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° Chapter 30 °

Gente sjwkekdjs ai desculpa por ficar demorando, eu dei a loka e tô escrevendo três obras ao mesmo tempo e olha que uma delas é adaptação e talvez saia mais rápido 😂❤️

Agradeço de verdade pela paciência que continuam tendo cmg, prometo ir adiantando mais pra chegar logo no momento em que todos estão esperando e não só o nascimento da nossa pequena mas tbm de muitas outras revelações dos vilões 🌚

Aiai, espero que gostem desse também ❤️💕💘

Boa Leitura!

~~~~x~~~~








Beacon Hills. (01/12/16) |Domingo|


Os mesmos corredores escuros e úmidos. Havia um tempo considerável desde que pisou naquele lugar. Seus pés descalços se movendo sempre naquele ritmo lento e hesitante. Sua respiração engatada e a garganta seca. A maneira como seu corpo reagia ao medo antecipado era irritante. Ele sabia qual era seu fim, então para quê todo esse suspense?

Theo respirou fundo mantendo sua caminhada por aquelas passagens sombrias. As luzes embutidas no teto oscilando de maneira constante durante o trajeto. O chimera parou um pouco olhando ao redor e logo estranhando o silêncio incomum. Onde ela estaria se não pronta para arrancar o órgão vital que lhe pertencia? Ainda mais agora que estava totalmente entregue para isso. Sem forças para lutar há muito tempo.

Ele engoliu em seco piscando os olhos rapidamente afim de impedir as lágrimas de se formarem. Os tempos em que passou chorando encolhido dentro dos compartimentos do necrotério o deram forças para fazer isso. Não poderia mais chorar se o que estava recebendo agora era por puro merecimento.

Moveu suas pernas em passos calmos e se sentou no chão. Sentindo seus músculos tensos e doloridos agradecerem. Fechou os olhos um pouco, por um momento sentindo-se despreocupado. Até uma de suas mãos irem de encontro a própria barriga avantajada que por algum motivo não se recordava, fazendo-o arregalar os olhos em resposta. O chimera ofegou baixo, descendo o olhar no mesmo instante.

— Não, não.. — Theo murmurou em nítido desespero, olhando ao redor alarmado. Ele organizou os pensamentos e constatou que deveria sair daquele corredor o mais rápido possível. Precisava tirar forças para não se render ao medo tão facilmente. — Eu não vou deixar ela machucar você.. eu prometo. — Sussurrou enquanto movia a mão devagar para acariciar o abdômen. Ele logo apoiou as costas contra a parece, erguendo-se novamente.

O corredor parecia ter se estendido. Era como se ele não encontrasse nenhuma saída e somente portas travadas, deixando apenas o lado de fora como opção. Theo praguejou baixo entre dentes ao tentar abrir mais uma passagem. Ele apoiou a mão contra a barriga em nítida proteção enquanto olhava ao redor de maneira apreensiva. Afastando-se da porta dupla trancada igualmente a outras que passaram por seu percurso. Tentou pensar rápido sem deixar de observar todo o local atentamente.

Theo.. Theo..

O chimera rosnou baixo virando a cabeça de maneira frenética, seus pés movendo-se contra o piso gélido de modo rápido. Ele precisava lutar, lutar por sua filha. Isso não sairia do controle dessa vez.

Theo...

O chimera virou a esquerda assim que chegou no final do corredor, passando por algumas portas estranhamente enferrujadas e maltrapilhas. Isso estava o oposto do antigo cenário. Aquele inferno evoluiu para apenas confundir e aterrorizar ainda mais sua mente cansada. Quase podia sentir a presença de Tara cada vez mais perto. Aquele lugar parecia ter ganhado incríveis metros quadrados a mais, no entanto, sem nenhuma mísera saída. Ele merecia tudo isso, mas sua filha não. Ela tinha o direito de viver, e Theo garantiria isso.

Mas tudo foi por água abaixo quando ouviu passos firmes e desleixados no início do corredor, juntamente a uma respiração descompassada. Ele reconhecia aqueles ruídos, e seu coração acelerou de imediato em resposta. Suas mãos tremendo quase sem controle enquanto abraçava a própria barriga ainda de costas. Fechou os olhos com força. Theo precisava tentar, implorar para que o deixasse viver.

Ele se virou respirando fundo diversas vezes. Deparando-se com a figura de Tara parada a consideráveis centímetros dele. O peito aberto e um tanto apodrecido a mostra, os ossos e algumas artérias penduradas ao redor do espaço oco. O chimera engoliu em seco dando alguns passos para trás, assistindo a outra se aproximando assim que o notou recuando. O olhar frio e totalmente vazio.

— T-Tara, por favor. — Theo pediu em um murmúrio, erguendo uma das mãos enquanto a outra permanecia firme em seu abdômen. — Só dessa vez.. me escuta..

Os passos dela se tornaram apressados, o olhar em seu rosto pela primeira vez demonstrando alguma emoção. A irritação em sua carranca deixou as pernas de Theo bambas.

— Eu imploro.. não machuca ela, por favor. — Ele pediu em meio as lágrimas já derramadas. Afastando-se o máximo possível. Não permitiria que algo assim chegasse a sua filha. — Tara! Me escuta, ela.. não fez nada a você. Ela.. precisa de mim. Por favor, só dessa vez..

Sua voz se tornou ausente assim que faltavam poucos centímetros para ela finalmente alcançá-lo. Ele sentiu as costas colidindo contra a parede. A respiração presa na garganta enquanto assistia sua irmã se aproximando cada vez mais. Mais alguém morreria por sua culpa, e dessa vez.. seu castigo seria assistir sem poder lutar de fato. Pelo menos esses foram os exatos pensamentos que atravessaram seu raciocínio antes que um rosnado alto preenchesse seus ouvidos. Theo ofegou surpreso, assistindo Tara ser arremessada para longe dele. Tudo pareceu se passar em câmera lenta depois disso.

Liam surgindo em meio a escuridão. Os olhos amarelos brilhantes se destacando na estranha falta de luz agora meio densa. As garras visíveis assim como seu olhar raivoso direcionado a garota agora caída do outro lado do corredor. O beta rosnou evidenciando suas presas pontudas. Tara se levantou aborrecida com os olhos atentos e cheios de ódio.

Liam rugiu mais uma vez antes de avançar, correndo em passos firmes na direção da garota que também apertou o passo. Ambos se chocaram de maneira brusca, distribuindo socos e chutes entre si. Tara parecia não se cansar, e muito menos sentir alguma dor quando recebia algum soco no rosto ou abdômen. O beta se empenhava nos golpes com as garras e chutes precisos.

Theo não conseguia entender como havia voltado para aquele maldito lugar e nem o porquê de estar nele com seu namorado e filha. Ele só gostaria de voltar para casa e esquecer que um dia esteve naquele purgatório. O chimera chorava silenciosamente enquanto assistia a cena, segurando-se ao máximo para não ir até eles e se meter na briga. Ele sinceramente queria ter avançado, apenas para impedir a cena a seguir.

Liam recebeu um golpe no rosto e em seguida um chute na perna, fazendo-o cair. Tara não tardou em puxar o garoto pelas pernas, colocando-o em uma posição mais viável. O beta olhou para Theo como se dissesse estar sem forças. A garota logo subiu em Liam, levando a mão ao peito dele. Dunbar entreabriu os lábios.

— Fuja.. salve nossa filha.. — Foi tudo o que o beta conseguiu murmurar ao longe. Seus olhos brilhantes e atentos encarando o homem que amava. Mal notou quando seu órgão vital foi arrancado do peito. Os olhos antes brilhantes, apagando-se no mesmo instante. Theo sentiu o ar faltar nos pulmões ao assistir a cena.

— Não!! Liam!






Theo abriu os olhos subitamente. Seus pulmões queimando como se tivesse passado longos minutos inalando gás carbônico. O mais velho encarou o teto do quarto, piscando os olhos repetidas vezes enquanto respirava fundo, seus lábios tremeram de leve em resposta. A vontade de chorar forte como nunca. Ele se virou no colchão devagar deitando de lado, observando a figura adormecida de Liam a sua frente, fazendo-o se sentir um pouco aliviado. Mas seus olhos não demoraram a marejar, e ele soltou um suspiro trêmulo ao mesmo tempo em que levava a mão de encontro a sua barriga. A bebê executou alguns chutes fracos contra a palma dele. Diminuindo minimamente o pânico vivo em seu peito. Óbvio que os pesadelos atacariam, por que ele ainda tinha esperança de que finalmente o deixariam em paz?

Theo analisou o rosto do beta com a visão meio desfocada devido as lágrimas que já se encontravam escorrendo pelos cantos de seus olhos. Ele levou a mão esquerda de encontro a bochecha do namorado, acariciando a pele rosada suavemente. Memorizando o fato do beta estar com ele e vivo. Os soluços iniciaram sem que Theo pudesse evitar. Alguns soando mais altos que outros sem conseguir conter um se quer. Parecia que todas as forças que tinha para esconder suas emoções tinham se esvaído com o passar do tempo. O mais velho não aguentou a pequena distância entre eles. E logo se esgueirou com cuidado para perto do namorado. Passando os braços pelo tronco dele rapidamente, escondendo o rosto no pescoço quente do beta. Precisava sentir o calor do corpo do outro contra o dele, o cheiro principalmente. Ele fechou os olhos com força. Seu corpo tremendo por conta dos soluços dolorosos.

Liam acordou levando apenas alguns instantes, franzindo a testa em confusão por conta da sonolência. Sentiu de repente seu pescoço molhado e isso serviu de alerta para o despertar mais rápido. Levou a mão esquerda de encontro aos cabelos bagunçados do namorado agarrado a ele, acariciando as madeixas lentamente. O beta arregalou os olhos em preocupação ao notar Theo literalmente em prantos nos seus braços, sentindo um aperto angustiante no peito. Apenas puxou o chimera para mais perto de si, tomando cuidado com a barriga do mesmo.

— Meu amor, hey.. — Ele chamou usando um tom baixo e gentil perto do ouvido de Theo. O outro apenas se agarrou mais no beta, tentando juntar mais ambos corpos, mas devido a barriga avantajada. A aproximidade que queria não estava tão simples assim de conseguir. O mais velho choramingou baixo em frustração, e Liam suspirou esfregando as costas do mesmo, tentando pensar no que fazer. Logo uma ideia passou por sua mente, sabendo que isso teria chances de acalmar o namorado.

O beta se moveu devagar pelo colchão com o outro firme em seus braços, sentando-se na cama e apoiando as costas contra a cabeceira. Liam respirou fundo trazendo o chimera para seu colo com toda a delicadeza, notando o mesmo passar as pernas em cada lado e logo acomodar-se sobre suas coxas sem pestanejar. Theo abraçou o pescoço do outro de maneira desesperada, chorando alto e doído contra a pele agora encharcada. Liam passou um dos braços ao redor da cintura do chimera, abraçando-o protetoramente enquanto levava a outra mão para os cabelos do mesmo. Iniciando um cafuné lento. 

— Já passou, meu amor.. — Liam sussurrou docemente, distribuindo alguns beijos suaves contra o ombro do outro. O beta desceu os lábios para o pescoço de Theo, depositando beijos demorados sobre a pele. Mantendo a massagem lenta no couro cabeludo. Theo respirou fundo algumas vezes em busca de ar, deitando a cabeça no ombro do namorado e inalando o cheiro que tanto lhe acalmou ao longo dos anos. — Vocês estão aqui, e estão bem. — Assegurou o beta em um tom rouco mesmo que não soubesse com exatidão o que estava acontecendo. Seu tom era firme apesar de sonolento. O mais velho apenas assentiu em resposta, concentrando-se em normalizar sua respiração mesmo que ainda chorasse baixinho.

Liam esfregou as costas do mais velho um pouco por debaixo da blusa, logo levando a mão para executar o mesmo na barriga do namorado. Alisando a pele macia do abdômen suavemente, sentindo uma vez ou outra os chutes fracos e firmes de sua filha. Ele sussurrou algumas palavras doces no ouvido de Theo que suspirou trêmulo parecendo mais tranquilo depois de longos segundos, mas permanecia nos braços do namorado. Optando por ficar ali por mais alguns instantes.

— Você.. morreu pelas mãos da.. Tara.. — Theo murmurou depois de um tempo, soando embargado e visivelmente amendrotado. Algumas lágrimas a mais caíram, e ele soluçou novamente. — E-Eu não consegui lutar por você.. nossa filha, ela iria..

— Sh.. tá tudo bem, foi apenas um pesadelo.. — Liam o interrompeu no mesmo instante. Passando os dedos pela nuca do mais velho em carícias lentas. Theo fechou os olhos quase que imediatamente, sentindo seus músculos relaxando aos poucos. Ele procurou se concentrar no batimento cardíaco de sua pequena, e não demorou para ter o som desejado preenchendo seus ouvidos. Juntamente com os batimentos cardíacos de Liam. — Não foi sua culpa o que aconteceu ontem.. Você só estava tentando ajudar.. — Acrescentou em um sussurro, afastando de maneira breve o chimera de seu pescoço para poder encarar ele nos olhos.

— E-Eu.. quase a matei por tentar ajudar.. — Disse Theo em tom cabisbaixo e trêmulo, abaixando o olhar em nítida vergonha e arrependimento. Ocasionando em mais lágrimas derramadas. O beta negou com a cabeça, erguendo o olhar do namorado pelo queixo em seguida. Ele pousou a palma contra a bochecha rosada, movendo o polegar devagar para enxugar a pele.

— Me escuta.. você não  tem culpa, ouviu bem? — Liam disse usando um tom firme para enfatizar o advérbio de negação. Logo se inclinando e depositando beijos demorados nos lábios do mais velho, bochechas, testa. O chimera fechou os olhos em reflexo ao sentir os toques gentis dos lábios do outro em seu rosto. Ele ainda possuía uma expressão tristonha e olhar meio apagado, mas se sentia bem e mais calmo comparado a minutos atrás. — Vem cá.

O beta ajudou Theo a se sentar de lado sobre suas coxas. Certificando-se de acomodá-lo com cuidado em seu colo novamente antes de passar os braços ao redor dele em um abraço acolhedor. Liam trouxe o mais velho para deitar a cabeça contra seu peito, acariciando os cabelos do mesmo com a mão esquerda enquanto a outra permanecia firme segurando-o pela cintura. Eles gostariam de poder permanecer assim o resto do dia.

— Você é especial demais pra continuar chorando, okay? — Liam sussurrou de repente próximo ao ouvido do outro. Ocasionando em um rubor automático nas bochechas do mais velho que esfregou o rosto contra o peitoral dele em resposta. Theo logo buscou a mão do namorado antes em seus cabelos, e entrelaçou seus dedos rapidamente. Trazendo-a para perto de si. O beta beijou a testa do mais velho outra vez. Deixando o silêncio perdurar por um tempo.



*


Um baque alto reverberou pelo loft assim que as costas de Isaac colidiram contra uma das vigas de concreto que habitava na sala. O beta fechou os olhos em reflexo devido a dor, mas não se sentia nem um pouco irritado por receber esse ato. Ele merecia isso afinal. Por ter sido tão egoísta e insistir em uma ideia que poderia ter custado a vida de uma criança inocente. Lahey suspirou trêmulo e apenas pousou as mãos sobre as de Scott que o seguravam pelo colarinho com força. O alpha rosnava furioso, juntamente expondo seus olhos vermelhos e brilhantes.

— Eu não disse para ser cauteloso?! Ou para que se retirasse mesmo que Theo insistisse em continuar?! — Disse Scott entre dentes, apertando os dedos contra o tecido da camisa do outro. Lahey apenas tossiu em resposta, e o alpha piscou os olhos em nítido espanto ao analisar suas ações. Só então notando que estava enforcando o cacheado, no entanto, ele nem teve tempo de se afastar por conta própria de qualquer maneira.

Derek tentou segurar Adam a tempo. Mas quando o coiote se deu conta já se encontrava rosnando e correndo na direção de Scott sem conseguir controlar suas pernas. Aubert agarrou o alpha por trás com toda força que não tinha conhecimento de que habitava em seu corpo, cravando suas garras no tecido grosso do casaco de couro que McCall trajava. Ele logo puxou o moreno para longe de Isaac, arremessando-o contra o chão para bons metros longe de seu amigo.

O garoto francês não hesitou em se colocar na frente de Lahey. Rosnando ameaçadoramente e estreitando os olhos agora brilhantes na direção de Scott. Isaac arregalou os olhos ao assistir a cena, passando uma das mãos pela garganta antes de segurar o mais novo pelo ombro afim de impedi-lo que avançasse, colocando-o perto de si rapidamente. Não permitiria que uma briga entre o alpha e o coiote iniciasse, pois tinha conhecimento de quem sairia o mais machucado disso tudo.

Derek bufou preocupado, caminhando na direção de Scott e levantando-o do chão com facilidade. O alpha respirou fundo diversas vezes tentando controlar seu lobo, lançando um olhar mortal na direção de Adam que ainda mantinha uma postura inquieta com relação a ele. McCall desvencilhou as mãos do outro de seu corpo de um modo aborrecido. Mas virou a cabeça vagamente para dar um olhar grato ao Hale. Ele não gostaria de cometer uma loucura bem agora em que todos estavam com as cabeças cheias demais para problemas novos.

— Se vai passar a maior parte dos minutos enforcando ele. Vocês não tem nem o que conversar no que depender de mim. — Disse Adam em um tom neutro com sua feição séria. Totalmente o oposto daquele garoto tímido e amoroso. Scott arqueou uma das sobrancelhas, erguendo o canto do lábio superior em um rosnado audível. Suas pernas se moveram bruscamente quase avançando no coiote se não fosse Derek segurando-o outra vez. Fechou os olhos em seguida, forçando-se a se acalmar mesmo que aparentasse ser difícil no momento.

— Tudo bem, Adam. — Isaac assegurou em um murmúrio. Sua voz estranhamente calma. Ele segurou o coiote pela cintura afim de retirá-lo do caminho. Aubert apertou os lábios em uma expressão apreensiva ao analisar a situação meio incerto. — Scott está certo de qualquer maneira. Eu devia ter saído de lá enquanto ainda podia.

— Que bom que reconhece. — Scott disse subitamente em tom duro, cruzando os braços contra o peito enquanto olhava o cacheado de cima a baixo sem conseguir evitar. Não deixando de se sentir surpreso com a maneira como sua voz sôou. Mas ele logo ignorou isso, deixando o instinto de proteção falar mais alto. — Porque eu disse com todas as letras. Theo é teimoso, e se ele insistisse em continuar mesmo demonstrando sinais de que estava desconfortável. Era para você simplesmente sair. — Acrescentou entre dentes a última parte. Notando seus músculos dos ombros incrivelmente tensos. Talvez não fosse somente a raiva pelo incidente do dia anterior.

— Scott! Ele errou está bem?! Todos nós erramos quando concordamos com essa ideia, a propósito. — Lydia se pronunciou de repente. A irritação passando de maneira explícita em meio as suas palavras. Adam logo direcionou o olhar a ela, assentindo em concordância. — Mas graças a ele também. O bebê está vivo e bem, ou pensa que tirar toda a dor de Theo foi algo completamente inútil?! — A banshee sôou irônica. Caminhando devagar até estar ao lado de Adam para encarar o alpha devidamente.

Scott bufou dando um olhar vago para cima, encarando o teto e apoiando as mãos no quadril em busca de paciência. Ele fechou os olhos um pouco, comprimindo os lábios em uma feição frustrada antes de logo voltar a atenção aos outros. Estreitando os olhos na direção da Martin em nítida indignação.

— Não, claro que não. — Respondeu calmamente. Seus olhos castanhos encarando a ruiva. — Eu só.. queria não ter concordado com isso... — Negou com a cabeça confessando, caminhando na direção do sofá e se apoiando de costas contra o encosto.

— Mas concordou. E agora é focar no que precisamos fazer. — Lydia rebateu em seguida. Não se importando se estava sendo dura demais. Ela simplesmente perdeu a paciência para se quer pensar em ser cautelosa agora. Não perderiam tempo brigando. — Isaac se cura como um daqueles mutantes do X-men agora. Temos que tentar descobrir o que causa isso.. — Acrescentou entre um suspiro cansado, esfregando o rosto com uma das mãos. Desde a última visão. As noites de sono para ela se tornaram estranhamente turbulentas.

Scott assentiu em seguida sem dizer nada. Seus olhos voltados para o chão visivelmente pensativo. Ele mordeu o interior da bochecha, batucando os dedos contra o tecido do sofá. Logo ergueu a cabeça de repente, olhando diretamente para Isaac com um ar sério. O alpha se desencostou do móvel, ajeitando a postura e rumando na direção do cacheado em passos firmes e lentos. Ignorando o rosnado e a carranca de Adam assim que passou pelo garoto.

Isaac deu alguns passos para trás, sentindo suas costas contra a viga de concreto novamente. Scott se colocou em frente a ele. Não dando a mínima para o espaço pessoal no momento. O alpha apoiou um dos braços ao lado da cabeça do beta. Estreitando o olhar levemente. Isaac engoliu em seco pela aproximidade, seus olhos voltando-se de maneira vaga para os lábios de McCall sem conseguir evitar. Estava sendo demais sem dúvida, mas o outro parecia aborrecido além da conta para se quer pensar o mesmo.

— Se o bebê não tivesse sobrevivido. Saiba que você poderia fazer como antes sem problemas. Simplesmente dá um fora dessa cidade, e nem precisar se preocupar em dar notícias depois. — Disse Scott em um sussurro amargo. Assistindo o olhar do cacheado mudar para leve indignação e nítida mágoa. O alpha logo deu impulso com o braço na viga, afastando-se e voltando para perto do sofá outra vez sem olhar para trás. Não permitiria que o cacheado visse realmente o quanto o passado ainda o afetava.

Lydia cruzou os braços suspirando e negando com a cabeça, trocando um breve olhar com Derek que apenas deu de ombros com a feição neutra. Todos disseram para McCall não optar por fingir que o que aconteceu não significava nada, e agora estava explodindo mesmo que tentasse evitar a todo custo. Um breve silêncio se instalou.

Isaac permaneceu parado onde estava. Seus olhos cabisbaixos examinando o alpha a distância. Ele gostaria de simplesmente ir embora como o outro havia dito e não causar mais problemas para ninguém, mas ao mesmo tempo queria consertar tudo. Ter a oportunidade de fazer diferente, no entanto, ele nem tinha mais certeza se teria a tão desejada chance. Lahey se encolheu um pouco com esse pensamento.

Adam possuía uma feição preocupada, e alternou o olhar entre Scott e Isaac. Logo  apertando os lábios em uma carranca descontente ao entender. Sentindo um sentimento estranho no peito. O coiote respirou fundo negando com a cabeça, passando por Lahey sem dirigir o olhar a ele. Pronto para subir as escadas até que precisou parar seus passos assim que sentiu o celular vibrar no bolso traseiro. Ele franziu a testa, levando a mão para a origem do som.

— Número desconhecido.. — Murmurou ao olhar o visor antes de apertar no clássico botão verde. Logo levando o celular até o ouvido. Respirando fundo em espera de alguma manifestação.

Senhor Lahey? Adam?  — Uma voz rouca e com forte sotaque francês preencheu seus tímpanos. Fazendo-o piscar os olhos algumas vezes em confusão e surpresa. Isaac se aproximou um pouco do coiote em curiosidade, apoiando-se no ombro do garoto para ouvir devidamente mesmo que tecnicamente não precisasse.

— Pode falar, senhor Angelle. Estamos ouvindo. — Isaac respondeu dessa vez, franzindo levemente o cenho em intriga. Um pigarro sôou do outro lado em seguida, e o beta cacheado arregalou os olhos minimamente assim que foi recebendo as informações em um francês um tanto rápido. Ao longe Scott escutava atentamente, tentando entender alguma coisa. Derek não estava diferente. Era perceptível o nervosismo do homem na ligação por conta da respiração meio descompassada. Todos prestavam a devida atenção enquanto isso.

Comment se fait-il que toutes les caméras aient été désactivées?! Avez-vous vu quelqu'un de suspect avant de quitter le comptoir? — Isaac praticamente gritou no celular de repente, agarrando o dispositivo das mãos de Adam com rapidez. O coiote bufou negando com a cabeça, concentrando-se em seguida para ouvir na breve distância. O garoto gradativamente adotou uma feição alarmada.

Scott ao longe engoliu em seco ao ouvir a fluência de Isaac. Ele mordeu o canto dos lábios levemente, arqueando uma das sobrancelhas em surpresa ainda assimilando o falatório do loiro. Sentindo inevitavelmente uma fisgada sútil e bem conhecida em sua virilha. McCall suspirou fundo fechando os olhos de maneira vaga, negando com a cabeça rapidamente se repreendendo. Não era momento para pensar naquilo, não mesmo.

D'accord, j'ai compris. Pouvez-vous m'envoyer I'enregistrement, s'il vous plaît. Je I'apprécie vraiment. — Isaac disse em meio a um suspiro, levando a mão livre e inquieta para escovar seus cachos longos para trás em frustração. Logo retirou o celular do ouvido, encarando a tela ansiosamente. Uma notificação surgiu em seguida antes da linha enfim se tornar muda. Lahey apertou os lábios ainda mantendo os olhos no aparelho.

O alpha se bateu mentalmente por não ter investido em francês quando teve chance. Seu cérebro parecia uma espécie de computador dos anos oitenta neste momento. Não conseguiu nem decifrar os contextos para uma possível tradução. Apenas restou permanecer com um olhar pateticamente confuso e preocupado. Diferente de Derek que aparentemente compreendeu cada palavra, pois sua expressão se assemelhava com a de Adam e Lydia. O alpha bufou fraco, sentindo a preocupação aumentar a medida que os segundos passavam.

— Invadiram nosso apartamento.. — Isaac murmurou, parecendo ainda meio desnorteado com a informação. Caminhou na direção de Adam, devolvendo o celular ao coiote em seguida.

— Todas as câmeras do primeiro até o décimo quinto andar, sofreram algum problema técnico e foram desativadas.. — Adam completou em um tom baixo e irritado com leve assombro no olhar, e isso não passou despercebido por Isaac que logo se inclinou para puxar o outro para perto de seu corpo. Tentando passar alguma segurança. O coiote se aconchegou contra o mais alto automaticamente. — Exceto uma câmera... — Acrescentou, levantando o olhar do chão para encarar os demais. Não tardou em estender o celular na direção de Derek, fazendo o mais velho se aproximar no mesmo instante.

— Ele mandou a gravação? — Scott questionou apenas para se certificar, assistindo Adam assentir prontamente em resposta. Caminhou para perto dos outros afim de ver o vídeo. Suspirando inquieto ao ver a capa da gravação pausada no visor.

Derek logo apertou no play, e Lydia correu até eles com expectativa em sua expressão. Mostrava a princípio apenas um corredor quieto com a breve movimentação de funcionários e moradores. Adam assistia ao lado de Derek com a feição visivelmente nervosa, logo levando uma das mãos até a boca afim de roer as unhas em uma mania quase involuntária, mas Isaac interrompeu o ato no mesmo instante sem desviar os olhos do celular, entrelaçando seus dedos nos do mais novo. O coiote engoliu em seco, sentindo um frio incomum na barriga. Mas não tardou em ignorar isso. Concentrando-se na gravação ao contrário de Scott que lançava um olhar despeitado na direção dos dois de maneira breve. O alpha suspirou, voltando-se ao visor do dispositivo a tempo de ver algo estranho acontecendo.

Um rapaz apareceu de repente, postura desconfiada e passos cautelosos demais. A câmera dava leves falhas na imagem, mas a qualidade com certeza não estava nenhum pouco comprometida. Adam trincou o maxilar em aborrecimento ao ver o rapaz do vídeo retirar de seu cinto até então bem camuflado uma pistola. O corredor possivelmente encontrava-se deserto, pois o homem sem hesitar chutou a porta com força, estilhaçando-a. Isaac rosnou baixo entre dentes, sentindo Adam lhe dar um aperto gentil na mão. O loiro respirou fundo.

Passaram-se alguns minutos irritantemente longos até o rapaz retornar para o lado de fora, parecendo descontente por encontrar o apartamento vazio. Scott comprimiu os lábios em uma feição tensa, trocando um breve olhar com Lydia. O homem refez o caminho pelo corredor em passos rápidos dessa vez, deixando o estrago que havia feito para trás. A gravação chegou ao fim depois disso, e todos se entreolharam angustiados.

— Ainda bem que você não ficou pra trás. — Isaac murmurou de repente, olhando diretamente para Adam que esboçou um sorriso mínimo, tentou para ser honesto. O cacheado suspirou negando com a cabeça, desviando o olhar para o chão e assumindo uma expressão pensativa. — Eu ainda cogitei essa ideia. Eu sou um idiota mesmo.. — Resmugou a última parte. O coiote bufou impaciente.

— Para. Esquece isso. — Adam pediu em um tom sério, pousando a mão livre no ombro do mais alto e deixando um aperto carinhoso no local. Seus olhos azuis gentis observando o cacheado. Isaac apertou de leve os dedos do menor contra os dele em resposta.

Alguém logo pigarreou ao longe. E os garotos viraram a cabeça em direção ao som. Scott tinha os braços cruzados contra o peito, e uma expressão estranhamente neutra, diferente de seu olhar inquieto. McCall apenas arqueou uma das sobrancelhas.

— Caçadores, então? — Disse o alpha usando um tom sugestivo. Dirigindo o olhar para Derek em seguida que ponderou um pouco antes de assentir meio incerto com a hipótese. O Hale adotou uma feição pensativa.

— Pode ser, mas isso não muda o fato de que foi tudo muito estranho. O cara ir simplesmente sozinho em um andar para matar dois sobrenaturais com apenas uma pistola carregada como garantia.. — Disse Derek com as sobrancelhas franzidas em intriga. Seu tom denunciando irritação apenas por pensar na hipótese de caçadores voltando a infernizar mais uma vez. Quando isso iria acabar?

— Tiveram outros problemas antes do desaparecimento dele? — Lydia questionou direcionando o olhar a Adam. O coiote logo devolveu o olhar, negando com a cabeça. — Certeza? — A ruiva insistiu.

— Sim. Eu ia de manhã trabalhar em um café lá perto, e Isaac pro turno da noite em uma boate...

— Boate? — Scott arqueou uma das sobrancelhas curioso. Adam direcionou um olhar irritado ao alpha por conta da interrupção, franzindo a testa um pouco. — Não notou nenhum movimento suspeito? Alguém vigiando você? — McCall dirigiu o olhar para Isaac, ignorando outra vez o coiote. Assistindo o cacheado assumir um olhar pensativo.

— Todos que frequentavam eram estranhos e arrogantes. — Isaac deu de ombros indiferente ao se recordar. — Mas ninguém parecia estar me observando, estavam interessados demais nas bebidas. — O beta respondeu em um tom neutro, desvencilhando devagar sua mão dos dedos de Adam para cruzar os braços em seguida. Scott suspirou fundo, assentindo depois de alguns segundos.

— Dúvido que sejam só caçadores agora... — Murmurou Adam, descendo o olhar apreensivo para o chão e encarando seus pés. Apoiando-se no encosto do sofá. Isaac logo caminhou na direção do coiote, colocando-se ao lado do menor e passando um dos braços pelos ombros dele.

— Infelizmente.. vou ter que concordar com essa.. — Isaac respirou fundo, sentindo o mais novo apoiar a cabeça em seu ombro em um ato automático. O cacheado trocou um breve olhar com Derek que respirou fundo visivelmente tenso. Lahey com certeza ligaria outra vez afim de conseguir mais explicações.



*



— Pretende concertar a porta? — Questionou Theo em tom baixo e um tanto divertido, esboçando um sorriso de canto de maneira fraca sem desviar os olhos da televisão. Liam riu anasalado, acariciando os cabelos do chimera deitado de costas em seu peito.

Depois de muita insistência vinda do beta. Eles comeram alguma coisa, e logo resolveram apenas passar o resto do dia aconchegados no sofá. Liam temia profundamente que o outro executasse qualquer força extra, e não queria que o mais velho se esforçasse e muito menos ficasse sentado no chão ou algo do tipo. Eles tinham planos para terminar o berço esta manhã, mas devido as circunstâncias Dunbar preferiu não optar por isso. E o chimera não deu sinais de que reclamaria. Para a surpresa de Liam. Sendo completamente honesto, Theo se encontrava mais quieto que o normal. Emotivo às vezes e pensativo demais. O beta sentia um aperto no peito ao constatar isso, e gostaria de verdade de simplesmente poder levar todas as preocupações do namorado.

— Ela não está quebrada. Eu só.. arrebentei a maçaneta.. — Disse o beta dando um meio encolher de ombros, soando um tanto acanhado. Theo riu baixo negando com a cabeça. — Fica tranquilo, já dei um jeito nisso. — Liam assegurou em um tom baixo e gentil antes de depositar alguns beijos contra os cabelos bagunçados do chimera. Theo logo se aconchegou mais contra ele em resposta, buscando uma das mãos do mais novo e trazendo-a de encontro a sua barriga avantajada. O beta esboçou um sorriso largo no mesmo instante, movendo rapidamente a palma para debaixo do tecido da blusa e esfregando a pele em um carinho suave e lento. O mais velho suspirou em satisfação.

— Nossa menininha.. — O chimera murmurou de repente. Seu coração acelerando e dando leves palpitações, dando uma sensação reconfortante. O sorriso que surgiu de forma lenta em seu rosto era terno e leve apesar de tudo. — Como será que.. as coisas vão ser?.. — Questionou em um tom curioso, mas era evidente a repentina insegurança. Liam apenas permaneceu com as carícias no abdômen do outro. Ao mesmo tempo em que deixava alguns beijos suaves pelo pescoço do mais velho. — Será que ela.. vai gostar de mim? — Theo engoliu em seco ao expor a grande dúvida que rondava sua mente. Sua voz soando mais receosa do que gostaria. O beta em resposta o apertou carinhosamente em seus braços.

— Ela vai amar você.. — Liam disse em um sussurro perto do ouvido do outro. Suas palavras transbordando sinceridade. O chimera apertou os lábios em uma expressão aliviada, respirando fundo e levando a mão esquerda para pousar a palma sobre a mão do namorado ainda em sua barriga. Raeken parecia pensativo.

— Vocês são a melhor coisa que eu poderia ganhar.. — Ele disse em tom calmo. Liam esboçou um sorriso leve em resposta antes de beijar demoradamente a bochecha do mais velho, permanecendo com os lábios colados contra a pele rosada. Ocasionando em um riso fraco e meio choroso no chimera. O beta não tardou em entrelaçar seus dedos, mantendo as mãos agora unidas sobre a barriga de Theo. — Se alguma coisa tivesse acontecido com ela... — Acrescentou cabisbaixo, negando com a cabeça. Sentindo sutilmente um leve aperto angustiante em seu coração. Sua voz soando trêmula sem conseguir conter.

— Mas não aconteceu. — Liam disse de maneira gentil, mas sua voz não deixou de soar firme perto do ouvido do outro. Lembrando sobre o fato que realmente importava agora. O chimera suspirou fundo, descendo o olhar para a barriga exposta e dando um aceno fraco em seguida com a cabeça. O beta movia carinhosamente o polegar contra o dorso da mão de Theo. — Ela está bem.. e é tão forte quando nós dois juntos. Acredite. — Acrescentou em um murmúrio. Sentindo o mais velho executar um leve aperto em seus dedos unidos. A tristeza exalando do chimera não era um odor tão intenso, mas de qualquer forma preocupava Liam. Não demorou para um leve fungar soar. O beta negou com a cabeça ajeitando-se no sofá. Abraçando de maneira protetora o corpo quente contra o seu.

— E-Eu.. só queria não me importar mais com o passado.. — Theo murmurou engolindo em seco, tentando afastar o nó que se formou em sua garganta. Seus olhos sem desviar de seu abdômen. Ouvindo a respiração lenta do namorado contra sua nuca. Os braços firmes e aconchegantes rodeando-o. Liam apoiou o queixo no ombro do outro, mostrando estar ali para ele. Raeken suspirou pesado. — Tentei de verdade... Mas quando me dei conta. Eu já conseguia ouvir eles.. aquelas vozes... — Disse em tom baixo. O nítido assombro carregado na voz. O chimera se mexeu minimamente nos braços do namorado, virando um pouco a cabeça afim de encarar as orbes azuis do outro.

Liam comprimiu os lábios em uma expressão compadecida. Inclinando-se apenas alguns centímetros até que descansasse sua testa contra a do mais velho. Theo fechou os olhos brevemente, sentindo aos poucos a aflição repentina abandonar seu corpo. Quase como se pudesse respirar outra vez sem aquele peso. Poderia se passar anos, e o chimera nunca entenderia com exatidão como o mais novo conseguia acalmá-lo em um único ato.

— Você possui cicatrizes quanto ao que aconteceu.. querendo ou não. Você é humano, Theo. E mesmo que tente forçar. Todos tem um certo tempo pra lidar com as feridas. Inclusive você. — Liam disse de forma delicada, deixando breves selinhos carinhosos nos lábios do outro em seguida. Theo suspirou lançando um olhar meio cabisbaixo ao outro, ajeitando-se devidamente para deitar de lado devagar por conta da barriga antes de passar os braços pelo pescoço do beta em um abraço necessitado. O chimera escondeu o rosto no pescoço do namorado, sentindo o cheiro inebriante do mesmo.

Liam o segurou firmemente pelo tronco. Embalando-o em seus braços e levando uma das mãos de encontro aos fios curtos na nuca do mais velho. Ele moveu os dedos devagar em um carinho suave e relaxante na concepção do chimera. Theo logo fechou os olhos um pouco ao receber os toques, sentindo as poucas lágrimas teimosas que se formaram escorrendo por suas bochechas lentamente. O mais novo deixou beijos suaves e estalados pelo pescoço do outro, trilhando um caminho curto até o ombro enquanto esfregava as costas tensas em um ritmo lento.

— E-Eu mereço me sentir assim de qualquer maneira.. fiz tanta coisa a você e ao bando.. — Theo disse de modo abafado. Sua voz saindo trêmula e um tanto embargada. O peito do mais velho doía minimamente por estar tentando reprimir o sentimento. Sua cabeça parecia querer revirar de propósito nesse momento todas as atrocidades que fez para as pessoas que hoje estão ajudando-o. Liam não hesitou em negar com a cabeça ao ouvir a afirmação. Intensificando as carícias na nuca do outro.

— Você foi manipulado quando criança, amor... tudo aquilo fazia algum sentido pra você na época... — Liam disse devagar, escolhendo cuidadosamente suas palavras. O chimera apenas fungou e aconchegou-se ainda mais no namorado. Theo chorava silenciosamente outra vez, mas não se sentia tão desamparado como há horas atrás. — Mas o importante agora.. é que você se arrepende, e sabe que aquilo não era seu único propósito. — Sua voz soando em tom baixo. As palavras preenchendo os ouvidos do mais velho e causando uma sensação leve e reconfortante que acalmou o turbilhão de emoções em seu peito. — Mesmo que pense que não tem um lugar no mundo.. você tem, e merece ser feliz como qualquer outra pessoa... V-Você me mostou a felicidade, Theo.. — Confessou o beta de repente, e o mais velho por alguns segundos sentiu seu corpo paralisar. Assimilando as palavras recém ditas. Liam suspirou fundo, levando uma das mãos até a barriga do chimera meio coberta pela blusa. Pousando sua palma contra o pedaço da pele exposta. — Vocês dois..

— Eu amo você... — Disse Theo quase que subitamente, ouvindo em resposta o coração do beta acelerando. Sempre era assim quando diziam um para o outro as clássicas três palavras. Liam apenas o beijou no pescoço mais algumas vezes, sua mão direita firme na barriga avantajada. — Eu amo você e.. amo nossa filha.. Obrigado de verdade por tudo. — O chimera não se lembrava de quantas vezes já havia agradecido o mais novo, no entanto, nunca se importaria em declarar tal sentimento mais cem vezes.

Liam o aconchegou mais entre suas pernas em seguida, certificando-se em manter o namorado em uma posição confortável. Permaneceram enrolados nos braços um do outro deixando em fim o silêncio dominar o cômodo. O beta movia devagar a palma contra a pele do abdômen do chimera em um carinho constante. Theo fechou os olhos, deitando a cabeça no ombro do mais novo e suspirando. Raeken nunca admitiria em voz alta, mas desde que descobriu a gravidez havia realmente aprendido a gostar dessas carícias em sua barriga. Ainda mais vindas de Liam. 

O mais velho quase podia sentir o sono querendo dominar sua consciência novamente, porém, fora desperto de forma inusitada ao sentir repentinamente um chute forte vindo de sua filhote. O chimera deu um leve sobressalto nos braços de Liam. Logo levando a mão para o local onde havia recebido o breve golpe. Theo ofegou surpreso, esboçando um sorriso tolamente maravilhado. Liam compartilhava do mesmo sentimento, sua feição radiante evidenciando. O chute havia sido bem onde sua mão acariciava.

— Parece que temos uma jogadora de futebol por aqui.. — Liam comentou dando um riso fraco, descendo o olhar fascinado para a barriga do namorado. Mantendo os carinhos suaves contra a pele. Theo deu uma breve gargalhada baixa, voltando a deitar a cabeça no ombro do mais novo. Levou apenas alguns segundos, mas logo o beta sentiu outro chute novamente, e no local exato onde sua mão estava. O chimera resmungou baixo em surpresa pela breve dor que sentiu, mas estava impressionado demais com a ondulação visível que apareceu na superfície da pele para se importar. Liam piscou atônito, mal notando que seus olhos estavam marejando.

— Você já quer falar com o papai, meu amor? — Theo direcionou o olhar a sua barriga, ajeitando-se minimamente no peitoral do beta para ter uma visibilidade boa. Sua voz soara meio embargada devido ao choro anterior, mas era notório o tom tolo e amoroso que usara para falar com sua pequena. Liam tinha os lábios entreabertos, esboçando uma feição um tanto cômica. O garoto não sabia o que pensar ou dizer. Seu coração acelerado fora notado pelo chimera, mas o mais velho podia sentir a felicidade exalando dos sinais químicos do namorado. Seus poderes escolheram um bom dia para não estarem tão ruins. — Ela tem pernas fortes, igual a você.. — Acrescentou em um tom divertido, levantando o olhar para encarar o outro. Deparando-se com as pequenas lágrimas que já se encontravam descendo pelas bochechas rosadas do beta que ainda possuía um olhar meio perdido junto ao sorriso bobo pairando nos lábios. Theo não tardou em levar a mão esquerda de encontro ao rosto do mais novo afim de limpá-las um pouco, acariciando a pele suavemente.

— Tenho pernas fortes, é? — Disse Liam em um tom meio trêmulo e risonho, inclinando-se mais para o toque do namorado ainda sem desviar os olhos da barriga do mesmo. Theo riu baixo negando com a cabeça, sentindo as carícias em seu abdômen voltando novamente. A bebê ainda se mexia de maneira sutil, e o beta simplesmente não conseguia desviar a atenção. — Será que ela vai gostar de Lacrosse? — A pergunta saiu antes que pudesse se conter, e Theo esboçou um sorriso genuíno pela maneira adorável como seu namorado estava agindo. O chimera inclinou um pouco a cabeça para frente, plantando um beijo estalado na bochecha do mais novo. Liam logo sentiu um leve rubor tomando conta de seu rosto.

— Se ela gostar de Lacrosse tanto quanto gosta de você. Vai ser demais pra mim.. — Disse Theo em um tom divertido enquanto revirava os olhos, mas ao mesmo tempo havia um olhar indignado na feição do mais velho. Liam demorou um pouco para assimilar as palavras do outro, mas ao entender franziu de leve a testa em uma expressão engraçada, desviando o olhar para enfim encarar o rosto meio emburrado do chimera.

— Alguém está com ciumes. É isso mesmo? — O beta comentou arqueando uma das sobrancelhas de maneira zombeteira, assumindo uma expressão convencida. Ocasionando em um olhar desdenhoso no chimera. Theo bufou uma risada e negou com a cabeça, desviando o olhar sem graça do rosto do beta e brincando com um fiapo solto na blusa do mesmo. Dunbar deu um riso curto, retirando devagar a mão da barriga saliente e levando-a de encontro ao rosto do mais velho. Ele levantou gentilmente o queixo do namorado, trazendo o olhar dele para si. Logo tendo a visão daquelas orbes verdes. — Sei que tem medo de não ser bom nisso... E acredite, eu também tenho. Mas.. ela vai ver o quanto você é incrível, assim como eu vi. — Liam garantiu em tom baixo. Levando a mão para acariciar os fios macios na nuca do outro.

Theo apenas apertou os lábios esboçando um meio sorriso acanhado. Desviando o olhar algumas vezes antes de enfim focar nos olhos azuis atentos a sua frente. Liam deu um riso fraco, guiando o outro pela nuca de maneira gentil para que deitasse a cabeça em seu ombro novamente. O chimera suspirou fundo aconchegando-se, fechando os olhos quase que no mesmo instante. A mão do beta não demorou para se esgueirar até a barriga outra vez, retomando os carinhos firmes e lentos.

Liam respirou fundo, sentindo seu corpo relaxar no estufado a medida que seus ouvidos eram preenchidos pela respiração lenta e tranquila de Theo. Seus olhos se voltaram para o teto, e não demorou muito para deixar sua mente viajar um pouco sem que de fato notasse.

A ficha parecia que finalmente havia caído. Ele seria pai daqui a alguns meses, e de uma menina. A pessoa quem ele mais amava carregava sua filha, sua garotinha. Com esse pensamento o beta esboçou um sorriso terno quase que em um ato automático. O sentimento inquieto em seu peito era novo e ainda meio difícil de descrever. Apenas sabia que faria de tudo por sua filhote; iria ler para ela, brincar com ela de tudo o que não pôde brincar com seu pai biológico. Ajudá-la nos deveres e estar lá quando pesadelos resolvessem aparecer. Liam comprimiu os lábios sentindo sua respiração engatar um pouco. Sua mão pousada contra a barriga do mais velho, sentindo os breves chutes que a mesma ainda executava em sua palma. O beta sentia uma vontade louca de sair por aí pela rua anunciando para todos. De forma alguma se arrependia de ter incentivado o chimera a levar tudo isso a diante. Não seria fácil obviamente. Mas ele não se importava com esse pequeno fato nenhum pouco.

Suas pálpebras com o passar dos minutos começaram a pesar mesmo que o beta tentasse evitar. Havia demorado para cair no sono durante a madrugada, e se sentia meio sonolento. Piscou os olhos algumas vezes afim de se manter desperto mas foi em vão. Ainda mais com o cheiro de Theo tão próximo e juntamente com o corpo do mesmo em cima de si. Estava quase se rendendo ao cansaço. Quando subitamente um barulho um tanto estridente preencheu seus ouvidos. Aprendeu a manter sua audição lupina quase sempre em alerta, e provavelmente dessa não estava paranóico.

Soava como algo se chocando contra um vidro, mas também parecia se tratar de estalos. Vinha do andar de cima, e mostrava-se ser bem insistente. Liam franziu a testa adotando uma postura defensiva. Sentindo a sonolência o abandonar rapidamente.

Theo se mexeu um pouco no peito do beta, levantando a cabeça brevemente para poder percorrer a sala com o olhar. O mais velho encarou as orbes azuis intrigadas do namorado, notando que realmente não era o único a escutar aquele som. Liam passou um dos braços pela cintura do chimera, movendo o polegar lentamente em um carinho suave.

— Fica aqui. Eu vou lá ver o que é isso, e volto rápido, okay? — O beta assegurou ao mesmo tempo em que lançava um olhar pedinte ao namorado. Theo apertou os lábios meio hesitante, mas logo assentiu suavizando um pouco a expressão. Direcionando em seguida o olhar ao teto assim que ouviu o ruído se mostrar mais intenso dessa vez. Liam seguiu o olhar do mais velho, rosnando baixo quase que automaticamente.

O beta levantou o tronco e segurou vagamente Theo em seus braços, colocando-o em seguida com cuidado no estufado do sofá. Liam se certificou em deixar o outro confortável, depositando um beijo casto na testa do mesmo antes de se afastar. Seus passos se mostraram rápidos e nem um pouco hesitantes ao caminhar na direção das escadas. Sumindo pela estrutura de madeira. Theo acompanhou os movimentos do garoto com o olhar, apertando os lábios em leve apreensão.

O chimera suspirou, ajeitando-se no sofá e apoiando as costas contra o encosto acolchoado. Olhando ao redor em uma breve análise pela sala. O silêncio se fez presente novamente, e Raeken de repente sentiu-se estranhamente vulnerável sem a presença de Liam, o que o irritou internamente. Mas não poderia negar mais. Ele precisava do beta agora tanto quanto precisava antes. Theo não sabe ao certo quando começou a odiar ficar sozinho, apenas tinha o conhecimento de que precisava ouvir o batimento cardíaco do namorado perto de si principalmente neste momento.

O mais velho respirou fundo, descendo o olhar para sua barriga coberta e logo levando a mão de encontro a área avantajada. Levantou um pouco a camisa, expondo a pele lisa e o aspecto arredondado que sua barriga assumiu há alguns meses atrás. Theo esboçou um meio sorriso, passando a mão pela pele de maneira lenta. O chimera podia ouvir sutilmente os batimentos de sua filhote. Ela parecia estar tranquila e isso acalmou consideravelmente o coração do mais velho.

— Filha... — Ele iniciou, engolindo em seco rapidamente. Sua mão permanecia firme em seu abdômen, movendo-se em um carinho suave. — Você perdoa o papai? Eu juro... não quis ter feito aquilo, okay?... — O chimera assegurou em um tom manso e gentil. Seus olhos atentos e cautelosos voltados ao ventre. Não choraria outra vez, mas estava sendo o mais transparente possível quanto ao que tentava expressar. — Saí do controle, eu sei.. mas saiba que isso nunca mais vai se repetir.. — Murmurou apertando os lábios em uma feição um tanto melancólica sem conseguir evitar. Logo dando um suspiro longo, concentrando-se apenas em acariciar seu abdômen.

O garoto passou os seguintes segundos assim, mantendo os carinhos em sua barriga enquanto adotava um olhar distraído. Theo batucou os dedos sobre a pele de maneira leve em meio as carícias, mas logo após executar esse mínimo ato. Sentiu um rápido e firme chute contra seus dedos. Fazendo-o arregalar os olhos minimamente em espanto. O chimera esboçou um sorriso terno seguido de um riso curto, batucando os dedos novamente para logo sentir outro chute mais uma vez. Ele levou o lábio inferior entre os dentes, sorrindo de maneira fechada. Aquilo nunca deixaria de ser surreal.

Mas seu sossego foi brutalmente interrompido por uma batida leve e um tanto firme contra a porta. O chimera tensionou os ombros quase que automaticamente, virando a cabeça na direção da origem do som. Theo franziu de leve a testa, tentando aguçar mais sua audição. Mas ao tentar notou que seus poderes resolveram o deixar na mão dessa vez. Ele bufou em frustração, negando com a cabeça ainda sem desviar os olhos da porta. Apertou os lábios meio receoso, no entanto, se levantou devagar de onde estava. Forçando-se a caminhar em passos calmos na direção da entrada. Outra batida sôou depois de alguns segundos, incentivando-o a continuar seu trajeto.

Levou uma das mãos até a maçaneta, e respirou fundo antes de girar a peça. Sentindo seu corpo paralisar brevemente por algum motivo assim que seus olhos encararam a pessoa parada a sua frente.

— Lembra que você me emprestou isso por algum motivo? Enfim, aqui. — Josh esboçou um sorriso mínimo, estendendo em uma de suas mãos uma jaqueta jeans meio surrada. Theo piscou ainda um tanto atônito, direcionando o olhar para a roupa antes de esticar o braço e pegar a peça em um ato rápido. O chimera engoliu em seco, puxando com a outra mão de maneira desajeitada as laterais do moletom que usava para cobrir sua barriga da melhor forma possível, no entanto, a essa altura o outro já havia visto até demais, mas parecia  não dar a mínima para isso.

— E por que me devolver agora? — Theo disse tentando soar descontraído, esboçando um sorriso pequeno e suave mesmo que sua tensão estivesse a mil. Josh deu um riso curto, levando as duas mãos até o bolso da calça em uma pose aparentemente tranquila. O chimera assumiu um olhar neutro, apoiando-se contra a porta aberta e analisando sutilmente a postura do outro.

— Meio que.. fui demitido. — Josh deu de ombros como se o fato que afirmou fosse algo banal. Theo arregalou os olhos minimamente em resposta, entreabrindo os lábios em busca de algumas palavras decentes para dizer, mas nada veio a sua cabeça. Observou o outro de cima a baixo procurando qualquer vestígio de irritação. Mas o olhar do outro permanecia neutro demais, quase que sem emoção com relação a isso. Nada comparado com as últimas vezes em que o garoto se desesperava apenas em pensar na perda daquele emprego. — O Richard encontrou aquela gravação e...

— Como encontrou?! E-Eu sumi com aquilo assim como prometi no nosso acordo... — O chimera se alarmou um pouco mas se forçou a manter a calma. Logo levando a mão que possuia a jaqueta para pousar sobre sua barriga, deixando um carinho discreto ali. Josh arqueou uma das sobrancelhas em uma expressão quase que indiferente. Dando um meio encolher de ombros em seguida. Theo sentiu a culpa inundando seu peito, mas o outro foi mais rápido.

— Acho que você esqueceu de olhar em uma última pasta do arquivo, mas... tudo bem. — Disse o garoto assegurando em um tom irritantemente calmo. Os olhos castanhos mansos percorrendo Theo vagamente. Logo os direcionou para alguém atrás do chimera que então, notou a presença de Liam quase colado em suas costas. Raeken suspirou acalmando-se um pouco, mantendo os olhos atentos no rosto do ex-colega de trabalho. — Já tenho outras coisas em jogo, e.. não precisava mais daquele emprego há muito tempo. Apenas.. demorei para perceber. — Connor acrescentou depois de alguns instantes, adotando uma feição séria de repente antes de descer o olhar de maneira sorrateira para a barriga avantajada do mais velho.

Theo engoliu em seco ao notar esse pequeno ato, e não tardou em abraçar sua barriga lentamente. Liam segurou a vontade de rosnar a todo custo e deu alguns passos a frente, passando o braço esquerdo pela cintura do namorado. O olhar no rosto de Dunbar assustaria qualquer um que tivesse o mínimo de noção. Mas Josh apenas bufou uma mísera risada fraca, voltando a encarar o rosto do chimera. O garoto com certeza estava abusando do autocontrole do outro lobisomem, mas de fato não se importava com mais nada há muito tempo.

— Até qualquer dia, Theo. — Foi tudo o que passou pelos lábios de Josh, logo após dando um breve aceno de cabeça. Virando-se e rumando na direção da rua em passos longos e firmes.

De preferência até nunca mais. — Liam murmurou um tanto raivoso enquanto encarava a figura do outro garoto do lado de fora. A porta não demorou a ser fechada em um baque forte, e Josh apenas esboçou um leve sorriso ímpio antes de continuar seu caminho, deixando um casal inquieto para trás.

Liam bufou forte negando com a cabeça. Demorando para assimilar o que presenciou. Seus ouvidos aguçados ainda permaneceram atentos aos ruídos que os passos do outro executavam do lado externo de sua casa até se tornarem finalmente distantes o suficiente. O beta rosnou baixo entre dentes, levando rapidamente a mão de encontro a fechadura afim de girar a chave, trancando a porta devidamente.

— Você está bem? — Perguntou visivelmente preocupado ao se virar. Deparando-se com Theo apoiado no encosto do sofá com os olhos voltados para o chão e a mão firme protegendo sua barriga. O mais velho parecia em choque, pelo menos até ouvir a voz de Liam. Ocasionando em seu olhar direcionado ao namorado. O beta sentiu um aperto no peito ao notar a aflição estampada naquelas orbes verdes, logo se aproximou em passos rápidos. — Amor, o que ele..

Theo apenas respirou fundo e abriu os braços em seguida, pedindo silenciosamente por um abraço urgente. Liam não tardou em passar os braços pelo tronco do outro em um ato protetor. Sentindo o chimera esconder o rosto em seu pescoço rapidamente. O garoto mais novo arregalou os olhos em preocupação ao perceber o quanto o coração do namorado encontrava-se acelerado quase como se o órgão vital quisesse saltar para fora. Liam esfregou as costas do mais velho lentamente, deixando alguns beijos pelo pescoço.

— Calma.. respira fundo. Está tudo bem. — O beta assegurou em um sussurro próximo ao ouvido de Theo que apenas deu um aceno breve com a cabeça, firmando os braços nos ombros do mais novo. Respirando fundo algumas vezes, precisava se acalmar.

— Liam.. verifica se o coração dela tá acelerado também, por favor.. — Pediu o chimera em um tom trêmulo, fechando os olhos um pouco afim de tentar controlar a tremedeira que iniciou em suas mãos. Theo nunca se viu tão nervoso como agora, mas havia alguma coisa no olhar de Josh.. aquele que apareceu na sua porta com certeza não parecia ser seu amigo.

— Não muito.. mas você está indo bem. Apenas respire fundo. — Liam assegurou em tom baixo, monitorando os batimentos do namorado e de sua filhote até tudo se encontrar estabilizado depois de alguns segundos. Theo suspirou apoiando a testa contra o ombro do beta, sentindo a mão do mesmo em sua barriga executando algumas carícias lentas. O chimera fechou os olhos em alívio. Não arriscaria a vida de sua filha novamente.

— Você viu o olhar dele, não viu? — Theo perguntou em um murmúrio inquieto. Recebendo um aceno fraco do namorado em confirmação. Liam possuía um olhar misto em raiva e intriga. O mais velho suspirou. — Não sei como.. mas ele sabe. Liam, ele sabe..

— Não sei o que deu no Josh. Mas ele não vai colocar um dedo se quer em vocês, okay? — O tom do beta carregava determinação e seriedade. Liam se afastou brevemente para poder depositar um beijo demorado na testa do namorado. Theo fechou os olhos em resposta ao carinho, sentindo-se menos nervoso aos poucos. A mão do mais novo permanecia firme contra sua barriga. Contribuindo ainda mais para retomar o controle. — E-Eu vou.. ligar para o Stiles. — Disse a primeira alternativa que passou por sua cabeça. Retirando devagar a mão do abdômen do outro para alcançar o celular no bolso da calça.

Eles caminharam dando a volta no sofá afim de se acomodar no estufado do móvel novamente, mas Theo permaneceu agarrado no beta que não demorou para o colocar em seu colo outra vez, abraçando o corpo do mais velho contra o seu. Liam ajeitou o chimera em seu peito e logo encarou a tela do celular com a expressão pensativa. Seus dedos então se moveram para a lista de contatos. Torcia internamente para que seu alpha estivesse com o humano.



*



— Não dormiu de novo? — Scott questionou indignado. Observando com a feição um tanto abismada algumas das latas médias de enérgico esquecidas na escrivaninha do amigo. Acompanhava os movimentos de Stiles com o olhar. O humano andava de um lado para o outro em seu quarto afim de procurar papéis supostamente importantes que acabaram espalhados pelo chão por algum motivo.

— Eu não consigo sossegar a cabeça. — Confessou o garoto em um tom frustrado. Agachando-se em um movimento breve para pegar algo no chão perto de sua cama. — Achei! Olha isso. — Pediu e praticamente jogou uma das folhas em sua mão na direção do alpha que precisou se esticar de maneira desajeitada e um tanto rápida no colchão para impedir que o papel atingisse o chão novamente. Estava em uma posição confortável e não muito afim de sair dali. Logo franziu a testa sacudindo um pouco o ofício e lendo rapidamente.

— O tráfico cobre tudo isso da região?! — Scott exclamou chocado, passando o olho pelas informações atentamente. Stiles cruzou os braços assentindo, apertando os lábios em uma feição meio tensa. — E esses círculos vermelhos? — O alpha apontou para os diversos locais marcados no mapa. O garoto logo se sentou na cama ao lado de McCall.

— Organizei e marquei quais são as áreas com o maior índice. Esses são os locais que você está vendo. — O humano explicou e deu um meio encolher de ombros, observando o outro engolir em seco. Tinha mais de dez locais. — O mapa por satélite me deu uma boa visibilidade e percebi uma coisa.. tá vendo esses pontos coloridos? — Scott assentiu para a pergunta feita do amigo, observando os diversos locais pintados com marcador. Logo escutando-o prosseguir. — Separei os tipos de tráficos por cores...

— Sério que você.. — Scott se interrompeu com um suspiro um tanto chocado. Desviando o olhar cansado do papel em sua mão para encarar a feição sem jeito do humano. — Descobriu algo bom ou ruim? — O moreno inclinou o canto dos lábios em um sorriso pequeno sem muita animação. Stiles deu de ombros em um movimento breve antes de pegar com cuidado a folha das mãos do alpha.

— Com tudo o que já analisamos. Acha mesmo que vai sair algo bom disso? — Disse Stiles em um tom irônico, arqueando uma das sobrancelhas e esboçando uma feição óbvia. Scott deu um riso curto assentindo vagamente antes de direcionar o olhar para as informações agora na mão do melhor amigo. Stiles deu um breve empurrão no ombro do outro antes de se voltar para o papel novamente. — Bom, tá vendo os pontos azuis espelhados? Essas são as áreas onde ocorre mais os casos de tráficos de animais nas redondezas..

— Não me admira.. tantas espécies espalhadas por essa floresta.. — Scott comentou de repente sem conseguir se conter, e Stiles se viu concordando em um aceno vago com a cabeça. — E.. os amarelos? — Questionou em um tom hesitante.

— Tráfico de drogas. Por conta da vulnerabilidade da floresta, a pobreza nas cidades da fronteira e a localização. Eles têm vantagens e mais facilidade com isso.. e os locais mais perigosos são esses. — Stiles explicou tentando resumir o máximo, apontando no mapa com o indicador algumas das áreas isoladas e outras que eram a poucos metros de estradas não muito acessíveis. Scott apertou os lábios tentando disfarçar a expressão preocupada.

— Espera.. você usou apenas três cores, sendo que existem diversos tipos de tráficos nessa região, não? — O alpha parecia confuso de repente, mas Stiles não tardou em esclarecer.

— Os outros eram pouco prováveis de terem alguma ligação no caso.. — O humano disse em um tom neutro, observando o outro assentir ainda com a testa franzida. O Stilinski suspirou comprimindo os lábios. — E adivinha.. 

— O quê?.. — Scott mirou de imediato as orbes castanhas para o rosto do amigo um tanto alarmado. Stiles apenas indicou com o olhar onde seu dedo apontava no papel. Evidenciando um dos diversos pontos marcados em cor laranja dessa vez. O alpha engoliu em seco assim que um palpite passou por sua mente, adotando um olhar atento em seguida. — Não me diga que esses são..

— Sim. Tráfico de pessoas, e sabe aquela estrada em que encontraram o corpo.. — Stiles se interrompeu apenas para poder pegar outra folha esquecida ao seu lado. Parecia ser uma página que completava o resto do mapa. Ele logo levou o papel para o campo de visão do amigo, mostrando um local específico marcado em laranja. — Essa estrada aparentemente é onde ocorre o maior número de pessoas desaparecidas...

— Isso é realmente preocupante, mas o que aquela família estava fazendo em uma região como aquela na América do sul, afinal? — Scott questionou gesticulando um pouco, esboçando uma feição indignada. Stiles arqueou as duas sobrancelhas em um movimento breve, sinalizando estar de acordo com o raciocínio do amigo.

— Não sei exatamente para onde estavam indo, mas meu pai disse que a América do sul foi apenas uma parada necessária que precisaram fazer. — Scott franziu a testa em uma feição desconfiada. Stiles continuou. — Depois de passarem pelo desembarque do aeroporto na capital. Foram a procura de hotéis próximos para ficar pelo menos uma noite, e logo iriam pegar outro vôo pela manhã. Foi o que a mãe disse no depoimento. — O humano suspirou fundo após dizer tudo em um único fôlego, ocasionando nos olhos castanhos do alpha arregalados em surpresa. Scott pousou uma das mãos no ombro do Stilinski, pedindo silenciosamente para o mesmo ir mais devagar. — Desculpa.. acho que tomei energéticos demais..

— Você nem devia se quer ter bebido um gole disso, idiota. — O alpha revirou os olhos respirando fundo, adotando um olhar pensativo logo depois. Stiles esfregou o rosto em exaustão, inclinando-se vagamente para deitar a cabeça no ombro de McCall que o abraçou no mesmo instante. — Então.. o garoto provavelmente saiu para perambular pela cidade, e aí que..

— Alguém o pegou lá, Scott.. e ele provavelmente estava sendo observado há um tempo... se tinham conhecimento sobre a natureza dele.. — Stiles murmurou cabisbaixo. O olhos inquietos direcionados a cama. O alpha mordeu o canto do lábio inferior, notando seus músculos mais tensos que antes se fosse possível.

— Querem alguma coisa dos sobrenaturais.. mas o quê?! — Scott murmurou aborrecido, negando lentamente em frustração. Logo apoiando a cabeça contra os cabelos do amigo, ouvindo o mesmo suspirar. — E aliás.. hoje..

— Por favor, não me diz que você encheu o Lahey de porrada.. — Disse Stiles entre risos fracos, recebendo um leve tapa em sua nuca. O humano resmungou, levando uma das mãos até o local atingido. — Qual é!

— Eu queria ter arrebentado ele. Só pra costar. — Scott confessou entre um suspiro forte. Seus olhos castanhos descontentes encarando um ponto qualquer no colchão. Stiles se ajeitou assumindo uma feição um tanto cautelosa e preocupada ao analisar o melhor amigo, mas o alpha negou com a cabeça em seguida no intuito de afastar sua mente de específicos pensamentos. Logo direcionou o olhar ao humano. — Então, aquela ideia que eu e Lydia concorda...

— Ah não! O que aquele tonto fez?! — Stiles se alarmou no mesmo instante ao entender onde o outro queria chegar, observando de maneira inquieta o rosto do amigo. Scott lançou um olhar um tanto culpado ao Stilinski.

— Ele simplesmente escutou qualquer desculpa que Theo tenha dito e prosseguiu com aquela conversa. Não saiu quando viu que as coisas não estavam caminhando bem, e.. — O alpha se interrompeu brevemente, respirando fundo tentando conter a raiva momentânea, controlando o tom de voz um pouco. — Theo quase perdeu o bebê... — Finalizou com pesar, rosnando baixo em reflexo e abaixando a cabeça por breves segundos. Stiles entreabriu os lábios esboçando uma feição chocada. Sentindo a leve raiva o corroer.

— Mas que merda.. — O humano praguejou irritado, levando as duas mãos para cobrir o rosto. Seu corpo logo desabou na cama de maneira brusca. Stiles negou com a cabeça. — Como eles estão? Isso tudo aconteceu ontem e ninguém pensou em me avisar?! — Ele despejou as perguntas de maneira afobada. Soando meio abafado por estar cobrindo o rosto. A agonia borbulhando em seu peito, mas era visível em seu tom a indignação. Scott bufou uma risada desanimada.

— Com a confusão não me avisaram também. Fui saber pela minha mãe quando chegou a noite em casa, e ela não me contou tudo.. — O alpha murmurou a última parte, esfregando os cabelos e afastando um pouco dos papéis espalhados pela cama antes de enfim se deitar ao lado do amigo. Um suspiro longo e pesado atravessando seus lábios em reflexo. McCall direcionou o olhar para o humano em seguida. — Mas.. acabou que.. o bebê é mais forte do que eles pensavam.. — Acrescentou suavizando o tom dessa vez, esboçando um meio sorriso leve em alívio. Ao contrário de Stiles que bufou retirando as mãos do rosto, levando um olhar um tanto aborrecido para encarar o outro.

— Eu preciso de mais detalhes, sua besta. É do meu sobrinho que estamos falando! — Stiles praticamente esbravejou para o alpha. Mal conseguindo frear as palavras saindo. Scott arregalou os olhos levemente em resposta, arqueando uma das sobrancelhas em uma feição divertia e atônita. Stiles piscou ao notar o que havia saído de sua boca, entreabrindo os lábios. — Q-Quer dizer.. — Tentou reformular.

— Não adianta disfarçar. — Scott o interrompeu, esboçando um sorriso fechado logo depois. Seus olhos castanhos analisando a feição acanhada do Stilinski. — Você se importa com a criança tanto quanto o resto do bando. Não precisa fingir comigo.. — Continuou e revirou os olhos vagamente no processo, assistindo Stiles ceder concordando em um aceno mínimo com a cabeça, apertando os lábios e relaxando a expressão. — Vou ver se falo com eles logo.. você pode vir junto se quiser..

Stiles cantarolou em concordância, desviando o olhar para o teto por alguns instantes antes de voltar para o melhor amigo novamente. Scott encarava o teto sobre eles, e parecia quase totalmente imerso em pensamentos. O humano suspirou negando com a cabeça. Ponderando antes executar o que tinha em mente.

— Será que agora... podemos falar sobre como você está lidando com essas mudanças.. — O tom do humano era cauteloso. Atraindo a atenção de Scott no mesmo instante. O alpha adotou um olhar indiferente, ou pelo menos tentou. Remexendo-se na cama um pouco.

— Sempre enfrentamos mudanças, Stiles.. — O alpha rebateu em um tom meio hostil sem conseguir se conter realmente. Ouvindo uma risada irônica ao seu lado logo depois.

— Sabe muito bem que não tô falando disso. — Respondeu usando um tom firme. Seus olhos atentos na expressão fechada do alpha. Scott respirou fundo parecendo ceder. Finalmente virando a cabeça devagar para encarar o amigo. — Reprimir ainda mais tudo o que vc guardou durante esses anos só vai piorar.. — Afirmou deixando a sinceridade transparecer mesmo que McCall soubesse de sua franqueza com relação a esse assunto há muito tempo.

— Eu nem sei se agora vale a pena... as coisas estão cada vez mais bagunçadas.. — Disse Scott em um murmúrio um tanto tristonho. Seus olhos cabisbaixos encarando a feição atenta do amigo. Deu um meio encolher de ombros meio incerto. — Ele tem a vida dele agora, Stiles. E.. está em outra, provavelmente... — Acrescentou entre dentes tentando disfarçar a frustração ao se recordar de um certo coiote baixinho de olhos azuis atrevidos. McCall revirou os olhos minimamente.

— Essa é a palavra chave. — Stiles disse de maneira subita. Soando óbvio e bufando uma risada sem humor. O alpha franziu a testa em confusão, adotando uma expressão impaciente. O humano suspirou ajeitando-se no colchão rapidamente. Deitando de lado. — Chega de achismo. Conversa com ele, idiota. Pois com essa evolução dos problemas. É bom que vocês comecem a trabalhar juntos com facilidade eventualmente... se não dou na cara dos dois. — Explicou em um falatório curto e rápido, esboçando um sorriso fechado e simples. Assistindo o amigo piscar meio atordoado enquanto digeria as palavras, assumindo um olhar até cômico ao receber a sentença. — Isaac sofreu alguma alteração. A cura dele não é igual a de vocês agora, e precisamos de todo foco possível para descobrir. Então..

— Okay. — Scott resmungou interrompendo o outro. Enfim cedendo e respirando fundo, tentando ignorar seu coração acelerado de repente só de pensar que de fato estava disposto a seguir o conselho do amigo. Ambos garotos logo mudaram a postura e se sentaram novamente. Observando os diversos papéis espalhados. McCall lamentou baixo. — Mas agora com isso temos a confirmação, seja lá onde estiver.. Isaac foi levado para o mesmo local onde aquele garoto provavelmente esteve.. — Murmurou cruzando as pernas e apoiando os cotovelos nos joelhos. Stiles assentiu concordando e apertou os lábios em apreensão.

Um silêncio um tanto confortável se instalou depois disso. Permitindo que os garotos mergulhassem em seus próprios pensamentos enquanto analisavam o material em mãos. Pelo menos até o toque estridente do celular de Stiles soar. O humano franziu a testa tentando localizar o dispositivo, logo se levantando da cama em um salto e andando em passos firmes até a escrivaninha. Logo arregalou os olhos em curiosidade ao se deparar com o nome de Liam brilhando no visor. Não tardou em atender, colocando no viva voz no mesmo instante.

Stiles! Me diz que Scott está com você.. — Foi a primeira coisa que ouviu o garoto dizer assim que iniciou seu curto trajeto até sua cama novamente. Scott levantou a cabeça no mesmo instante ao ouvir a voz de seu beta, franzindo a testa em preocupação. Stiles se sentou ao lado do alpha outra vez.

— Hey Liam. Sim, o que aconteceu?! — Scott respondeu rapidamente, mantendo o tom calmo e seus ouvidos atentos. Um suspiro trêmulo e visivelmente angustiado sôou do outro lado em resposta. McCall se concentrou um pouco em seguida, e então pôde notar com exatidão a respiração inquieta de Theo ao fundo que se sobressaía sutilmente do batimento cardíaco um tanto alterado de seu beta. O alpha engoliu em seco remexendo-se na cama. — Liam, vocês três estão bem? Tá me ouvindo?! — Disse subindo um pouco o tom, agarrando o celular da mão de Stiles que resmungou impaciente pelo silêncio.

Scott.. você se lembra do Josh, certo? — Liam iniciou com seriedade e nitidamente irritado, segurando um rosnado durante o processo. Scott cantarolou em confirmação, trocando um breve olhar ansioso com o humano ao seu lado tão atribulado quanto ele. Logo voltando a encarar o visor. — Ele acabou de ir embora faz alguns minutos, e eu juro.. tem alguma coisa muito errada com aquele cara...

— O que quer dizer? — Scott interrompeu o mais novo subitamente. Seu tom sério deixando claro que precisava ir direto ao ponto de uma vez. Liam suspirou fundo do outro lado. A linha se tornando quieta por alguns instantes, evidenciando para McCall que o rapaz estava controlando a raiva ao máximo para conseguir proferir alguma coisa. Stiles apertou os lábios em uma expressão aborrecida e intrigada apenas em ouvir o nome do ex-colega de trabalho estranho de Theo.

Ele apareceu aqui de repente. Veio com um papo estranho, querendo devolver uma jaqueta velha do Theo... um pretexto nítido.. — O beta resmungou entredentes a última parte. Sua respiração inquieta destacando-se em meio ao falatório. O alpha franziu a testa, apertando o celular em mãos devido a irritação atravessando seus sentidos ao entender a situação. Stiles o olhou de canto no mesmo instante, notando os rosnados baixos ecoando do peito do amigo e a postura atenta. — Scott... ele viu a barriga do Theo e não comentou nada sobre. Não parecia nem um pouco surpreso... tinha um olhar estranho.. não sei como, mas esse imbecil sabe. — Disse ressaltando a última parte em um tom angustiado, deixando que um riso curto e nervoso preenchesse a chamada em seguida. Liam já esteve em estados horríveis quanto ao seu descontrole. Mas nunca havia estado tão possesso como agora mesmo que tentasse reprimir. Scott encarou Stiles pela visão periférica.

— Liam, quero que respire fundo primeiro. Sei que Theo está com você e também está nervoso. Isso não vai fazer bem para os três. — Scott afirmou em um tom calmo apesar da tensão. Ouvindo o rapaz mais novo resmugar algo em concordância parecendo executar o que fora sugerido. Foi possível ouvir a voz de Theo soando ao fundo, pedindo em um sussurro gentil para o beta se acalmar. — Ele disse algo a mais? Por que diabos ele faria algo assim sendo que..

Ele não é humano, Scott. — Liam completou rapidamente o raciocínio de seu alpha, e Scott não disfarçou resmungo surpreso que passou por seus lábios. — Ele vem enganando a todos pelo visto. O cheiro dele estava estranhamente diferente.. e ainda ousou em me desafiar.. — O beta acrescentou em um tom indignado, rosnado baixo em seguida. — Eu juro, Scott.. não vou medir meus atos se ele cogitar em por os pés aqui novamente...

— Liam, me escuta. — Scott logo pediu assumindo um tom sério. Escutando um suspiro descontente vindo do outro em seguida. O alpha firmou o celular em mãos. — Não se precipite. Eu e Stiles vamos cuidar disso. Você cuida do Theo e de seu filho, mantenha-se atento mas principalmente controlado enquanto estiver com eles. Me ouviu? — Finalizou subindo um pouco a voz na última parte. Stiles piscou surpreso, tentando assimilar essa postura desconhecida. — Não vou deixar nada ameaçar a segurança de vocês outra vez, okay?

E-Eu sei que não... — Liam sôou menos raivoso dessa vez, como se estivesse finalmente sem sua armadura diária. O beta sempre tentou se fazer de forte, mas uma hora ou outra sempre precisamos extravasar. A voz soando vulnerável e temerosa após um suspiro. — Desculpa, sei que não posso simplesmente.. você sabe.. — O mais novo parecia acanhado. Scott esboçou um leve sorriso de canto em compreensão.

— Não tem do que se desculpar. — Disse McCall gentilmente. Sua voz carregada de sinceridade, o que tranquilizou o beta aos poucos. — Apenas se concentre em Theo e no bebê. Vamos pensar em alguma coisa e tirar isso a limp-

É menina. — Liam disse subitamente, cortando a fala do outro. Scott arregalou os olhos de imediato em resposta. Deixando um silêncio cômico se instalar, parecendo processar a informação. Logo trocou um rápido olhar com Stiles que adotara uma expressão atônita ao ouvir. O alpha quase engasgou com o ar em seguida. Ouvindo de modo distante a risada breve de Theo ao fundo.

— O quê?! SÉRIO?! — Stiles praticamente berrou no celular, esboçando um sorriso largo em seguida que poderia ser considerado assustador se Scott não possuísse um semelhante em sua feição. — EU VOU GANHAR UMA SOBRINHA!


Stiles, cala a boca! — Noah gritou no andar de baixo, sendo prontamente ouvido tanto pelo próprio quanto por seu melhor amigo e o beta na ligação que riu baixo ao capitar. O humano revirou os olhos ignorando o pequeno equívoco, voltando-se para a ligação rapidamente. Scott negou com a cabeça com um olhar divertido.

— Pai de uma menina. Nem acredito que minha mãe não contou! — Scott divagou a princípio antes de comentar a última parte com nítida indignação no tom, mas logo após ouviu uma risada rouca e breve que deduziu se tratar de Theo novamente. — Estou orgulhoso de vocês.. — Acrescentou comovido. A animação repetina ao afirmar. — E fiquem tranquilos. A garotinha de vocês não vai ser mais incomodada no que depender de mim. — Disse com seriedade em meio ao tom acolhedor, direcionando um olhar cúmplice com Stiles que não tardou em assentir com a cabeça adotando uma postura severa.

Mostrariam que quando cogitam em mexer com alguém do bando. O preço a se pagar poderia ser um tanto alto. Ainda mais quando o alpha se mostrava ser o contrário de paciente com o passar dos anos.



*



A porta de dobradiças um tanto enferrujadas rangeu em um som alto e irritante assim que Josh entrou em sua residência. Deparando-se logo na entrada com a visão da zona costumeira que sua casa havia se tornado desde que seus pais deixaram de fazer parte de seu cotidiano. A atmosfera do lugar com certeza faria qualquer um querer acabar logo com tudo. O beta bufou encarando a aparência interna do local sem muita animação antes de se virar em passos breves afim de trancar a porta. Não que fosse resolver alguma coisa caso alguém tentasse invadir, mas era de seu costume.

Caminhou devagar analisando a sala bagunçada. As infinitas latas de refrigerantes e caixas de pizza vazias. Algumas caixas de isopor espalhadas pela mesa média de centro onde antes habitavam seus almoços e jantares prontos. Esse cenário apenas servia como um maldito lembrete de que agora a vida de seus pais estavam praticamente em suas mãos todos os dias. Cada passo, atitude, decisão. Ele suspirou adotando um olhar vazio de repente, negando com a cabeça para logo se dirigir até às escadas. Seus pés escalando os degraus devagar.

Andou pensativo nos últimos dias. Repensando suas decisões e valores, e principalmente quando resolveu se enfiar na mata. Ainda não estava acreditando que de fato havia decidido aceitar aquela proposta. Mas de qualquer maneira era o que aquele chimera merecia por ser tão desatento. Graças a Raeken suas chances para conseguir o dinheiro e libertar seus pais foram por água abaixo, ainda mais agora com os rumores que ouviu de um daqueles homens. Seu pai não podia estar morto, não  poderia ser verdade.

Josh se jogou na cama rosnando baixo, puxando de maneira bruta seu notebook para perto. Logo ligando o aparelho e digitando habilidosamente rápido nas teclas. Seus olhos castanhos atentos e angustiados. Fez o que estava acostumado há um tempo. Entrou no sistema anônimo, ativando a câmera. Esperou alguns segundos irritantes que pareciam se assemelhar a minutos enquanto tremia o pé incansavelmente. Não se limitaria mais. Se esse seria o preço para ter pelo menos um membro de sua família de volta. O faria.

Não demorou para a tela preta exibir o fundo de uma sala branca e uma cadeira vazia. Josh franziu a testa vagamente confuso mas logo desmanchou a expressão ao se deparar com a figura de Katherine se sentando. O clássico jaleco branco, mas o inusitado de seu visual era a mancha nada discreta de sangue ainda possivelmente fresco em seu peito e um pouco nos braços. O beta arregalou os olhos um tanto alarmado.

Por favor. Não me venha com essa cara. — Ela pediu bufando uma risada e com um olhar desdenhoso no rosto. Deu um meio encolher de ombros, acomodando-se na cadeira giratória em uma postura relaxada. — Sabe que quando algumas das crianças dão trabalho. Tenho que apelar. — Apenas explicou em um tom casual. Movendo-se na cadeira de um lado para o outro. Josh apertou os lábios em uma carranca.

— Só... me diz. — Pediu adotando um tom sério. Atraindo a atenção da mulher que apenas arqueou uma das sobrancelhas esboçando um olhar divertido e interessado. — Meu pai.. ele..

Morreu sim. Mas antes que pense o pior de mim.. — Ela se adiantou recostando-se na mesa, apoiando os cotovelos e se aproximando mais da tela. — Ele se matou antes que qualquer um dos meus enfermeiros pudesse aplicar algum sedativo. — Disse tudo em voz baixa. Sua expressão carregando um olhar neutro. Josh engoliu em seco sentindo as mãos tremendo. Seu peitoral subindo e descendo em rosnados baixos e intensos. Ela inclinou a cabeça para o lado esboçando uma falsa expressão tristonha. — Provavelmente ele pensou estar livrando você de tudo isso. Mas apenas facilitou as coisas pra mim. Convenhamos, não era de muita utilidade como sua mãe..

— Para! — Connor praticamente berrou, levando as duas mãos para esfregar o rosto rapidamente. Ele respirou fundo tentando organizar sua mente afim de buscar controle outra vez. Katherine do outro lado suspirou impaciente. — Chega! Minha mãe.. ela tá bem? — O tom sôou controlado e duro e quanto pôde, mas com apreensão camuflada.

Está. Mas isso pode mudar se você não me disser o motivo pelo qual ligou! Se não sabe, tenho muitas crianças e recém chegados para supervisionar. — Ela disse a última parte entre dentes, assumindo uma expressão profissional junto a um olhar cansado. Josh revirou os olhos respirando fundo e ponderando por alguns segundos em sua fala, mas logo negou com a cabeça. Adotando uma feição séria e determinada.

— Eu pensei, e... — Os olhos azuis da cientista se arregalaram ao ouvir bem as palavras saindo da boca do outro. Suas sobrancelhas desenhadas subindo em uma feição cheia de expectativa. Josh levantou o olhar, encarando o rosto dela. — Aceito. — Disse por fim, fazendo com que um olhar radiante tomasse conta do rosto de Katherine. O beta suspirou. — Mas tem uma condição..

Acha mesmo que está na posição de impor alguma coisa? — Ela tinha um sorriso largo ao questionar. Seu tom nitidamente debochado. Josh deu de ombros em um movimento breve, puxando o notebook para mais perto e mantendo o olhar indiferente. Ela bufou desmanchando o sorriso. — Diga.

— Preciso ver minha mãe. Ou seja, arranje um jeito para eu poder "visitar" sua querida base no meio do mato. — Disse sem hesitação nenhuma na voz e revirando os olhos em seguida. Katherine apertou os lábios e estreitou as orbes em uma expressão aborrecida. Ela batucou os dedos na mesa, parecendo desconfiada.

E quem ficaria em Beacon vigiando aquele bando irritante, hein idiota? — Questionou em um tom óbvio, comprimindo os lábios para não praguejar em seguida. — A propósito, você me deve informações, imbecil! — Ressaltou irritada, balançando um pouco a mesa onde se encontrava ocasionando em uma leve tremida na imagem do vídeo. Josh riu fraco negando com a cabeça.

— E se eu disser.. que tenho elas? — Connor insinuou entre um suspiro impaciente, ignorando os insultos e assistindo a outra suavizar a expressão quase que de imediato. Parecendo um tanto intrigada e meio rendida.

O que fez? — Sôou curiosa e direta, cruzando os braços sobre a mesa. Adotando um olhar calculista. Josh trincou o maxilar em reflexo a tensão em seu corpo. Descendo o olhar para seu colo antes de se voltar para a outra novamente.

— Digamos que o que fiz hoje.. será apenas questão de horas até que alguém do bando venha atrás de mim. — Josh deu de ombros respondendo casualmente, mantendo o olhar neutro assim como seu tom. A mulher de repente adotara uma expressão quase enfurecida. Parecia se controlar para não xinga-lo. — Preciso passar um tempo longe dessa cidade.. e se me ajudar com isso. Contarei o que precisa saber para então organizar o plano devidamente assim como pretende há alguns meses..

Mesmo quando cercado pelos meus homens. Parece que sua coragem para executar essas táticas apenas aumenta.. — Ela resmungou negando com a cabeça e esfregando o rosto vagamente. Logo executando uma careta descontente ao notar sua palma com sangue seco. Josh revirou os olhos vendo-o se recompor. — Quem me garante de que não está apenas menti...

— Eles descobriram o sexo daquele bebê, e eu também. — Josh afirmou interrompendo a mulher que tentou ocultar a surpresa no olhar ao ouvir. — Posso dizer com mais detalhes. Claro, se você...

Okay, okay! — Disse ela meio raivosa. Suspirando forte e adotando um feição pensativa. As sobrancelhas unidas e os ombros erguidos. Josh esboçou um sorriso de canto ao constatar a mesma desconfortável. — Fique atento ao celular e arrume suas tralhas. Um dos meus funcionários mandarão um e-mail. Irá hoje a noite. — Sentenciou sustentando uma carranca. Josh tentou disfarçar o olhar pasmo devido ao curto tempo que levou para a situação mudar. — É bom contar tudo assim que por os pés aqui. — Acrescentou arqueando uma das sobrancelhas, deixando claro em sua expressão a ameaça não verbalizada. Logo a tela escureceu e um silêncio dominou o quarto.

Josh piscou meio atordoado, fechando o notebook devagar enquanto assimilava o ocorrido. Levantando o olhar para encarar a parede do outro lado do cômodo. Respirou fundo assumindo uma postura determinada, e não hesitou em erguer o corpo do colchão. Sentia-se ligeiramente estranho por não possuir o remorso em seu peito. Mas logo ignorou a sensação. Dirigindo-se ao guarda-roupa velho no canto do lugar.


*


Os dedos inquietos batucando contra a mesa de vidro enquanto os olhos atentos observavam os outros adentrando a sala ampla e bem iluminada. Nem sempre tudo corria desse jeito, pois quase não sentenciava reuniões, mas dessa vez. Com certeza seria preciso executar uma. Katherine suspirou arrumando a postura em seu lugar, ajeitando o jaleco recém trocado. Todos os homens e mulheres de sua equipe se sentaram nos respectivos lugares. Olhares ansiosos direcionados a ela.

— Fez o que pedi? — Foi direto ao ponto, dirigindo os olhos azuis afiados para a lateral da mesa. O homem se mexeu desconfortável na cadeira ao notar se tratar dele. Felizmente, nunca atrasava em uma tarefa. Devolveu o olhar rapidamente.

— Sim. Conversei com os que estão na Califórnia e encontrei um local discreto onde podem partir. O garoto estará por aqui quando menos esperar. — Disse em tom sério, mantendo a postura profissional costumeira. A cientista assentiu suspirando. Ela teve um certo tempo para repensar sobre suas decisões antes de reunir metade de seu departamento, e constatou que realmente seria melhor que aquele beta saísse de Beacon Hills o quanto antes para não correr o risco de estragar as coisas. — Aqueles homens voltam com o beta e outros retornam para a Califórnia no lugar, correto?

— Quantas vezes vai recapitular o plano? Estamos planejando tem mais de dois meses. — Katherine revirou os olhos de maneira tediosa. Notando o outro permanecer calado depois disso, deixando-a satisfeita. Encarou todos. — Equipe em média de sete homens para entrar no jato quando for a hora de ir, e preciso receber as informações daquele moleque para finalmente dizer os últimos detalhes. — Ela bufou vagamente irritada ao recordar de Josh. Logo prosseguiu. — Apenas ao meu sinal. — Acrescentou duramente. Observando todos assentirem em concordância.

— Devo deixar a ala das crianças arrumada, chefe? — Uma das funcionárias direcionou a pergunta a Mainsvell. A mesma encontrava-se em pé assim como alguns de sua equipe que eram responsáveis pelos outros híbridos mais novos. Katherine logo negou com a cabeça devagar, esboçando um sorriso de canto quase imperceptível.

— Essa ala não. O berçário será mais apropriado se tudo correr nos devidos trilhos.


~~~~x~~~~

Gente, primeiramente quero agradecer pelos 10K tipo sério, eu tô tão feliz que mal sei expressar. Admiro tanto a paciência de vocês, sério! Eu juro que as vezes me dá vontade de desistir, mas aí penso em vocês e tbm em específicas pessoas que me ajudam tanto nessa jornada, só quero agradecer. De verdade vocês são demais ♥

Kisses wolfies! See u soon ♥♥♥

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