Dessa vez não demorei tanto né?? Hauhauajauau

Como vocês estão?! Lalalala tô elétrica mesmo kakqkksjsk

Viram o eclipse de ontem?? ♥-♥ Foi igual em TW quando os sobrenaturais ficavam sem os poderes por conta da efeito da lua, mano quase chorei
Mas enfim, sem enrolação! AKAKJSJ

Não me matem! Amo vocês!

Boa Leitura!

~~~~x~~~~

Beacon Hills. (30/11/16) |Sábado|

⏰|11:08 AM.|

Afirmar que todos do bando estavam tensos e em alerta seria um eufemismo, no entanto, não havia outras maneiras de descrever a inquietação coletiva. As poucas evidências que tinham foram analisadas de diversas maneiras no dia anterior, mas em alguns momentos as informações pareciam se tratar de algum tipo de labirinto enlouquecedor. Obviamente precisariam de tempo até que pudessem encaixar algumas coisas. As mínimas teorias para um possível palpite. O território era absurdamente grande para se estudar em um único dia. Mas tinham que continuar tentando.

E sem contar que mesmo com todos os lados da verdade revelados. Ainda pairava uma tensão considerável entre os envolvidos. E apesar dos breves desentendimentos. O bando fez um ótimo trabalho na reunião, e McCall depois de muito repensar entendia o lado de Deaton. A consideração que teve quanto ao fato de que todos eles estavam sob muita pressão recentemente. O druida apenas agiu em meio a uma situação de emergência, e ele também precisava compreender primeiro os poucos detalhes que recebeu antes que se prontificasse a comunicar a alcatéia sobre os ocorridos naquela viagem.

Scott apenas pensava sobre o quanto não queria que as coisas tivessem tomado esse rumo desconfortável. Não só para ele mas principalmente entre seu melhor amigo e um certo Hale.

Ignorar os problemas nem sempre é um caminho adequado, no entanto, o alpha não se meteria nos problemas amorosos do humano que parecia tão empenhado a deixar de lado quanto ele. Todos pareciam está se ocupando com seus devidos afazeres e em como encontrar alguma solução. Ainda levando em conta os desentendimentos recentes. Ninguém queria perder o foco apesar das novas mudanças e novos membros na cidade. E isso de certa forma fazia sentido na cabeça do alpha. Afinal, uma coisa de cada vez seria bom para variar.

Scott só não se permitia enxergar um simples fato: não importava o quanto tentasse se convencer de que certos sentimentos se dissiparam ou o quanto se esforçasse para se concentrar totalmente. Assim como certas situações podem desandar de repente. Não sentimos uma emoção por vez.

Às vezes podemos ser como um furacão por dentro. E Scott estava tão certo disso agora. Se sentia sufocado desde que chegou no loft com Lydia em seu encalço, e inevitavelmente precisava olhar no rosto de um certo beta após anos se convencendo do contrário com relação ao que sentia.

E para seu desagrado. Não esperava ficar há mais de três horas olhando para Lahey a sua frente que se encontrava tão perto de um coiote irritantemente afetuoso. Nunca pareceu tão difícil manter seus poderes no controle.

— Mas então, essas são as únicas memórias que tem até agora? — Lydia questionou em um tom gentil mas sem deixar de expor em seus olhos a curiosidade. Logo vendo Isaac assentir levemente. Ela apertou os lábios pensando um pouco. Sua visão foi o assunto discutido por eles nesse meio tempo. A ruiva resumidamente disse o que pensava sobre tudo isso e seus palpites, mas não poderia simplesmente garantir com exatidão se o que viu se tratava do mesmo local onde o outro supostamente foi levado. Ambos lados precisavam ser analisados minuciosamente, e a falta de informação era a pedra no caminho. — Sente aquela sensação de algo faltando?

— Todos os dias desde que acordei daquele coma. — Disse o beta em um tom neutro e sincero. Alternando o olhar entre a ruiva e Scott que suspirou em um lamento silencioso, devolvendo o olhar quase no mesmo instante. Lahey se demorou mais do que gostaria de admitir naqueles olhos castanhos, apertando os lábios em leve repreensão mas sem se importar realmente em desviar.

Estava sendo assim entre eles desde que voltara da França. Olhares profundos e carregados, palavras martelando em suas mentes para serem ditas mas a coragem para isso se mostrando ausente. Isaac disfarçava bem sua frustração. Mas era como se seus instintos quisessem comandar seus atos em todas os momentos em que se encontrou com McCall.

— Vai se lembrar. Tenho certeza. — Lydia disse depois de alguns segundos, soando reconfortante em meio a um sorriso suave. Lahey com muito custo quebrou o contato visual com o alpha. Voltando-se a ruiva e assentindo em concordância em seguida. Ele precisava se manter otimista, pois se poderia ajudá-los, iria se empenhar para isso. — Tudo ainda é muito recente, e não sabemos exatamente o que usaram em você. Vamos tentar descobrir algo com o que temos.. — Ela acrescentou garantindo em um murmúrio na última parte, soando ansiosa sem conseguir evitar. Atraindo a atenção de Isaac quase no mesmo instante.

O beta cacheado franziu a testa levemente em curiosidade. Adotando um olhar intrigado por alguns instantes. Sentindo a necessidade de perguntar algo sobre um dos membros do bando, mas a hesitação em executar isso falava mais alto em sua cabeça. Deixando-o meio rígido no lugar.

Sem dúvida tudo o que ambos lados descobriram até agora era preocupante. Não só para eles mas também para muitos outros sobrenaturais pelo mundo. Isaac até tentou pedir mais detalhes sobre a visão da banshee, mas assim como o caso dele. As coisas não eram muito claras, entretanto, nada tirava de sua cabeça o que Deaton havia lhe contado no avião.

Lahey recebeu um breve resumo do que aconteceu com Theo e o que ele era atualmente, mas de qualquer maneira não sabia muito sobre o rapaz, e muito menos tinha o direito de exigir alguma explicação. Havia sumido por anos em busca de uma vida diferente, recomeço. Se sentia apreensivo quanto a dizer ou fazer qualquer coisa, no entanto, era nítido que a preocupação maior do bando era com a criança que o chimera carregava. Uma peculiaridade complexa a qual ele não fazia ideia de como aconteceu, e no mundo deles. Para tudo há algo por trás.

Isaac engoliu em seco ainda ponderando em seus pensamentos. O beta não queria passar a impressão de está exigindo alguma coisa, porém, se estavam fazendo isso principalmente pelo bebê. Então ele gostaria de pelo menos saber alguns dos detalhes que resultaram na mudança de vida daquele casal. E com sorte, isso o ajudaria a compreender suas próprias dúvidas, e talvez finalmente suas memórias colaborariam devidamente.

— Isaac? — Adam sôou de repente. Sua voz rouca e cautelosa preenchendo um de seus ouvidos, fazendo-o dar um leve sobressalto no sofá. O coiote automaticamente pousou uma das mãos em seu braço, impedindo que o maior caísse do estufado por conta do movimento meio brusco. Aubert adotou um olhar preocupado, observando o amigo com atenção. — Você ficou calado de repente.. tudo bem?

Isaac piscou os olhos rapidamente, suspirando e assentindo de modo breve com a cabeça. Lydia no sofá do outro lado da sala, lançou um olhar misto em preocupação e curiosidade ao beta. Scott em reflexo quase se levantou de onde estava.

— Sim.. eu só.. — O beta ponderou, procurando as palavras certas em sua mente ao mesmo tempo em que levava a mão esquerda para deixar um aperto reconfortante sobre a mão do coiote ainda pousada protetoramente em seu braço. — Sei que provavelmente não tenho o direito de fazer essa pergunta mas...

— Isaac.. — Lydia o interrompeu rapidamente de maneira gentil. Isaac apertou os lábios se calando por breves instantes, encarando a ruiva de maneira apreensiva. — Não precisa agir como se fosse um completo desconhecido. Se sinta livre para compartilhar seus pensamentos. Antes de qualquer coisa, você ainda tem um passado com este bando, e independente de suas decisões ao longo dos anos. Não perdeu seu lugar nele... — Ela finalizou inclinando o canto dos lábios em um meio sorriso, direcionando em seguida o olhar para o alpha ao seu lado no sofá. — Certo? — Questionou com a voz neutra, mas ao mesmo tempo deixando claro que buscava uma espécie de confirmação. Scott retribuiu o contato visual no mesmo instante, e não demorou para se voltar a Isaac novamente.

— Não vou negar.. — Scott apertou os lábios umedecendo-os a medida que encarava aqueles olhos azuis. O alpha suspirou fundo abaixando um pouco a guarda sem se quer notar. — Você sempre foi livre para trilhar seu caminho, mas não perdeu a confiança que conquistou nesse bando. — Confessou. Sentindo a metade do peso que carregava se esvair de seus ombros.

Isaac ao receber as palavras sentiu o coração se aquecer e disparar levemente. Um sorriso suave e inesperado tomando conta de seus lábios gradativamente. Ele não tinha ideia do quanto ouvir isso significaria. Mas adorou a reação que causou em seus sentidos. Lahey nem ao menos cogitou em checar os batimentos cardíacos do alpha. De alguma forma, sabia que o moreno dizia a verdade. Mesmo que no fundo não merecesse essa hospitalidade toda.

A ruiva os lançou um olhar divertido, alternando em encarar o rosto do alpha e de Lahey. Ambos rapazes se colocaram em uma bolha tão intensa que mal recordavam das outras presenças no ambiente. A banshee sorriu de leve, trocando um breve olhar com Adam que deu de ombros meio perdido. Ela suspirou.

— Pode perguntar o que queria, Isaac. — Lydia disse em um tom moderado depois de alguns segundos, enfatizando o nome do cacheado em seu tom afim de conseguir a atenção dele. Lahey logo direcionou o olhar a ela, engolindo em seco brevemente sentindo uma leve onda de vergonha o inundar por conta do curto transe em que entrou mal percebeu. Ele limpou a garganta arrumando a postura. Ouvindo Adam rir não tão discretamente ao lado dele.

— Deaton me explicou resumidamente o caso do.. seu beta, Theo. E de como é possível que tenha algo por trás dessa recém capacidade.. — Ele iniciou em tom de voz cauteloso, certificando-se em usar as palavras certas. Desviando os olhos para o chão algumas vezes a medida que reunia tudo o que se lembrava de sua conversa com o druida. — Ele se lembra bem do que aconteceu? Talvez... do processo que executaram, ou como..

— Isaac... — Scott interrompeu o falatório do outro gentilmente. Assumindo um olhar sério. As mãos unidas uma na outra em uma postura paciente. Lahey mal notara de como divagava com rapidez até então. — A situação com meus betas está meio complicada no momento. Theo passou por muita coisa, e se lembra de cada operação que sofreu em curtos intervalos. Ele está tão preocupado e confuso quanto a gente.. — O alpha explicou calmamente, não desmanchando a maneira séria e cautelosa como disse. Sua postura se assemelhava quase como um cão de guarda ao mencionar sobre os membros da alcatéia. Era nítido seu instinto protetor se sobressaindo.

Lahey suspirou assentindo em derrota, compreendendo de qualquer maneira enquanto abaixava o olhar. Pelo menos não poderiam dizer que não tentou. Talvez optando por outra ideia, as coisas iriam fluir eventualmente em suas memórias.

— Na verdade... acho que não seria ruim... — Lydia comentou de repente, assumindo um olhar absorto. Parecendo está muito envolvida em seu próprio raciocínio. Scott franziu a testa dirigindo toda sua atenção a ela, mas ao mesmo tempo sentindo-se apreensivo com a hipótese. — Se Isaac e Theo contarem ambas experiências.. talvez isso ajude na memória dele.. — Ela sugeriu calmamente. Adam ao longe trocou um breve olhar com Isaac, dando um meio encolher de ombros. Parecendo considerar a fala da ruiva.

Scott suspirou mordendo o lábio inferior, inclinando a cabeça para o lado parecendo cogitar por alguns instantes. Sentia os olhares cheios de expectativa em cima dele, mas a relutância no alpha era visível, entretanto, devido as circunstâncias atuais em que se encontravam. Essa seria uma alternativa bem-vinda.

— Acho que pode funcionar. Mas tem algumas coisas que precisa saber sobre Theo antes de tudo. E preciso falar com Liam primeiro... — Scott se organizava mentalmente em voz alta, assistindo Isaac a sua frente assentir prontamente.

O alpha demorou alguns instantes antes de acenar com a cabeça brevemente, mostrando estar de acordo com a ideia. Obviamente falaria com Liam a princípio. Afinal, não gostaria que seu beta se sentisse ofendido quanto a ideia de ter que concordar em um estranho dentro de sua casa com seu namorado e filho, e antes de tudo o chimera precisaria se sentir apto em ter esse tipo de conversa com alguém que literalmente conheceu há um dia atrás. Scott direcionou o olhar a Isaac, inclinando-se um pouco.

— Primeiro de tudo...

*

— Por que entrou pela porta dessa vez? — Stiles questionou ao sentir uma presença extra no porta de seu quarto, e mesmo com os olhos vidrados em analisar uma das diversas pastas abertas em sua escrivaninha. Ainda era capaz de discernir quando se tratava de seu pai ou não. — Você nunca fez isso desde que me jogava contra as paredes.. — Murmurou casualmente sem desviar os olhos das páginas que fingia ler no momento. Logo ouviu o suspiro familiar atrás de si e os passos lentos pelo capete.

— Decidi mudar um pouco... — Derek respondeu calmamente, apertando os lábios enquanto analisava o namorado ainda sentado de costas para ele. O mais velho respirou fundo acomodando-se na beirada da cama do humano. Unindo as mãos em seu colo, analisando rapidamente o estado do outro. Stiles aparentava estar menos irritado do que quando o viu no dia anterior, mas a inquietação e ansiedade predominavam em uma intensidade preocupante. Não sabia exatamente se era por sua presença neste momento. Mas se empenharia para alterar isso positivamente.

— Mas a porta da frente estava trancada. — Afirmou Stiles depois de alguns segundos. Seu tom rouco transparecendo a confuso estampada em seu rosto ainda restrito do campo de visão do Hale. Um breve silêncio se instalou antes do mais velho pigarrear.

— Okay, talvez eu tenha usado uma janela. — Confessou desviando o olhar para o chão na tentativa de esconder um sorrisinho divertido. O humano ao longe não conseguiu conter o riso fraco que escapou por seus lábios, cedendo a vontade de se virar e finalmente girando em sua cadeira para encarar o rosto do namorado.

Derek levantou o olhar no mesmo instante, mudando a expressão tensa. Seus músculos enrijecidos relaxando quase que automaticamente. O mais velho engoliu em seco, analisando a feição serena do outro, esfregando as mãos no processo. Depois do incêndio, nunca mais cogitou em sua vida sobre se ver em um momento como esse. Se sentir dessa maneira depois de passar anos se preocupando apenas em não se importar com mais ninguém. A vida pelo visto ainda tinha muito para surpreendê-lo.

— Sei que.. nada do que eu disser agora vai mudar a maneira como resolvi agir.. — O Hale iniciou com uma expressão cabisbaixa. Stiles se mantinha atento, arrastando mais um pouco a cadeira para frente em um movimento discreto. — Na verdade.. a maneira como agi nos últimos anos.. — Ele respirou fundo se batendo mentalmente. — Apenas sei que.. já fiz muitas promessas, as quais infelizmente precisei quebrar para ajudar alguém. Realmente eu poderia ter feito diferente, mas preferi preservar o bando porque pareceu a melhor opção no momento..

O humano o escutava pacientemente, sentindo uma leve angústia e culpa martelando seu peito para ser honesto. O garoto depois de muita reflexão, confessa que agiu impulsivamente, levando em conta apenas seus sentimentos na hora. Mesmo com as lembranças que chegaram a sua mente atormentando-o. Poderia ter sido menos duro, no entanto, deixaria que o mais velho continuasse.

— Sei que errei por simplesmente me tornar incomunicável quando precisaram de mim.. sei que eu poderia ter sido mais prudente quanto ao que fazer com as informações. Eu só... peço que me perdoe. — Sôou sincero em meio a um suspiro. Seus olhos verdes firmes e ansiosos encarando o rosto neutro do humano. Derek admite não levar tanto jeito para expressar o que sente quando preciso. Mas quando ele se importa de fato. Faz o possível para tentar seu melhor.

Mas para a surpresa do mais velho. Stiles permaneceu calado depois disso, executando em seguida a última coisa que o Hale cogitava no momento. 

O humano se levantou da cadeira, caminhando em passos relativamente apressados na direção dele. Stiles não demonstrou hesitação, e apenas se sentou no colo do namorado. Acomodando-se sobre as coxas de Derek, passando os braços pelo pescoço do mesmo rapidamente. O garoto o abraçou como há muitas horas ansiava. Pousando confortavelmente a cabeça contra o ombro do mais velho, escondendo o rosto no pescoço quente.

Derek não tardou em passar os braços pela cintura do garoto de maneira protetora. Firmando-o devidamente em suas pernas, como se fosse alguém tão frágil quanto vidro. Stiles depositou um beijo demorado contra a pele do pescoço de Derek, notando o beta se arrepiar ao sentir o toque suave de seus lábios. O humano riu anasalado, levando uma das mãos de encontro aos cabelos curtos na nuca do outro. Iniciando afagos lentos e constantes. Derek não conseguiu disfarçar o ronronar, fechando os olhos levemente em reflexo.

— Não está bravo? — Murmurou o mais velho depois de um tempo. Soando abafado contra a pele no pescoço do outro. Stiles apenas negou com a cabeça em um movimento breve. Confirmando silenciosamente, notando quando o Hale soltou um suspiro em alívio.

— Eu... sempre tive medo que aquele dia.. se repetisse. Que você eventualmente mentisse pra mim e fosse arriscar sua vida novamente.. — O humano respirou fundo após dizer tudo em um único fôlego. Derek logo negou com a cabeça, aproximando ainda mais seus corpo se possível. — Não me faça acreditar que algo assim possa acontecer de novo. Você me prometeu... que seria honesto quanto a isso.. — Stiles murmurou engolindo em seco, sentindo aquele aperto familiar em seu peito. Ele fechou os olhos por alguns instantes, inspirando o cheiro do beta no intuito de acalmar sua mente agitada um pouco.

— Prometo que algo como aquela viagem, não vai se repetir.. — Disse Derek em um tom baixo e firme perto do ouvido do mais novo. Sua voz rouca e um tanto aveludada preenchendo os tímpanos do humano de maneira reconfortante, fazendo o garoto se aconchegar ainda mais em seu colo. Um breve silêncio dominou o ambiente. Ambos concentrados demais em sentir um ao outro.

— Me desculpe por.. ter sido tão duro com você. — Stiles murmurou depois de um tempo. Retirando devagar o rosto escondido no pescoço do outro em seguida, afastando-se minimamente para encará-lo. Observando com admiração aquelas orbes verdes a sua frente tão conhecidas por ele. O humano levou uma das mãos ao rosto do mais velho. Acariciando a bochecha suavemente, sentindo a textura áspera da barba rala contra seus dedos. — Eu só.. quero saber o que está acontecendo.. sei que são situações completamente diferentes. Mas não deixam de ter importância, e você sabe que quando vejo brecha para ajudar, eu faço. — O garoto explicou calmamente, sentindo os braços de Derek apertando sua cintura em um ato vago. — As vezes poupar os outros pode ser pior..

— Vendo por esse lado.. — Murmurou Derek, abaixando o olhar por alguns segundos antes de voltar a encarar o rosto do namorado. — Eu só pensei que esperando um pouco.. e tentando entender toda aquela confusão primeiro.. poderia de algum jeito facilitar as coisas pra todo mundo. — O mais velho respirou fundo negando com a cabeça. Seus pensamentos levando-o para outro lugar por breves instantes, refletindo.

— Não podemos ser mal acostumados agora. Sabe que o sobrenatural não facilita absolutamente nada pra gente. — Comentou Stiles em um tom divertido, arrancando um sorriso ladino do mais velho. Ele retribuiu esboçando um sorriso suave e desconstruído, sua mão ainda pousada na nuca do outro inciando carícias novamente. Derek apenas se inclinou mais para o toque. Assistindo o humano aproximar mais ambos rostos, roubando um selinho demorado do Hale. — Eu.. não falei sério quando...

— Tudo bem.. — Derek o interrompeu em um tom gentil e firme. — Eu meio que mereci aquilo. — Ele acrescentou dando um riso curto contra os lábios do mais novo. Stiles revirou os olhos minimamente antes de unir seus lábios mais uma vez. Eram beijos lentos e estalados, mas que ao mesmo tempo pareciam expressar exatamente o quanto ambos significam um para o outro.

— Agora você sabe.. — Stiles afastou brevemente seus rostos. Ocasionando em um olhar curioso na feição do outro. — Posso ser tão assustador quanto você.. — Disse em tom baixo, inclinando o canto dos lábios em um sorriso travesso. Derek riu fraco negando com a cabeça, voltando a enterrar o rosto no pescoço do humano.

— Cala a boca. — Respondeu o mais velho soando abafado, apertando mais o corpo do namorado contra ele. Logo sentiu Stiles voltar a deitar a cabeça em seu ombro, juntamente com uma risada baixa.

*

Durante a noite pensamentos de um certo beta encontravam-se agitados sem dúvida. Mantendo-o em alerta quase a madrugada toda novamente. Ele tentou diversas vezes descansar a mente, mas parecia que quanto mais tentava desligar o raciocínio, mais hipóteses surgiam a cada segundo. Uma mais mirabolante que a outra. A sensação pesada em seu peito chegava a ser sufocante, tornando-o mais inquieto. Mas também não se recordara de quando finalmente se rendeu ao cansaço.

Theo por outro lado tentou seu máximo para se manter no controle, muitas vezes conversando com o bebê para distrair sua mente ou apenas tentando tirar algo plausível de tudo o que ouviu e viu na reunião ao se encontrar pensativo. Tudo o que tinham até agora não passavam de teórias, mas que quando analisadas devidamente, assustava no mesmo instante. Seus pensamentos pareciam estar a cem por hora em alguns momentos. Mas por algum motivo, seus poderes estavam estabilizados há alguns dias, permitindo-o ouvir os batimentos cardíacos do pequeno filhote e os de Liam até notar suas pálpebras pesadas depois de um tempo. Ambos se renderam ao sono enrolados nos braços um do outro.

Pela manhã os raios solares fortes adentraram levemente através das brechas na cortina, mostrando que acordaram relativamente tarde pela primeira vez em meses. Suas feições exaustas denunciando o quanto ainda gostariam da presença da noite.

O chimera abriu os olhos lentamente, piscando algumas vezes afim de se acostumar com a breve claridade. Ele respirou fundo fechando os olhos outra vez por mais alguns segundos, logo sentindo o braço do namorado firmar o aperto de maneira protetora em sua cintura. Liam abraçou devidamente o corpo do mais velho contra o dele, suspirando satisfeito parecendo voltar a dormir novamente. Theo esboçou um sorriso preguiçoso, abrindo os olhos dessa vez um pouco mais desperto, subindo o olhar em seguida. Deparando-se com o semblante sereno do namorado. O beta ainda encontrava-se de olhos fechados, mas por seus batimentos cardíacos era possível notar que não havia caído no sono como aparentava.

— Não dormiu nada, não é? — Theo sôou rouco, levando a mão esquerda de encontro ao rosto do mais novo, acariciando suavemente a bochecha um tanto rosada. Liam cantarolou algo em concordância, não esboçando muita reação de início, apenas aproveitando os toques gentis do chimera.

O mais velho riu anasalado, inclinando o canto dos lábios em um sorriso pequeno a medida que percorria devagar o rosto do beta com seus dedos, passando-os para escovar de modo demorado os cabelos bagunçados do beta antes de passar pelo nariz brevemente, logo indo para os olhos, contornando uma das sobrancelhas de maneira suave com o polegar. Examinando cada centímetro por caminhos aleatórios. Seus olhos verdes atentos observando o rosto do outro quase como se estivesse em uma espécie de transe. Não sabia o porquê de está fazendo isso, mas valeu a pena ao assistir Liam sorrir gradativamente, abrindo os olhos depois de longos segundos.

— Tentei de verdade descansar e me preocupar com as pistas só hoje, mas.. — Liam respirou fundo dando um meio escolher de ombros, inclinando a cabeça para o toque morno da palma de Theo contra sua bochecha novamente. — Você me conhece.. — Acrescentou em tom baixo, soando ocioso a medida que seus olhos voltavam a se fechar em breves intervalos.

— Eu sei.. — Disse Theo com uma expressão compreensiva, apertando os lábios em um sorriso fechado. — Na verdade, nós três  sabemos.. — Acrescentou dando um riso curto ao se lembrar da maneira como o bebê parecia estar tão agitado no dia anterior. Em um ato automático levou a mão antes pousada no rosto de Liam para seu abdômen avantajado entre eles. Sorrindo pequeno no processo.

— Sente alguma coisa? — Liam questionou curioso, movendo seu corpo no colchão um pouco afim de se colocar de lado para logo descer o olhar e levar a mão de encontro a barriga do outro. Theo sorriu minimamente negando com a cabeça devagar, sentindo o beta deslizar a mão lentamente por debaixo de sua blusa velha de algodão. Liam sorriu mínimo acariciando a pele de maneira suave. Seus olhos azuis parecendo mais despertos agora.

— Sabe que.. não precisava ter rosnado daquele jeito para os novatos, não é? — Disse Theo de repente, soando casual mas assistindo a maneira como a expressão do namorado fechou rapidamente, não parecendo tão relaxado como segundos atrás. Liam deu de ombros deixando claro não se importar muito com o que fez, ainda mantendo os carinhos lentos na barriga do mais velho. Seus olhos voltados para o abdômen do outro. O chimera suspirou rindo baixo, brincando com os cabelos do mais novo com a outra mão. — Você sabe que eles não nos atacariam..

— No fundo eu sabia.. — Liam disse brevemente, apertando os lábios umedecendo-os e negando com a cabeça. Seus dedos desenhando círculos imaginários pela pele no abdômen do namorado. — Mas meus instintos.. mal notei quando estava rosnando para Isaac.. talvez eu tenha sido meio rude. — Ele confessa baixinho, levantando o olhar para encarar o rosto do chimera. — Mas aquele coiote idiota... por um momento pensei que ele fosse atacar.. — Respirou fundo levemente aborrecido ao lembrar da cena, dando um meio sorriso débil. Theo negou com a cabeça, aproximando seus rostos para depositar um selinho rápido nos lábios do outro.

— E por um momento pensei que você  fosse atacar.. — Respondeu soando divertido, tentando voltar com a atmosfera leve. Liam revirou os olhos não contendo uma risada fraca. — Todos estavam tensos com a notícia, mas eles estão aqui para ajudar, tenta se acalmar um pouco. — Theo ressaltou, pedindo gentilmente em seu melhor tom calmo, não esquecendo de ocultar sua leve desconfiança sobre aqueles garotos de qualquer forma. Mantendo o contato visual com o namorado que ainda parecia um tanto apreensivo.

— Eu vou tentar, prometo. — Liam garantiu em meio a um suspiro depois de alguns segundos, lançando ao outro um olhar mais suave dessa vez antes de descer o olhar para a barriga do chimera. O mais novo arqueou uma das sobrancelhas em uma feição travessa. — Agora, espere um momento.. — O beta pediu em seguida, afastando-se um pouco do namorado que franziu as sobrancelhas um tanto confuso.

Theo assistiu quando Liam se esgueirou para baixo de maneira desajeitada pelo colchão até estar próximo a barriga dele. Raeken esboçou um sorriso largo em diversão ao entender o que o mais novo pretendia, levantando o braço esquerdo para observá-lo levantar sua blusa, expondo a barriga proeminente. O beta riu fraco olhando para cima de modo vago a tempo de ver o mais velho revirar os olhos de maneira carinhosa, logo se voltou para alguém que estava muito quietinho essa manhã.

— Bom dia, meu amor.. acho que você não é noturno como eu pensava.. — Liam sussurrou com um falso tom de lamento, mesmo que estivesse perto o suficiente, ouvindo uma risada rouca vinda do namorado em seguida. O beta não limitou o sorriso em seus lábios, assistindo Theo se mover para sair da posição horizontal. Colocando-se de barriga para cima. — Desculpe a falação de ontem, algumas coisas estavam corridas.. mas nada que não podemos resolver... — Acrescentou no final quase como um desabafo sem se conter, observando a barriga subir e descer no ritmo da respiração do chimera.

Ele apoiou com cuidado a cabeça na área para ouvir os batimentos estáveis, buscando nitidamente consolo. Theo suspirou esboçando um sorriso compreensível, notando a breve preocupação exalando do beta. O mais velho não hesitou em levar uma das mãos aos cabelos de Liam, atraindo o olhar dele no mesmo instante.

— Vamos tomar um banho.. — Sugeriu de maneira gentil. Seus dedos mantendo os carinhos suaves nas madeixas bagunçadas do mais novo. Liam acenou aceitando a ideia. Não demorando para se levantar mesmo que seu corpo implorasse para continuar no colchão macio.

Caminharam calmamente até o banheiro com Theo indo na frente. O chimera retirou de maneira preguiçosa as poucas peças que usava. Largando a camisa e cueca no sexto ao longe próximo a pia. Podia sentir os olhos de Liam sobre ele logo em seu encalço, fazendo-o esboçar um sorriso travesso quase imperceptível.

Ele andou devagar até o box aberto, adentrando o espaço e logo acionando o chuveiro. Sentindo a água gelada cobrir seu corpo, tornando-o mais desperto gradativamente. Theo respirou fundo fechando os olhos um pouco, não demorando muito para sentir mãos firmes passando por seu tronco. Ele sorriu automaticamente ainda com as pálpebras fechadas, sentindo seus músculos relaxando devidamente.

Com tantas coisas acontecendo era meio difícil tornar esses momentos contínuos, mesmo que tentassem manter a tensão o mais longe possível. A mente nem sempre obedece nossos comandos, tornando tudo às vezes maior e mais difícil do que realmente é. Apenas gostariam que esse caso fosse um problema banal o qual poderiam ser resolver facilmente.

Permaneceram parados debaixo da água corrente por um tempo. Liam pousou o queixo no ombro do chimera, passando os dois braços pelo quadril. Abraçando de maneira protetora a barriga do mais velho, deslizando a palma devagar sobre a pele. Theo suspirou abrindo os olhos, sentindo pela primeira vez sua mente completamente vazia. Seus ouvidos focados apenas nos batimentos cardíacos de seu filhote e namorado.

— Acabei de lembrar que alguém completa treze semanas hoje.. — Liam sussurrou depois de alguns segundos, soando radiante ao mesmo tempo em que depositava um beijo demorado no pescoço do mais velho que riu anasalado gostando da sensação.

— Como consegue contar direito e eu não? Os números não eram muito a sua praia pelo o que me lembro.. — Theo ressaltou franzindo um  pouco a testa curioso antes de se virar nos braços do outro. O beta riu fraco dando de ombros, puxando o mais velho junto ele para longe da água caindo por alguns instantes.

— Não esqueceu mesmo daquilo, não é?.. — Liam comentou com um sorriso ladino, revirando os olhos em seguida ao assistir a expressão zombeteira do namorado. Theo negou com a cabeça prontamente.

— É preocupante quando você não consegue somar cinco e três.. — O chimera rebateu em um falso tom preocupado. Lembrando das vezes em que o mais novo passava madrugadas estressantes tentando resolver os exercícios de física na reta final do ensino médio. Theo eventualmente o ajudou, mas isso com certeza rendeu boas risadas no processo.

— Eu tava ficando louco com todas aquelas fórmulas, quando finalmente veio algo fácil meu cérebro deu defeito. — Liam se defendeu da melhor maneira, usando um tom óbvio que apenas aumentou o sorriso estúpido no rosto do mais velho. O beta negou com a cabeça, descendo vagamente o olhar para a barriga do outro enquanto pousava a mão livre sobre a pele afim de acariciar área um tanto distraído. Levou alguns segundos, mas logo chutes fracos se chocaram contra sua palma. Theo seguiu o olhar do beta no mesmo instante, assustando-se um pouco com a sensação. Liam riu pela reação do outro.

— Quando penso que me acostumei ele faz isso.. — O chimera murmurou meio risonho. Suspirando fundo a medida que o filhote executava os breves movimentos. A sensação nunca deixaria de ser engraçada na concepção do mais velho.

— É desconfortável? — Liam perguntou curioso. Sua palma firme contra o abdômen do mais velho. Theo negou com a cabeça minimamente. Sua expressão serena tranquilizando o beta.

— Sabe, adoro como fala com ele.. — O mais velho confessou de repente. Liam arqueou as sobrancelhas comovido. — Mas você já é o preferido e eu odeio isso.. — Ele acrescentou em um resmugo, estreitando os olhos em uma expressão nitidamente enciumada. Afastando-se em seguida dos braços de Liam para molhar os cabelos mais uma vez na água. O beta soltou uma risada um tanto alta ao ouvir o comentário.

— Ele adora sua voz tanto quanto a minha, isso eu garanto. — Liam respondeu entre risos. Assistindo o namorado o lançar um olhar desdenhoso.

— Sei.. vamos só agilizar logo antes que eu jogue shampoo nesses seus olhinhos adoráveis. — O chimera disse divertido em um falso tom ameaçador, assistindo o namorado erguer as mãos em sinal de rendição.

*

Barulhos de travas se chocando brutalmente. Reverberando por um dos diversos andares do local de maneira alta e estridente. As respectivas celas nos outros andares passando pelo mesmo processo de verificação diária.

Katherine confessa que de tanto fazer viagens com duração dez horas toda semana era cansativo. Mesmo que tenha estabelecido uma breve pausa por alguns meses. Os familiares fatos não parariam de irritá-la sem dúvida. O calor que habitava o território de longos metros quadrados era insuportável. Mas valia a pena quando se empenhava em checar com sua equipe a evolução de todos os seus determinados resultados ao chegar.

Os passos dela pelo corredor iluminado também se tornavam evidentes. Os saltos finos deixando um ruído irritante contra o piso por onde passavam. Alguns dos funcionários assumiam uma postura tensa ao vê-la, ocasionando um sorriso satisfeito quase imperceptível em seus lábios durante o trajeto. Ela tinha conhecimento de que muitos lá dentro não concordavam inteiramente com o que fazia, mas de qualquer maneira já estavam informados o suficiente com relação as consequências.

Seu olhar afiado checando algumas alas por onde passava, as determinadas funções de seus funcionários que circulavam pela base tanto quanto ela. A mulher foi diminuindo o ritmo, aproximando-se de uma de uma porta preta de madeira e entrando na determinada sala. Assustando um grupo médio da equipe de seguranças daquele andar que se encontrava lá dentro. Ela passou o olhar rapidamente pelo ambiente, examinando os rostos de todos até localizar o desejado, apenas apontou para um deles com um aceno breve.

— Venha aqui. — Pediu. Seu tom firme e indiferente, como de costume nunca deixando claro sua reação seguinte. O que apenas alarmava ainda mais as pessoas.

Um homem alto e moreno se prontificou em assentir. O mais conhecido como chefe de todos do grupo, adiantou-se em se levantar para a seguir. Fechando a porta atrás de si imediatamente antes de acelerar um pouco os passos. Caminhou para o outro lado do corredor amplo. Mantendo a postura profissional a todo custo.

Katherine ajeitou brevemente o jaleco branco antes de cruzar os braços. Seu olhos atentos estudaram o outro minuciosamente, deixando-o desconfortável sem dúvida. Era nítido sua impaciência devido aos últimos dias.

— Não recebi as respostas de seu parceiro, então me adiantei. — Esboçou um sorriso mínimo de maneira falsa, ressaltando sua presença inesperada depois de três meses ausente. Poderia monitorar tudo através de suas ferramentas virtuais, mas quando algo não corria como planejado. Ela vinha atrás para agilizar. — Não pude olhar seu e-mail, mas soube que conservou com a equipe do laboratório para conseguir a localização exata dele.

— Antes de tudo estudamos rapidamente o prédio para maneiras mais práticas de invadir e pegamos o vôo o mais rápido possível. Desativamos as câmeras para após executar.. — O segurança iniciou apenas repassando um breve relatório que a mesma já estava apar há algum tempo. — Mas.. infelizmente o ocorrido fora do planejado foi que ele não estava lá..

Ela fechou a expressão no mesmo instante, arqueando uma das sobrancelhas parecendo processar o que ouviu, assumindo um olhar pensativo.

— Nenhum sinal dele? — Questionou estranhamente em tom calmo, assistindo em seguida o outro assentir confirmando com um vago olhar desconfiado. Ela respirou fundo negando com a cabeça. — Tem algum palpite sobre onde ele pode está? Vivo? Morto? 

— A equipe nos informou que havia 80% de chance dele sobreviver devido a cura e checamos os últimos vôos que saíram da Europa, então aparentemente.. 

— Aparentemente tenho um dos meus sobrenaturais lá fora outra vez por culpa de incompetentes.. — Katherine interrompeu o outro em meio a um suspiro irritado, desviando a atenção do homem para encarar o corredor vazio a sua frente. Deixando o silêncio predominar de maneira subita, buscando alguma solução ágil em seu raciocínio. — O que mais informaram? — Direcionou rapidamente seus olhos para o funcionário novamente.

— Que o processo infelizmente não chegou nem a dar indícios de que funcionaria, mas se prontificaram a cumprir sua política. A substância foi inserida nele. — Garantiu em tom firme. Ela estreitou os olhos. — O item não se lembrará do tempo em que passou aqui.

— Mas na dosagem certa? — Ela ressaltou arqueando uma das sobrancelhas, levando as duas mãos aos bolsos do jaleco em uma pose um tanto tensa. O segurança assentiu prontamente, ocasionando no relaxamento de seus ombros outra vez. — Pelo menos isso.. parece que não posso ficar alguns meses longe daqui que tudo parece desandar.. — Comentou negando com a cabeça, forçando-se em seguida a afastar os pensamentos afim de voltar a postura profissional. — Mas não foi só para isso que vim. Vamos, hoje as crianças menores vão começar o treinamento. — Sentenciou indicando o final do corredor em um breve aceno.

O segurança dirigiu o olhar para a direção indicado, deparando-se com uma cena de seu cotidiano.

Naquele andar encontrava-se a primeira parte da ala infantil. Algumas crianças naquele instante estavam sendo deslocadas de sua zona de conforto que não passava de uma sala com consideráveis metros quadrados preenchidos por camas beliches nas laterais.

Todas eram diferentes tanto nas características quanto nas habilidades. A única coisa que as tornavam semelhantes entre si eram suas roupas brancas exatamente iguais, evidenciando o fato de que aqueles trajes estavam inclusos em suas rotinas assim como os diversos testes que foram submetidos a eles desde o nascimento.

— Mas junto com os maiores? Não era para esperar até que todos os poderes estivessem estabilizados? — Disse o homem em nítida confusão, apenas enfatizando as palavras ditas pela chefe há alguns meses atrás. A mulher deu de ombros em seguida, parecendo indiferente com sua sentença anterior.

— A metade deles estão estabilizados, e se ficarem agressivos.. — Ela fez uma breve pausa, inclinando-se para indicar com o dedo indicador o bastão de choque preso a cintura do funcionário. O rapaz arqueou as sobrancelhas compreendendo. — Sabe o que fazer. — Acrescentou deixando claro em seu tom de voz que não perderia mais tempo papeando.

Katherine deu as costas, caminhando em passos calmos com sua habitual feição séria, assustando a maioria dos pequenos que ao notarem sua presença se encolheram em reflexo.

— Pelo visto estão cientes de que o primeiro dia sempre é assustador. — Comentou com leve humor na voz, descendo o olhar para analisar alguns dos meninos e meninas. Fazendo em seguida um sinal com uma das mãos para que os funcionários os levassem para o andar debaixo. O dia seria longo.

*

— Tudo bem. A parte do inferno eu não tinha nem ideia. — Isaac comentou arqueando as sobrancelhas um tanto atônito. Adam encontrava-se da mesma maneira ao ouvir a breve explicação da ruiva.

Scott antes de precisar ir para a clínica veterinária, simplificou o máximo que pôde alguns dos fatos relacionados ao passado de Theo, inclusive os que ele não sabia com muita exatidão, no entanto, se preocupou em evidenciar o quanto o assunto era delicado para o chimera, mas nada do que disse preparou a mente de Isaac. Obviamente devido aos diversos fenômenos que já presenciou nunca diria que algo na realidade deles seria impossível. Mas esse com certeza foi para segundo lugar em sua lista de coisas difíceis para assimilar.

— E foi então que.. ele resolveu mudar algumas coisas, recompensar as atitudes do passado por decisões que jamais imagináriamos vir da parte dele. — Lydia acrescentou, esboçando um sorriso amigável em meio ao olhar nostálgico. — Agora entendem o porquê de estarmos tão empenhados?

Adam assentiu prontamente, apertando os  lábios em uma expressão sensibilizada. Isaac deu um aceno mínimo, ponderando em silêncio por alguns instantes. Ele entendia como o passado pode doer, mas não conseguia ter a dimensão do que aquele rapaz enfrentou e provavelmente ainda enfrenta com relação aos fantasmas passados.

— Será que realmente devemos ir em frente com essa ideia? — Adam quebrou o silêncio soando meio hesitante. Sua postura pensativa não passando despercebida, atraindo o olhar estranhamente acolhedor da ruiva. Lydia deu um meio encolher de ombros. — Ele ter que.. revirar o passado novamente desse jeito.. eu não acho que seja a melhor opção.. — Murmurou encolhendo um pouco os ombros um tanto recentido. Seus olhos azuis tornando-se distantes vagamente ao se recordar da barriga avantajada do chimera.

Ainda não havia digerido totalmente aquela informação, mas ao longo dos anos aprendeu a se acostumar com as peculiaridades que a vida pode trazer. Adam queria somente que nada desse errado. Prejudicar alguém era a última coisa que pretendia, principalmente um ser inocente.

— Ele não precisa dizer tudo.. talvez só informar coisas específicas.. — Lydia coçou a nuca um tanto apreensiva, trocando um breve olhar sugestivo com Adam que não parecia mais tão confortável com a ideia. Isaac respirou fundo arrumando a postura.

— Vamos esperar por uma resposta primeiro. — Lahey ressaltou alternando o olhar entre o amigo e a banshee. — Como Scott e Deaton disseram.. temos que analisar nossas atitudes. Agir com cautela.. — Explicou unindo as mãos uma na outra em uma postura centrada. Adam assentiu de leve, lançando um breve olhar a ruiva. Lydia cantarolou em concordância em seguida.

— Tem.. algum palpite do que podem ter feito em você? — Escutou a Martin murmurar de maneira cuidadosa. Ela encarava os próprios dedos parecendo esperar alguma resposta, mas logo levantou o olhar. Assistindo Adam copiar seu gesto, parecendo quase como um cão de guarda ao lado do beta.

Isaac possuía uma expressão quase ilegível, mas o olhar distante e frustrado era a única coisa clara. Ele voltou a esfregar as mãos, apertando os lábios ponderando um pouco em busca das palavras certas. Se é que existisse alguma maneira fácil de expressar a confusão que se encontrava sua cabeça desde que acordou.

— Lembra quando.. Deaton disse que minha cura estava lenta demais, e então quase morri..

Lydia apenas assentiu. Sua feição séria juntamente a seus olhos atentos. Isaac suspirou, esticando o braço direito antes de erguer a manga da blusa que usava. A banshee acompanhou seus atos com o olhar assim como Adam que observava o amigo meio confuso.

Isaac suspirou arrumando a postura para encarar a outra devidamente. Ele parecia um pouco apreensivo de início, mas se forçou a continuar. Não poderia mais tentar se convencer de que as coisas ainda permaneciam as mesmas. Não quando recebeu em sua vida outra vez o bando que lhe ensinou tantas coisas no passado. Poderia ter perdido um pouco da intimidade que já teve com todos, mas no fundo sentia que a confiança entre eles não se abalou. Ele prosseguiu sem hesitação dessa vez, sacando as garras de sua outra mão rapidamente.

Lydia arqueou as sobrancelhas um tanto curiosa mas principalmente apreensiva com relação ao que possivelmente se passava na cabeça do beta. Mal teve tempo de racionar qualquer coisa antes que Isaac cravasse as próprias garras no braço despido, executando quatro cortes longos. Adam ao lado do beta deu um sobressalto em choque. Ambos assistindo a cena com os olhos levemente arregalados.

O sangue escorrendo livremente dos cortes fundos e pigando no chão. Isaac engoliu em seco pela dor, mas se empenhou para ignorar a sensação. Seus olhos azuis se voltaram a ruiva atônita imediatamente.

— Qual o fundamento disso? — Ela questionou controlando o tom de voz mesmo que estivesse estampado em sua expressão a indignação. Isaac apenas indicou com o olhar os cortes em seu braço ainda abertos. A feição do beta era seria até então.

— Apenas.. veja. Vocês dois. — Lahey pediu alternando o olhar entre o amigo e a Martin. Ambos assentiram sem mais delongas.

Lydia não disfarçou sua surpresa quando finalmente direcionou o olhar aos cortes praticamente todos cicatrizados. Foram somente questão de segundos. Adam ofegou surpreso ao perceber.

— Mas vocês.. sempre se curaram rápido, não? — A banshee se inclinou mais para frente, pegando cuidadosamente o braço do outro e passando os dedos pelo local onde antes habitavam os ferimentos. Sua testa franzida em preocupação. Adam escorado no ombro do amigo ainda possuía um olhar incrédulo enquanto observava.

— Não desse jeito... — Murmurou o coiote ressaltando um tanto espantado, direcionando um olhar atribulado a Isaac que abaixou a cabeça por breves segundos. Parecendo quase totalmente absorto.

— Eu só não contei porque pensei que fosse impressão minha.. — Murmurou com pesar. Explicando-se rápido. — Eu não estava com o juízo perfeito, eu só..

— Tudo bem, Isaac. — Lydia o interrompeu delicadamente, pousando uma das mãos pelo braço do beta. Ela apertou os lábios suspirando, adotando um olhar pensativo por alguns instantes. — Primeiro, esperamos uma resposta de Scott quanto a Liam. E então.. você mostra isso para Deaton e Scott. — Pediu a Martin citando cada passo com um olhar sério e firme. Isaac assentiu devagar, optando por seguir as palavras da banshee. — Agora..

O celular da ruiva tocou dentro da bolsa, desviando o foco dela da conversa. O aparelho anunciava a chegada de alguma notificação. Ela lançou um olhar ansioso a Isaac e Adam antes de se voltar ao dispositivo para agarrá-lo. Logo o desbloqueou.

Scott McCall

Ele topou a ideia. Mas lembre a Isaac o que conversamos.

*

— Ainda acho que isso não é uma boa ideia.. — Disse Liam nitidamente apreensivo. Observando o namorado andar devagar de um lado para o outro no quarto em que eles se encontravam. O cômodo o qual não seria mais um simples quarto de hóspedes.

Theo deu um meio encolher de ombros, parando em frente a cômoda no canto do quarto. Permanecendo de costas para o beta e cessando por alguns instantes a arrumação que ambos executavam nas gavetas. Ele encarava um ponto qualquer na parede, assumindo uma postura pensativa por um momento. Aos poucos o chimera notou a aproximação do outro, sentindo os braços do namorado passando por sua cintura em um abraço protetor. O mais velho suspirou recostando-se nele.

— Eu sei que não concorda muito.. — Disse Theo em tom baixo, levando uma das mãos para os cabelos na nuca do outro que havia pousado a cabeça em seu ombro. — Mas se isso pode ajudar de alguma forma, se eu conseguir ajudar aquele cara a ter pelo menos metade das lembranças de volta. Talvez essa dificuldade em descobrir alguma coisa diminua.. — Murmurou calmo explicando seu ponto. Recebendo apenas o silêncio como resposta durante alguns segundos.

Liam suspirou em derrota, passando suavemente a palma da mão contra a barriga do mais velho. Theo em reflexo pousou uma das mãos sobre a do beta, esboçando discretamente um sorriso terno.

— Tudo bem.. mas se você não se sentir bem, apenas interrompa tudo. — O beta pediu em um tom calmo, mas Theo conhecia o mais novo o suficiente para saber que aquilo não era propriamente um pedido. O chimera apenas deu um aceno mínimo com a cabeça, virando um pouco o rosto para deixar um selinho demorado nos lábios do outro.

— Fica tranquilo, mandão. — Respondeu em um tom divertido, voltando-se para ajeitar as últimas roupinhas na gaveta da cômoda. Eles resolveram fazer uma breve mudança de onde as peças estavam assim que conseguiram um móvel novo. Pelo menos dessa vez a tarefa foi mais rápida. — Tudo vai correr bem. É só uma conversa. — Theo disse soando neutro, mas era nítido que tentava convencer a si mesmo, empurrando para o fundo de sua mente o contexto de tudo. Pelo menos por agora. Ele suspirou fundo virando-se devagar nos braços de Liam para poder abraça-lo em seguida.

O beta aconchegou o mais velho contra seu corpo de imediato, tomando cuidado com o pequeno ser entre eles. Theo deitou a cabeça no ombro do namorado antes de adotar um olhar meio pensativo. Ele admitia não se sentir tão confortável assim em dizer palavra por palavra sobre seu passado, mas queria ajudar de alguma maneira, mostrar que não era um completo peso emotivo e que daria conta como sempre fez. Theo faria isso pelo bando que o acolheu e lhe deu mais uma chance, faria isso por Liam, seu filho.

Uma batida firme e um tanto suave na porta da frente no andar debaixo despertou ambos de seus pensamentos. Theo respirou fundo deixando um beijo rápido no ombro do beta antes de se afastar. Liam lançou ao outro um olhar encorajador apesar de tudo, buscando uma das mãos do chimera para os guiar até a saída do quarto.

Liam desceu as escadas em passos um tanto rápidos sem perceber, deixando que o chimera terminasse o trajeto com calma.

O beta parou em frente a porta ponderando um pouco, farejando o ar apenas para se certificar. Ele levou a mão até a maçaneta logo depois, abrindo a porta sem mais delongas. Deparando-se com a figura de Lahey parado ali. O cacheado tinha uma postura meio hesitante, mas permanecia tranquilo apesar da situação.

— Uhm.. Oi. — Isaac franziu a testa em aborrecimento para o que saiu de sua boca. O loiro já foi muito bom quando se tratava de interação social básica, mas pelo visto encontrava-se mais enferrujado do que gostaria de admitir. Ele limpou a garganta tentando reformular. — Desculpa, eu só.. não esperava que aceitassem a ideia.

— Tudo bem, não é pra tanto. — Theo sôou o mais simpático que conseguiu, assegurando para o cacheado que deu um aceno mínimo. Liam estreitou os olhos e apenas suspirou, saindo do meio da passagem afim de deixar o maior entrar. Mantendo sua expressão séria e atenta. Dunbar não estava muito confortável com aquilo, mas também não diria nada para não ser rude. O beta fechou a porta em seguida, caminhando em passos calmos na direção da sala. Theo seguiu o namorado, encorajando Lahey a fazer o mesmo. Todos se acomodaram nos sofás.

Liam possuía os ombros tensos e às vezes se pegava acompanhando os movimentos de Isaac com o olhar. Ele havia tentado de verdade controlar seu lobo e esse comportamento inquieto, mas todas as tentativas se tornaram falhas desde que coisas estranhas começaram a acontecer na cidade novamente. No fundo sabia que Isaac não era uma ameaça, mas pelo visto seu lobo não entendeu isso ainda.

Theo suspirou apertando os lábios, analisando o namorado pelo canto de olho ao seu lado, logo buscando uma das mãos dele e entrelaçando seus dedos. Isaac do outro da sala no sofá menor engoliu em seco pela situação. Considerando vagamente em adiar a ideia, na verdade. Nem estaria fazendo isso se não fosse por Scott e sua teimosia. O alpha poderia apenas enfiar as garras e pronto. Não era tão difícil.

— Você.. se lembrou de algumas coisas até agora, certo? — Theo iniciou em um tom calmo e feição neutra. Seus olhos atentos no outro beta. Isaac umedeceu os lábios e assentiu, unindo as mãos inquietas em seu colo.

— Algumas partes.. que ainda não fazem sentido nenhum pra mim. — Disse Lahey em um tom frustrado, apoiando os cotovelos nos joelhos. Ele ponderou um pouco, descendo o olhar para o chão antes de se voltar para o casal a sua frente. Respirou fundo. — Eu preciso esclarecer.. só quero entender como tudo aconteceu com você. Se de repente algumas das suas experiências tem ligação com as que fizeram em mim. — O cacheado se explicou rapidamente com o intuito de aliviar um pouco a tensão que se instalou no ambiente. Não precisava ser confundido com uma ameaça. — Como se tornou o que é ou como conseguiu...

— Engravidar? — Liam completou a fala do outro subitamente usando um tom meio hostil, arqueando uma das sobrancelhas em desconfiança. O beta inclinou-se um pouco para frente. — Não acha que quer saber coisas demais, não?

— Okay. Liam, vem cá. — Theo disse de repente. Bufando fraco antes de se levantar do estufado. Ao mesmo tempo em que agarrava o braço do beta. Liam suspirou, lamentando mentalmente ao entender o que o mais velho pretendia. Ambos atravessaram a sala. Deixando um Isaac confuso e apreensivo para trás.

O chimera caminhou na direção da cozinha em passos duros. Sua mão firme ao redor do braço de Liam enquanto os guiava pelo trajeto, tentando ao máximo disfarçar a irritação mesmo que seus sinais químicos o denunciasse de primeira. Os garotos pararam em frente a porta dos fundos. Theo passou uma das mãos pelo rosto e cruzou os braços contra o peito logo depois, seu olhar sério encarando Liam que comprimiu os lábios em uma feição um tanto culpada, mas acabou por imitar a mesma postura do mais velho.

— Será que pode me deixar fazer isso? Sei que está desconfiado, e acredite. Também estou. — Theo disse admitindo em voz alta, mas tentando controlar o tom de voz mesmo que estivesse aborrecido demais para isso. — Mas não pode simplesmente ser rude toda vez que alguém se aproxima de mim. Sei que temos motivos para ficar em alerta, só... confia em mim, okay? — O chimera pediu suavizando o tom de voz em meio as palavras. Seu olhar atento observando a feição do namorado, logo buscou uma das mãos de Liam.

O beta apertou os lábios ponderando, dirigindo o olhar para a sala brevemente antes de se voltar para o mais velho a sua frente. Ele por fim cedeu, assentindo depois de alguns segundos. Devolvendo o aperto da mão entrelaçada a sua.

— Eu só.. não gostei daquelas perguntas todas. Entendo de verdade o propósito disso, mas é que.. você sabe. Desde que descobrimos sobre o bebê..

— Não gosta de quando alguns do bando estão perto de mim, eu sei. Ainda mais um estranho... — Theo completou a confissão do outro, assistindo o olhar do beta mudar para surpresa ao ouvir. O chimera deu um riso fraco negando com a cabeça. — Você disfarça muito mal.. — Acrescentou dando de ombros, como se não fosse grande coisa. Liam revirou os olhos de maneira carinhosa antes de suspirar.

— Vamos. — O beta disse dando um leve aperto na mão do outro antes de puxá-lo, voltando para o cômodo anterior em passos calmos dessa vez. O desconforto que a situação causou havia diminuído. Liam ainda estava em alerta, mas tentaria se controlar.

Isaac aguardou eles pacientemente, permanecia com a mesma postura, apenas com uma tensão extra. Levantou o olhar assim que sentiu a presença dos outros dois. O beta cacheado se ajeitou um pouco no lugar, esperando o casal se sentar ou dizer algo. Na verdade esperava que o expulsasse mesmo.

Liam adotou uma feição meio culpada ao adentrar por completo a sala. Sentando-se ao lado de Theo que lançou um sorriso mínimo porém simpático na direção de Lahey que retribuiu de forma discreta. As coisas iriam devagar agora. Pelo bem de todos.

— Desculpe se eu.. pareci exigente demais. — Isaac iniciou cuidadoso. Seus olhos analisando a postura de Liam em meio ao falatório. — Realmente não entendo nada do que estão passando, mas eu garanto que não estou com más intenções. Apenas quero lembrar logo de tudo e ajudar..

— O que quer saber? — Theo foi direto ao ponto. Seu tom em nenhum momento soando rude, mas também deixando claro que não estava para enrolação. Liam virou a cabeça para encarar o rosto do namorado, certificando se o outro não sentia nenhum desconforto. O chimera parecia bem, somente queria agilizar logo antes que o bebê começasse a se agitar demais como na última reunião. Ele preferia está mais atento nesse momento.

— Apenas entender como tudo aconteceu pra você... Deaton me explicou um pouco no avião, e Stiles comentou que essas pequenas coisas podem estar interligadas.. — Isaac deu um meio encolher de ombros. Assistindo Theo dar um aceno breve com a cabeça, parecendo compreender o ponto do outro. O chimera trocou um rápido olhar com Liam. Ajeitando a postura no sofá em seguida devido a barriga proeminente. Ele suspirou.

— Eu.. literalmente cresci nos túneis com médicos fascinados pelo sobrenatural. — Theo limpou a garganta um pouco antes de prosseguir, prometeu para si mesmo que não deixaria mais seu passado afetá-lo. E cumpriria a promessa. — O objetivo deles basicamente era criar um assassino perfeito, mas.. as operações que fizeram em mim não condizia muito com o que eles diziam ter em mente. Me lembro só de algumas partes e borrões com relação aos procedimentos... — Ele calmamente dizia, disfarçando o desconforto em sua voz. Pelo visto não estava tão enferrujado assim.

Um barulho estridente de um toque de celular sôou na cozinha, chamando a atenção dos garotos imediatamente pelo breve susto. Liam praguejou esboçando uma feição acanhada, desvencilhando meio descontente sua mão do toque dos dedos do chimera, levantando-se e caminhando na direção do outro cômodo. Theo observou o beta se distanciar. Não gostando muito do sentimento em seu peito após o afastamento, mas suspirou escolhendo por ignorar isso. Direcionando o olhar a Lahey novamente.

— Essas operações foram pra deixar você mais forte? Algo assim? — Isaac questionou após devolver o olhar, usando um tom calmo e incrivelmente suave. Era nítido seu cuidado em usar as palavras. Theo agradeceu mentalmente por isso.

— A princípio esse era o plano.. — O chimera comentou dando um meio encolher de ombros. Desviando o olhar vagamente a tempo de ver o namorado passando por eles parecendo apressado, pegando a chave em uma mesinha perto das escadas.

— Eu.. vou precisar sair.. tudo bem? — Liam sôou apreensivo e visivelmente desconfortável, caminhando na direção de Theo que ponderou um pouco antes de assentir devagar assegurando. O mais velho disfarçou rápido mais uma vez sua feição meio tristonha ao ouvir a afirmação do outro. O beta suspirou e deu alguns passos, inclinando-se sobre o encosto do sofá e deixando um selinho suave nos lábios do mais velho. Direcionando um olhar após se afastar que se tratava claramente de uma ameaça na direção de Isaac. O cacheado bufou decidindo ignorar aquilo. — Vou só consertar o carro daquele amigo do trabalho, ele precisa usar o carro amanhã. Só é umas duas quadras daqui. — Acrescentou, passando os dedos de maneira rápida pelos cabelos do mais velho antes de finalmente se dirigir a porta para sair. Liam normalmente não cederia tão fácil, mas precisava deixar Theo fazer isso. Ele havia prometido.

Um silêncio desconfortável tomou conta do ambiente assim que Liam bateu a porta. Theo apertou os lábios sentindo-se meio ansioso sem a presença de Dunbar. Ele apoiou as costas contra o estufado do sofá. Forçando-se a encarar de novo o loiro a sua frente, assumindo uma feição neutra. Pelo menos o bebê permanecia calmo durante esse tempo.

— É meio sem sentido.. eu.. sei que teve outros como você. — Isaac disse soando cauteloso, franzindo a testa um pouco para a bagunça que se encontrava em sua cabeça. Parecia que sua boca não seguia a ordem dos fatos que havia feito mentalmente. Ele respirou fundo. — Deaton não me disse muito, apenas o necessário. Mas.. tinha outros adolescentes no meio disso tudo, certo? Uma garota.. eu esqueci do nome..

— Tracy. — Theo disse entre um suspiro, engolindo em seco quando a memória da garota passou vagamente por seu raciocínio, mas ainda sim de maneira cortante, quase nítida. O chimera negou com a cabeça no mesmo instante, empurrando a todo custo as lembranças para longe. — E-Ela era metade lobisomem e kanima.

— Isso.. — Isaac concordou assentindo minimamente, parecendo não notar os sinais químicos do outro se alterando um pouco. O que foi um alívio para Theo. Ainda odiava se mostrar vulnerável. — Se queriam uma procriação, então por que não usaram ela ao invés de você? — Prosseguiu assim que conseguiu organizar suas ideias. Não sabia se estava fazendo as perguntas certas, e se antes o tempo estivesse do seu lado, teria preparado melhor o que pretendia dizer. Não estaria sendo praticamente invasivo com alguém que conhecia há apenas um dia.

— Por conta da química forte corroendo nossos corpos. Éramos todos inférteis.. ou pelo menos era para todos serem... — Theo sôou sincero, levando uma das mãos até a barriga assim que sentiu a breve movimentação do bebê mais uma vez naquele dia. O chimera respirou fundo tentando ignorar a leve ansiedade. Sentindo falta internamente de quando esse assusto não o afetava tanto. Isaac assentiu compreendendo, mas então desceu o olhar para o abdômen do chimera, parecendo notar o desconforto dele, pois logo adotou uma feição culpada.

— Desculpe.. eu não devia está dizendo desse jeito ou continuar com isso... — Isaac disse compadecido, se batendo mentalmente. Ajeitando a postura pronto para se levantar. O cacheado estava com aquele mal pressentimento no peito outra vez desde Scott havia o orientado hoje cedo. Era melhor ir do que continuar batendo na mesma tecla, ainda mais quando isso aparentava não está indo para um rumo bom. — É melhor eu ir..

— Calma, não precisa desistir. Agora que está aqui. — Theo disse mantendo o tom calmo, o oposto do que se encontrava internamente. Dando de ombros, aparentando estar indiferente. Ele se ajeitou no estufado, ficando em uma posição confortável. Isaac analisou o outro brevemente meio apreensivo. — O bebê apenas está.. mexendo um pouco. Ele fica assim quando Liam se afasta. É normal.. — Explicou esboçando um leve sorriso de canto, vendo Isaac assentir parecendo compreender. — Acha que o que fizeram com você, pode ter alguma semelhança com o mesmo processo que o meu? — Mudou o foco da conversa rapidamente. Isaac pareceu entender a deixa. Logo negando com a cabeça.

— Não sei dizer, mas.. eles me abriram como um sapo de laboratório. Colocaram algo em mim.. só que.. a lembrança recente que tive. Eles diziam algo sobre um processo.. e teve o cheiro de acônito..

— Acônito? — Theo interrompeu o outro quase que de maneira automática ao ouvir o nome. Seu olhar assumindo um ar pensativo que chamou a atenção de Lahey no mesmo instante. O chimera sentiu o coração acelerar um pouco. Sua mente vagando para uma memória que parecia ser tão recente. Ele piscou os olhos com força, fechando as mãos em punhos afim de controlar a leve tremedeira que iniciou. Logo direcionou o olhar para o cacheado. — Sabe se algo em você mudou? Qualquer coisa? — Se inclinou um pouco para frente em curiosidade, sentindo-se capaz de fazer isso ao notar o bebê mais tranquilo.

Isaac esboçou uma feição meio incerta assim como sua postura agora hesitante. Seu olhar descendo para os próprios braços parecendo ponderar enquanto os analisava. Ele logo assentiu em concordância antes de levantar a cabeça.

— Estou me curando em segundos agora, mesmo quando os ferimentos são quase letais.. — Murmurou, observando a expressão séria do outro. — Antes quase morri por está com o processo lento demais, e então.. notei isso não tem muito tempo..

— Tem certeza que.. os que raptaram você eram humanos? — Dessa vez Theo não disfarçou o nervosismo em sua voz, mas Isaac foi direto.

— Eu.. não consegui ver os rostos nitidamente, mas as vozes e atitudes. Eram humanos, posso afirmar. — Isaac assegurou sendo firme no que afirmava, observando a expressão preocupada que o chimera esboçava. Ele não queria dizer mais nada depois disso para não agitar o garoto, mas parecia que alguma coisa que disse fez sentido. — Deaton disse que esses médicos morreram.. não teria como eles..

— E-Eu sei.. — Theo bufou fraco negando com a cabeça e fechando os olhos um pouco, esfregou o rosto com uma das mãos meio trêmulas de maneira cansada. — É que.. essa transição.. passei por algo semelhante demais.. — Disse em um murmúrio com um olhar quase que assombrado. Isaac arregalou os olhos minimamente. — Sou composto por duas espécies cuja a fraqueza é o acônito, e.. em teoria deveria me afetar.. mas graças a eles isso não acontece.. — Disse em tom baixo. Sua mente caminhando para um dia em específico que gostaria de esquecer, juntamente com seus erros. Um dia em que finalmente se deu conta de que não passava de um simples e completo fracasso.

Theo, Theo Raeken. Fracasso Theo Raeken.

"E-Eu não sou um fracasso." Se lembra de ter dito essas palavras antes de seu propósito ser esmagado diante de seus olhos. Ser descartado como se não tivesse passado anos de sua vida dedicando-se, pensando ter finalmente se tornado algo digno de alguma importância.

Não um completo fracasso. Nós aprendemos com você. A marca de uma verdadeira falha repetindo o mesmo erro, de novo e de novo.

A voz robótica e abafada invadindo seus ouvidos de alguma maneira. Theo apertou os lábios em irritação e fechou os olhos. Suas mãos trêmulas fechando-se em punhos novamente. Ele mal notou quando sua respiração se tornou irregular de repente. Na verdade, não notava mais nada a sua volta a não ser as exatas palavras rondando sua mente como um eco constante.

Você tem a arrogância e o narcisismo típicos de sua geração. Nisso, você é um sucesso profundo. Mas seu fracasso nos ensinou uma coisa... a banalidade do mal. Que você era e sempre seria um mal comum.

A respiração do chimera engatou, logo abrindo os olhos e direcionando sua atenção para nada em específico. Seus músculos na área dos ombros tensos e doloridos de uma maneira irritante em sua breve concepção. Desceu lentamente o olhar para suas mãos fechadas. Os sons externos pareciam ter evaporado de uma forma tão brusca que nem percebeu quando seu corpo não habitava mais o sofá.

Momentos depois apenas enxergou a parede diante dele, logo levantando um dos punhos. Sentiu uma adrenalina estranha que apenas serviu como um incentivo para o primeiro soco contra o concreto. Parecia que toda sua força estava ali novamente, uma recarga inesperada em seu sistema. A parede logo rachou no topo assim que recebeu o golpe, em seguida outro e mais outro. O chimera rosnou alto em frustração antes de desferir uma última pancada. Respirou fundo. A intensidade da raiva gradativamente se esvaindo, assim como o desfoque de sua visão.

O ar parecia ter se tornado ausente em seus pulmões. Respirou com força enquanto piscava os olhos repetidas vezes, parecendo voltar a si aos poucos. Olhou ao redor devagar ainda desnorteado com o que havia feito, deixando o punho ainda estendido cair. Virou a cabeça analisando a sala, deparando-se com a figura de Isaac agora em pé a poucos centímetros dele.

O loiro também encontrava-se ofegante, os olhos arregalados e uma feição preocupadíssima, no entanto, o que chamou a atenção do chimera foi o corte enorme no antebraço do rapaz que sangrava. Rasgos que desenhavam perfeitamente a dimensão de suas garras. Para sua surpresa Lahey não hesitou em tentar impedi-lo durante o surto. Mas aquilo não demorou a desaparecer, deixando apenas os rastros de sangue ainda fresco no lugar, denunciando a existência da ferida que levou apenas alguns mínimos segundos para se curar.

— Isaac.. — Theo sussurrou espantado, umedecendo os lábios e engolindo em seco, analisando o resto do sangue que ficou no braço do outro com culpa no olhar. O chimera esboçou uma feição mista em vergonha e arrependimento logo depois. — Isaac, eu.. me descul.. — O mais velho nem conseguiu completar a frase. Apenas cair de joelhos em seguida ao sentir uma dor aguda em seu baixo ventre. Theo ofegou em choque, arregalando os olhos assim que entendeu do que se tratava. Seu coração acelerou de imediato junto a um frio que percorrendo sua espinha enfatizando o medo horrendo que sentia agora. — Não, não. Meu filho, não.. — Murmurou em desespero, notando seus olhos marejados embasando um pouco sua vista. Theo apertou os lábios notando o inferior tremendo. Ele se sentou no chão com cuidado assim que uma outra onda de dor o atingiu na mesma área, logo levou a mão esquerda para pousar contra a barriga de maneira protetora. Isso não podia está acontecendo.

Isaac não hesitou em correr na direção do chimera, agachando-se ao lado dele. Lahey praguejou baixo em desespero, percorrendo rapidamente o outro com o olhar, tentando pensar rápido no que fazer. O cacheado levou uma das mãos até a barra da blusa de Theo, levantando o tecido e expondo a barriga de exatos quatro meses. O beta suspirou e com cuidado levou a mão até a área, pousando a palma contra a pele do abdômen. Sentiu uma leve queimação em suas veias e não demorou para elas adotarem um tom escuro no processo, evidenciando a retirada do desconforto.

— Vai ficar tudo bem, apenas.. não se mexa. — Isaac assegurou em tom baixo. Tentando se manter calmo e ignorar a leve ardência dolorida atravessando seu corpo. Theo assentiu fungando um pouco, puxando uma lufada de ar trêmula. 

O chimera apoiou a cabeça na parede, negando e amaldiçoando a si mesmo por ter sido tão teimoso e imprudente. Devia ter escutado Liam quando disse que isso não seria uma boa ideia. Agora estava ali, sendo manipulado mais uma vez pelas lembranças de seu passado, e por sua culpa seu filho poderia estar... pior. Ele suspirou sentindo-se mais fraco que o habitual de repente. As pontadas em seu baixo ventre foram diminuindo a intensidade aos poucos até a familiar dormência o inundar. Desceu o olhar para seu abdômen e uma lágrima escorreu por sua bochecha em seguida de outras.

Isaac sentiu seu peito apertar ao analisar o estado do rapaz. Ainda sugando a dor o máximo que conseguia, mas algo nada reconfortante lhe chamou a atenção. Os batimentos cardíacos do bebê estavam enfraquecendo, e isso nunca é um bom sinal mesmo para um sobrenatural. Lahey franziu a testa em uma feição aflita e se bateu mentalmente por ter cogitado essa ideia para começo de conversa. Era tudo sua culpa.

Um estrondo alto e violento preencheu a sala segundos depois. A porta bateu forte contra a parede ao ser aberta. Liam logo entrou em passos rápidos e duros. Seu peito roncando em rosnados constantes e audíveis assim que analisou a situação. Uma pequena poça de sangue perto do sofá, a rachadura imensa no topo juntamente com a cerâmica e concreto amassados. Liam deixou suas presas a mostra, seu olhar quase assassino examinando Lahey. O beta rosnou entre dentes.

— Se afasta dele. — Liam disse em seguida de um rosnado, sua voz soando rouca e assustadoramente grave. — Agora!

Isaac prontamente assentiu, engolindo em seco e sugando as últimas ondas de dor do outro antes de praticamente se jogar para longe do chimera. O cacheado se levantou cambaleando um pouco antes de agarrar o celular no bolso da calça rapidamente. Entrou em sua lista de contatos com as mãos trêmulas, mandando uma mensagem para a única pessoa mais preparada para isso no momento.

— Theo.. o que aconteceu?.. — Liam murmurou desesperado ao analisar o estado do namorado. O chimera nada disse, apenas levou uma das mãos até o rosto cobrindo-o visivelmente envergonhado e em pânico. O beta voltou a sua aparência humano gradativamente, levando uma das mãos até a barriga do mais velho, seus olhos não demoraram a arregalar ao notar os batimentos cardíacos do pequeno ser. — Não..

— Ele não tem tempo! — Isaac disse praticamente aos gritos, caminhando novamente na direção deles, mas parando subitamente a alguns centímetros do casal assim que Liam rosnou alto em uma nítida ameaça. O beta passou um dos braços pelo corpo de Theo de modo protetor. Isaac suspirou. — Sério, já avisei Deaton, mas você precisa me deixar ajudar..

— Liam.. não foi culpa dele, por favor.. — Theo murmurou em tom meio choroso, direcionando o olhar suplicante para encarar as orbes azuis do beta. O mais novo não hesitou dessa vez, assentindo freneticamente antes de agir. Passou o braço esquerdo por debaixo das pernas do outro, puxando-o com cuidado para seu colo e suspendendo-o.

Caminhou com o chimera nos braços na direção da porta até o momento escancarada, possivelmente quebrada. Isaac já havia passado por eles, encontrando-se do lado de fora perto de um carro preto.

— Vamos, fiquem aí atrás. — O cacheado pediu antes de dar a volta no veículo e entrar no banco do motorista.

Liam se acomodou o mais ágil que conseguiu nos bancos, ajeitando de maneira confortável Theo em seu colo. O beta suspirou fundo tentando controlar o nervosismo, sentindo o mais velho esconder o rosto em seu pescoço em uma busca silenciosa de conforto. Liam não tardou em levar uma das mãos até o abdômen avantajado, notando no mesmo instante as veias negras surgindo. O garoto segurou as lágrimas a todo custo, movendo suavemente o polegar pela pele em um carinho mínimo na tentativa de passar alguma segurança para o outro, mas Theo pela primeira vez em anos apenas sabia chorar agora. Ele não desejaria esse tipo de sensação nem para seu pior inimigo. A sensação de estar perdendo um filho.

— Continua tirando a dor dele, não para! — Foi a última coisa que Isaac disse antes de dar partida. Logo a casa de Dunbar ficou para trás.

*

— O quê?! Deaton, calma.. — Melissa exclamou em choque, deixando cair as fichas que carregava devido a informação que recebeu. Ela piscou os olhos atônita, ajeitando o celular em seu ouvido com a mão livre. — Mas o que aconteceu?!

— Ainda não sei, mas por favor. Venha o mais rápido possível aqui para a clínica, não tenho certeza se vamos precisar fazer uma cirurgia de emergência. Mas eu preciso de você aqui. — O druida explicou tudo em um único fôlego. Deixando cair algumas coisas que se quebraram devido a pressa, fazendo o som do tilintar dos vidros soar. Ele praguejou baixo em irritação. — Vou arrumar a máquina para o ultrassom antes que eles cheguem, tenho que ir. — E a linha ficou muda.

A enfermeira respirou fundo tirando o dispositivo do ouvido e guardando-o em seguida. Melissa olhou ao redor rapidamente, localizando uma de suas colegas de trabalho.

— Mary! Por favor! Vou precisar da minha bolsa com os utensílios!

*

— Deaton! — Liam gritou assim que adentrou a familiar clínica, olhando ao redor angustiado por encontrar o ambiente aparentemente sem ninguém. Até seus olhos aflitos focarem na figura do druida aparecendo por uma porta que se localizava nos fundos do estabelecimento.

— Venham por aqui! — Foi tudo o que ouviu antes de mover suas pernas rapidamente, seguindo o outro sem pestanejar. Isaac estava logo atrás, acompanhando o casal com um aperto sufocante no peito.

Os fundos da clínica era consideravelmente grande, mas esse cômodo em específico era amplo e bem ventilado. As devidas máquinas postas em um canto junto a uma maca acolchoada. Isaac ao analisar o local se perguntou vagamente como nunca o notou.

— Coloque ele aí devagar. — o druida pediu indicando em um aceno de cabeça a maca de tecido branco. Liam assentiu em meio a um suspiro, colocando o namorado com todo o cuidado sobre o estufado. Ajeitando o corpo do outro devidamente sobre a cama. O chimera suspirou trêmulo dirigindo o olhar para o teto, parecia quase que entorpecido. Seus olhos vermelhos assim como a ponta de seu nariz apenas evidenciando o choro de minutos atrás.

O beta analisou o namorado sentindo seu lobo se revirar em angústia pelo estado em que o mais velho se encontrava. Sentindo-se inútil por não poder controlar a situação, não poder ajudá-lo como queria. Ele agarrou a mão de Theo em um aperto firme, entrelaçando seus dedos automaticamente. O chimera desviou o olhar do teto para o rosto de Liam, apertando de leve a mão do mesmo.

— Me desculpe.. e-eu.. devia ter escutado você.. — O mais velho murmurou em um tom embargado, seu lábio inferior tremendo novamente. Liam negou devagar com a cabeça, inclinando-se para depositar beijos suaves contra a testa do outro. Theo fungou. — É a minha culpa. Eu devia ter escutado você e cancelado aquela conversa, e a-agora.. nosso filho..

— Shh.. não fala assim. — O beta murmurou ainda com os lábios próximos a testa do namorado. Sussurrando em tom calmo as palavras contra a pele. Liam deixou mais alguns beijos por ali antes de se afastar um pouco para encarar o chimera nos olhos. — Não pensa muito agora, vamos nos concentrar aqui. Estamos aqui e vocês vão  ficar bem. — Disse de maneira determinada. Acariciando o rosto do mais velho com a mão livre. Theo assentiu com a feição chorosa, deixando algumas novas lágrimas molharem suas bochechas.

Deaton depois de muito andar pelo local pegando tudo o que precisaria com ajuda de Isaac. Aproximou-se rapidamente após organizar tudo. O veterinário caminhou em passos firmes na direção da maca, colocando-se ao lado da máquina a qual usariam. Direcionou o olhar a Liam que retribuiu quase no mesmo instante, não hesitando em dar permissão para o outro que foi rápido em levantar a barra da blusa de Theo. Derramando em seguida o familiar gel em temperatura meio morna pela área.

Melissa apareceu na porta do cômodo minutos depois. Chegando literalmente correndo fazendo o druida quase derrubar o convex que segurava por conta do susto. Ela deslizou pelo braço a bolsa que carregava, abrindo-a de maneira ágil e retirando algumas coisas. Logo se aproximou dos demais.

— Não sei o que aconteceu e espero ouvir explicações depois, mas agora. Eu preciso ver esse bebê. — A McCall foi direta. Dizendo tudo em um tom sério e meio ofegante pela breve corrida, observando Deaton lhe estender o convex. Ela não tardou em agarrar o instrumento, lançando um olhar agradecido ao druida antes de se voltar para a barriga do chimera. — Vamos lá, querido.. — Murmurou pousando o aparelho cuidadosamente sobre a pele. Theo observando engoliu em seco, trazendo a mão de Liam para mais perto de si enquanto seus olhos se voltavam para a tela.

A figura de início se mostrou meio distorcida, as formas que apareciam não se conectavam. O tom em preto e branco também não ajudava, mas aos poucos a imagem foi se ajeitando. E levando apenas mais alguns segundos o formato do bebê apareceu no visor. Ocasionando em um sorriso imperceptível nos lábios de Theo, mas o que todos mais temiam os chamou a atenção. Os batimentos. Nenhum som atravessava as caixas de som médias, nenhum mísero movimento dos pequenos membros. O chimera suspirou de maneira trêmula, seus olhos agora com novas lágrimas formadas.

Um breve silêncio se fez presente na sala depois. Mesmo que Melissa ainda empenhada, movesse o convex de diversas maneiras sobre o abdômen do garoto. Tudo permanecia em uma completa quietude, um silêncio o qual pela primeira vez sendo enlouquecedor para Theo. O chimera afrouxou o aperto na mão do namorado gradativamente, deixando o braço cair ao seu lado no colchão como se suas forças tivessem se esvaído. A essa altura as lágrimas já se encontravam encharcando suas bochechas. Seus olhos verdes quase opacos encarando nada em específico a sua frente. Liam ao lado do mais velho agarrou a mão caída do mesmo novamente, trazendo-a de encontro aos seus lábios. O beta ainda encarava a imagem do bebê no visor, mal notando quando suas próprias lágrimas desciam uma por uma.

— Eu sinto muito, meninos.. — Deaton foi o primeiro a pronunciar alguma coisa. Sua voz soando tristonha e sincera. Mas ninguém ousou em responder. — Melissa, por favor... — O homem pediu gentilmente ao analisar a insistência da enfermeira. Ele assistiu a mesma negar com a cabeça. O druida suspirou direcionando o olhar para aquele chimera, observando a expressão vazia no rosto dele. Deaton estava prestes a chamar Melissa mais uma vez quando um som firme e alto atravessou de maneira súbita as caixas de som. A enfermeira deu um sobressalto em animação.

— Isso! Isso, pequeno. Vamos lá... — McCall murmurou com um leve sorriso choroso nos lábios. Os batimentos seguintes foram mais firmes dessa vez a medida que a mulher movia o instrumento para diversos cantos. Ela respirou fundo satisfeita.

Theo havia direcionado o olhar para o visor no mesmo instante, sentindo a familiar paz aquecer seu peito assim que seus ouvidos receberam a confirmação de que seu filhote estava bem apesar de tudo. O chimera deixou um riso fraco em nítido alívio escapar por seus lábios. Liam ainda segurando sua mão, abaixou a cabeça em seguida, chorando baixinho ao sentir o sentimento sufocante em seu peito se dissipar. O garoto levantou a cabeça novamente depois de alguns segundos, direcionando um olhar ansioso na direção da imagem.

— Foi por pouco.. — Melissa disse em tom baixo. Os olhos vidrados na tela. — Theo.. eu não sei o que aconteceu, mas você teve um deslocamento de placenta. O bebê ficou sem oxigênio por alguns minutos, e de algum jeito... ele sobreviveu. — Ela explicou soando abismada. Os olhos analisando a criança minuciosamente.

Isaac ao longe sentiu as pernas cederem e logo caiu sentado no chão em nítido alívio. Apoiando os cotovelos nos joelhos e esfregando os cabelos de maneira exausta. Ele não se perdoaria se arruinasse a vida daquele casal.

— Mas.. está tudo bem agora?.. — Theo murmurou visivelmente apreensivo. Encarando o visor ao seu lado quase sem piscar.

— Sim, sim. Ele... — A enfermeira se interrompeu de repente, estreitando os olhos um pouco e se inclinando. Ela logo arregalou os olhos surpresa, sentindo-se tão lerda por não ter notado algo desse nível depois de minutos analisando. Melissa vacilou um sorriso radiante em sua feição. — Liam.. quantas semanas ele estaria completando mesmo?

— Treze... por quê? — O beta questionou alarmado-se um pouco. Trocando um breve olhar com Theo e movendo de maneira carinhosa o polegar contra as costas da mão do mesmo. Melissa riu incrédula em resposta.

— Pelo visto... o sobrenatural decidiu avançar consideravelmente as coisas... — Ela disse sorrindo. Virando um pouco a cabeça e chamando Deaton através do olhar. O druida se aproximou rapidamente ao entender, segurando o convex para a enfermeira e mantendo o objeto na posição pedida por ela. Melissa se colocou mais perto do aparelho. Usando as duas mãos para indicar o que queria que vissem na tela. — Vejam.

Liam e Theo assistiram a McCall sinalizar com o dedo indicador de cima a baixo a criança, e então depois de longos segundos notaram. O bebê havia dobrado de tamanho, ganhando nítidos centímetros a mais. Os garotos se entreolharam atônitos e com sorrisos tolos em suas feições. O beta olhou mais uma vez para a tela antes de se inclinar para beijar a testa de Theo, logo voltando-se para Melissa novamente. Não havia acabado com certeza, pois ela ainda apontava para uma certa área a qual não entenderam bem.

— O bebê está com 16,4 centímetros agora. Podem ver que está até mais gordinho, e.. formado devidamente. — Ela explicou sendo breve e simples nessas partes, ainda mantendo o dedo indicador parado contra a tela. Melissa esboçou um sorriso mínimo porém não deixava de ser radiante. — Podem abandonar o pronome masculino agora.. — A enfermeira por fim disse, soltando uma risada fraca no final. — Digam, Olá para menininha de vocês.

Liam sentiu o coração acelerar de imediato. Suas mãos se tornaram trêmulas de repente. Um riso curto e sem jeito passou por seus lábios entreabertos. Ele não tinha ideia do que fazer ou dizer. Apenas deixou que um sorriso largo tomasse conta de seu rosto. Logo seus olhos se voltaram a Theo. O chimera a essa altura permanecia calado, mas também não conseguia desviar os olhos do visor no aparelho.

— Minha filha... — O chimera murmurou maravilhado. Um sorriso choroso surgindo em seus lábios. Os olhos verdes brilhando devido as lágrimas formadas mais uma vez naquele dia conturbado, entretanto, eram de pura felicidade. O mais velho não conseguia descrever a sensação. — Nossa filha, Liam..

O beta ao assimilar as palavras, deixou que as lágrimas caíssem livremente. Logo direcionou o olhar para o namorado, inclinou-se e distribuindo beijos suaves e desengonçados nos lábios e rosto do chimera que mesmo depois de todo esse furacão de emoções pesadas, estava sorrindo abertamente em resposta. Melissa a poucos centímetros deles, apenas esboçou um sorriso largo.

— Agora.. o cuidado vai precisar ser dobrado devido a esse ocorrido.. — Ela informou depois de alguns segundos. Soando um pouco mais séria. Theo encarou atento a mulher, assentindo rapidamente. Liam executou o mesmo. — Theo, sei que é assustador e incrivelmente rápido.. mas lembre-se do que Deaton havia dito com relação ao desenvolvimento. Ela está agora com o peso e o tamanho de uma criança de vinte semanas, ou seja. Você estará completando seis meses em breve.. — Melissa explicou de maneira calma. Theo não disfarçou a surpresa em seu olhar, mas ao contrário do que a enfermeira pensava. Ele deixou de se sentir amendrotado com relação a essa gravidez há muito tempo. — Sei que na teoria você deveria estar com quatro meses, mas..

— Melissa... tudo bem. — O chimera interrompeu a outra em um tom tranquilo, sua feição serena em comparação há minutos atrás. — Depois do que aconteceu hoje... — Ele engoliu em seco, notando a culpa borbulhando no peito. — Mais do que nunca quero segurá-la em meus braços.. — Disse sincero em um murmúrio, sentindo o peso sair de seus ombros. Ele apertou os lábios ao sentir o inferior tremer levemente. Liam lançou um olhar acolhedor na direção do mais velho, dando um aperto carinhoso na mão do mesmo. — Eu vou ser mais cuidadoso, prometo..

— Depois quero saber o que aconteceu, com detalhes.. — Ela pediu enfatizando a última palavra, lançando um breve olhar curioso na direção de Isaac sentado no canto da sala. Melissa suspirou pegando o convex e retirando-o do abdômen do outro, ela pegou um papel toalha em seguida, limpando a área com cuidado. — Mas agora. Graças ao dna de vocês.. ela está fora de perigo.. — Assegurou esboçando um sorriso terno.

— Eu nem acredito.. — Liam disse de repente, direcionando o olhar para a barriga agora limpa do namorado. O beta olhou para a enfermeira em seguida. — É uma menina mesmo? — O beta questionou em um tom animado, assistindo Melissa assentir prontamente. Ele suspirou. — Eu.. sempre quis ter uma filha.. — Confessou instantaneamente, e Theo direcionou um olhar curioso na direção dele.

— Mas você disse que nem sabia se teria filhos.. — Disse o chimera dando um riso curto em meio ao olhar confuso. Liam sorriu minimamente na direção do mais velho, beijando a mão do mesmo entrelaçada a sua.

— Realmente não sabia.. mas se eu chegasse a ter.. — Liam levou uma das mãos até a barriga do chimera durante o falatório. Tocando a área delicadamente. — Sempre imaginei uma garotinha.. — Ele confessou com um olhar bobo e meio acanhado. Theo riu baixo levando a mão esquerda até a bochecha do beta, iniciando carinhos suaves com o polegar. Liam se inclinou mais para o toque, mas de repente adotou um olhar diferente. Parecendo se lembrar de algo. O mais velho franziu a testa em confusão ao notar. — Puta merda, lá se vai meus 50 dólares.. — Lamentou em seguida. Logo recebendo um tapa estalado em seu braço. — Ai, Theo..

— Nem chegou perto da intensidade dos socos que já dei em você.. — O chimera resmugou revirando os olhos minimamente. Ouvindo em seguida as risadas baixas dos outros ali presentes.

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Alguém vivo? Hajqkwksjsh

IT'S A GIRL AAAAAAAAAAAAAAAAAA

Já aviso que as coisas vão ficar bem mais adiantadas que antes, peço apenas que tenham paciência cmg plss ♥♥♥

Mas eai oq acharam gente? E sim vocês não foram os únicos a chorar, pois virei quase um oceano na hora de escrever algumas partes hauahaua

Gostaram da reação de Thiam? Esperem até ver de geral kakaksjsa prometo dar meu melhor para não demorar muito!

Amo vocês, puppies! See u soon! ♥♥♥