisomem por mais que não quisesse. Josh praguejou baixo trazendo-a junto ao corpo e se afastando. Estava quebrada. E Katherine lançou um olhar aborrecido na direção do mais alto. — O quê? Estava só testando minha teoria. — Rebateu sarcástico, dando alguns passos para trás afim de voltar para o saco pendurado atrás dele. Não estava com disposição para aturar aquela palhaçada. E muito nenos para escutar o mesmo falatório manipulador.
— Estava é testando minha paciência, seu bruxo imundo. — Katherine contra argumentou, aproximando-se em passos mínimos na direção do cabeludo que somente direcionou um olhar de canto despreocupado a ela. — Se não quer levar uns bons choques dos bastões. É bom não cruzar a linha. — Ela tinha os olhos azuis gélidos voltados a ele. Pressionou a própria mandíbula com força após terminar, evidenciando sua irritação.
Hector riu anasalado de maneira debochada, virando o corpo para enfim encará-la devidamente. Sua feição limpa do medo que antes costumava consumi-lo ao ouvir qualquer ameaça daquela mulher, exibindo somente um quase imperceptível sorriso de canto cínico. Até anos atrás, seus sorrisos poderiam se dar ao luxo de serem reais. Porém, o que contribuía para eles surgirem fora arrancado dele.
— Eu não tenho mais nada a perder. — O bruxo rebateu, emitindo uma breve gargalhada baixa até contagiante e cômica se não soasse tão vazia. Josh ergueu de leve as sobrancelhas em intriga, afastando-se devagar. Katherine não esboçou reação em nítido desdém, pois todos os dias era assim com os adultos. As ameaças tinham mais efeito com uns do que outros. — Estará me fazendo um favor. — Hector completou, inclinando-se minimamente para frente ficando cara a cara com Mainsvell.
Seus olhos oscilando rapidamente naquele brilho verde neon que somente evidenciava a cor natural de sua íris. Estava querendo explodir, perder o controle e conjurar todos os elementos ao mesmo tempo. Levar aquele lugar abaixo, no entanto, se importava demais com as outras vidas lá dentro para o fazer. Katherine bufou entendiada.
— Esse papo já é figurinha repetida. — Ela abanou a mão no ar não dando muita importância, esfregando a testa em impaciência. Hector recolheu as mãos em punhos e respirou fundo, afastando-se abruptamente. — E não se esqueça. Seu tempo de se lamentar passou faz tempo. Concentre-se no agora. — Katherine ralhou dando ênfase na última parte, recebendo apenas o olhar frio do bruxo.
— Lamento o quanto quiser. Minha esposa não era um nada como pensa nessa sua cabeça doente. — Disse entredentes. Negou com a cabeça afim de espantar tais lembranças daquela maldita noite. Bufou forte em desistência, desviando o olhar logo depois para encarar Josh.
O bruxo lançou uma carranca ao beta, estalando o pescoço em um ato claro de ameaça eminente se continuasse ali. Ele se virou, voltando para sua sessão de socos terapêutica. Iniciou golpes certeiros e intensos. Carregados de raiva reprimida. Acertava com toda força e continuamente.
Josh fora se afastando devagar em passos desajeitados, embora sua mão já tenha curado. Não gostaria de mais um membro sendo prejudicado. Katherine revirou os olhos decidindo seguir o beta.
— O que diabos foi isso? — Josh sussurrou um tanto alto por conta de seu espanto. Agarrou o braço pálido de Katherine para fora daquele cômodo. Ignorando os protestos da mulher. Ela deixou ser guiada de qualquer modo, não estava com paciência para um monólogo ou coisa parecida. Chegaram rapidamente no corredor silencioso e de luminosidade clara. O beta bufou soltando-a. — Me explica. — Disse em meio a um rosnado. Ela suspirou desviando o foco aleatoriamente para o teto, parecendo estar pensando por onde começar.
— Digamos que.. ele foi ingênuo de acreditar em mim e na minha falsa causa de curar doenças terminais nos humanos usando o sobrenatural.. — Ela ia divagando como se estivesse lendo um texto qualquer. Sem remorso ou algum traço que se assemelhasse a culpa durante o falatório. Josh piscou surpreso ouvindo o relato. — E então.. ele se recusou a fazer mais testes quando descobriu a real razão disso tudo. Bom, resumindo. Graças a minha prestatividade, invadi a moradia dele e eliminei a pedra no meu sapato, no caso a esposa. — Concluiu esboçando uma expressão cinicamente serena de certa forma. Josh ergueu as sobrancelhas e arregalou os olhos.
— Que tipo de bruxo ele é pra você ter agido tão exageradamente? — O beta soou indignado. A testa franzida e os lábios entreabertos em uma careta intrigada e cômica. Katherine riu vagamente.
— O mais poderoso. — A cientista disse sustentando um sorriso ambicioso. — Ele pode conjurar diversas forças mágicas, controlar os elementos, assumir a consciência de qualquer fera a solta por aí. — Ela foi listando e contando em seus dedos de forma teatral, rindo levemente ao erguer o olhar e ver a feição sutilmente interessada do beta. — Eu sei. Mas agora, temos muito o que fazer. — Afirmou voltando a assumir a postura séria, rumando a frente em liderança.
Connor se obrigou a ir atrás, olhando uma última vez para trás. Viu por cima do ombro ao longe Hector executando um chute preciso no saco pesado que se chocou contra a parede antes de acabar por se desprender do teto e cair em um baque alto no chão. Isso arrancou um praguejar irritado do bruxo. Logo o lobisomem voltou o foco ao trajeto, apertando o passo para alcançar Katherine.
No cômodo anterior. Hector encontrava-se ajoelhado no chão, ofegando forte e de olhos fechados. Era quase sempre assim desde que perdeu as pessoas que mais amava. Se sua frequência cardíaca aumentasse, os poderes se manifestavam sem aviso. Era um porre quando os guardas queriam prendê-lo na ala subterrânea só para o dar uma lição. Aquilo estava mais para um circo do que uma base. O barbudo respirou fundo, apoiando as mãos no chão e olhando brevemente para o saco de areia caído e meio arrebentado. Okay, talvez muito.
— Não sei porque ainda tento, Ava. Eu só.. gostaria de poder voltar no tempo... — Hector murmurou enquanto mantinha os olhos voltados para o chão, embora não encarasse a superfície branca e gelada de fato. Por breves instantes se perdeu em sua mente. Era quase como se pudesse ver os belos olhos azuis expressivos e gentis de sua esposa olhando para ele. Sempre transpassando calma. — Como pude ser tão idio-
Hector se interrompeu de repente. Quase engasgando com tamanha surpresa. Sentia uma sensação vibrante corroendo seu peito. Mais especificamente em sua magia. Algo extra que nunca mais cogitou em sentir depois de tantos anos. Era bom, intenso e puro. A ligação com seu filho estava de volta? Ele podia estar com o universo tão ao lado dele dessa vez?
— Não acredito.. — Ele disse em um fio de voz. Um sorriso fraco vacilando em seus lábios. Levou a mão direita pousando-a sobre o peito, bem no meio. Sua respiração acelerando um pouco mas nada como a angústia e culpa que andou convivendo lado a lado nos últimos anos. Era bom, reconfortante. Parecia que a esperança havia finalmente retornado. O bruxo passou a mão pelos cabelos grudados no ombro, jogando alguns dos fios soltos para o lado antes de resolver se ajeitar no chão.
Hector olhou ao redor checando toda a área, elevando o corpo vagamente afim de analisar de modo minucioso o ambiente. Voltou para a posição anterior e sentou-se sobre suas pernas. Ele retirou cuidadosamente uma foto com o papel meio envelhecido de dentro do bolso interno do macacão cinza que trajava no dia a dia. Seu coração disparando assim como todas as vezes em que colocava os olhos na pessoa da imagem que veio protegendo durante anos. O segundo amor de sua vida, deixado por Ava.
O bruxo passou o polegar devagar em um carinho pela lateral da imagem, observando o bebê de cinco meses que na época cabia como uma luva em seu colo. Ainda não acreditava que havia deixado seus filhos. Seu menino com apenas dezesseis anos para trás. No entanto, ao que tudo indicava. Seu garoto estava vivo como vinha acreditando. E havia ativado os poderes herdados dele, afinal. Sentia tanto orgulho transbordando que por um instante, esqueceu das circunstâncias.
— Eu juro que nos veremos de novo, Adam.. — Hector disse com cautela, mantendo a voz baixa. Observando o cenário ao redor onde eles habitavam na memória registrada. Era a Ilha Samoa no Hawaii, sua casa. Onde ele nasceu, e por ironia do universo, seus filhos também. Por mais que Ava na época fosse uma turista francesa, ela insistiu para que seus filhos fossem capazes de serem havaianos também. Mesmo que Adam tenha ficado lá somente até os dois anos. Foi algo mágico. — Papai, promete. — Garantiu após um suspiro cansado, assumindo um olhar distante aos poucos. Não tardou em guardar a foto novamente, olhando ao redor mais uma vez antes de se levantar.
Poderia não ter um plano bem elaborado, mas ainda era alguma coisa, e exigiria muito esforço seu e de sua magia. Apenas precisaria dar um jeito de fazer o ritual rastreador todos os dias e torcer para que pudesse visualizar seu pequeno seja lá onde ele estivesse. Não podia perder mais um filho, não de novo. E claro, permanecer a ser quem não era. Um homem sem esperança e indiferente. Não que fosse totalmente o oposto disso, mas sua antiga versão era melhor sem dúvida. E levantar suspeitas quanto a existência do filho seria a última coisa que queria no momento. Isso tudo ainda iria mudar.
*
— Eu posso saber, o que são todos esses quinze metros de fumaça nos fundos do prédio? — Lydia disse um tanto alto. Não poupando a agitação. Seus pés produzindo ruídos abafados a medida que se moviam contra o piso de concreto ao adentrar o loft. Derek e Stiles mal notaram quando o portão fora aberto dessa vez.
Ambos ergueram a cabeça com olhares confusos e meio alarmados. Estavam acomodados no sofá, e imersos numa discussão sobre alguns meios que poderiam ser menos exaustivos e exigentes para treinar as habilidades de Adam com segurança nesse período. Isso até serem interrompidos. Não os culpavam por não se lembrarem do estrago feito na vegetação.
Parrish ao longe fora entrando de um modo acanhado, trocando olhares rápidos com os outros em um comprimento. O cão do inferno prensou os lábios em um sorriso mínimo, enquanto arrastava a estrutura de ferro devagar atrás de si até fechá-la. Stiles piscou de um jeito comicamente surpreso, alternando o olhar entre ele e Lydia. A ruiva somente ignorou aquilo, parecendo mais empenhada em conseguir suas respostas.
Jordan não trajava seu rotineiro uniforme como em todas as vezes que resolvia dar as caras. E isso com certeza chamou atenção do filho do Sheriff, que estreitou os olhos. Essa seria a primeira vez em séculos que o humano testemunhava o rapaz numa espécie de folga aparentemente.
Uma faísca conhecia sendo animação se formou em seu peito. Lydia finalmente estava admitindo alguma coisa depois de tanto não negar e nem afirmar nada. Stiles mirou as orbes âmbar vagamente para Derek, que possuía as sobrancelhas arqueadas como se tentasse convencê-lo do contrário. Embora soubesse que não surtiria efeito nenhum no namorado. O que ele gostaria de aprontar, agora? O braço havia se curado rápido graças ao truque não intencional do bruxo no momento enfurnado no andar de cima. Não estava afim de cogitar em tê-lo hospitalizado outra vez com algum novo ferimento, originado dessa vez por uma banshee.
A ruiva e o policial estavam arrumados mas nada muito fora do casual. Pareciam ter saído às pressas de casa. E Stiles não conteve um riso anasalado com o pensamento por ter seu palpite de meses que até tinha caído no esquecimento devido a tanta coisa, enfim se confirmar. Pelo menos algo de bom um pouco nessa manhã conturbada.
Derek bufou dramaticamente, mudando de posição no estufado para mais perto dele. O Hale podia sentir os sinais químicos do namorado irradiando, e mesmo que não entendesse o porquê de toda essa empolgação. Deu de ombros escolhendo não proferir nada.
— Okay, talvez.. o treinamento do Adam tenha sido mais produtivo do que gostaríamos. — Stiles tentou não transformar a notícia em algo desastroso ao esboçar de relance um sorriso incerto. Lydia franziu a testa como se não tivesse ouvido direito, parando em frente a ele por curtos segundos antes de se sentar na mesa de centro com os braços cruzados. Ela pendeu a cabeça para o lado de maneira cansada, exigindo silenciosamente por mais do que isso. Stiles crispou os lábios rendendo-se, relaxando mais postura contra o encosto do sofá. Logo sentindo o braço de Derek por cima de seus ombros, o que proporcionava um calor reconfortante. — Ele sabe como manipular os quatro elementos. — Disse de uma vez mas em um tom tranquilo, apesar de não apagar o peso que a informação carregava. Ele olhou para um ponto qualquer no chão afim de organizar seu raciocínio sobre tudo que ocorrera. Lydia não ocultou a surpresa estampada em seus olhos esverdeados, apesar de ter tido algumas suspeitas. — E pelo o que Derek e Isaac me disseram junto ao que li até agora. Ele também é capaz de assumir a consciência dos animais. E não importa a distância. — Acrescentou num ritmo inquieto, mesmo que estivesse visível em seu semblante o quanto achava os detalhes incríveis.
— Isso explica a vibração forte que senti vindo dele desde que chegaram. — Lydia murmurou parecendo imersa em seus pensamentos por curtos segundos. Gesticulando uma das mãos brevemente para coçar o nariz em um ato nervoso. Possuía uma feição tão impressionada, talvez por enfim ter algo se encaixando no meio disso tudo. — Era magia, só podia ser. — Disse convicta, mirando as orbes para o rosto de Stiles que havia franzido a testa em interesse, olhando de relance para Derek que juntamente via relevância naquilo. O Stilinski suspirou, levando seus pensamentos para longe sem se dar conta.
Estava fascinado e apreensivo ao mesmo tempo, tinha que admitir. Pois não tinham ideia do que tudo isso poderia significar, e muito menos de como estará o futuro não muito distante para os sobrenaturais daqui alguns anos. Isso sem ressaltar nas novas gerações e possíveis espécies a caminho. Stiles temia por Adam, pela bebê. Temia por todos. E sua mente inquieta não se cansava de vagar pelos mesmos tópicos que já analisou várias vezes.
Recordava-se de detalhe por detalhe sobre o que Derek lhe dissera com relação a noite de Lua cheia no estacionamento. E o Stilinski passara aquela madrugada basicamente se afundando na própria ansiedade ao mesmo tempo que captava alguns manifestos agora supostamente interligados com as ações de Adam, por exemplo a tempestade. Ou um dos rugidos de Malia vez ou outra. Okay, ouvira apenas um. Porém não duvidava que no meio disso tenha acarretado no banho de sangue pelo térreo.
E agora refletindo melhor, fora uma sorte e tanta que nada desencadeou num descontrole pior no francês que provavelmente não conteriam tão fácil assim. Sua ajuda no treinamento improvisado foi pensável e impensável, e não tinha ideia se uma segunda tentativa seria o melhor a se fazer. Somente sabia que essa serviu para que não permanecessem na escuridão duvidosa.
Stiles puxou o ar para os pulmões assim que sentiu uma breve pontada em sua cabeça no lado esquerdo. Apertou os olhos de leve tentando diminuir o ritmo das reflexões. Mal notando seu nome sendo chamado várias vezes pela voz rouca e atenciosa que tanto conhecia. Ele ergueu o olhar rapidamente, examinando ao redor os três rostos a sua frente que o lançavam semblantes preocupados.
Derek suspirou levando a mão esquerda até o rosto do humano, guiando devagar o foco do mesmo para ele. Stiles piscou algumas vezes, respirando fundo.
— Calma, uma coisa de cada vez, lembra? — O Hale disse usando um tom aveludado e paciente, lançando o olhar encorajador que o mais novo tanto conhecia. Movendo o polegar em um carinho lento pela bochecha rosada do namorado. Stiles crispou os lábios assentindo em um movimento mínimo, inclinando-se mais para o toque inconscientemente.
Levou alguns segundos até que sua respiração normalizasse, e não estava nem um pouco afim de ter um ataque de pânico a essa altura do dia. Ele logo redirecionou as orbes para Lydia, notando Parrish que dessa vez encontrava-se parado atrás da ruiva com as mãos apoiadas nos ombros dela. O cão do inferno ainda possuía um semblante meio alarmado em sua típica postura de policial alerta. Pelo menos até Lydia assegurar estar tudo bem. Ela se voltou para o casal.
— Olha, sei que a preocupação é surreal. E acredite quando eu digo que desde a minha última visão, quase tudo me fazia voltar àquele maldito corredor.. — Lydia admitiu após engolir em seco, não escondendo estar exausta a medida que tentava encontrar as palavras certas. Stiles riu anasalado dando um vago aceno em uma espécie de concordância, entrelaçando seus dedos inquietos com os do Hale em busca de conforto. Observar a feição compreensiva da Martin ajudava, ainda que a agonia pairasse de modo sútil em seu peito. — Mas o que não podemos fazer é deixar Adam por conta dele. Ou pela responsabilidade só do Isaac. Temos um bebê a caminho nessa alcatéia, e sei que somos mais fortes juntos ainda que seja um território desconhecido. — Ela soou cuidadosa. Embora isso não afastasse a franqueza natural que possuía quando sempre precisava apontar fatos.
— E você está certa mais uma vez. — Stiles disse esboçando um sorriso fechado e simples, relaxando os ombros instantes depois ao se acomodar mais para o lado de Derek. Lydia riu baixo ajeitando uma mecha caída atrás de sua orelha antes de apoiar as costas contra o corpo de Parrish. — Só que o impasse é: não sei se os treinamentos serão uma boa ideia até porque isso pode chamar atenção. — Ele acrescentou meio depressa no falatório, gesticulando vagamente com a mão livre. Parrish assentiu em concordância assim como Lydia. — Mas também não podemos deixar ele vulnerável, sem saber como lidar com todo esse poder. Além de ter a chance de machucar alguém. Ele pode ferir a si mesmo. — Mordeu o lábio inferior em nítido incômodo com a hipótese, alternando o olhar entre a banshee e o policial. Parrish pigarreou atrás dela, atraindo os olhares para ele.
— Acho que quanto a chamar atenção. Você não vai ter com o que se preocupar. — O cão do inferno revelou com sua costumeira feição neutra e calma, exatamente como seu tom de voz. Ele batucou levemente os dedos nos ombros da ruiva, prosseguindo ao notar o olhar de Stiles cada vez mais curioso assim como o de Derek. — Seu pai conseguiu autorizar o monitoramento. Agora uma parte da equipe vai ocupar as áreas de embarque e desembarque, então talvez seja uma boa hora para continuar com os treinamentos. — Ele esboçou um vago sorriso ladino ao sugerir. Stiles fechou os olhos em alívio, apertando a mão de Derek no processo.
— Se fosse meu namorado. Eu beijaria você, com certeza. Nossa até que enfim! — O humano exclamou soltando uma lufada de ar ao gesticular em comemoração, esfregando o rosto. Parrish abaixou a cabeça rindo baixo meio sem jeito, enquanto Lydia somente apertou os lábios contendo o riso. Ainda mais quando Derek piscou algumas vezes, os olhos verdes carregando incredulidade. Stiles levou curtos segundos para se dar conta, logo esboçando um sorriso amarelo na direção do Hale. — Mas felizmente já tenho esse meu namorado perfeito, não é? — Soou retórico ao sustentar aquela expressão travessa. Derek estreitou o olhar tombando de leve a cabeça para o lado. O Stilinski revirou os olhos carinhosamente, inclinando-se para frente roubando um selinho demorado do lobo. — Eu tava brincando. — Garantiu em um murmúrio risonho ao deixar uma carícia suave pela bochecha pálida, vendo o mais velho suspirar negando com a cabeça com um ar descontraído. Stiles levou o foco ao policial outra vez. — Mas, sério. Que bom que me disse. Ele não contou nada.
— Soubemos no final do mês passado, então ele esteve ocupado selecionando os policiais mais ágeis para preencher as equipes.. — Jordan explicou e ergueu de leve as sobrancelhas em uma falsa indiferença a sua modéstia no tom. Stiles riu fraco trocando um breve olhar alternado entre Derek e Lydia. A ruiva o lançou um sorriso fechado em resposta. — E meio que estou em uma delas. — Completou sem conseguir evitar, estava notoriamente empolgado e orgulhoso. Stiles direcionou um sorriso singelo a ele. Isso querendo ou não o deixava ainda mais seguro de que se surgisse algo de suspeito no aeroporto. Parrish com certeza perceberia.
— Ninguém mais qualificado que você. — Derek acabou por dizer de repente, o que fora uma surpresa significante já que o lobo não era de ficar distribuindo elogios para todo mundo. Stiles redirecionou a atenção para o namorado, olhando de maneira admirada para ele. — Afinal, seus sentidos serão uma vantagem. E precisamos de toda possível agora. — O Hale suspirou pesado mordendo o interior da bochecha. Não estava errado de qualquer jeito em ressaltar, e isso ainda assustava um pouco. Porém, se estavam ali até hoje, era por um motivo. E não iriam se entregar ao medo a essa altura.
Um breve silêncio até que confortável se instalou entre eles por alguns instantes. Antes de ouvirem o ruído costumeiro do portão de ferro se abrindo. Derek logo mirou as orbes na direção do barulho, adotando uma postura alerta no sofá assim como os demais. Parrish possuía os olhos fixos na entrada. Uma tensão pairou brevemente, eles admitiam, pelo menos até avistarem duas silhuetas familiares.
Scott fora entrando com o cenho franzido em leve diversão ao analisar as expressões de todos, enquanto fazia o trajeto até eles juntamente com Malia que vinha em passos calmos e com os olhos voltados despreocupadamente para o celular em mãos. Parecia estar terminando de ler alguma coisa até que levou o aparelho ao bolso do short jeans curto que trajava, erguendo o olhar para os outros em seguida. A coiote esboçou uma careta confusa.
— Por que a duplinha não avisou que tava vindo? Quase morri do coração! — Stiles disse aumentando um pouco o tom de voz, sua feição comicamente indignada ao se levantar do sofá e cruzar os braços. Scott riu baixo meio sem graça ao coçar a nuca, olhando vagamente para Lydia e Parrish em uma saudação rápida. Malia ao lado do alpha apenas deu de ombros levando as duas mãos para os bolsos do casaco que usava. O humano bufou revirando os olhos. — Se for por causa daquela fumaça toda lá trás, já aviso que foi inevitável. Tô treinando um bruxo natural e não um cachorro. — Disse como se fosse óbvio, recebendo um semblante cansado de Scott como resposta. Malia somente bufou uma risada fraca vendo que não tinha como não concordar. Ajeitou os cabelos longos em um rabo de cavalo desleixado, olhando vagamente para a escada com certo interesse no andar de cima.
— Não vim por causa da fumaça, e mesmo que fosse eu sei que Derek saberia o que fazer. — Scott usou um tom cuidadoso e risonho, dando um meio encolher de ombros. Stiles entreabriu os lábios e estreitou os olhos em uma feição incrédula, como se tivesse sido golpeado de alguma maneira. Como seu melhor amigo ousava? Derek atrás dele abaixou a cabeça reprimindo um sorriso e negando. Já previa o drama.
— Tá dizendo que eu não saberia resolver? — Stiles mudou o peso de uma perna para outra em uma pose aborrecida e que claramente exigia uma resposta enquanto assistia o amigo franzir a testa ao mesmo tempo que olhava para os outros presentes. Parrish reprimiu uma risada, recebendo um leve tapa no braço de sua namorada ruiva. O humano bufou. — Nossa, muito obrigado pelo reconhecimento de anos salvando a bunda de vocês..
— Eu juro, as vezes penso seriamente sobre você tá esperando um filho do Derek. — Uma voz zombeteira e rouca soou das escadas, e logo os olhares se voltaram para a estrutura em espiral. Isaac possuía um sorriso sapeca contido a medida que descia as escadas em passos rápidos. Stiles adotou uma expressão debochada, curvando os lábios em um sorriso sem vontade na direção do cacheado. — E ele seria bem estressadinho pelo visto, mas herdaria a cara emburrada dele. — O Lahey apontou para o Hale que bufou uma risada irônica, desviando o olhar parecendo pensativo de repente. Stiles sentiu as bochechas esquentando, o que fora o suficiente para induzi-lo a sentar ao lado do namorado novamente. Em silêncio. Scott negou com a cabeça.
— E eu só vim, pois ele me chamou. — O alpha esclareceu em um tom ridiculamente tolo para os ouvidos de Stiles, enquanto indicava Isaac que se aproximava. Logo o moreno fora abraçado pela cintura, os braços fortes rodeando seu tronco. Isaac apoiou o queixo no ombro de McCall, lançando um sorriso fechado e simples em uma espécie de implicância ao encarar o Stilinski que os assistia com uma feição entediada teatral. Scott emitiu uma risada sem graça ao sentir um beijo molhado dos lábios rosados do beta em sua bochecha. — Eu não tive como recusar. — Completou, virando vagamente a cabeça para deixar um selinho demorado nos lábios do cacheado que aceitou de prontidão.
— Agora, não vão se desgrudar. — Stiles esfregou o rosto, como se fosse a pior catástrofe a sua frente. O que arrancou risadas conjuntas tanto do casal a sua frente como de Malia, que assistia o alpha com um sorriso orgulhoso. Ele não poderia negar que de fato estava eufórico pelo melhor amigo finalmente ter decidido se dar a chance de ser feliz com quem sempre amou. Apenas não sairia do costume, adorava implicar com o moreno. — E saibam, que não tô esperando criança nenhuma. Muito obrigado. — Apontou o dedo indicador na direção dos rapazes em um estilo cômico de ameaça, fazendo Scott erguer uma das mãos em sinal de rendição. Logo voltando a pousa-la sobre as do Lahey ao redor de sua cintura.
— Não seria tão ruim.. — Derek murmurou de repente, e parecia ter sido mais para ele do que para os outros propriamente. Parrish fora silenciado por Lydia outra vez, que adotara uma expressão comovida. O comentário soou quase inaudível para uma audição humana captar. Quase.
— Espera, o quê?! — Stiles exclamou mais alto do que pretendia, virando-se no abraço de lado que o Hale o envolvia nos ombros. O lobo engasgou com a própria saliva, pigarreando vezes seguidas afim de disfarçar. Olhando para todos os cantos possíveis como se a feição interrogativa do namorado fosse fatal. Não que o humano estivesse abismado ou achasse um absurdo. Estava apenas.. encantado com aquilo.
Isaac e Scott se entreolharam partilhando da surpresa momentânea, ambos rindo baixinho cogitando seriamente em sair dali. E o foi o que fizeram, deixando um casal acanhado no sofá para trás. O alpha entrelaçou seus dedos com os do loiro, puxando-o consigo afim de guia-lo com calma até o cantinho escondido da cozinha já bem conhecido por eles. McCall riu fraco esboçando um sorriso ladino ao encarar a feição tranquila do maior, mal notando estar sendo encurralado até que suas costas encontrassem suavemente a parede.
— Enquanto aqueles dois se resolvem, que tal aproveitarmos? — Isaac arqueou uma das sobrancelhas em um convite travesso, esboçando um sorrisinho simples mas que carregava a mesma energia. Scott tentou conter o riso bobo, mas fora automático demais para o impedir. O cacheado levou a mão direita de encontro ao rosto do moreno, pousando a palma quente sobre a bochecha levemente rosada. — Senti tanto sua falta.. — Murmurou. Não contendo-se em admirar cada detalhe no rosto do alpha. Seu semblante adoravelmente distraído. Scott umedeceu os lábios meio sem saber o que responder. Sua bochechas assumindo um tom rosado. O modo como o cacheado o olhava era surreal demais.
— Vai mesmo me dizer isso todos os dias? — Scott questionou no mesmo tom baixo ao desviar o foco vagamente para os lábios rosados de Lahey, que aos poucos fora esboçando um sorriso aberto e contagiante. Scott devolveu num ato involuntário, voltando o olhar para as orbes azuis do cacheado. — Também senti sua falta.. — Sussurrou não disfarçando a honestidade, inclinando o rosto para frente preenchendo o mísero espaço que restava entre eles. Isaac riu anasalado antes capturar os lábios do menor num beijo lento e delicado. Estavam há dias desse modo. Trocando carícias íntimas, priorizando sentir um ao outro. Mas principalmente apreciando a companhia.
Scott ofegou baixinho passando os braços pelos ombros largos do beta, sentindo-o enlaçar sua cintura num aperto carinhoso. Seus corpos juntos outra vez em uma fricção reconfortante e tentadora. Estava entregue ao Lahey mais rápido do que esperava, e por alguma razão não sentia-se apreensivo. Em nenhum momento cogitou se repreender ou voltar atrás. Ainda mais agora nos braços do mais alto.
Era envolvente, era certo. Com certeza melhor que antes apesar das circunstâncias. O alpha certamente encontrava-se decidido com seus pensamentos ao levar uma das mãos para a cabeleira cacheada e macia, apertando de leve os fios entre seus dedos. Sabia que não poderiam avançar o sinal bem ali, mas que a vontade era enorme isso ele não negaria.
Malia ao longe somente esboçou um sorrisinho divertido na direção onde o alpha se esgueirou com o cacheado, levando seu olhar curioso em seguida até as escadas novamente. Vasculhou o ambiente de maneira breve quando entrou, o que foi o suficiente para notar a ausência de Adam. Ela suspirou decidida, movendo os calcanhares para a estrutura em espiral. Escolheu por ignorar a pequena discussão dos outros indivíduos a sua volta, principalmente a sensação de estar sendo observada de um modo sutil.
Sabia que se tratava de Lydia, mas pensaria em uma desculpa depois. Seu foco no momento era um francês recolhido num dos quartos no andar de cima. E algo encorajava a coiote a ir averiguar. Não viu o rapaz direito desde o Ano Novo, e nesse caso fora sua culpa inteiramente. Andou muito atarefada com a mansão e todo o esquema que elaborou junto a Peter para manter essa reforma oculta, e acabou por esquecer de entrar em contato para saber como o menor estava.
E pelo visto, nada bem. Malia odiou constatar isso assim que chegou no corredor não muito extenso, notando no ar um odor leve de tristeza misturado a angústia. Pairando em uma espécie de trilha pelo trajeto para o cômodo onde o híbrido supostamente habitava. Ela esboçou uma vaga careta, apertando o passo afim de chegar logo no quarto. Abriu a porta devagar após encontrá-la, espiando ao por a cabeça um pouco para dentro.
Avistou a cama de casal, onde residia o corpo do francês quase no centro do colchão. Estava de bruços e abraçava o travesseiro com força. O rosto de traços delicadas afundado no objeto felpudo. Malia comprimiu os lábios em um semblante empático, ponderando por curtos segundos na porta antes de reunir coragem para entrar. Não queria estar invadido o espaço pessoal de ninguém. Levando em conta as inúmeras vezes que havia feito isso. Talvez nunca teve de fato esse tal filtro que a maioria das pessoas possuía. Vindo da floresta ou não. Estava mais que conformada quanto a isso. Mas era uma ótima ouvinte querendo ou não. Precisava ajudar de alguma forma.
Seus passos até a cama foram hesitantes, porém silenciosos quase como se estivesse em algum território inimigo. Não era muito boa abordando as pessoas, mas estava disposta a tentar algo diferente. Ver o híbrido daquele modo e não fazer nada estava fora de cogitação. E com esse pensamento ela se sentou na beira do colchão, observando o francês todo encolhido em si mesmo. O cobertor jogado quase no fim da cama, cobrindo-o só da cintura para baixo. Malia suspirou coçando a nuca, pensando na melhor forma para acordá-lo.
— Se queria me ver dormindo, era só ter ficado da última vez. — A voz rouca e aveludada soou. Adentrando os ouvidos da coiote, que deu um breve sobressalto redirecionando o foco para o híbrido que lhe encarava com um ar divertido e sonolento. Malia bufou revirando os olhos, soltando o ar que nem sabia estar segurando.
— Na verdade, vim saber como você tá. Mas acho que já tenho minha resposta. — Malia deu de ombros esboçando um breve sorriso de lado. Tentando soar cuidadosa ao ressaltar. Apontou para o nariz assim que o híbrido a lançou uma expressão confusa, retirando por completo o rosto do travesseiro. — Meu faro é bem sensível por ter crescido na floresta, então não foi muito difícil notar seus... sinais químicos.. — Ela disse sincera. Curvando os lábios meio sem jeito na última parte. Aproximando-se de maneira sutil ao apoiar a mão na cama.
Adam entreabriu os lábios compreendendo, abaixando brevemente a cabeça para encarar o colchão em nítida vergonha. As bochechas do híbrido esquentando sem que pudesse controlar. Malia mordeu o lábio inferior reprimindo a vontade de sorrir para aquilo. Apesar da circunstância um tanto melancólica. Esse jeitinho peculiar do rapaz que a cativou de um modo curioso. Era diferente da maioria dos caras que já conheceu. O francês carregava uma essência própria. E uma personalidade mista em determinação e fragilidade. Ela contemplava isso nele há um tempo, tinha que admitir.
— Eu.. não tive um dos melhores dias. Só isso, não é nada demais. — Adam murmurou cabisbaixo ainda sem encarar devidamente a coiote. Batucando os dedos pela superfície amassada do travesseiro em uma inquietação notória. A Hale arqueou uma das sobrancelhas analisando o menor, percebendo o modo como ele mostrava-se meio perdido. Ela bufou fraco formando um beicinho pensativo. Talvez devesse recuar e deixá-lo. Algumas pessoas pensavam melhor sozinhas.
— Uhm.. — Malia emitiu meio incerta, não sabendo bem o que dizer para indicar que estava deixando-o sem soar muito grosseira. Isso mostrou-se comicamente como um lembrete de sua presença, pois Adam ergueu o olhar até seu rosto tão rapidamente. A coiote riu de forma vaga em surpresa, ajeitando-se no colchão em uma menção para se levantar. — Se quiser descansar, eu posso...
— Não! — O híbrido disse um tanto alto. E em um movimento brusco pousou a palma sobre o dorso da mão de Malia. Isso com certeza trouxe um rubor automático para as bochechas do francês, mas ele não se retraiu como em todas as vezes. Engoliu em seco. — Eu.. quero que fique. Se quiser... — Acrescentou de maneira baixa, prensando os lábios em um sorriso simples quase imperceptível. No entanto, não disfarçava o ar esperançoso naqueles olhos azuis. Malia de repente se sentira um monstro por cogitar em atravessar a porta do cômodo e ir. Ela assentiu lentamente, esboçando uma feição descontraída.
— Afasta aí. Não quero estar no chão daqui alguns minutos. — Ela disse em um tom meio risonho, tirando as botas surradas de seus pés com agilidade antes de levantar as pernas e levá-las a cama. Adam riu baixinho afastando o corpo para o lado minimamente. Não camuflando o brilho surpreso e contente em suas orbes. O que não passou despercebido por Malia.
A coiote buscou o cobertor macio jogado próximo aos pés do francês. Cobrindo ambos em seguida quase que imediatamente. A Hale se aconchegou deitada de lado no colchão, mantendo os olhos castanhos voltados ao rosto do rapaz. Que estranhamente lhe devolvia aquela atenção mas não parecia incomodado. Ela teve sua confirmação real assim que Adam a lançou um sorriso ladino preguiçoso. O corpo dele relaxando aos poucos a sua frente.
Malia nunca foi de parar para analisar muitas coisas. Era impulsiva, direta demais e nem sempre pensava muito antes de executar seus atos. Estava trabalhando nesses traços de sua personalidade lentamente. Porém, uma coisa ela podia afirmar. Resolver contemplar o semblante sonolento daquele híbrido fora a melhor escolha que fez no momento. Detalhes sempre pareceram chatos e cansativos na maioria das vezes quando se tratavam de caçadores rodeando o bando. No entanto, neste instante era quase como um calmante para ela. Os lábios rosados meio carnudos, a pele pálida e macia, os cabelos castanhos com leves ondulações nas pontas.
— Por que tá me olhando assim? — Adam murmurou após finalmente afastar o resquício da sonolência, agarrando um punhado do cobertor e trazendo-o a altura de seu queixo. Tentando disfarçar o breve sorriso acanhado. Malia piscou algumas vezes ao ouvi-lo, tentando sair do curto transe. Ela quis se bater mentalmente. Que constrangedor.
— Nada. É só.. você tá engraçado. — A Hale riu anasalado reparando melhor na bagunça que era a cabeleira do híbrido agora, os fios apontando para diversas direções. Ela mal notou que levava a mão esquerda até eles, executando uma arrumação rápida. Mas que significou mais do que Adam esperava. O francês visivelmente se inclinou para o toque, aproximando-se mais da coiote. — Soube que.. o treinamento não foi muito bem.. — Ela iniciou usando um tom suave que mal sabia que tinha, enquanto mantinha a mão sobre as madeixas do rapaz. Acariciava o couro cabeludo usando os dedos, e por alguns instantes Adam fechou os olhos aproveitando.
— Você tá sendo gentil. Foi quase um desastre mesmo. — Adam disse após bufar uma risada sem muito humor, ainda permanecendo com suas orbes fechadas concentrado no carinho.
Malia umedeceu os lábios negando com a cabeça de forma mínima, tendo que concordar com o híbrido. Quem ela estava querendo enganar, afinal? Realmente, pelo o que ouviu foi meio que um desastre. Por que não conseguiu ser direta? Ela suspirou afastando os pensamentos. Talvez nem sempre precisasse agir desse modo.
— Pelo menos ninguém se machucou. De qualquer jeito.. você foi ágil. — Ela ressaltou usando um tom quase que incerto, pois nem possuía certeza do que estava falando porque não presenciou o ocorrido. Só queria tentar amenizar e animar mais o outro. Já que na maioria das vezes ele era quem mais levantava o astral dos outros no loft. Pelo menos a coiote enxergava assim, desde que notou a ausência de ameaça no menor. — Se continuar se empenhando.. vai conseguir controlar sem muito esforço em breve. — Acrescentou de maneira baixa, mas era nítido o empenho para encorajar o híbrido. Adam esboçou um sorriso mínimo, reabrindo os olhos para encará-la.
— Eu espero que sim. — Concordou não escondendo estar agradecido pelas palavras da Hale. O francês se esgueirou mais um pouco pelo colchão, ficando mais próximo dela. Tomou coragem para enlaçar a cintura da mesma num abraço, embora o ato tenha sido tímido. Teve a permissão concedida assim que a coiote se aconchegou no aperto, ambos rostos numa distância menor. Adam respirou fundo, curvando os lábios em uma expressão pensativa. — E foi tão estranho sabe.. quase como se eu estivesse no automático. Parecia que eu sabia o que fazer, mas ao mesmo tempo me sentia travado. — Confessou em meio a uma sutil careta ao se lembrar de todo aquele cenário bagunçado. As árvores pegando fogo e todos ao seu redor tentando pensar em uma solução viável. Malia adotou um olhar empático, mal notando estar tão envolvida. — É uma droga me sentir tão impotente tendo poderes assim. — Ele ergueu as orbes focando nos olhos castanhos e atentos da Hale. Só então percebendo o modo como ela o observava.
Um silêncio súbito mas confortável pairou entre eles depois disso. Mantendo apenas aquela troca significativa de olhares, era como se não precisassem dizer mais nada. Pois se entendiam perfeitamente. Adam nem reparou como seu corpo encontrava-se relaxado até poder estar junto do calor que aquela coiote emanava.
Sentia-se seguro, como se nada pudesse acabar com seu emocional pateticamente frágil de novo. Ele apertou de um jeito suave a cintura de Malia, que somente intensificou o cafuné em seus cabelos. O híbrido mal conteu sua expressão satisfeita assim que suas orbes azuis se fecharam vagamente em resposta ao carinho.
— Lembre-se que só é questão de tempo. De muita prática e foco. Você não tá sozinho nisso. — Malia garantiu esboçando um sorriso de canto quase imperceptível, analisando o modo como o rapaz apreciava as carícias. Ela não reprimiu uma risada baixa, o que atraiu a atenção do menor que franziu um pouco a testa curioso. Era fofura demais para deixar passar em branco, e até estava se estranhando tendo esses pensamentos. Mas não se importava nem um pouco agora. — Gosta mesmo de carinho, hein? — Ela questionou risonha, subindo os dedos lentamente pelo couro cabeludo do outro na parte detrás.
Adam iria rebater mas acabou por fechar os olhos quase involuntariamente. A coiote riu outra vez soando meio abafado por virar o rosto no travesseiro, assistindo as bochechas do híbrido assumir uma coloração rosada em seguida.
— Admito que adoro. E você poderia ter descoberto isso se tivesse.. ficado comigo até o dia seguinte. — O rapaz murmurou timidamente ao se recordar da noite recente após o Natal. Ele mordeu o lábio inferior, desviando depressa o olhar do rosto da outra. Malia não escondeu a surpresa em sua feição, parando vagamente com as carícias nos cabelos do outro. O francês não queria parecer um desesperado ou carente. Mas sabia que acordar e não vê-la ao seu lado foi mais incômodo do que gostaria. Uma sensação nova para ele até, pois nunca se importou com algo assim. Adam limpou a garganta depois de alguns segundos em silêncio, redirecionando de modo hesitante o foco para a coiote. — Desculpa se isso pareceu meio..
— Não. Eu.. queria ter ficado. — Malia não tardou em interrompê-lo. A sinceridade carregada em seu timbre. Assistiu os olhos azuis antes inseguros, adotarem um brilho diferente. Ela apertou os lábios, voltando com o cafuné contínuo no híbrido. — Só que eu precisei ir. Ando ocupada com algumas coisas e.. seria difícil resistir a essa sua carinha de sono. — Ela confessou num tom risonho na última parte, escorregando sua mão para a bochecha macia do outro. Observando um sorriso acanhado que surgiu de relance nos lábios do francês. — Mas saiba.. que não me arrependo do que fizemos no Ano Novo. — Disse com convicção no tom. Seu coração não falhando uma batida sequer ao afirmar e isso Adam pôde perceber. O que o fez sentir um leve frio na boca do estômago.
A Hale arqueou sutilmente as sobrancelhas, movendo o polegar num ritmo lento pelo rosto levemente rosado do menor que até então mal sabia como reagir a não ser permanecer em silêncio observando o rosto da garota. Ninguém nunca lhe disse algo parecido em voz alta. E quando revolviam dizer era apenas para deixar claro que a noite fora apenas uma foda como outra qualquer. Eis que um dos motivos pelo francês ter passado tanto tempo sem se interessar em relacionamentos românticos.
Não confiava nas pessoas para isso, e o primeiro e supostamente último indivíduo que depositou confiança foi em Isaac. Mas com Malia.. algo de diferente aconteceu. E ele nem tinha ideia de como assimilar sem demonstrar total surpresa. Não se sentia usado como nas outras vezes no passado. Parecia bom, parecia certo. E isso sem dúvidas assustava, porém não conseguia se importar com esse mísero sentimento quase invisível quando podia passar vários minutos ou horas admirando os belos olhos castanhos da coiote a sua frente.
— Muito menos eu. — Aubert murmurou após buscar fôlego. Engolindo em seco meio sem jeito assim que assistiu um mínimo mas meigo sorriso se formando nos lábios de Malia aos poucos. O rapaz piscou desejando tanto poder rir sem parecer um maluco agora. Ela estava mesmo direcionando aquele sorriso para ele? Wow..
— Que tal eu compensar aquela noite ficando aqui.. agora? — A coiote sugeriu em meio a uma feição esperançosa, embora possuísse diversão em seu olhar. Adam fingiu pensar um pouco, ao mesmo tempo em que puxava mais a outra pela cintura não aguentando mais aquela pequena distância. Praticamente abraçando-a. Talvez a timidez tenha dado uma folga a ele para variar. O híbrido assentiu de leve voltando o foco ao rosto dela tão perto do seu, notando a mesma prendendo o riso. — Stiles tem razão, você parece mesmo um filhote. — Disse como se tivesse acabado de se convencer disso. Examinando com os dedos cada traço do rosto delicado do francês, que franziu a testa parecendo ofendido.
— Eu não sei porque todo mundo até hoje fala isso, sinceramente.. — Adam revirou os olhos de maneira preguiçosa adotando uma careta emburrada, formando um beicinho em seus lábios carnudos. Malia reprimiu uma exclamação ao ver aquele ato adorável, porém não se conteu em se inclinar para frente. Deixou um selinho demorado na boca do híbrido, seguido de outros selares calmos que decidiu espalhar pelo rosto do menor que fechou os olhos em reflexo se rendendo. Ele ficou estático por alguns instantes após abrir as pálpebras. Realmente não esperava por essa. — Okay, posso me acostumar com isso.. — Murmurou enquanto observava vagamente a coiote com apreciação em suas orbes azuis. Aconchegou-se mais contra ela assim que sentiu o cafuné em seu cabelo voltando. Não tinha como resistir.
— Pra ser bem sincera.. eu também. — Malia franziu a testa em surpresa para o que saiu de sua boca, e curiosamente a incerteza não pairava em seus pensamentos. Um sorriso simples e genuíno permanecia em seus lábios, e só conseguia se concentrar em como esse lance com o híbrido fora um tanto rápido. Mas nem um pouco assustador, que a fizesse recuar como sempre fez com outros.
Ela suspirou levando o olhar para o teto de um modo vago. Mas logo redirecionou o foco para o híbrido assim que o sentiu deitar a cabeça em cima de seus peitos. A Hale reprimiu uma risada ao notá-lo adormecido, e só optou por entrelaçar as pernas com as do rapaz.
Ficou por alguns minutos somente concentrada em acariciar o couro cabeludo do menor. Aproveitando o silêncio confortável. Nem percebeu quando começou a se entregar a sonolência. Ouvindo a respiração tranquila do francês.
Por ironia do universo ou não. Realmente Adam teria muito o que fazer em Beacon Hills de agora em diante.
*
— Eu sei, eu sei. Também amo você, Jenna. — Theo respondeu não ocultando o sorriso sem jeito ao ser paparicado pela sogra. Encarava a expressão animada da mulher loira pela tela do notebook. Estavam conectados no App Zoom há quase três horas, mas isso não seria o suficiente para ambos matarem a saudade um do outro.
Eles improvisaram para executar essa ligação depois de tantos pedidos incansáveis de Jenna ao filho. Liam não teve outra saída a não ser se render. O que o fez se encontrar de mãos atadas depois de quase dois meses. Ficou sem desculpas obviamente. Afinal, parecia estar escondendo o namorado na cara dura. E Theo não estava mais aguentando fazer isso. Não queria que Jenna pensasse estar sendo ignorada. Então, optaram por colocar o chimera sentado numa posição confortável na cama do quarto deles, com uma almofada fina sobre a barriga proeminente afim de poder apoiar o aparelho.
A câmera somente mostrou seu rosto e o de Liam no decorrer do papo, e assim permaneceu conforme o plano para o alívio do casal. Ainda que a culpa sútil martelasse no peito dos jovens pais após tanto discutirem sobre no último mês. Para ambos era difícil, apesar de já estarem acostumados a ocultar uma coisa aqui e ali quando preciso. Eram situações distintas na concepção deles. Principalmente para Theo que tinha que olhar nas orbes de Jenna e disfarçar a vontade de contar algo a mais. Ele via aquele costumeiro brilho empolgado nos olhos azuis da mais velha.
Não poder dizer nada a respeito de sua filha ou ao menos se mover direito sem que corresse o risco da barriga aparecer, doía muito. Não importava se poderia ser uma influência significativa dos hormônios. Era um sentimento incômodo que chegava a ser irritante. Mas era necessário. Não estavam em condições adequadas para expor e nem seriam loucos de jogar ao vento uma notícia assim numa transmissão remota. O melhor por enquanto seria fingir que nada havia mudado. Pelo menos Theo sempre tentava se convencer disso.
Liam reforçava esse ponto a ele quase toda semana. Tentando deixar claro que tudo ficaria bem no fim. E no momento, podia afirmar que nunca riu tanto junto ao chimera desde que esses períodos difíceis se instalaram entre eles e o bando. Sem contar nas novas mudanças e cuidados adquiridos a medida que a gravidez avançava cada vez mais para o último estágio. Manter Theo relaxado e distraído dos pensamentos conflituosos quanto ao parto tornou-se um desafio e tanto no dia a dia do beta que também estava para lá de nervoso, mas a medida que se esforçava sendo no trabalho ou em casa. Apenas servia para lembrá-lo o quanto queria aquela bebê em suas vidas, em seus braços. Precisava continuar mantendo a atmosfera calma se quisesse recebê-la com segurança. Ela era um propósito que ele mantinha com orgulho.
Liam sorriu na direção de sua mãe que o jogou um beijo pelo vídeo ao vivo. Logo viu seu pai passando distraído por trás da mulher loira, o que arrancou uma gargalhada baixa de Theo que acenou para ele. David parou no trajeto e se aproximou parecendo surpreso, apoiando o queixo no ombro de Jenna para vê-los melhor. O beta riu baixo analisando a animação do pai ao vê-lo.
Amava muito aqueles dois malucos que estiveram com ele a vida toda. E esperava que ao chegar a hora eles entendessem o porquê escondeu sua filhote dessa maneira. Muitas coisas estavam em jogo, e não podiam arriscar agora, mesmo com toda essa calmaria na cidade. Gostando ou não, Canadá era a opção mais segura por enquanto.
E Liam e Theo sabiam que se o território se encontrava dessa maneira, devem se preparar para o pior. Poderia soar um tanto paranóico, porém eles tinham inúmeros motivos para agir de tal forma. E neste instante o beta só gostaria de aproveitar sua mãe e apreciar o modo como ela podia ser engraçada até quando não tinha a intenção. Com certeza a casa estava precisando de um clima mais leve há dias, e a avó de sua filha era mais que qualificada para isso.
— David, desgruda. Tem uma cadeira bem ali. — Jenna resmungou em um tom óbvio ao se inclinar um pouco para frente afim de fugir dos beijos do marido, que riu revirando os olhos antes de puxar o acento esquecido para perto afim de se acomodar ao lado dela. Theo riu fraco trocando de relance um olhar brincalhão com Liam. — Theo, meu querido, pode falar. Seu namorado é do mesmo jeito né? Parece uma sombra. — A mulher jogou os cabelos claros para trás em um ato teatral de cansaço, recebendo um beijo demorado de David em sua bochecha em seguida. O que a fez revirar os olhos vacilando um sorriso fechado. O homem podia ser um grude e irritante as vezes, mas sabia quando a esposa estava fingindo chateação.
Theo riu fraco erguendo de leve as sobrancelhas de um modo zombeteiro após ouvir a afirmação da outra. Lembrando-se de todos os episódios cômicos na cozinha. Mesmo com o tamanho de sua barriga e alguns impasses novos, ainda podia executar certas coisas. Um fato que seu namorado não entendeu, pois praticamente adotou o hábito de o seguir até nas vezes em que dava míseros passos até o fogão.
— Ei! — Liam exclamou um tanto ofendido ao perceber a expressão pensativa do chimera, que riu de forma carinhosa na direção dele. O mais novo emburrou aconchegando-se mais ao lado de Theo, que revirou os olhos vagamente passando o braço direito pelos ombros do beta. Jenna esboçou um sorriso mínimo em diversão. Adorava implicar com o filho e ver aquela carinha aborrecida que a lembrava dos tempos em que o rapaz era somente um bebê. O Dunbar mais novo bufou esboçando um beicinho involuntário, deitando a cabeça no ombro do chimera que o acolheu fazendo o mesmo contra ele. — Eu não sou uma sombra. Só gosto de tá perto de quem amo. Isso não é crime. — Ele se justificou dando um meio encolher de ombros, sentindo um beijo casto sendo depositado em sua testa. Liam sorriu agradecido para o chimera, mostrando a língua para sua mãe em seguida num "surto de maturidade" como a mulher dizia. Jenna pousou a mão no peito como se estivesse comovida com tudo, e no fundo estava mas não admitiria. Precisava manter a reputação de seu deboche.
— Concordo com você, meu filho. Nossos amores são uns ogros quando querem. — David retrucou sem pestanejar. Esboçando uma falsa feição séria, ocasionando num sorriso largo no rosto de Liam que não conseguiu disfarçar. Sentia saudades desse homem louco por perto contando as melhores piadas. — Mas nós amamos esses dois mesmo assim. Não tem pra onde correr, não é? — Ele deu de ombros. Seu tom baixo na última parte em uma espécie de sussurro.
Liam assentiu mordendo o lábio inferior, concordando silenciosamente com o moreno. Mal notando o olhar de Theo sobre si, pelo menos até o pai receber um tapa fraco em seu antebraço. Jenna possuía as sobrancelhas arqueadas num ar travesso em sua expressão como se desafiasse o marido a falar mais, e incrivelmente Theo a copiava no ato ao direcionar os olhos verdes intimidantes a Liam. Que ficou meio perdido enquanto retribuía, até se dar conta. O beta sorriu amarelo para o namorado segundos depois.
— Mesmo se tivesse para onde correr. Não cogitaria em fazer isso. — Liam nem precisou pensar muito na resposta, assistindo o namorado praticamente se desarmar a sua frente. A sutil carranca suavizando e as bochechas sendo tingidas por um tom rosado. O beta sorriu de forma tola, inclinando-se e roubando um selinho demorado do Raeken que não se importou em tentar impedi-lo. — Ele é o melhor dos meus dias, pai. Assim como a nossa querida Jenna. — Disse ao se afastar, desviando o foco para o notebook a tempo de ver o olhar bobo de seus pais para eles. A mulher loira riu baixo.
— Sentimos saudades de vocês, amor. — Jenna esboçou um breve semblante triste mas que fora mesclado com um sorriso ladino, os olhos azuis brilhando de forma vaga no vídeo. Ela se recostou contra David, que assentiu reafirmando ao sustentar o mesmo olhar que a esposa. O casal sobrenatural não conseguiu deixar de sentir aquela vibração boa no peito. A mãe do beta limpou a garganta. — Um pouco mais do Theo, mas...
— Okay, mãe. Não precisa esfregar na cara que meu namorado é o favorito nessa família. — Liam revirou os olhos em uma indignação teatral apesar de ainda as vezes sentir um ciumes monstruoso de sua mãe com o chimera. Ambos foram se aproximando cada vez mais nos últimos anos, o que foi bom mas ao mesmo tempo algo impressionante. Ouviu a risada rouca de Theo reverberando pelo quarto, juntamente a de seus pais que gargalharam. O beta tremulou os lábios, vacilando um sorriso contragosto.
— Tá vendo, Jenna? Ele continua o mesmo lobinho grudento e ciumento que você deixou pra mim. — Theo disse alternando o olhar entre o rosto de Liam e o notebook apoiado em sua barriga. Não poupando em usar aquela voz boba típica que se usa com crianças em geral ao levar a mão esquerda para segurar nas laterais do rosto do namorado. Apertou de leve as bochechas do beta, formando um beicinho cheio naqueles lábios vermelhos.
O mais novo arqueou uma das sobrancelhas, estreitando os olhos na direção do gestante em desaprovação. O que arrancou um rápido sorriso travesso do mesmo. Theo sabia que estava sendo chamado de patético, mas não importava quando podia implicar um pouco com o namorado. A risada calma de Jenna atraiu a atenção do garotos novamente.
— Fico feliz que estejam bem e em segurança. Sinto muito por ainda não ter nos reunido como todos os anos. — Jenna comprimiu os lábios numa expressão conformada, mas em seu tom era notório o lamento. David executou um carinho lento no antebraço direito dela. Liam a lançou um sorriso fechado em resposta, enquanto Theo congelou por curtos instantes. Estavam tão entretidos que sequer cogitaram esse pequeno detalhe.
— Não se preocupe, Jenna. Ainda temos tempo pra isso. — Theo disse para a mulher em meio a um semblante amoroso, executando o mesmo para David que lhe lançou uma piscadela divertida. O chimera retribuiu concentrando-se em permanecer tranquilo. Pelo menos aos olhos de quem visse de fora. Liam sorriu suavemente para seus pais, sem dúvida notando o breve estado nervoso do chimera.
O mais novo se ajeitou discretamente no abraço de lado do namorado. Descendo um pouco no colchão e levando devagar a mão direita para a barriga avantajada que no momento servia como um "apoio" improvisado para o notebook. Óbvio que não totalmente. Liam subiu minimamente a camisa de algodão do outro, pousando a palma contra a pele exposta do abdômen. Tocou com cuidando acariciando devagar o baixo ventre. Theo suspirou fundo olhando de relance para o beta, a medida que tentava ocultar um sorrisinho aliviado. Era incrível como o rapaz sempre sabia o que fazer.
— Eu sei, querido. — A loira disse num tom carinhoso ao ajeitar uma das mechas do cabelo para trás. Não deixando de parar para admirar na tela seus dois meninos juntos. Se sentia tão em paz ao ver que enfim seu filho havia encontrado alguém que o entendesse por completo. Que o amasse do jeitinho que ele era. Jenna batucou os dedos na escrivaninha antes de levar a mão esquerda até o mouse. — Enfim, acho que já tomei muito o tempo de vocês. Eu sei. — Ela afirmou num tom risonho e escondeu vagamente o rosto com a mão livre como se estivesse envergonhada. Liam abafou uma risada ao mesmo tempo em que Theo negava com a cabeça.
— Nada a ver. Foi bom falar com vocês. E sinto saudade dos seus gritos pela manhã, dona Jenna. — Theo arregalou de leve os olhos ao ironizar na última parte, mas a afirmação do sentimento não deixava de ser verdadeira. David ao lado da esposa negou com a cabeça discretamente para isso, assistindo Liam fazer o mesmo sustentando uma falsa expressão de horror. Ainda mantendo os carinhos suaves no ventre do chimera, subindo mais um pouco a mão. — Continuem atentos no Canadá. E você, David. Não arranja confusão com a polícia de novo. — Usou um tom de repreensão, mas a brincadeira estava estampada em seu rosto. O médico entreabriu os lábios em uma ofensa teatral, desviando o foco para Liam.
— Seu pirralho fofoqueiro. — David apontou para o beta dizendo entredentes, o que fez Liam adotar uma expressão zombeteira. Theo sorriu se divertindo com a situação, deixando um cheiro e beijo contra a bochecha do beta que se distraiu por um momento. — Ah, e esqueci de dizer apaixonado. — Acrescentou em provocação, assistindo o filho revirar os olhos não desmanchando a postura boba.
— Sou mesmo, não tem como resistir a ele. — Liam rebateu convencido, mostrando a língua para seu pai que fazia o mesmo feito a boa criança que as vezes parecia ser. Jenna ao lado do negro, bufou uma risada enquanto assistia aquilo. Pelo menos por alguns instantes até sua expressão mudar para uma preocupada. Isso chamou a atenção de Liam sem dúvidas. — Mãe, o que foi? — Ele franziu a testa.
— É o Theo. Ele está bem? — Jenna aproximou mais um pouco o rosto da câmera, junto a David que arqueou as duas sobrancelhas intrigado. Liam redirecionou o foco ao namorado, notando ele tentar disfarçar algumas caretas. Era nítido o desconforto. — Querido, tá sentindo alguma dor? — Ela usou um tom cuidadoso.
Liam apertou os lábios. Agindo de acordo com o que seus instintos mandavam. Não tardou em trazer o notebook para seu colo junto a almofada, certificando-se de que não correria o risco de aparecer a barriga avantajada do chimera durante a movimentação brusca. Ele pediu para a mãe esperar brevemente, abaixando a tela do aparelho.
Theo suspirou fundo, apertando os olhos ao franzir a testa. O beta analisou o mais velho atentamente deixando o notebook de lado. Parou o olhar no abdômen do chimera, levando a mão até a blusa do mesmo afim de erguê-la mais. Expondo a superfície avantajada a tempo de ver um dos chutes contínuos que nem tinha ideia de quando haviam começado.
Liam comprimiu os lábios em um sorriso contido, trocando um rápido olhar com o namorado antes de passar a palma pela pele em uma carícia suave. Sentiu um ou dois golpes fracos que sua filha executava. O chimera arfou baixinho, aconchegando melhor suas costas nos travesseiros atrás de si. Estava cada vez mais desafiante essa nova etapa da gravidez. Raeken nunca se sentiu tão impaciente.
— Eu juro.. não aguento mais. — Theo disse num murmúrio, esboçando um meio sorriso cansado. Liam curvou os cantos dos lábios numa expressão compreensiva e humorada, inclinando-se logo depois na direção do mais velho afim de deixar um selinho demorado nos lábios vermelhos. O mais velho acariciou a barriga ao afastarem os rostos, desviando o olhar para ela parecendo pensativo.
— Eu vou finalizar a ligação está bem? — Liam disse num tom moderado assim que arrumou a postura, olhando de maneira atenciosa para o namorado que assentiu não escondendo o alívio. Estavam há horas na frente do computador, talvez precisassem urgente de uma pausa. O beta levantou a tela, forçando um sorriso despreocupado. — Oi mãe, desculpa a gente. Ele tá com.. — Ele ponderou tentando pensar numa explicação rápida, assumindo um olhar distante por alguns segundos. Jenna arqueou uma das sobrancelhas desconfiada, enquanto David mostrava-se só estar confuso.
— Cãibra! — Theo disse de abrupto, usando seu melhor tom convincente ao esticar um pouco seu pescoço afim de aparecer minimamente no campo de visão do notebook. Permanecia com a mão se movendo em sua barriga em um carinho contínuo, tentando pensar no que dizer mais. Liam agradeceu a ele mentalmente. — Aqui ainda tá meio frio.. — Deu de ombros em desistência, optando por dizer qualquer coisa. Lori havia chutado contra sua mão, como se estivesse se divertindo com a situação. Theo assumiu uma feição repreendedora, e Liam riu baixinho sem conseguir segurar.
— Pensei que chimeras não sentissem essas banalidades humanas.. — Jenna disse cruzando os braços e se recostando contra David, deixando claro em sua expressão a cisma com aquilo. Tinha ressaltado um específico ponto na hora certa pelo visto, pois Liam engoliu em seco. A mulher suspirou em derrota. — Tudo bem, meus amores. Mas sabem que.. podem nos contar se algo estiver acontecendo, certo? — Ela relembrou num tom gentil assim como seu olhar transpassava. Liam buscou um certo fôlego, soltando o ar devagar pela boca entreaberta a medida que assentia mínimo.
Ele olhou de relance para Theo, notando o semblante distante e meio tenso, dava para perceber o breve desconforto em seu olhar ao ouvir as palavras de sua mãe. Liam prensou os lábios em uma linha, voltando-se ao notebook inteiramente focado. Esboçou um sorriso ladino carinhoso, cuidando para não preocupar a mais velha.
Sabia como era o temperamento de Jenna, e a última coisa no momento que gostaria era mais um motivo para Theo se estressar. Não a essa altura da gestação. O sétimo mês sempre era uma etapa mais difícil, palavras de Melissa na última consulta. Exigia quase a todo momento paciência de ambos lados.
— Eu sei, mãe. E não se preocupe. Estamos bem. — O beta garantiu em seu melhor tom convincente ao esboçar um sorriso singelo, agradecendo a qualquer divindade por sua mãe e seu pai não conseguirem ouvir seus batimentos. Theo permanecia quieto em seu canto, embora se esforçasse para não demonstrar o nervosismo. Pelo menos não estava tão enferrujado para isso. — Eu amo vocês, okay?
Jenna curvou os lábios numa expressão pensativa em curtos instantes, antes de assentir em concordância logo depois. Jogando um beijo para o filho. David acenou com a mão, porém por alguns segundos pareceu prestes a dizer algo mas recuou. Liam sentiu-se curioso, ainda que tenha comemorado por dentro. Amava seus pais, no entanto, precisava dar a atenção devida para sua filha e namorado agora.
— Tchau, Jenna. — Theo disse num tom doce e aparentemente calmo, mas era notável sua inquietação. Afinal, seu pé esquerdo não parava de se mexer quase como um tique. Sem contar em Lori que ainda não sossegou. Liam suspirou levemente preocupado, levando a mão a tela do notebook.
— Até, meu querido. — A loira respondeu em seu jeito carinhoso de sempre antes de desligar. Não demorou para o visor ficar preto, indicando chamada encerrada. Theo soltou o ar que nem sabia estar segurando, sentindo seus ombros relaxarem juntamente. Liam fechou o aparelho, pegando-o e depositando a máquina na mesinha ao lado da cama. Um suspiro prolongado saiu por seus lábios, meio que assimilando.
— Nunca pensei que odiaria tanto mentir agora. — Theo resmungou num timbre rouco de repente, quebrando aquele silêncio. Liam piscou saindo do breve transe ao ouvir a voz do chimera, logo ajeitando-se na cama outra vez. Ficando próximo ao namorado. — Como será.. que ela reagiria? — Questionou temeroso, mirando as orbes verdes para o rosto do beta que devolveu o olhar. Liam curvou o canto da boca formando um semblante pensativo, buscando em seguida a mão direita do mais velho e entrelaçando seus dedos.
— Ela sempre quis netos. Os dois na verdade. E eles vão gostar da notícia, e no tempo certo. — Liam proferiu num tom gentil. Lançando seu melhor olhar tranquilizador ao namorado, que acabou esboçando um vago sorriso suave ao ouvi-lo. O qual ajudou a aliviar de modo considerável a tensão pairando. O beta se inclinou na direção do gestante, depositando um selinho delicado nos lábios do mesmo que aceitou de bom grado. — Eu sei que é horrível não poder falar nada, ainda mais pra você que ficou tão próximo deles. — Ressaltou com cuidado o fato após separar suas bocas, ficando a centímetros do rosto do mais velho. Theo assentiu minimamente, apreciando distraído os olhos azuis do beta enquanto acariciava a barriga. — Mas isso vai se resolver. — Afirmou convicto, trazendo a mão do chimera até seus lábios. Depositou um beijo casto no dorso, notando o outro esboçar um sorriso sem jeito.
— Até porque sua filha pra ajudar, quase nos dedurou. — Theo ressaltou num tom risonho em meio a uma feição nervosa, o que ocasionou numa breve gargalhada baixa vinda do namorado. O chimera virou a cabeça levando o foco para o abdômen proeminente, notando pelo canto de olho Liam fazendo o mesmo.
O mais velho ergueu mais a blusa, expondo a barriga redonda e um tanto alta. Não tardando em esboçar um sorriso instantes depois. Parecia que não havia crescido mais desde os seis meses, mas ao mesmo tempo sentia todas as mudanças percorrendo seu corpo como se fosse uma espécie de parte dois de tudo.
Nunca deixaria de ser surreal, e com certos incômodos até. Afinal, gravidez em si nunca foi e nunca será algo totalmente lindo. Mas como dizia muitas mulheres, cada momento valia a pena. E agora Theo entendia o que sua mãe dizia a ele.
— A filhote do papai ainda tá se mexendo? — Liam perguntou curioso num tom bobo ao se aproximar mais da barriga, interrompendo a linha de raciocínio do chimera. Theo nem precisou se dar o trabalho de responder, pois Lori logo chutou em um estímulo a voz do beta. O mais novo emitiu sua risada rouca, colocando-se entre as pernas do namorado de maneira ligeira. Apoiou o rosto contra o abdômen. Sua boca encostada na pele macia. Theo possuía um sorriso contido nos lábios, junto as bochechas ruborizadas. — Você tá ansiosa pra conhecer seus avós também, não é? — Ele afirmou retoricamente, enquanto beijava de modo casto e carinhoso a proeminência. Theo levou a mão esquerda rumo aos cabelos do namorado, acariciando os fios bagunçados. O beta franziu a testa de repente. — Sua barriga tá meio dura, amor.. isso é normal? — Ele disse com uma leve preocupação na voz após cessar os beijos, passando a mão com calma pela área não escondendo sua intriga com isso. Theo engoliu em seco umedecendo os lábios, ponderando.
— De acordo com a Melissa. É quando.. meu corpo meio que tá se preparando para o... — Theo de repente travou no raciocínio, vendo que realmente não conseguiria nem terminar a frase toda sem sentir aquele gelo percorrendo sua espinha. O medo que tanto se esforçou para empurrar no fundo de seus pensamentos, querendo retornar depois de meses. Liam entreabriu os lábios entendendo, ajeitando-se no colchão num movimento rápido. O beta sentou-se sobre as pernas, pousando as duas mãos na barriga saliente do namorado. — Liam.. tá chegando finalmente.. a hora.. — Ele murmurou como se tivesse acabado de se dar conta, e talvez fosse o caso de fato. Os dias passam que as vezes não nos damos conta. O chimera mirou as orbes verdes para o rosto do mais novo, estas que carregavam um brilho quase que apavorado. Liam se adiantou.
— Meu amor, respira fundo. — O beta pediu sem quebrar o contato visual com o outro, mantendo as mãos bem posicionadas no abdômen proeminente enquanto executava um carinho contínuo sobre a pele. Theo fez o que foi pedido, soltando o ar devagar pela boca. Liam o lançou um olhar satisfeito junto a um sorriso meigo. — Nós já conversamos, lembra? Vocês vão ficar bem, e eu vou estar do seu lado o tempo todo. — Liam reforçou a promessa que fizeram dias atrás. As palavras proferindo num tom paciente. Theo apertou os lábios, sentindo o pânico crescente se dissipando aos poucos.
— O tempo todo? — Soou meio baixinho, e isso o fez se sentir estranhamente pequeno. Liam esboçou um sorriso singelo como garantia, assentindo sem hesitar logo depois. Theo suspirou fundo, esticando um dos braços na direção do outro. Abrindo e fechando a mão. — Me dá abraço? — Pediu não se importando o suficiente para disfarçar o tom cheio de manha. Liam se esforçou para segurar o riso que quis atravessar sua garganta. E apenas se moveu de onde estava, indo com cuidado para o lado do namorado.
— Quantos você quiser. Sabe disso. — Liam disse num sussurro ao trazer o mais velho para seus braços, sentindo-o se aconchegar no aperto de modo necessitado. O chimera escondeu o rosto contra o vão no pescoço do beta, inalando o cheiro característico que o mantinha tranquilo. Theo fechou os olhos tentando organizar seus pensamentos, sentindo em seguida uma das mãos do namorado massageando sua barriga entre eles. Isso sem dúvida sempre ajudava. — Eu.. sei que assusta, mas.. lembre-se no que você está ansioso pra fazer quando ela chegar. — Ressaltou num tom atencioso, arrancando um riso baixo de Theo que deitou a cabeça no ombro dele.
— Ver o rostinho dela.. — Theo murmurou curvando os lábios num sorriso emotivo, ouvindo o namorado concordar em um resmungo com sua afirmação. Liam sentia o coração acelerar toda vez que pensava nisso. E neste instante não fora diferente enquanto acariciava as costas do mais velho, que suspirou deixando um beijo demorado no ombro do pai de sua filha. — Tá tão nervoso quanto eu, não é.. — Disse em um tom sereno, meio que se divertindo um pouco.
— Sabe que sim.. mas cuidar um do outro é fundamental aqui. Então, vou continuar fingindo que estou pleno. — Liam vacilou uma risada na última parte, recebendo um cheiro demorado em seu pescoço vindo do mais velho. O beta fechou os olhos apreciando o carinho no ato, movendo sua mão em uma carícia lenta pelo abdômen do outro antes de se afastarem minimamente. Contra a vontade de Theo, que choramingou em reprovação, sentindo a mão do namorado pousando em sua bochecha. — Calma, amor. Eu só vou buscar uma coisa. Isso vai ajudar você a relaxar. — Ele disse não poupando um olhar travesso que na opinião do Raeken. Possuía suspense demais para seu gosto.
Liam deixou um beijo rápido na testa do mais velho, afastando-se com cuidado dos braços do mesmo. Ele rumou para fora da colchão rapidamente indo rumo a uma das portas duplas do guarda-roupa. A procura de algo na parte de baixo no móvel de madeira, onde Theo sabia que ficava os produtos de higiene para banho.
O chimera não tardou a entender, e logo teve a confirmação assim que viu o namorado voltando com um tubo de hidratante de lavanda nas mãos. Theo riu incrédulo arrumando sua posição nos travesseiros para uma mais confortável. Liam apressou o passo afim de se sentar de uma vez próximo ao outro. O sorriso no rosto dele sendo hilário na concepção do gestante.
— Saiba, que tô ficando mal acostumado com essas massagens todas. — Theo disse num tom de aviso como se não quisesse nada, enquanto subia a blusa preta novamente. Deixando a barra do tecido dobrada e repousada sobre seu peitoral. Seu olhar modesto chegou a ser cômico, levando Liam a revirar os olhos carinhosamente ao abrir a tampa do produto sem desviar a atenção do mais velho. — Com certeza vou continuar querendo depois da gravidez. — Afirmou sem pestanejar, e parecia não estar brincando. Liam entreabriu os lábios fingindo choque, depositando uma boa quantidade do creme em sua mão esquerda.
— Pelo visto, em breve terei que fazer massagem em dois bebês nessa casa. — Liam esboçou um sorriso ladino satisfeito, assim que viu o mais velho adotando um rubor instantâneo nas bochechas. Os ombros se encolhendo levemente. O beta deixou o tubo de lado na cama, sentando mais perto do namorado. Inclinou vagamente o rosto para frente. — E eu vou amar cada segundo disso. — Murmurou como se fosse um segredo só deles. Theo sorriu fracamente não sabendo bem o que responder, embora não tenha precisado já que recebeu um selinho demorado segundos depois. — Agora, vou dar atenção a nossa garotinha. — Comunicou baixinho após se afastar, assistindo o chimera concordar em um aceno. Relaxando o pescoço contra o travesseiro atrás dele.
Liam levou o olhar para o abdômen avantajado. Não deixando de esboçar um sorriso largo automático. Poderiam chamá-lo de exagerado ou muito bobão. Mas era sim a barriga mais perfeita que já viu. Ele esfregou as mãos espalhando o produto perfumado, levando-as ao ventre do namorado. Theo suspirou fraco esboçando um sorrisinho de lado, fechando os olhos vagamente antes de focá-los no rosto do mais novo.
O beta carregava aquela expressão concentrada como em todas as vezes. Era sempre assim, pois se preocupava por ter as mãos pesadas para tudo, no entanto, de um modo impressionante conseguia controlar a dosagem da força de seus gestos quando se tratava em tocar Theo na área onde sua filha residia.
Com certeza ele agradecia a seu lobo todos os dias pelos instintos e percepções amplas. Ainda mais agora.
Ele passava a mão pela lateral da barriga do mais velho, que encontrava-se a essa altura com os olhos fechados novamente apenas aproveitando a sensação relaxante. Espalhava distraído o creme pela superfície da pele em um ritmo lento, certificando-se de eternizar esse momento em sua mente.
O que foi muito conveniente devido a uma reação repentina de Lori. Liam entreabriu os lábios perplexo, o coração acelerando em surpresa. Estava sem palavras como da última vez. Porém neste instante, sem dúvida seria melhor. Theo franziu a testa abrindo os olhos.
— Liam? O que foi? — A voz rouca do mais velho chamou a atenção do beta, que saiu do transe ainda meio desconcertado. Embora não tenha desviado o foco da barriga exposta. Theo piscou curioso, erguendo devagar o tronco para uma posição sentada. Dunbar emitiu uma risada fraca. Enfim induzindo o chimera a acompanhar seu olhar.
Theo paralisou por alguns instantes ao ver uma certa forma bem contornada em sua pele no abdômen, seu corpo recebendo aquela onda fria. Principalmente no local de sua espinha. Porém a sensação vinha carregada com as das mais puras energias. Parecia ser tanta adrenalina. O chimera ofegou maravilhado, sentindo os olhos marejando em segundos.
— Lembra na noite da Lua cheia, amor? Quando eu disse que ela.. — Liam iniciou murmurando com delicadeza, mas nem precisou concluir. Theo assentiu rapidamente em concordância sustentando um sorrisinho trêmulo nos lábios. Os olhos verdes fixos num ponto próximo ao umbigo dele. O pezinho bem desenhado aparecendo na superfície praticamente ao lado da mão de Liam.
— Eu tô.. sentindo a força que ela tá fazendo.. — O chimera disse quase como um murmúrio. Mal conseguia acreditar. Seu tom embargado sobressaindo e deixando nítido esse sentimento. Liam fungou redirecionando o olhar para a barriga do outro novamente, deixando com cuidado um carinho suave sobre o pé de Lori usando a ponta do dedo indicador. Theo riu baixinho desacredito, percebendo que ela não o moveu dali. Talvez como se esperasse que ele fizesse o mesmo também. — Oi meu amor.. — Seu tom misto em risonho e choroso. As poucas lágrimas rolando por suas bochechas. O mais velho se apoiou melhor com o braço esquerdo no colchão, levando a mão livre ao local.
Passou sem pesar muito os dedos devagar pelo formato da sola do pé de sua filhote. Liam sorriu encantado exibindo seus dentes alinhados. Ele se inclinou para frente num movimento curto, observando e memorizando com atenção. Não se contendo em imaginar como ela já estava, ou como seriam seus pequenos detalhes. O beta suspirou erguendo o olhar e deixando um beijo demorado na testa do namorado, que ainda se encontrava entretido com a bebê em seu ventre.
— Eu quero tanto segurar você, filha.. mal posso esperar. — Theo murmurou fungando um pouco, mantendo o foco no pezinho de Lori quase que sem piscar. Seu polegar movendo-se com delicadeza sobre ele, pelo menos por mais alguns segundos até sumir de repente. O chimera riu anasalado junto a Liam, sentindo-a se mexer dentro dele meio inquieta. Raeken bufou. — Acho que já tá apertado demais pra ela, não acha? — Ele disse divertido, mirando as orbes para Liam que não hesitou em concordar num aceno breve. — Deve ser espaçosa, como um certo alguém. — Provocou erguendo de leve as sobrancelhas.
— Ei! Não é culpa minha. Eu amo dormir abraçado com você, e sabe disso. — Liam rebateu não disfarçando a manha repentina em sua voz, esboçando involuntariamente um beicinho difícil de resistir em contraste aos olhos de cachorrinho. Ainda mais agora nos momentos mais sensíveis que Theo se encontrava. O mais velho lançou um sorriso contido ao analisar o namorado, mas era perceptível todo o carinho ali.
— Acho que é minha vez de cuidar desse bebezão aqui, não é? — Theo soou retórico adotando uma expressão travessa, mas não anulava o fato de estar falando sério. Liam quis desmanchar a postura manhosa completamente mas fora mais forte que ele, parecendo acanhado. Suas bochechas ruborizando sem aviso prévio. O chimera riu em adoração, inclinando o tronco devagar na direção dele devido a barriga. Ele deixou um selinho demorado nos lábios rosados do mais novo. Olhando com ternura para os olhos azuis ao se afastar. Liam possuía um semblante bobo. — Vem cá, amor. — Pediu convidando-o a se aproximar mais. Chamou o beta com uma das mãos enquanto se ajeitava para deitar de maneira confortável.
Liam sorriu não demorando a engatinhar pelo colchão. Ajudando o gestante com o amontoado de travesseiros e organizando-os de um modo prático para que o mais velho pudesse se aconchegar. O chimera não tardou em sinalizar para que o beta deitasse em seu peito assim que se ajeitou. Dunbar se acomodou com cuidado, pousando sua orelha contra o peitoral antes de levar a mão direita de encontro ao abdômen proeminente ainda exposto. Adorava ouvir os batimentos cardíacos do mais velho. E isso só se intensificou quando soube da existência de sua lobinha.
Theo beijou os cabelos do namorado ao mesmo tempo que deixava um cheiro nos fios macios. Liam elevou o olhar segundos depois, afim de admirar o rosto adoravelmente sonolento do mais velho. Deixou um beijo demorado naqueles lábios, sendo explícito no ato quanto a intensidade do carinho e paixão. O beta pousou a mão em uma carícia suave contra a bochecha esquerda do gestante. Perdendo-se vagamente naquela imensidão verde que eram os olhos do chimera.
— Nossa filha tá chegando, e não importa o quanto pareça assustador. Sempre estarei aqui ao lado de vocês. — Liam murmurou com seriedade, embora o ar atencioso e paciente não tenha abandonado sua feição. Theo assentiu devagar sustentando um sorriso ladino, sentindo-se bem menos agitado que antes. Era sempre assim. Dunbar sempre sabia como o acalmar. Trazê-lo de volta aos eixos.
— Eu te amo. Te amo demais. — Theo disse baixinho. Notando o coração do outro acelerando automaticamente. Só de saber que ainda causava esses tipos de reações no mais novo. O aquecia por dentro de um jeito tão bom. Liam se aconchegou mais no abraço do chimera, movendo devagar a mão pela barriga avantajada em uma vaga massagem. Ainda sentindo os resquícios do hidratante não espalhados devidamente sobre a pele.
— Eu que amo mais. — O beta rebateu como se desafiasse o namorado, roubando mais um selinho do mesmo em seguida antes de se voltar a sua filhote até então quietinha no ventre do outro. Theo riu anasalado negando com a cabeça, esfregando as costas do pai de sua filha enquanto isso.
Ele fechou os olhos sentindo seu corpo relaxar mais. Os carinhos em sua barriga apenas contribuindo para que caísse mais rápido num cochilo até que merecido. Realmente a essa altura entendia como era ter o tal cansaço em excesso que muitas grávidas já reclamaram nos sites que leu em algumas madrugadas de insônia. Não controlava mais suas pálpebras e isso era evidente.
*
Bakersfield, Califórnia
⏰|3:45 PM.|
As ruas de mão dupla praticamente lotadas de carros e outros veículos sendo as vezes dobro ou triplo do tamanho permitido para perambular por aquelas áreas. Peter bufou mais uma vez naquele maldito trânsito. Segurando-se ao máximo para não descontar a frustração no volante. Apertando brevemente o couro preto que o revestia antes de respirar fundo. Havia de fato comprado tal modelo novo. Nessa parte ele não brincou nem um pouco. E durante toda sua procura enfim escolheu levar um Caoa Chery Tiggo 8, lançamento deste ano.
Que de acordo com os funcionários, e claro principalmente de seu ego. Fora o veículo que mais combinou com ele, ao menos esperava que sim. Embora não tenha dado a devida importância como normalmente faria.
Peter apoiou o cotovelo no descanso da porta e esfregou os cabelos para trás em impaciência. Comprimiu os lábios com certa força antes de pressionar meio forte com sua palma a buzina. O som estridente reverberou rapidamente pelo sinal, o que sem dúvida assustou os motoristas mais a frente. Não que o Hale se importasse, apenas para constar. Ele afastou de modo irritadiço a mão dali. Praguejando baixo.
— Não disse que costumava ser paciente? — A voz rouca soou divertida pelos auto falantes do carro segundos depois. Lembrando ao lobisomem que ainda estava em ligação. Há quase três horas para ser exato. Peter revirou os olhos entortando o canto da boca. — Sei quando revira os olhos, Hale. — O homem soou repreendedor de forma teatral. Peter bufou uma risada desdenhosa, tirando os olhos do parabrisa vagamente afim de olhar o painel que indicava a chamada. — Aliás, quando não sei algo, não é? — Não demorou a assumir uma postura convencida. O lobisomem arqueou uma das sobrancelhas.
— Ah, eu posso citar uma agora. — Peter disse sem rodeios, ajeitando-se inquieto no banco. Pendeu a cabeça para o lado ao analisar a ausência de menção para um possível descolamento dos veículos a sua frente. — Por exemplo essa porcaria de trânsito! Me disse pra encontrar você na 24th Street. E nem pra me avisar disso há duas horas atrás. — Reclamou mais uma vez. Ressaltando com desgosto a situação que se encontrava ao rosnar entredentes.
Sem demora a risada baixa e rouca do outro soou da ligação, parecendo nem um pouco incomodado pelo atraso. O Hale negou com a cabeça devagar. Batucando os dedos no volante em puro tédio. As vezes tremendo a perna esquerda que possuía o pé próximo de um jeito tentador do acelerador. Peter admitia estar tão afim de bater no carro da frente que seu lobo até se agitava, no entanto, não queria perder mais tempo com um provável escândalo depois. Ele suspirou em desistência.
— Está tão ansioso assim pra me ver? — A voz preencheu o carro de modo súbito depois de consideráveis instantes na ausência de som. O Hale nunca diria em voz alta sobre o quanto aquela simples frase o fez se arrepiar de um jeito.. irritante por assim dizer. Ele olhou vagamente para o painel acima do rádio, firmando as mãos no volante. Esboçou um sorrisinho surpreendentemente acanhado em seguida. — Seu silêncio te entrega mais do que imagina.. — Acrescentou avisando como se não quisesse nada. Peter se segurou para não debochar.
— Só não esperava que essa cidadezinha me daria tanto prejuízo em poucas horas. — Peter comentou em nítida mudança brusca de assunto. Mantendo o timbre indiferente. Deixava a mostra o mesmo jeitão calculista que qualquer um já estava habituado. Apenas se esqueceu de um detalhe. A pessoa na ligação, o conhecia bem até demais.
— Claro, me convença disso mais tarde.. — Rebateu irônico e despreocupado. Sendo possível ouvir instantes depois alguns ruídos do que pareciam ser lâminas chocando-se uma contra a outra. O lobisomem riu anasalado ao constatar, ignorando o comentário do caçador. Segurou devidamente o volante assim que percebeu a movimentação dos carros, fazendo-o comemorar internamente. Logo iniciou o trajeto pelas ruas outra vez. — E o que você pensou? É a terceira cidade do interior mais populosa da Califórnia. — Disse como se fosse óbvio. Peter soltou o ar pelo nariz com certa preguiça.
— Tive esperança de que esses insuportáveis estariam no trabalho a essa hora, e não indo viajar ou seja lá o que for essa coisa em cima do carro a minha frente. — Peter bufou franzindo a testa analisando o objeto estranho amarrado no teto de uma caminhonete vermelha. Estava todo encapado e não tinha uma forma muito específica. O lobo deu de ombros, virando a esquerda em seguida finalmente saindo daquele tráfego sufocante.
Nunca se sentiu tão grato desde que Derek finalmente admitiu que sua vida amorosa era um desastre antes de Stiles. Ganhou cinquenta dólares naquele dia. Peter suspirou nostálgico com o pensamento.
— Provavelmente ninguém tá preocupado em parar a vida só porque você se irrita fácil, querido. — Chris deixou claro seu desdém na última parte, embora tenha soado atencioso. Peter engoliu em seco arqueando uma das sobrancelhas com o apelido, sentindo-se.. estranho por dentro vagamente. Mas nada como a negatividade rotineira. Ele apertou o volante com um pouco de força outra vez, levando o lábio inferior de encontro aos dentes superiores. Havia um tempo em que não ouvia esse tipo de tratamento vindo do homem na ligação. — Sabia que no fundo sentiu minha falta. Te vejo daqui a 10 minutos. — Foi tudo o que o lobo teve tempo de ouvir antes da chamada se encerrar.
Peter apertou os lábios numa careta sem graça, direcionando as orbes rumo a próxima rua que precisaria seguir. Respirou fundo praticamente brigando com seu ritmo cardíaco estupidamente alterado. Não estava nervoso para esse reencontro, não mesmo. Reafirmou mais uma vez após olhar o caminho no GPS.
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Como nada costumava colaborar para o Hale. Obviamente começou a chover, e não uma chuvinha qualquer de uns quatro minutos ou menos. Parecia um dilúvio, e a cada segundo somente aumentava mais a vontade do lobo de socar o rosto perfeito do caçador.
— Não é possível que hoje estejam testando minha paciência.. — Peter murmurou entredentes. Olhando para cima no parabrisa, observando o modo como o limpador se movia. Não enxergava um palmo a frente direito devido a água pesada caindo, sorte que havia estacionado perto da calçada numa rua deserta aparentemente. Ele olhou para o GPS, notando ter avançado duas ruas depois do destino. — Ai meu saco.. porque inventei de sair da-
Uma batida alta soou na janela do banco do carona. Peter deu um sobressalto em seu acento, expondo suas garras instintivamente ao virar a cabeça na direção do som. Logo reconhecendo a silhueta parada no lado de fora. O vidro meio encharcado mas não impedindo-o de perceber os trajes de couro preto, o velho casaco jeans e porte físico escultural.
O lobo rosnou baixo inclinando-se sobre o freio de mão, apertando a trava da porta. Chris bufou não tardando a entrar. Pouco se importando se molharia o acolchoado do carro. Felizmente, isso não pareceu ser algo que irritaria Peter no momento. O Hale negava com a cabeça em desaprovação, forçando sua vista e saindo com o carro dali assim que avistou uma área mais reservada. Chris inspirou o ar após se ajeitar, passando a mão em seus cabelos molhados grudados na testa.
— Não é por nada não.. mas por que diabos você avançou duas ru.. — Chris sentiu a mão do outro indo contra sua boca, impedindo-o de prosseguir ou emitir qualquer frase.
— Nem ouse terminar. — Peter decretou baixo de maneira tendenciosa, olhando de relance para o caçador antes de afastar sua palma do rosto confuso. Seus olhos focados na estrada. — A culpa não foi minha se parece que o mundo vai acabar e não enxerguei a maior parte do trajeto por causa da água. — Acrescentou sarcástico porém, soou menos agressivo. Chris esboçou um sorriso ladino. — Acho que tem uma toalha trás.. — Disse num resmungo. Virando o volante afim de entrar num beco.
— Eu ia perguntar o porquê. Mas tô com frio, então quem liga. — O caçador deu de ombros curvando o canto dos lábios numa expressão despreocupada antes de se esticar. Esgueirou-se por entre os bancos afim de vasculhar algumas das sacolas no chão. Peter desviou vagamente o foco para o Argent assim que a blusa do mesmo subiu um pouco. O lobo suspirou pesado, levando a atenção de volta ao modo como manobrava o veículo. Estacionou de uma vez, e sorte que o local possuía telhas que serviram como cobertura improvisada.
— O tempo é sempre assim aqui ou hoje tá sendo só de sacanagem mesmo? — Peter murmurou retoricamente ao analisar a chuva pelo vidro com uma feição entediada. O caçador no banco ao lado riu baixinho enquanto esfregava a toalha pelo pescoço e cabelo. Havia retirado a jaqueta, percebendo estar relativamente seco na blusa social que trajava.
— Não vou mentir, não era pra tá chovendo assim. — Chris apertou os lábios num sorriso fechado, olhando rapidamente para a janela não dando muita importância. Atraiu a atenção de Peter, que bufou negando com a cabeça analisando-o com desdém. O caçador revirou os olhos, pousando a toalha nos ombros. — Não mudou nada. Gosta de tudo do seu jeito, não é? — Desafiou cinicamente, inclinando-se um pouco na direção do lobo. Peter arqueou uma das sobrancelhas, subindo o canto dos lábios formando um sorriso ardiloso. Também se aproximando.
— Você tem as informações que eu pedi? — O Hale foi direto, sustentando a típica expressão travessa. Exceto que seus olhos azuis carregavam uma intensidade meio incomum ao observar bem os do caçador, que não hesitou em retribuir da mesma maneira. Chris umedeceu os lábios, guiando cada vez mais seu corpo para frente.
— Claro que sim.. — O humano garantiu em sua cotidiana pose confiante, a voz rouca e timbre aveludado. Peter pareceu satisfeito, mas não conseguia desviar o olhar do Argent. Este que lentamente analisou uma última vez o rosto do lobo, antes de tomar uma ação que estava se corroendo para executar a horas a fio.
Logo o homem se moveu para frente acabando com qualquer espaço que poderia restar entre suas bocas. Peter paralisou por alguns instantes devido a surpresa, mas então se viu retribuindo sem conseguir evitar. Não que quisesse de qualquer maneira. O lobo levou a mão esquerda para segurar a nuca do caçador afim de puxá-lo mais para si, sentindo seus lábios se movendo numa sincronia prazerosa. As línguas se entrelaçando aos poucos num ritmo divertido. Peter rosnou baixo quando sentiu seu lábio inferior ser sugado. Chris sorriu de relance no meio do ato.
— Você ainda rosna quando faço isso.. — O caçador comentou num murmúrio, depositando mais um selinho lento contra os lábios rosados do Hale. Sentindo os dedos do lupino em sua nuca num dedilhar reconfortante. Embora Peter não quisesse admitir, o indivíduo a sua frente o tinha nas mãos. Chris riu anasalado contemplando cada detalhe no rosto do outro, acariciando a barba rala com o polegar. — Mas voltando a sua pergunta...
— Que bom que começou com uma ótima recepção antes de jogar a desgraça. — Ironizou o lobo emitindo uma risada fraca. Chris deu de ombros prestes a se afastar, mas então recebeu repentinamente mais um selinho contra seus lábios. O caçador piscou surpreso, dirigindo um sorriso fechado ao Hale que se ajeitou no banco. — Prossiga. — Disse neutro, observando a chuva.
— Estive trabalhando com esse pessoal a alguns anos. Somos responsáveis por averiguar todo e qualquer tipo de perigo supostamente eminente para o lado dos sobrenaturais.. — Chris mantinha seu timbre sério, postura um tanto profissional apesar de não precisar no momento. Mal notou o sorrisinho orgulhoso que Peter esboçou no canto dos lábios a medida que o ouvia. — Esse "pessoal novo" que atacou vocês. Estamos observando eles a algum tempo. — O Hale captou a breve cautela que o outro usava no trimbre. Seguiu escutando-o. — A má notícia é: ainda não descobrimos um jeito de acabar com tudo isso. É uma organização grande com equipamentos de primeira linha. Ainda é o máximo que coletamos. — Ele suspirou visivelmente insatisfeito, apertando os lábios e observando o rosto do lobisomem. Peter retribuiu o olhar após alguns segundos, sua feição indecifrável.
— Acha que temos chance de mantê-los longe de nós? Pelo menos até.. — Peter ponderou ao desviar o olhar para um ponto qualquer no painel do carro, a preocupação nítida. Chris entreabriu os lábios buscando palavras certas. A feição do caçador num misto de surpresa e compreensão. Nunca vira o lobisomem daquele jeito. — Até o bebê do bando nascer. — Disse de uma vez, voltando logo a mirar as orbes azuis ao Argent. Este que arregalou de leve os olhos.
— E-Espera, bebê? Que bebê? — Franziu a testa se mexendo meio inquieto no banco afim de se inclinar minimamente na direção de Peter. Sentindo um sentimento estranho pairando em seu peito ao cogitar algo vagamente. Examinou a linguagem corporal do Hale, logo engolindo em seco. Será?..
— Não, a filhote não é minha. — O lobisomem se adiantou em dizer. Abafando uma risada no fundo da garganta ao analisar os sinais químicos do homem grisalho. As sobrancelhas do caçador franzidas, postura meio tensa. O quase palpável aroma de ciumes e apreensão adentrando suas narinas. Peter esboçou um sorriso ladino, assistindo Argent bufar.
— Sabe que tô com uma arma e katanas né? — Chris usou um leve timbre divertido, embora internamente possuísse uma vaga verdade que não passou despercebida. Peter curvou o canto dos lábios numa teatral reação impressionada. Seu rosto se aproximando do outro. — Cretino.. — Murmurou o caçador, descendo de relance o olhar para os lábios rosados do lobo que até a alguns minutos atrás estavam colados nos seus.
— Por incrível que pareça. A filha não é minha, e sim do Theo e do Liam, aquele beta do Scott. — Peter rebateu ainda sustentando sua expressão cínica. Chris ergueu de leve as sobrancelhas antes de franzir cada uma em nítida intriga. — É uma longa história, mas ela vai nascer logo e não podemos correr mais riscos. — Disse sincero. Sua expressão suavizando minimamente, não estava fazendo isso para benefício individual. Era novo, e bem sério.
Chris assentiu compreendendo ainda pensativo, levando a atenção para um ponto qualquer no rádio digital do carro. Peter não conteu suas ações e guiou a mão esquerda de encontro ao queixo do Argent, trazendo o foco devagar para ele outra vez. O grisalho esboçou de maneira quase imperceptível um sorriso em resposta.
— É uma barriga de aluguel ou algo assim? — O caçador questionou ainda meio confuso e um tanto curioso. Peter mordeu o interior da bochecha numa espécie de expressão hesitante, ainda que claramente se divertisse com o primeiro raciocínio do homem. Chris soltou o ar pelas narinas em uma impaciência clara, pousando a mão no braço do outro. O lobo se ajeitou discretamente no banco, enquanto puxava em seus pensamentos as palavras certas.
— Já ouviu falar em gravidez masculina, certo? — Foi o melhor que ele conseguiu. Sua expressão incerta sendo até cômica para quem visse de fora. Chris ergueu as sobrancelhas surpreso, piscando vezes seguidas ao tombar a cabeça para o lado. A informação processando em sua mente.
— Só em.. homens trans. M-Mas.. — O caçador franziu a testa. Seu raciocínio viajando antes que ele pudesse formular outra pergunta envolta de suas dúvidas bagunçadas. Logo seu semblante mudou para puro espanto. Peter quis rir mais uma vez, mas se conteve. — Espera, o quê?! — Ele engoliu em seco analisando o rosto do lobo. Não poderia ser sério, ou..?
— Pelo visto, tenho muito a atualizar você. — Peter comentou num timbre brincalhão, deixando um carinho no queixo do Argent usando o polegar. Chris carregava aquela expressão impressionada. O Hale suspirou observando o outro com ternura, depositando em seguida um selinho demorado nos lábios do caçador, que não viu outra alternativa a não ser fechar os olhos e aproveitar. Era quase automático.
Ainda que não admitissem, esses toques sempre os ajudavam a manter a calma até onde eram capazes de lembrar. E tanto tempo afastados só servia como um impulso silencioso para tais instintos. O lobo encerrou contragosto o beijo, seus rostos próximos a centímetros. Chris olhou fundo nas íris azuis do Hale, notando-as brilhando naquele azul que ambos conheciam bem. O caçador inclinou o canto dos lábios numa sombra de um sorriso.
— Então.. sugiro que comece agora. — O Argent disse gesticulando uma das mãos em um incentivo. Peter assentiu arqueando uma das sobrancelhas, seu ar convencido assumindo suas feições mais uma vez. Chris suspirou revirando os olhos, ajeitando-se ficando de frente no banco assim como o Hale. — Porque não tô afim de arranjar problema com meus superiores, estes sim não têm paciência alguma. — Comentou desviando o olhar vagamente para o lobo. Peter riu de escárnio levando a mão esquerda ao volante numa postura despreocupada. A chuva mais fina a essa altura.
— Não muito diferente de você. Só que a diferença nítida é que posso beija-lo sem levar algum soco na cara ou algo parecido. — O lobo deu de ombros sustentando um sorriso ladino, redirecionando o olhar de relance para verificar Chris. Este que lhe encarava com uma feição indecifrável. Peter riu anasalado. — Quer dizer, não mais.. — Acrescentou num murmúrio. Os olhos voltados para a estrada, concentrado em sair do beco.
— Continua engraçadinho nas melhores situações.. — Chris resmungou ironizando enquanto analisava as ruas aleatoriamente. Sua expressão permanecendo séria, ainda que seus sinais químicos indicassem o contrário. Peter deu um meio encolher de ombros comprimindo os lábios tentando conter um sorriso travesso. — Que bom que isso não se esvaiu de você com o tempo.. — Acrescentou sincero num tom baixo, como se não quisesse afirmar. O lobo entreabriu os lábios meio sem jeito.
— Acredite. Há muitos lados meus, que só você tem acesso, então.. — Peter soltou o ar pelas narinas como se estivesse cansado, e até poderia ser. Mas não se tratando do físico propriamente. Chris piscou algumas vezes como se processasse a informação, virando a cabeça para encarar a lateral do rosto do lobo que parecia não ter coragem de retribuir o contato visual. — Só.. me diz um lugar reservado que conto tudo a você. — Ditou de forma direta claramente desconversando. Chris fechou a boca concordando em um aceno, redirecionando o foco para a estrada.
— Vou indicando o caminho. — Apenas disse em um timbre neutro. O silêncio dominando o veículo logo depois a medida que a chuva ia cessando. Peter assentiu mínimo mantendo a atenção no trajeto. — E.. saiba que foi bom ouvir isso. Você nem sempre foi de falar as coisas assim. — Comentou um tanto nostálgico, deixando o silêncio pairar novamente.
— Acho que não é só o bando McCall que está passando por mudanças. — O lobo rebateu depois de longos segundos. Tomando uma ação que honestamente Chris não esperava.
Ele moveu a mão livre guiando-a rumo a esquerda do caçador, entrelaçando seus dedos sem hesitar quando foi trocar de marcha. Quase como se fizessem isso há muito tempo.
Argent direcionou as orbes examinando o lobo, vendo-o com um sorrisinho fechado. Realmente, ser atualizado seria mais que necessário agora.
~~~~x~~~~
SIM EU BOTEI ESSE CASAL PQ NEH
OLHA PRA ESSA QUÍMICA MINHA GENTE 💃🛐
Ah e eu esqueci de avisar uma coisa que reparei ano passado nessa minha história 👉👈
Então, quando comecei a planejar ela e tudo mais, na época eu não sabia direito a linha do tempo em que se passou a última temporada de Teen Wolf (Sempre achei confusa e acho até hoje sksks) Logo fiquei com a nossa linha do tempo ( temporada 6 - 2017 e tals)
Fui saber agora mais ou menos que a última temporada (no universo de teen wolf) terminava em 2014, ou seja, essa minha linha do tempo tá toda errada. E eu adoraria arrumar e tals pq parece que thiam tem até que bastante tempo de relacionamento, mas na verdade eles não têm.
Segue o raciocínio. Theo engravidou no final de 2019 e vai ter a baby agora no início de 2020 (Era pra dá a impressão de que: Thiam tá nessa de só se pegar e tals desde início de 2019 |isso até o Liam chamar o Theo pra morar com ele|Então a necessidade do lobo do Liam em reivindicar o Theo como dele, oficializar a relação deles e tudo, só veio ficar ainda mais forte devido a gravidez) Então 2019 era meio que pra ser 2014. E 2020 era pra ser 2015 (?) Eh, sei que essa droga ficou bem confusa skskkwkeb
Porém, o ponto é: Vamos fingir que tá tudo certinho? Akwkksk deixar o tempo dessa história próximo mais ou menos com o tempo daqui.
Pq sinceramente não tô com tempo pra editar todos esses caps grandes, então sinto muito pra quem fica incomodado com linha de tempo errada, eu realmente não sabia na época :( no máximo quem tem mais tempo de namoro é Sterek sksksks eles foram tipo "quem perde tempo é relógio gente" mas enfim
O que mais surpreendeu vocês nesse cap? 👀
O próximo cap sai logo, vou me empenhar pra terminar o 38 e começar o 39 mais rápido pra poder disponibilizar o 37 pra vocês. Aí vou fechar esse livro e abrir outro (pra ficar mais organizado) pq será focado na infância da baby e o modo como thiam vão criar ela e sem contar nos outros casais que tbm tô desenvolvendo no meio dessa história (e os outros acontecimentos reservados pra esse período novo que vai entrar tbm 👀)
Ai tô ansiosa 😢
E sim, vocês não entenderam errado. O pai do Adam tá vivo rs 🌚 e o ator que selecionei é o Jason Momoa. Ator de Aquaman hihi eu amo esse cara pqp não me segurei
Enfim, até a próxima meus amores 🛐🛐❤️❤️❤️❤️ e feliz ano novo adiantado
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